The Only Exception escrita por Andy


Capítulo 3
A misteriosa garota!


Notas iniciais do capítulo

Enquanto estiver lendo este capítulo, se encontrar alguma palavra japonesa ou alguma coisa marcada com asterisco (*), procure nas notas finais do capítulo.



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  Acordei na manhã seguinte cedo demais para ir para a escola e aproveitei para treinar uns golpes enquanto pensava em como faria para achar a misteriosa garota. Eu simplesmente não fazia ideia de como começar: sequer sabia o nome dela, ou sua série – e a escola era enorme, o que não ajudava muito.

  Um pouco mais tarde, Tohru fez panquecas para o café. Depois que comemos, saímos para a escola. Por mais incrível que possa parecer, não briguei ou discuti com o Yuki hoje, o que fez Tohru me olhar preocupada a manhã inteira, como se achasse que eu estava doente.

  Chegando à escola, fui para a sala guardar minhas coisas e logo em seguida saí, indo procurar a tal garota. Não consegui encontrá-la. O primeiro sinal bateu, avisando que era para irmos para a classe e nos prepararmos para assistir a aula. Percebendo o quão difícil seria minha busca, voltei desanimado para minha classe. Já estava me dirigindo à minha carteira, quando ouvi uma voz doce de garota chamando:

  – Bom dia, Kyon-kun!

  Virei-me, pronto para gritar com ela – odeio esse apelido que os meus colegas de classe colocaram em mim –, quando me surpreendi ao ver quem era a dona daquela voz. Era ela! E estava me olhando com aqueles lindos olhos e sorrindo para mim, levemente corada. Precisei de algum tempo para responder:

  – Bom dia, hnm... – eu sentia meu rosto arder como nunca na vida, e respondi sem olhar no rosto dela, evitando seus olhos. Para piorar minha situação, não sabia o nome dela. Como podia não tê-la notado esse tempo todo, sendo que ela estudava ali, na mesma classe que eu?

  – Suzuki Rika! – ela me lembrou, fazendo uma carinha de magoada, como se estivesse triste por eu não saber o seu nome.

  – Desculpe, não sou muito bom para lembrar nomes, Suzuki-san... – disse, verdadeiramente envergonhado, ainda sem olhar nos olhos dela.

  – Não tem problema... Desculpa ter esbarrado em você no sábado! Eu queria ter me desculpado direito antes, mas estava atrasada porque ia embora mais cedo, então... – ela disse meigamente, com sua voz angelical. 

  – Não se preocupe com isso, não foi nada! – realmente: não foi nada comparado ao que poderia ter sido.

  – Me desculpa mesmo...

  – Sem problemas.

  Ficamos por um minuto em silêncio, até que me alertou:

  – O professor está chegando, melhor irmos nos sentar.

  – Ah! É! – foi só o que respondi, enquanto já me virava, indo para a carteira.

 

  Durante a manhã inteira, não prestei atenção às aulas: ficava só olhando para ela. Percebi que também olhava para mim de vez em quando, e quando nossos olhares se encontravam nós dois desviávamos o olhar, constrangidos.

  E assim lentamente as aulas se passaram, até que chegou a hora do almoço. Levantei-me do meu lugar e peguei a comida que Tohru tinha preparado para mim. Eu costumava almoçar no terraço do prédio 1 da escola, sozinho, e já ia indo para lá quando Suzuki-san me chamou novamente.

  – Kyon-kun! Espere um pouco...

  Eu parei e olhei para ela, esperando.

  – Ahnm... Será que você queria... Almoçar comigo? – ela estava muito vermelha quando me perguntou isso, olhando para os próprios pés, provavelmente numa tentativa de esconder seu rubor.

  Fiquei olhando para ela durante alguns minutos, em choque, incapaz de responder; depois engoli em seco e finalmente disse:

  – C-claro, por que não? – gaguejei um pouco, pois estava meio nervoso. Nunca na minha vida ninguém me chamara para almoçar junto na escola (só a Tohru, mas ela não conta). Ainda mais uma garota tão bonita...

  O sorriso que ela abriu depois de ouvir minha resposta foi indescritivelmente lindo. Fiquei sem palavras.

  – Onde quer almoçar, então?

  – Ahnm... Não sei. – eu fui sincero; não esperava que ela quisesse comer no terraço, como eu fazia todos os dias. – Pode escolher, qualquer lugar está bom.

  – Bom... Eu costumo comer no terraço do prédio 2... – Suzuki-san disse isso como se confessasse um defeito constrangedor. – Gosto de lugares altos, sabe... – esperou um pouco e logo acrescentou: – Mas se você não quiser, pode escolher outro lugar que...

  – Me parece ótimo! – eu a interrompi – Também gosto muito de lugares altos! – não estava tentando ser gentil, nem nada assim, eu realmente gostava de lugares altos.

  Ela abriu um sorriso caloroso para mim, e nós dois fomos para o alto do prédio 2, onde almoçamos e conversamos, o que me deu a oportunidade de perceber que tínhamos muitos pontos em comum – e me fez acreditar que aquela teoria poderia estar realmente certa. Se bem que, como o gato foi excluído do Juunishii*, ela deve se considerar do signo do javali ou algo assim... De qualquer forma, cada vez eu gostava mais dela. Durante a conversa, surgiu a oportunidade, e eu resolvi perguntar a respeito:

  – Então, Suzuki-san... De que signo você é? – para mim, parecia uma pergunta estranha e completamente idiota. Esperei que ela não pensasse o mesmo.

  – Pode me chamar de Rika-chan, Kyon-kun! – ela sorriu, antes de continuar: – E eu sou de sagitário... Você acredita nessas coisas?

  – Ahnm? Ah, não eu... – eu parecia um bobo, tinha me distraído com o sorriso dela. Vergonhoso. – Eu quis dizer signo do horóscopo chinês, sabe? Na minha família nós acreditamos bastante nisso, a história é contada de geração em geração, então me habituei a perguntar sempre que conheço alguém... – eu ri sem humor. Mas não era uma completa mentira; era quase tudo verdade, exceto a parte de perguntar isso sempre que conheço alguém.

  – Ah! Entendo... – ela deu uma risadinha também – Bom, eu nasci no ano do javali. Mas, sinceramente, me considero do signo do gato! Mesmo que ele não exista! Eu sinto muita pena dele e acho o rato horrível por tê-lo enganado... Tão inocente! E Kami-sama ainda ficou bravo com ele, sendo que nem teve culpa! – do nada, ela pareceu se tocar que estava fazendo praticamente um discurso político e disse envergonhada: – Ahnm... Desculpa, eu acabei falando demais, ne? E você ainda por cima deve achar que eu sou completamente maluca por me considerar como sendo de um signo que nem existe... Ai, me desculpa...

  – Não, eu concordo com você! Também sou do signo do gato! E odeio aquele maldito rato! – eu respondi, animado. Era incrível como ela parecia me entender por completo! Depois dessa, eu gostava ainda mais dela (o que me parecia impossível)...

 

  Enquanto estava com Suzuki-san, o tempo pareceu voar; o almoço, que antes para mim parecia durar uma eternidade, de repente pareceu passar rápido demais. Eu queria continuar conversando com ela, mas infelizmente me vi obrigado a me sentar e assistir o resto daquelas aulas chatas – que, diferente do almoço, passaram muito vagarosamente.

  Os professores passaram quilos de dever, o que me deixou muito mal-humorado. Vocês já devem ter percebido que eu me irrito com facilidade, né? Tenho um gênio muito forte... Enfim, eu resmungava sozinho, enquanto acompanhava o ratinho enjoado e a Tohru no caminho para casa, quando alguém gritou, do outro lado da rua:

  – Kyon-kun!!!

  Imediatamente, reconheci a voz dela e me virei para olhá-la; ela acenava e sorria para mim.

  – Até amanhã!

  – Até amanhã! – eu acenei, sentindo-me estranhamente... Feliz. Não havia outra palavra para descrever o que eu sentia. 

  – Aquela não é a garota que entrou agora no segundo semestre? – o Yuki perguntou, de um jeito que fazia parecer que estava surpreso que uma garota estivesse falando comigo.

  Mas eu estava feliz demais para me irritar com ele.

  – Sim, ela é... Uma amiga. – tudo bem que eu não sabia que ela tinha entrado apenas no segundo semestre. Não faz tanto tempo assim... Então está explicado porque eu ainda não a havia notado. Eu normalmente não presto atenção nessas coisas, e também falto bastante, por isso é muito provável que eu tenha faltado no dia em que ela foi apresentada à classe. É, deve ter sido isso o que aconteceu.   

  Tohru me lançou um olhar de pura preocupação, como se eu estivesse ficando maluco ou coisa parecida. Qual é o problema deles? Não é como se eu estivesse batendo a cabeça na parede ou algo do tipo!

  Nenhum de nós falou mais nada até chegarmos em casa. Então eu subi correndo as escadas e, entrando no meu quarto, tranquei a porta e tentei inutilmente concluir meus deveres. Ah! Eu devia ter prestado atenção naquelas benditas aulas! E o pior, o professor de matemática passou três páginas de exercícios para amanhã! Como ele pretende que eu faça três páginas de exercícios se sequer consigo fazer um exercício? Matemática é, definitivamente, a matéria que eu mais odeio.

 

  Fiquei no meu quarto fazendo os deveres até a hora do jantar. Mal cheguei à sala, onde comemos, Yuki tentou me provocar:

  – E aí, Kyo? Treinou seu chute? Você é péssimo! – disse isso assumindo posição de luta.

  Ele em geral não me provocava. Não tão diretamente, pelo menos; mas tenho sérias suspeitas de que Tohru tenha pedido para que ele fizesse isso, pois estava realmente preocupada com o meu comportamento. Normalmente, eu teria partido imediatamente para a briga, porém, depois daquele último sorriso de Suzuki-san, eu ainda me sentia tão... Tão... Feliz, que não senti vontade de brigar. Francamente, o que está acontecendo comigo? Talvez eu realmente esteja doente! Alguém mande me internar! De qualquer forma, eu o ignorei e me sentei.

  – A comida está com um cheiro ótimo. – eu elogiei, sem prestar atenção ao que eu dizia.

  Shigure se engasgou com a comida, Tohru levou as mãos à boca, espantada, e Yuki abandonou a posição de luta, boquiaberto. Todos olhavam para mim como se eu tivesse pegado uma doença terrível e muito contagiosa. Tentei não prestar atenção nisso, olhando para a tigela de arroz à minha frente e pegando meus hashis. Mas logo Shigure se recuperou do engasgo e gritou:

  – Oh, não! Kyo-kun está doente! Muito doente!

  – Eu estou bem, só não estou a fim de confusão. – tentei argumentar.

  – Ele está delirando! – o vira-lata gritava teatralmente, como se estivesse fingindo uma grande tragédia ou algo assim. – Chamem uma ambulância! Ele não vai durar muito! – e pôs a mão em minha testa, fazendo de conta que media a minha temperatura. Talvez ele pretendesse que isso fosse engraçado, mas eu não achei a menor graça.

  Então “explodi”. Dei um tapa na mão dele e me levantei, agora gritando irritado:

  – Qual é o problema de vocês??? Não posso uma vez na vida estar de bom-humor? Não posso não querer brigar? Vocês são tão egoístas!!! Pensam que só vocês podem se sentir felizes, eu não tenho esse direito! Tudo por causa dessa estúpida maldição!

  Dizendo, ou melhor, gritando isso, eu saí correndo, de volta para o meu quarto. Tohru tentou me impedir, e já ia me abraçando por trás, mas se lembrou bem a tempo que não podia fazer isso e parou. Eu tranquei a porta e não respondi quando ela bateu, perguntando se eu estava bem. Podia sentir a raiva percorrendo meu corpo. Me atirei na cama e fiquei ali, olhando para o teto e esperando a raiva passar.

  Por que eu estava agindo assim? Nem eu mesmo entendia. Como uma garota poderia provocar isso? De repente, um estranho pensamento passou pela minha mente: estaria eu realmente apaixonado? Isso era mesmo possível? Pensando nisso, acabei por adormecer e naquela noite sonhei com ela...


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Notas finais do capítulo

Nota:

*“Juunishii” é o grupo dos 12 animais que formam parte do calendário do zodíaco chinês. Então, quando Kyo diz que o gato foi excluído do Juunishii, ele quer dizer basicamente que o signo do gato “não existe”. Assim, não tem como qualquer pessoa de fato ser do signo do gato, mas apenas se considerar desse signo (eu, por exemplo, sempre me considerei do signo do gato; mas isso não vem ao caso u.u").

Notas de Tradução:

*Kami-sama: Sei que já pus essa nota em outro capítulo, mas mesmo assim não custa colocar aqui de novo, ne? "Kami" significa "deus" e "-sama" é um sufixo de tratamento que expressa profundo respeito.

*Hashis: Assim são chamados os talheres japoneses, que a maioria das pessoas costuma chamar de “pauzinhos”.


Então finalmente aqui está o terceiro capítulo (novamente pequeno demais para o meu gosto, mas fazer o quê...)! Peço desculpas pela demora, não pude postar antes por falta de tempo. Tentarei ser mais rápida da próxima vez. >.<"
De qualquer forma, o que acharam deste capítulo? Bom? Ruim? Podia melhorar? Pior impossível? Por favor, comentem! =D
Ah! E muito obrigada às pessoas que leram os capítulos anteriores! Se não fosse pelo apoio de vocês, eu provavelmente teria desistido de publicar esta fiction aqui no Nyah!

Obrigada por lerem!
SakuraHime