Após aquele dia, a relação Kid-Maka ficou meio conturbada. Não de um jeito ruim. Mas Maka achou mal aquele pequeno jogo. Kid se desculpara, e dissera que não quis jogar com ela. Foram apenas as circunstancias.

Enfim, agora todos estavam na Death Room, esperando o Shinigami-sama terminar de abrir o portal, junto com Stein, que focava sua energia da alma fortemente. Ah, e Black Star estava mais focado. Só mais um pouquinho, mas estava. Ele sempre fica assim quando seus amigos estão arriscados, não é mesmo? Ainda que Crona não seja grande amiga dele.

Todos os seus amigos estão focados nisso, O Melhor não poderia simplesmente ficar para trás, certo?

Então ele seria o mais focado de todos.

- Ook!~ Terminado!

A voz estranha e fanha do Shinigami soou, captando mais a atenção dos que estavam ali. Stein se afastou um pouco, enquanto o reflexo do espelho tremulava, tomando uma tonalidade acinzentada, deixando tudo mais triste, refletindo as pessoas com expressões de mágoa.

- Ótimo! Sigam em frente, vão pela sombra! Lembrem-se: O Limite é de 12 horas, sejam bem rápidos e evitem lutas desnecessárias!~

Assentiram, e alguns murmuraram um Sim. De cabeças meio baixas - isso não inclue Black Star, cof cof - eles andaram até o espelho, e adentraram lentamento a imensidão densa e triste.

~

Caíram. Caíram, caíram, e caíram, exatamente como se vê nos filmes, quando as pessoas conseguem fazer alegorias e ficarem sentadas no ar, pelo tamanho da queda. Tudo ao redor era negro, e parecia feito de um veludo que flutuava lentamente com um vento que ninguém sentia.

De repente, houve um clarão, que os cegou por um momento, e logo eles caíram em um chão duro e seco. Alguns praguejaram, outros apenas suspiraram, e ainda houve os que nem falaram nada.

Ao olhar em volta, se chocaram um pouco.

Estavam em um vilarejo. Pequeno e pobre, a terra seca, e no céu, nuvens escuras não deixavam o Sol lançar a sua luz. As pessoas dali, estavam em lugares escuros e afastados, chorando e chorando, murmurando sobre as pessoas que perderam.

- Aonde estamos?

Maka se perguntou, murmurando. Ninguém soube responder. Sem ninguém pra guiá-los, lhes chamou a atenção um garoto a qual todos olhavamd e canto ás vezes, mas ninguém se aproximava. Ele estava sentado em uma caixa velha, e era o único que não parecia triste demais, ou chorando. Soul se aproximou dele, buscando ajuda.

- Hum.. Garoto... Você viu uma garota de cabelos rosas e olho azul passar por aqui?

O garoto apenas levantou a cabeça devagar, e o olhou, suspirando.

- Você está procurando Aquela Garota. A garota que ficou louca, não é? A esqueçam. Ela está perdida.

Maka veio atrás, nervosa.

- Nunca diga que Crona está perdida! Eu sei que ela não está!

O garoto á olhou, como quem acaba de notar tal existência. Ele suspirou mais uma vez, balançando a cabeça em negação.

- Você.. Você é como eles. - Ele apontou para as pessoas chorando - Por não admitir que perdeu, vai sempre sofrer.

Maka já começou a ficar nervosa, mas Soul colocou a mão em seu ombro.

- É apenas uma criança, Maka. Ele não tem muita noção das coisas.

A criança pareceu realmente ofendida, mas logo voltou á ficar com a cara inxpressiva.

- Só porque pareço, não quer dizer que sou.

- Então quem é você, garoto? - Maka perguntou, não muito paciente.

- Sou a perda. Eu sou o vilarejo. As pessoas não gostam de mim, porque eu tirei as pessoas que elas amam. Mas é infantil. Eu não faço o que quero. As pessoas que conseguem admitir, conseguem recuperar... mas as pessoas que não me aceitam, nunca vão conseguir nada além de chorar. Elas são infantis. E eu sirvo pra fazê-las crescer.

- Então, porque é uma criança?

- Porque as crianças sofrem mais pela perda. Mas mesmo assim, estou aqui. Imagino que seja algo motivacional. Mas eu não sei. Eu sou apenas o que sou. Não existem explicações para sentimentos.

Maka virou ás costas com raiva, indo explicar para Kid e os outros. Soul continuou ali.

- Bom, agora sabemos quem você é... Pode me dizer onde a garota está?

O garoto pareceu pensar, e franzir a testa.

- Não. A garota me rejeita, e por isso chora. Vocês aceitam, por isso tudo bem, mas ela não me aceita. Então ela não pode resgata-la.

...

...

- Como poderiamos resolver esse problema?

- Superar é uma tarefa dificíl. Ou se supera, ou você fica aqui, me fazendo companhia. Pra sempre.

Ele falou, como se dissesse bom-dia.

- Apenas diga como.

- Hum... Acho que vou forçá-los.

- O que? Vamos, por favor, temos tempo limite.

- Sim... A mente de vocês é pequena. Vou forçá-los.

- O que está dizendo?

Soul perguntou, já irritado.

- Adeus. Espero que vocês não tenham de me ver de novo.

E daí, tudo apagou.

~

Liz acordou estranha. Só se lembrava de um blackout no seu cérebro, um desmaio, mas, isso aqui... Ela estava caindo aquele buraco de novo, aquele com veludo negro como paredes... Pensamentos estranhos passavam pela sua cabeça...

Pensamentos de como seria sua vida sem Patty.

Ela respirou, e respirou. Ela pensou muito, e pensou com calma... E então, se deu conta que era só uma ilusão. Era só uma besteira.

E aí, acordou.

-

Patty acordou estranha. Só se lembrava de um blackout no seu cérebro, um desmaio, mas, isso aqui... Ela estava caindo aquele buraco de novo, aquele com veludo negro como paredes... Pensamentos estranhos passavam pela sua cabeça...

Pensamentos de como seria sua vida sem Liz.

Ela apenas assistiu por um momento... Mas, daí deu de ombros.

Quanta besteira!

Simples assim, acordou.

-

Kid já estava acordado há um bom tempo. Cenas do Acidente não paravam de rolar na sua cabeça, e da tristeza de todos. Liz e Patty deitadas na neve, sangrando. Sua mãe, indo embora para as bruxas novamente, por culpa de Maaba.

Todas essas coisas aconteceram de verdade.

Assim como, eram coisas que ele já havia superado. Sempre teve as melhores companhia para ajudá-lo.

Então, acordou.

-

Tsubaki não chegou á desmaiar.

Era experiente em superação.

-

Black Star nunca soube o que fora uma grande perda. O choque que houve em sua mente, quando vira imagens de sua parceira de luta, deitada e fria, como uma pedra, sem vida e sem seu sorriso confortante, não pode ser simplesmente registrado.

Mas, ele era O Grande.

E o que  não derruba Os Grandes, apenas os fortalecem.

E, a partir de agora, só estava mais determinado.

Puff. Acordou.

-

Maka soluçou. Estava chorando. Eram cenas de Crona as que estavam vendo. Crona, em todos os momentos felizes que tiveram. Ela queria sair dali. não porque sofria, porque tudo aquilo á fazia sentir mais falta de Crona. Porque aquilo á recordava todo momento:

' Crona está esperando por você! '

' Quanto tempo vai ficar aí? '

' Ela já esperou um ano, vai fazê-la esperar mais um? '

Maka precisava de coragem. Coragem pra abrir os olhos e dizer ' Chega! '.

E, num piscar de olhos, ela veio.

Chega de sonhos.

-

Soul estava decepcionado. Passavam imagens de seu irmão... Wes... Ele o decepcionara. Sendo um homem mesquinho. Não de valores, mas de alma. Um homem estranho e desconhecido, fora o que se tornou.

Mas, tudo o que sentia, era só decepção.

Não se sente falta do que nunca se teve.

E assim, o sonho acabou.