O sinal tocou e eu sabia que teria de sair daquele quarto.

Eu me levantei e peguei a minha bolsa. Quando eu estava saindo do quarto, esbarro com Natalia.

-Só vim falar com você e deixar um recado. Então vai entrando sua vadia. – Uau, ela é educada não?

-Com essa delicadeza, claro que eu entro. – Falei colocando as mãos ao alto.

Eu coloquei a minha bolsa no chão e me sentei na minha cama. Natalia fez o mesmo.

-Primeiro de tudo, tem mais policias que tudo nesse mundo aqui no colégio. Graças aos dois assassinatos. Então bico calado quando forem te interrogar. – Ela falou com o dedo na minha cara.

-Isso eu já sei. – Falei já cansada de ter que ser tão omissa.

-E segundo, eu tenho uma carta para você. – Ela me entregou um envelope cor-de-mel.

-É da minha irmã? – Perguntei.

-Sim. Ele acha que é bom para você ter certeza de que a coisinha ta viva. – Ela falou com nojo.

Eu abri rapidamente o envelope e logo reconheci a caligrafia da Cris.

Terri,

Quando ler essa carta, REZE pela minha segurança e pela de Kendra, que já tem a sua hora marcada. PEÇA A DEUS  que não se esqueça de nós nesse momento tão importante. Vá A CASA DELE e peça por nós. Peça para tirar nossas VELHAS almas do SUBSOLO.

Irmãzinha, saiba que estou viva e que mesmo DE BAIXO DA TERRA eu te amo.

Se lembra de quando eu era pequena, que brincávamos de esconde-esconde, eu sempre me escondia no PORÃO DA VELHA CASA INACABADA do senhor Tompisom? Eu adorava aquela casa, era o meu LUGAR favorito em todo o mundo, papai sempre dizia que um dia ia me dar aquela casa, pena que ele não viveu para cumprir a promessa. Mas você disse para mim NA IGREJA, durante a MISSA de 7º dia que me daria aquela casa assim que eu completasse 18 anos. Agora não tenho tanta certeza que essa promessa será cumprida.

Eu te amo irmã, não importa o que eu tenha dito antes ou o que eu tenha feito. Eu te amo e ESPERO QUE VOCÊ COMPREENDA ISSO. Não importa o lugar, não importa o tempo, eu te amo.

Cris.

Meu Deus, será...

-Agora eu tenho que ir. A gente se vê na aula. – Ela falou e foi embora.

Ela saiu e eu fui atrás. Tinha que dar a minha aula.

Durante a aula eu peguei as palavras destacadas no texto e comecei a tentar juntar.

Elas poderiam estar na velha igreja do colégio, mas que lógica teria? A policia já teria achado eles. A menos...

-Turma, quero que vocês leiam o capitulo 8 ao 20 do livro. Já volto! – Peguei a carta e sai em disparada da sala.

Tinha que falar com o Julio, ele era ótimo em charadas.

Julio estava com a cabeça deitada na mesa dele e estava roncado alto pra caramba.

-Julio! – Gritei.

-Aonde é o incêndio? – Ele gritou assustado.

-Que incêndio o que! É a minha irmã. Acho que ela quer me dizer aonde ela esta, só que eu não sou a melhor pessoa em charadas do mundo e preciso que você me ajude. – Supliquei para ele mostrando a carta.

-Me deixa ver essa carta. – Ele pegou a carta e começou a ler para ele.

Ele pegou uma caneta e começou a fazer algo na carta, ai ele pegou um papel e começou a escrever nele.

-Pronto. – Ele me passou o papel que a pouco ele estava escrevendo.

-O que? – Lá estava escrito todas as palavras em negrito.

-Acho que ela esta na velha igreja do colégio. – Ele falou.

-Precisamos ir para lá agora! – Falei puxando Julio porta fora.

Então esbarrei em alguém.

-Senhorita Teresa Dos Santos? – Perguntou um homem com um uniforme de policial.

-Sim. – Falei.

-Você precisa me acompanhar. – Ele pegou o meu pulso e começou a me guiar para uma sala lá perto.

Antes de sair do campo de visão de Julio eu falei:

-Julio, por favor. – Ele fez sim com a cabeça e eu me deixei levar pelo policial.

O nome do policial era Leonardo. Ele era bem bonito, mas era muito serio e grosso.

Foto de Leonardo:

http://images.askmen.com/galleries/men/david-boreanaz/pictures/david-boreanaz-picture-1.jpg

-Então por que o seu sangue foi encontrado na cena do crime? – Ele gritou e bateu na mesa.

Eu mostrei o meu ante-braço e ele sentou.

-Como você conseguiu isso? – Ele perguntou, ainda com a voz alterada.

-Eu me machuquei quando estava voltando do quarto da minha irmã, ai decidi ir para a enfermaria, acho que é por isso que meu sangue estava na cena do crime. – Falei o mais calmamente possível, mas não consegui enganá-lo.

-Seu sangue estava no corpo da vitima! – Ele gritou e se aproximou de mim.

-Mais isso não prova nada. – Falei.

-Isso que você pensa! – Ele sussurrou em meu ouvido e saiu.

-Ei! As algemas! – Levantei os braços que estavam algemados.

Homens!

PDV – Julio:

Meu Deus, eu não acredito nisso! O que eu não faço pela aquela louca?!

Eu estava no porão da velha igreja da escola procurando por qualquer coisa que pudesse dizer que a Cris estava aqui.

-Preparada? – Ouvi alguém dizer.

-Ah como! – Uma mulher falou.

EU me escondi atrás de um armário velho e empoeirado. Eu não conseguia ver nada, apenas ouvir as vozes.

Eu ouvi passos se aproximarem do armário.