Capítulo 7

Por um fio

"Só mais um dia normal. Bom normal, é claro que não, nada é normal nessa escola. Eu devia ter uns 12 anos, só uma garotinha tentando se misturar na multidão. Eu fui até meu armário e guardei um pacote de bolachas para comer no lanche, a minha preferida, recheada com chocolate. Coisa que qualquer garotinha adorava comer. Só o que eu não sabia é que talvez aquele teria sido o maior erro já cometido na minha vida, mas claro, eu não havia me lembrado da regra. Maldita regra. Depois disso, fui para aula normalmente, assisti a todas elas e até acabei sofrendo um pouco. Um pouco. É claro que ninguém sofre pouco na aula da Srt.Michiko. Tirando o fato de que ela bateu com sua katana umas três vezes na minha cabeça, a aula até correu bem. Pelo menos, não fui eu que saí com um dedo quebrado. O caso é que depois da aula, percebi que todos haviam abrido um caminho no meio do corredor e um silêncio ensurdecedor envadia o corredor. Segui minha intuição e fiz o mesmo, afinal se todos estavam daquele jeito era porque alguma coisa estava para acontecer. Fiquei esperando para ver o que acontecia e de repente Mandy e o zelador da serra elétrica entraram pelo corredor. A voz da garotinha de apenas 11 anos ecoou pelo corredor.

- Revista supresa! Saiam da frente dos armários!

Todos se entreolhavam com expressões confusas. Porque uma revista aquela hora? Sempre faziam de manhã.Não é a toa que se chama "surpresa." Mandy procurava pelo corredor, tentando achar sua primeira vítima. Ela procurou, procurou e então, num breve instante, olhou para mim e depois voltou a olhar com um sorrisinho malicioso. "Droga!", eu pensei.

"Bom, mas não tinha nada pra achar ali... Droga, de novo!" Foi aí, que eu me lembrei de que tinha esquecido a bolacha dentro do armário. Maldita bolacha. Era tarde demais, Mandy já havia abrido o armário e, bom, viu a bolacha.

Ela encarou o armário por um bom tempo, enquanto eu esperava pela sua olhada. De repente, ela virou a cara com um sorrisinho o que me fez dar um pulo de susto. Ela me pegou pelo pescoço e me jogou do outro lado do corredor, fazendo com que eu batesse a cabeça com força nos armários. Era incrível a força que ela tinha. Ela se aproximou lentamente de mim e eu tentava me encolher. Era inútil, claro, mas o que eu podia fazer? Eu estava apavorada, chegava até a tremer. Ela retirou uma moeda do bolso.

- Desobedecer as regras é muito feio sabia? Sua mãe não te ensinou isso? Ah me desculpe, ela morreu. Então vamos fazer o seguinte: se der cara, você sai livre, se der coroa, eu arrancamos seus braços fora.

Ela jogou a moeda para cima e como se fosse em câmera lenta, ela voou para cima e depois caiu na pequena mão de Mandy. Ela esperou alguns segundos para fazer um suspense e então olhou a moeda com uma expressão esperançosa. Sua expressão agora era de nojo.

- Não foi dessa vez senhorita. Quer que eu arranque o braços dela assim mesmo? - Disse Frank.

- Não, não precisa. - Ela se aproximou mais perto e disse no meu ouvido. - Tem coisa pior esperando você, garota tola. Vamos Frank! Vamos continuar."

E esse foi o dia em que eu quase morri. E que eu nunca mais trouxe bolcha para a escola.