Capítulo 11

O soco, a sala e a conversa estranha - Parte 2

Pude ouvir os passos pesados de Mandy vindo pelo corredor e senti até o ar ficar pesado como se me esmagasse. Senti a veia que passava pela minha cabeça, palpitar como meu coração repersentando o nervosismo e a raiva. Meus olhos ardiam em fogo, mas era uma sensação reconfortante. Eu encarei o corredor com uma expressão de fúria, esperando que ela chegasse. Ao tê-la em vista, minha expressão se desmanchou completamente e eu começava a me perguntar o que eu havia feito. Será que eu estava louca? Provavelmente. Amassar um armário e gritar com todo o pessoal do corredor não era coisa minha. Mandy observou cuidadosamente o cenário com olhos estreitos e depois colocou o olhar em mim. Permaneci com uma expressão espantada.

- M-me des... - Sussurrei. Ela me interrompeu com um sinal de mão.

- Bom dia. - Ela disse a mim com um sorrisinho cuidadoso e olhos ainda estreitos.

Ela se virou e foi embora, como uma pessoa normal faria. Eu não sei se ela havia falado aquilo para mim ou para ela mesma. Mas com os olhos daquele jeito, eu pude ver que foi para mim. A questão é, porque? Ela nunca diz isso a ninguém, nunca disse nada desse tipo e tinha certeza de que nunca diria. Pelo menos até agora. Eu fiquei completamente chocada naquele momento, nem conseguia me mexer. Hayley e o outros que não sabiam se olhavam para ela ou para mim. Só sei que eu fiquei lá, imóvel, com cara de idiota até que tocou o sino. Fomos para a sala de aula como se nada tivesse acontecido, com um dia normal qualquer. Bom, tirando o fato de que ouvi cochichos o dia inteiro e olhos grudados em mim. Se tinha uma coisa que eu odiava, era ficar sob pressão. Aquela foi a primeira fez que a Srt.Michiko não me dava um sermão ou batia com a katana na minha cabeça.  A primeira vez com certeza, ela não fez compleamente nada. Na hora do almoço, a Sra.Randoom não me serviu a mesma gosma estranha de sempre. Em vez disso, me serviu hamburguer com fritas e refrigerante, como se eu estivesse no McDonnalds. Foi a primeira vez que fui tratada bem naquele hospício, porém pude ver que com os outros, era a mesma coisa de sempre. Parecia um planinho secreto e estranho deles para tentar me bajular. O dia inteiro se passou assim, nenhum professor fez absolutamente nada comigo e nem mesmo Frank, quando passei por ele. Em vez disso, ele me deu um sorrisinho sinistro com aqueles dentes podres dele. Passei o dia muito, muito confusa e pensativa. Como se o volume a minha volta de repente voltasse a aumentar, pude ouvir Hal tentando se comunicar comigo.

- Jane? Jane! Eu estou falando com você, pode me ouvir um pouquinho? Olha aquilo foi muito estranho. Prmeiro você amassa a porta de um armário e depois a Mandy te fala bom dia. Isso está muito sinistro.

- Quieta... - Eu sussurrei com a cabeça baixa.

- E ainda por cima, agora está todo mundo estranhando porque você anda sendo tratada tão bem por eles. O que é que está havendo com você? Resolveu confiar neles agora? Olha, é melhor esclarecer as coisas, assim posso confiar melhor em você. Eu estou te achando estranha mesmo tendo sido só hoje, porque você vive falando mal deles e agora é como se tivesse passado para o lado negro, como se fosse igualzinha a eles com aquele seu ataque hoje de manhã...

- Quer calar a merda da sua boca?!! - Eu gritei para Hayley.

No mesmo momento, meti um soco no meio da cara dela, fazendo seu nariz sangrar.Eu a ouvi gritar de repente e choramingar.

- M-meu nariz... - Disse ela com as mãos trêmulas.

- Está doendo vadia?! Ótimo! - Eu gritei em resposta aos choramingos.

Ela falou tanto, mais tanto que fiquei extremamente estressada. Minha paciência transbordou pela minha cabeça como água. Eu chegava a bufar de tanta raiva que eu tinha dela naquele momento. Minha cabeça começou a papitar novamente e dessa vez senti as pequenas veias em meus olhos se destacarem e ficarem vermelhas, um sinal claro do nervosisimo também. Era muito ódio, ódio demais que me dava vontade rir alto. Ao fim do corredor, vi Mandy recostada no canto da porta observando.

- Frank, traga ela até a minha sala. - Disse ela, ordenando.

Ele me segurou pelos braços e me arrastou para a sala da diretoria que Mandy denominava como dela. Lá ele me jogou na cadeira e Mandy deu meia volta e se ficou de frente para me encarar.

- Olá Jane. Vamos conversar. - Disse ela com um meio sorrisinho sinistro.