Um mês, trinta dias, quanta coisa pode acontecer nesse espaço de tempo. Talvez, esse período para a família Ferreira tenha sido apenas de consolidação em relação a sentimentos e afinidades.

    Sentimentos, como o amor fraterno de pais. Carlos e Clara olhavam para Manoela e se perguntavam se tudo que havia ocorrido com aquela doce garota, não fora para coloca-la em seus caminhos. Ela parecia que havia nascido para ficar junto a eles. Cada sorriso, cada olhar e até mesmo cada gesto dela, lhe pareciam familiar, o carinho que sentiam por Manu, havia aumentado em grandes proporções. Aquela menina que tinha um jeito tímido, porém decidido a lutar por aquilo que acreditava, os surpreendiam e os cativavam cada dia mais. Era tão natural vê-la ali, sentada no sofá assistindo um filme qualquer com eles e Giovana, sentiam algo tão forte pela menina, e por mais que ela só houvesse chego ali a menos de dois meses, sentiam um grande amor por aquela garota linda de olhos verdes. O tom de seus olhos já não os lembravam mais tanto a esmeraldas, agora lhe remetiam a cor da esperança, se tivesse um tom exato de verde para ser considerado o “verde da esperança”, para eles, seria exatamente o tom de verde daquele olhar.

    A amizade entre Manoela e Giovana estava cada dia mais forte. A mais velha via Manu, como uma irmã. Era tão fácil se deixar envolver pelo carisma que a garota transmitia. Manoela não comentara com ela a respeito de seu irmão Douglas, ou sobre o que sentia por este, mas Giovana sempre soubera sobre os sentimentos da menina. Talvez a intensidade maior do brilho em seus olhos quando ele chegava perto, a denuncia-se.

    Gustavo havia parado de implicar diretamente com Manoela, este mal parava em casa. Estava sempre na casa de seus amigos ou saindo com alguma das garotas com quem mantinha um relacionamento nada sério. Mas o real motivo para que ele não parasse em casa ninguém sabia, nem ele mesmo. Apenas se sentia incomodado com a presença de Manu, de certa forma ela o atraia. Era diferente de todas as outras garotas que ele já havia conhecido ou se envolvido. Por várias vezes sonhou que beijava a garota e em outras com eles de mãos dadas. E todas as vezes, quando acordava, se recriminava. Não era possível que estivesse interessado por aquela orfãzinha. Ele também percebera o quanto Manoela gostava de Douglas, e notara também que de uns tempos para cá o irmão mais velho também estava começando a ver a garota com outros olhos.

    Douglas estava cada vez mais confuso em relação a garota que salvara a quase três meses. Seu namoro com Nicole estava passando por uma crise, o que ajudou em sua confusão de sentimentos por Manoela. Via na garota uma garra, um carisma, um brilho especial, que já não conseguia ver em sua namorada.

    E no meio de tantas confusões e sentimentos, Manoela estava cada dia mais feliz. Seu tratamento com a Dra. Sarah estava evoluindo muito rápido. No colégio, já havia realizado algumas provas e suas notas foram satisfatórias, continuava sendo amiga de Juliana e seus amigos, mas  conquistou também outros amigos fora do grupo. Estava radiante. Nunca antes em sua vida teve tantos amigos e tantas pessoas que gostavam dela, como agora. Em seu novo lar, sentia-se cada vez mais a vontade. Seu carinho por aquela família que a acolhera com tanto afeto havia aumentado muito. Era grata por tudo, rezava todos os dias, antes de dormir, para agradecer pela oportunidade que Deus estava lhe dando.

    Aquela era apenas mais uma manhã de estudos para Manoela e todos os alunos daquele colégio. Apenas uma novidade fora espalhada em uma velocidade incrível: A festa que seria promovida sábado, apenas para convidados. A tal festa seria na casa de Rodrigo.

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  • Mais uma festa daquele idiota!- disse Juliana enquanto caminhava pelo corredor com Manoela ao seu lado.

  • Ele costuma dar muitas festas?

  • Algumas. - fez uma pausa, quando ouviu o comentário de uma garota do primeiro ano “Tomara que ele me convide, ouvi dizer que as festas dele são as melhores.” - Fala sério! - Manu apenas deu uma risadinha pela irritação da amiga.

  • Você já foi convidada?

Juliana parou e olhou incrédula para Manoela.

- Para as festas dele? - assentiu. - Não, lógico que não! Você sabe muito bem o que eles pensam e falam de mim.

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  • É... - concordou.

  • Ora, era com você mesmo que eu queria falar, gatinha. - disse Rodrigo vindo em direção das duas garotas. Elas se entreolharam, com uma expressão de interrogação. - Manoela, irmãzinha do Gustavo... - disse o rapaz se escorando na parede e cruzando os braços com um sorriso no rosto.

  • Você queria falar comigo? - disse a garota confusa. - Sobre o que?

  • Minha festa, é lógico gata. - disse com um sorriso no canto dos lábios a olhando dos pés a cabeça. - Quero as mais gatas do colégio lá.

  • Ah! - foi tudo o que Manu conseguiu dizer.

  • Então te espero lá. - disse já se desencostando da parede e se virando.

  • Posso levar alguém?

  • Pode. - disse o rapaz sem pensar muito. Manoela sorriu.

  • Estarei lá, então. - o rapaz sorriu vitorioso e voltou a caminhar.

Juliana acompanhou aquela cena, perplexa. Não acreditava que Manu havia aceito o convite para a festa.

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  • Você vai mesmo a festa? - disse ainda surpresa.

  • Sim. - disse a garota de olhos verdes dando de ombros. - E você vai comigo. - disse olhando sorridente para Juliana.

  • Não, não e não! Eu não vou na festa daquele otário. - disse não querendo acreditar no que acabara de ouvir. Manoela apenas sorriu.

  • Veremos... Agora vamos para aula, pois temos ainda que apresentar o trabalho. - A ruiva assentiu contrariada e ambas seguiram para aula.

Logo que retornou do colégio, Manoela foi para o quarto de Giovana, enquanto esperava o almoço.

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  • Não, você não vai fazer isso?

  • Vou Gi!

  • Sério, quero muito ver a cara do Rodrigo, do Gu e companhia quando você chegar na festa com a Juliana.

  • Você vai ir? - perguntou Manu confusa.

  • Sim! Eu vou em todas as festas na casa dele, desde quando eu namorava o Alexandre. - disse dando de ombros.

  • Alexandre?

  • É! - disse Giovana dando de ombros, enquanto trocava de música no seu notebook. Manoela continuava olhando para ela com uma cara de quem não estava entendendo. - Nunca te falei sobre ele? - Manu negou com a cabeça. - Bem, o Ale é primo do Rodrigo, ele se formou junto comigo. Terminamos fazem uns quatro meses.

  • Por que vocês terminaram? - perguntou curiosa.

  • Surgiram algumas histórias de que ele havia me traído. Ele nega, sabe? Mas foram muitas pessoas dizendo a mesma coisa. - disse Giovana de cabeça baixa, triste.

  • Desculpa, eu não...

  • Não se preocupe, Manu. Sabe, o que me deixa triste é não saber se realmente me traiu ou não. - Manoela foi até a “irmã” e a abraçou forte.

  • Você ainda gosta dele, não é? - perguntou com um sorriso fraco.

  • Muito. - A mais nova fez um carinho no rosto da bela garota de olhos cor de mel e sem nem ao menos esperar, Giovana puxou um travesseiro e bateu em Manu. Que surpresa com aquela atitude a olhou sem entender o motivo. Giovana sorriu travessa e bateu mais uma vez o travesseiro em Manoela, que agora entendera o que ela queria. E assim começaram uma animada guerra de travesseiros em meio a muitas risadas.

Continua...