A Tia do Chouji escrita por miateixeira


Capítulo 3
O constrangimento e a sedução




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Capítulo 3: O constrangimento e a sedução 

 

 

Os dois caminharam lentamente pelas ruas da cidade, com Iruka de cicerone, apresentando-a mudamente aos pontos atrativos da vila. Ele seguia ligeiramente à frente, mãos unidas às costas, completamente calado e circunspecto. Vez ou outra, ele a olhava ligeiro, perguntava algo aqui e acolá, sorria aquele riso falso e constrangido, suava.

 

Chohiko o acompanhava quieta, observando-o por trás caminhar a esmo pela cidade. Ela bem imaginou que os lugares por onde ele ia se referiam a algum ponto atrativo de Konoha, visto a beleza e exuberância da vegetação e afins, algumas placas, monumentos. Não lhe pareceu que o rapaz à sua frente fosse um homem carente de cuidados, ou mesmo abandonado pela vida. Chohiko o achou bonito, diferente, com um jeito doce, mas ao mesmo tempo masculino, sisudo, reservado. À mente dela chegou a imagem de Chouji e Naruto armando algo para aproximá-la dele. Ela logo se conscientizou de que deveria ter sido por ela, pela tristeza que carregava quando chegou à Konoha e toda aquela história triste que vivera na Vila do Sol e que seu irmão Chouza, com certeza, já deveria ter se encarregado de contar a eles. O homem à sua frente não parecia alguém que precisasse ser conduzido a um encontro às escuras. Ela riu, em silêncio, achando graça daquela situação ridícula.

 

Quando a deixou diante da porta da casa dos Akimichi, Iruka estava tão constrangido que mal a olhou, desviando a vista para as redondezas da casa, e o chão, e o céu, e tudo o mais que escondesse seu constrangimento.

 

Chohiko o observou seguir pela rua escura sem olhar para trás. O coração dela se agitou levemente, e um sorriso entristecido se desenhou em seus lábios. Ela não sabia, de fato, o que sentia naquela hora, mas definitivamente Iruka Umino não lhe passou despercebido.

 

~*~*~*~*~*~

 

- E então, sensei? - O garoto se agitava eufórico, sentado sobre a mesa do homem, com o grande sorriso estampado no rosto ansioso.

 

- E então o que, Naruto? - O rapaz tentava esfriar os ânimos do garoto com um tratamento indiferente.

 

- Ahrrr, sensei! E aí, tudo! E aí, lá? Como foi? Ela é engraçada, né? Você não achou? Ela é ótima, não é? Conta cada história muito boa! Aquela Chohiko oba-san é muito legal! Você riu muito, não foi?

 

Iruka olhava abobado para o Naruto, ali na sua frente, explodindo de euforia e contentamento com algo que ele, em absoluto, não fazia nem idéia do que o menino falava.

 

- Naruto... Já saí com ela, não saí? Agora me deixa. Eu tenho muito trabalho hoje.

 

O garoto apertou as sobrancelhas, confuso e aborrecido, e desceu da mesa num pulo.

 

- Iruka-sensei, você não destratou a moça não, né? - perguntou sério.

 

O outro empalideceu.

 

- Não, Naruto, não... Claro que não... Agora vai embora cuidar da sua vida, vai... Deve ter um monte de coisas para você fazer por aí. Eu tenho que trabalhar.

 

O garoto do bijuu deixou o Centro de Comando com o mesmo semblante preocupado e tomou a direção do distrito residencial onde estava a casa dos Akimichi. Naruto foi recebido com o mesmo sorriso caloroso que o conquistara. Chohiko não deu mostras nenhuma - nem para Naruto, nem para a família - de como o encontro da véspera fora desastroso. Já havia entendido a situação e colocado para si mesma que não se abateria com aquilo. Se não era da vontade de Iruka Umino a companhia dela, com certeza ela não a imporia a ele, liberando-o de quaisquer gentilezas.

 

- Você tá feliz, Chohiko oba-san? - o jinchuuriki perguntou desconfiado, atento às reações da moça.

 

Conforme a manhã transcorria alegre e suave, com as divertidas conversas costumeiras, os dois garotos foram se tranqüilizando e relaxando da apreensão em que se encontravam. Eles chagaram a sugerir outros encontros, insistiram até, mas Chohiko descartou a hipótese com gentileza e tato, e naquela manhã mesmo preparou outro bolo mais caprichado para que Naruto o levasse para Iruka.

 

E assim o tempo se sucedeu. Sempre que vinha ao lar dos Akimichi, Naruto se divertia, sentia-se amado e cuidado, conversavam muito - ele e Chouji - com uma interlocutora atenta, compreensiva das questões e maluquices deles. Ouviam os conselhos dela, ajudavam-na no que podiam. E toda vez que o Naruto partia, depois de se empanturrar de delícias, levava consigo algum agrado que Chohiko mandava para Iruka. Com o comportamento sempre amistoso e sereno da mulher, que os tranqüilizava quanto às dores no coração dela, os dois garotos esqueceram o assunto dos encontros. Eles a viam feliz, amorosa com todos, então seus ânimos se serenaram.

 

Iruka, por sua vez, após as primeiras remessas de agrados que Chohiko lhe enviava, ficara preocupado, com medo de ter incentivado algo nela que ele não queria. Mas acabou por se habituar a ser acarinhado com aqueles gestos de cortesia, e toda vez que Naruto aparecia no Centro de Comando, ele já se preparava feliz para recebê-lo. Quando calhava do garoto não vir do lar Akimichi, algo dentro de Iruka se desapontava sem que ele se desse conta disso. Numa espécie de Giri às avessas, por livre vontade o homem começou a enviar algo em agradecimento para a moça, começando por palavras gentis transmitidas pelo Naruto, passando por pequenos bilhetes demonstrando sua satisfação e, vez ou outra, algum pequeno mimo, como um pouco de flores, uma pulseira de continhas brilhantes que vira numa loja, ou outra bobaginha qualquer. Ele se atinha sempre ao detalhe de não se comprometer e à amizade que nascia cálida e singela.

 

Chohiko e sua família, que de quebra incluía a pequena intromissão de Naruto, passaram a convidá-lo também para cear com eles em ocasiões especiais, até que Iruka passou a freqüentar a casa sempre que lhe desse vontade, sem compromisso com nada, fazendo ele mesmo sua periodicidade. Bem vindo sempre, acolhido com o mesmo carinho que Naruto, o rapaz foi aos poucos se habituando ao calor daquela família harmoniosa e amorosa.

 

Algumas vezes, Iruka vinha mais cedo ao lar Akimichi para conversar com Chohiko ou com Chouza, e ficava observando a mulher cozinhando, debruçado sobre a bancada da cozinha. Às vezes ele só a olhava, despachada e ágil, e puxava uma conversa fiada qualquer entre uma tarefa e outra que ela fazia.

 

Chohiko Akimichi se parecia com o irmão. Os mesmos cabelos cheios, de um vermelho forte, acastanhado, presos frouxamente e caídos em camadas até o meio das costas, com alguns fios soltos dançando livres sobre o rosto bonito dela. Ela tinha olhos negros, profundos, doces e grandes, com grossas pestanas escuras emoldurando o brilho que se derramava acolhedor sobre todos. Iruka não se cansava de admirar aqueles olhos. E o sorriso quente, sonoro e límpido que fazia seu coração se agitar sem que ele se desse conta do porquê. Ele a olhava como uma amiga, uma boa e carinhosa amiga que arranjara, graças às insistentes investidas de Naruto e Chouji. O rapaz estava satisfeito com essa rotina familiar e constantemente demonstrava isso aos meninos.

 

Seus problemas começaram na festa de comemoração de aniversário de Konoha. Ali, ele começou a perceber que algo não estava bem, mais precisamente ao reparar nas costas desnudas da mulher à sua frente.

 

A festa corria solta na vila, em cada canto havia atrações que convergiam para a praça central onde um pequeno palco fora montado para a apresentação de músicos e, em volta, as barraquinhas de comidas e bebidas. As pessoas se encontravam pelas ruas, na praça, por toda a cidade, e comemoravam felizes.

 

Naruto e Iruka, já juntos diante do show de fogos de artifícios que a todo momento pipocava aleatoriamente, receberam felizes a companhia da família Akimichi.

 

Depois de um tempo, Naruto e Chouji se juntaram aos companheiros de suas equipes ninjas e aos demais jovens que se formaram na mesma leva que eles, e Chouza seguiu para ter com a Hokage, acertar alguns detalhes de missões. Chohiko ficou junto a Iruka, mas se mantinha distraída olhando a festa e a queima de fogos, enquanto ele conversava com as pessoas suas conhecidas. Iruka trocou palavras com Kakashi Hatake, com sua superiora Shizune, com os rapazes da guarda que se revezavam entre a entrada da vila e o centro da praça, mas seus olhos constantemente recaíam sobre a figura à sua frente, distraída, divertindo-se com os festejos. De costas para ele, imediatamente à sua frente, ao alcance de sua mão suada, Chohiko não pareceu perceber a aflição do rapaz. Iruka se agitou pela primeira vez assim que o xale leve e escorregadio de seda deslizou sobre os ombros dela, expondo os contornos arredondados da pele dourada, macia, convidativa. A pequena peça escorregou suavemente e os olhos dele acompanharam o movimento até se acomodarem na reentrância da cintura fina, rodeada pelas curvas arredondadas dos quadris. Ele nem se deu conta do por que, mas suas entranhas se revolveram dançando diante daquilo. Chohiko usava um vestido leve, florido, que bailava com os movimentos dela e com o vento impertinente que a enroscava deliciado, e Iruka podia sentir com os olhos o contorno do corpo dela ao alcance da sua mão. Era o que o coração dele reverberava, vindo de partes bem mais "distintas" de seu corpo. Ela era cheinha, roliça, completamente feita de curvas sinuosas. A garganta dele secou, e ele só percebeu quando o pouco de saliva desceu arranhando. De vez em quando ela se voltava para ele, como se a se certificar da presença protetora dele ao seu lado. Iruka sorria completamente desconcertado, e ela batia suas longas e espessas pestanas escuras para ele, enquanto derramava um sorriso luminoso no ar. Nos movimentos dela o rapaz identificava o contorno das pernas torneadas da mulher sob o tecido fluido da roupa, os seios redondos, cheios, ostentando um vão apertado e profundo entre eles. E os ombros desnudos. Aquilo era como ímã.

 

Iruka resistiu o quanto pôde, mas quando ela recolheu os cabelos macios em um coque frouxo no alto da cabeça, o coração dele bateu mais descompassado. Agora com a nuca exposta, com alguns fios soltos espalhados sobre os ombros, ela pareceu a ele o perigo mais urgente, a dificuldade mais insidiosa que ele enfrentaria.

 

Atenta à queima de fogos, outra vez o xale de seda deslizou até a cintura dela, expondo ombros, braços, costas macias. Sem se conter, ele estendeu a mão e percorreu as pontas dos dedos sobre a pele dela, acariciando pescoço, braços e corpo num toque contínuo, de sensação. A pele dela estava fresca, e ele a sentiu tremer ligeiramente, enquanto a mulher se voltava sobre o ombro para olhá-lo, surpresa.

 

Chohiko sentiu o toque quente sobre a pele, os dedos quentes dele queimando um rastro de carinho arrepiante às suas costas, e prendeu a respiração. Ela se voltou para olhá-lo e se viu diante do homem confuso, assustado, extremamente desconcertado com sua própria impulsividade. Iruka a olhava embevecido, mas num gesto ligeiro retirou a mão e se desculpou gaguejante:

 

- Go-gomen...

 

Chohiko sorriu de volta, surpresa, mas tentou não demonstrar o quanto aquilo se desenhou a fogo dentro dela. Aquele toque quente a fez imaginar coisas, enquanto os fogos brilhantes explodiam ruidosos no céu.

 

Retirados às pressas do torpor em que se encontravam, pela agitação das pessoas à volta com o barulho e beleza dos fogos, Iruka e Chohiko acabaram se distanciando, com a multidão se interpondo entre eles.

 

Ela viu de longe o rapaz ser cercado de pessoas e entabular conversas, então decidiu caminhar um pouco ali em volta, na praça mesmo, e achar um ponto melhor para olhar a festa, os fogos, o movimento e... Iruka.

 

A pequena ponte em arco sobre o riacho que cortava a cidade estava envolta numa luminosidade suave e já quase sem movimento, preferindo, todos, o miolo da praça fervilhante. Alguns poucos casais conversavam nas redondezas. Quando a queima de fogos recomeçou, Chohiko se debruçou sobre o peitoril da ponte para melhor admirar a beleza da cena dos fogos refletidos nas águas do rio.

 

Do meio da multidão que se amontoava em volta, Iruka correu os olhos atrás dela e a capturou caminhando lenta, serena, observando as pessoas que cruzavam com ela. Ele a viu, aos poucos, seguir para a ponte e se inclinar na balaustrada, olhando o céu e o rio embaixo. Sem pensar em nada, ele se desvencilhou das pessoas, cruzando a multidão com rapidez, e seguiu em direção à ponte.

 

Iruka se aproximou da mulher em passos longos e silenciosos, mas ela percebeu sua presença, virando o rosto para olhá-lo, e sorriu acolhedora. O rapaz sentiu seu corpo se esquentar novamente num torpor abafado, mole, e se postou do lado dela, olhando a vista, a chuva faiscante que os fogos derramavam, multicores.

 

A cada nova explosão, Chohiko arfava surpresa e apertava as duas mãos entrelaçadas sobre o peito, fazendo com que o pequeno xale deslizasse de vez de sobre os ombros, aninhando-se, pregueado, nas dobras internas dos cotovelos.

 

Ainda observando concentrado, do céu incandescente para o rosto da mulher encantada diante da festa, Iruka teve o olhar imantado no movimento suave do tecido sobre a pele dela. Sem pensar, sem demora, ele a tocou novamente com os dedos quentes, percorrendo o trajeto da coluna e espalmando a mão em brasa nas costas dela. Chohiko arfou profundamente, fechando os olhos e inclinando a cabeça para trás. Para Iruka, aquilo pareceu um sinal de que ela se importava, que gostava e que o queria por perto bem mais que como um simples amigo.

 

Posicionando-se atrás dela, ele deslizou as duas mãos sobre os ombros redondos e macios, tocando nos braços e costas, sentindo a pele dela, o frescor, enquanto, atento, observava as reações da mulher. Os olhos dele desceram pelas costas dela até as curvas dos quadris, fazendo-o morder o lábio inferior. Sem pensar muito, Iruka se encostou ao corpo dela devagar, sentindo-a suspirar fundo. Com uma das mãos ele a afagou na nuca, enquanto a outra a prendia pelo braço num deslizar contínuo e quente até que Chohiko se sentiu amolecendo e se recostou nele também. O rapaz começou a descer a boca sobre o pescoço dela, para beijá-lo com suavidade, os lábios já entreabertos, pressentindo a pele perfumada dela. Apesar de distantes dos agrupamentos das pessoas, ainda se encontravam em público, visíveis aos olhos curiosos que pudessem se interessar pela cena que transcorria na ponte, mas nenhum dos dois tomou iniciativa de romper o contato.

 

- IRUKA-SENSEI!!!

 

O grito estridente de Naruto Uzumaki sobressaiu no meio da multidão, arrastando homem e mulher do arroubo em que se encontravam, desvencilhando-se desajeitadamente. Iruka se debruçou sobre o parapeito da ponte, envergonhado e constrangido, enquanto o garoto se aproximava correndo, feliz e animado por encontrá-los finalmente.


Continua...


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