Agora estávamos eu e Jack sentados na porta da diretoria esperando nossos castigos. Os professores até poderiam já ter desistido de mim, mas, pelo visto, a intestino frouxo não. Porque ela não segue o senso comum? Seria realmente, muito mais fácil pra mim.

-Isso tudo é culpa sua, sabia? Se você não tivesse inventado de entrar no banheiro feminino eu poderia estar indo direto para a aula do senhor esgoto! –disse-lhe irritada.

-Mas não foi culpa minha de que a diretora entrasse no banheiro aquela hora! Quem mandou você ficar fugindo de mim? –ele disse um pouco irritado também.

-Eu tenho o direito de não querer ficar perto de você, sabia? –eu disse aumentando o volume de minha voz.

-Ótimo!

-Ótimo!

Sim, brigamos como garotinhos do pré-escolar quando querem o mesmo brinquedo e ficamos um de costas para o outro até a senhora Rodrigues abriu a porta da diretoria dando-nos passagem.

-Senhorita Evans e senhor Johnson. –a intestino frouxo falou calmamente após respirar fundo. –De você já era esperado Evans, mas, de você senhor Johnson? Acaba de chegar e já está aprontando? –ela disse enquanto movia seu rosto enrugado de um lado á outro em negativa.

Então ele era novo? Está explicado o fato dele não ter ido correndo atrás do rabinho da Sharon, ele ainda não sabe como as coisas acontecem por aqui. Quando souber, com certeza, a ordem natural das coisas voltará a exercer sua função.

Jack e eu ficamos calados enquanto a senhora Rodrigues analisava nossas fixas. A minha ela já conhecida de cor, ela já teve de abrir-la muitas e muitas vezes, só estava fazendo isto para dar um toque mais dramático á situação, com certeza. A dele ela já analisou com um pouco mais de calma que a minha, seus olhos pareciam não acreditar no que liam, estavam esbugalhados, e sim, mais que o normal, devo citar.

-Senhor Johnson, não sei como alguém com o histórico como o seu, faria algo assim em seu primeiro dia de aula. –ela disse tirando os olhos dos papeis e fitando os olhos profundamente azuis de Jack.

-Não foi com a intenção de prejudicar meu histórico que fiz tal coisa senhora Rodrigues. –ele disse calmamente.

-A não? Então com que finalidade? –eu, que estava com os olhos vidrados apenas numas esculturas mal elaboradas sobre a mesa da diretora, parei para ouvir que desculpa ele daria.

-Eu só queria ajudar a senhorita Evans, -ele disse com o mesmo tom calmo de antes e olhou em minha direção, fazendo com que a diretora imitasse seu ato. –ela estava chorando e apenas queria saber de que se tratava e se podia ajudá-la de algum modo. Afinal, isso é o que fazem os amigos, não é senhora Rodrigues? –o final ele disse fitando os olhos da diretora que nos olhava de modo estranho. Talvez fosse o fato do suposto astro hollywoodiano dizer que era meu amigo e que se importava comigo, dito que ninguém ousaria dizer tal coisa.

-Isso é verdade senhorita Evans? –a diretora disse distanciando seus olhos dos de Jack e transmitindo sua atenção á mim.

-Cla-claro senhora Rodrigues. –eu disse em um momento grogue. Ela pareceu acreditar em nossa farsa, ou então só queria que saíssemos de uma vez dali e ela pudesse voltar a fazer suas outras coisas, que, com certeza, seriam mais importantes que a nossa história.

-Então, podem ir. Vou deixar passar dessa vez, mas, por favor, da próxima vez que tentar consolar sua amiga Evans, senhor Johnson. –disse fitando a mim para depois olhar na direção de Jack. –Por favor procure um lugar mais apropriado.

-Vou tentar. –ele sorriu e foi acompanhado pela diretora. Eu ainda estava confusa. Tínhamos nos livrado mesmo?

Que tipo de droga esse garoto estava injetando nas pessoas ao seu redor para que ele conseguisse sempre tudo o que queria?