Ele ainda estava perto, perto até demais e eu estava que nem idiota, parecia estar sob o efeito duma droga poderosa. Jack roçou um pouco mais seus lábios nos meus e uma sensação terrivelmente agradável se instalou na boca do meu estomago e eu sentia a necessidade de sentir seus lábios nos meus, de verdade. Isso era um pensamento totalmente insano. O que eu tinha na cabeça nesse instante?

Eu olhei em seus olhos que me fitavam curiosos, acho que ele esperava que eu já teria lhe dado um chute, espancado e arrancado seus cabelos, e era isso mesmo que eu deveria estar fazendo, mas não estava! Maldita hora em que meus hormônios decidiram dar sinal de vida. Eu preferia muito mais quando eles estavam presos num baú com um cadeado de chave perdida em meio ao Oceano Atlântico.

Eu fechei meus olhos ao sentir como ele aspirava minha nuca. Mas que tipo de jogo de tortura era aquele que ele estava fazendo? Eu não suportaria por muito tempo ficar daquele jeito, porque não me beija de uma vez e acaba com isso?

E ele beijou, mas não meus lábios como o esperado, ele deu um beijo no todo de minha cabeça deixando-me completamente confusa.

-Até que enfim eu consegui te intimidar. –ele disse com voz rouca e se afastou alguns centímetros de mim, mas ainda estávamos próximos, mas era uma distância considerada saudável, meu raciocínio parecia voltar de seu recesso temporário.

-Você é muito idiota, sabia? –disse empurrando-o para longe.

-Vai Hay, foi só uma brincadeirinha. Eu só queria te deixar sem graça. –ele disse num meio sorriso com cara de cachorrinho que caiu da mudança. Dava vontade de correr em direção á ele e dar umas belas mordidas em suas bochechas e sim, eu tenho tara com bochechas, e daí?

-É. Você é bem o tipo da Sharon sabia? E para de me chamar de Hay que eu não te dei intimidade alguma pra isso! –disse já irritada, eu deveria estar vermelha e sentia como meus olhos se enchiam de lagrimas. Sim, eu sei, idiota, mas, quando eu fico com muita raiva eu choro, que nem menina de seis anos quando algum idiota arranca a cabeça de suas bonecas ou rouba seu doce.

-Hay... –eu o olhei de mal modo e ele sorriu. –Eu não vou deixar de te chamar de Hay, nem tente me convencer do contrário. –ele veio na minha direção e me deu um abraço, não sei a que veio, e fiquei realmente surpresa com seu ato, e acabei ficando estática. –Me desculpa se te chateei. Eu só... Não sei, gostei de você. –ele me soltou e eu ainda continuava estática. Ele olhou em meus olhos e limpou uma lagrima idiota que desceu pelos meus olhos.

-Hm, tudo bem... Eu acho. –me prontifiquei confusa e ele sorriu um pouco mais... Alegre. –Você me dá medo sabia? –disse quando voltei totalmente ao normal.

-Não acha que eu era quem deveria estar falando isso? –com essa eu tive que rir. –Viu? Não disse que você ficaria ainda mais bonita sorrindo? –ele disse com aquele sorriso de canto que me deixava grogue. Fiquei corada no mesmo instante. Droga, onde está minha personalidade de durona quando mais preciso dela?

-Da pra parar? –eu disse já sem graça e ainda corada.

-Parar com o que? –ele perguntou se fazendo de idiota, mas, pensando bem, ele era um.

-De me deixar sem graça, imbecil.  –disse enquanto lhe empurrava e ele sorria. –É melhor sairmos daqui, antes que a diretora entre, aquela bruxa parece ter o intestino frouxo, vem de minuto á minuto ao banheiro. –disse sorrindo e ele me acompanhou. Já começava a me acostumar com aquele destruidor da ordem natural ao meu lado.

-Então vamos. –ele sorriu, pegou sua mochila e me abraçou pelos ombros, olhei para ele estranhando seu ato. –Desencana Hay... –ele disse me puxando e dando um beijo em minha testa.

-O que está acontecendo aqui senhorita Evans e senhor Johnson? –eu ouvi a voz da diretora, a senhora intestino frouxo, ou melhor, a senhora Rodrigues, realmente alterada, fitando-nos com olhos esbugalhados (mais que normalmente costumam estar). Acho que eu nem preciso citar o fato de que agora ferrou tudo de vez, não é?