Dead Radio Fm escrita por DeadTeam, Oyundine, Cargenih


Capítulo 10
In The Dead´s Road


Notas iniciais do capítulo

Ta ai a segunda parte do meu cap, espero que gostem
obrigado especial a Cargenih que betou o cap
boa leitura



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In the Dead’s road

Eu estava só.

Merda, como aquilo podia estar acontecendo? Essa porra não era um milagre, não podia ser. Estávamos todos sorrindo há apenas uma hora e agora apenas eu tinha consciência.

O amor, a alegria, a felicidade, a honra e todos os outros sentimentos e valores foram substituídos pelo ódio. Meu espírito queimava enquanto pensava nos meus três amigos que agora estavam sedentos por carne humana. Eu não podia permitir que eles continuassem assim, agora a única coisa que me importava era vingar os meus amigos. Não podia deixar que aqueles felizes colegiais mordessem um humano.

Retirei das mãos de Akira a ultima ferramenta que ele usou. De sua cintura tirei a bainha e amarrei na minha própria, guardando a arma. Chutei a barricada, fui até o veiculo estacionado, abri as portas traseiras para verificar se lá dentro tinha algo útil. Encontrei um galão de gasolina, alguns bolos e doces de festa.

Peguei a gasolina e derramei pelo corpo de meu amigo. Acionei o acendedor de cigarros do carro, o peguei e joguei no defunto. Ele começou a pegar fogo. Um enterro digno de um guerreiro - pensei.

Tranquei-me na van e devorei um bolo, afinal eu não comia nada desde o dia anterior.

Quando terminei de me alimentar, sentei no banco do motorista, dei partida e dirigi para o centro. Em todos os lugares era possível ver aquelas criaturas andando e pessoas fugindo delas. Aquela não era mais a mesma cidade em que nasci, seria nessa nova metrópole dos mortos que tudo acabaria para mim?

Parei quando cheguei à loja que vendia gás de cozinha, os vendedores tentaram me devorar, mas eu fui mais rápido e os cortei com a Wakizachi. Lá dentro havia vários equipamentos anti-incêndio, inclusive um machado vermelho. Peguei ele para usar como arma. Peguei seis botijões, tamanho P20, os carreguei para dentro da minha condução e então dirigi até o supermercado, novamente.

No meu caminho encontrei um policial zumbi. A sorte parecia voltar a sorrir para mim. Parei o veiculo, sem desligar o motor, peguei a nova ferramenta de corte e decepei a cabeça dele, puxei de seu sinto a pistola calibre, 38 padrão da policia. Poucos dias atrás eu nem poderia me imaginar matando um oficial para roubá-lo, cada vez parecia mais irreal.

Chegando ao meu destino, abri a porta de trás da van e acelerei com tudo, passando por cima de alguns corpos, então abri meu caminho para fora daquele lugar. Os mortos vivos cambaleavam atrás de mim. Quando julguei estar a uma distancia segura disparei nos botijões, o primeiro tiro passou longe, engatilhei novamente e puxei o gatilho pela segunda vez, mas o resultado anterior se repetiu. Lembrei de minhas aulas de tiro, era preciso ter calma. Refiz o processo, mas dessa vez a bala acertou o botijão que explodiu. Conseqüente mente todos os carros do local também voaram pelos ares. Todos os mortos, incluindo os meus amigos foram para o inferno. Eu fui jogado para trás pela força liberada, mas ao ver o mercado pegando fogo me levantei como um soldado que acaba de cumprir a sua missão. Takeshi, Yuka, Nami e Akira, esperavam por mim do outro lado.

Caminhei novamente em direção a caixa d água, chegando lá vi apenas cinzas pretas no começo da escada. Soprei e elas se espalharam. Refiz a proteção dos moveis e subi para dormir, pois o sol já havia se deitando também.

Estava exausto, mas não conseguia relaxar e me entregar ao sono. As imagens desse dia terrível me assombravam. Por fim algumas horas mais tardes meu corpo finalmente adormeceu, enquanto minha mente continuava a relembrar  as perdas que sofri naquela manhã.

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Acordei novamente com o raiar do sol, mas desta vez não reparei em nuvens, vento ou natureza. Meu olhar agora era de alguém sem rumo, perdido e desinteressado. Agora viver era uma punição e não mais um milagre

Fiquei ali de perto olhando a paisagem, porto algumas horas, esperando que tudo aquilo fizesse sentido. Acho que aquele foi o momento em que tomei consciência, cinco dias atrasado, de que o mundo tinha acabado e essa era uma nova era. Fiquei a pensar sobre como tinha vivido a minha vida até aquele momento, as conquistas na escola, o dinheiro que consegui com o meu trabalho de meio expediente e meus sonhos. Agora tudo isso não valia mais nada, agora a única coisa que tinha valor era a habilidade de matar.

Resolvi que era preciso ir para casa. Eu estava com medo do que iria encontrar lá, mas eu tinha que verificar a situação. Desci pela ultima vez os degraus da escadaria da caixa d água, derrubei a barricada, atraindo dois infectados para perto de mim. Eles pareciam mais rápidos que antes. Cortei o braço do primeiro com um golpe do machado e me distanciei. O segundo correu em minha direção. Girei o meu corpo, surpreendendo o inimigo, e parti a sua cabeça  em dois pedaços,  voltei para o inimigo inicial, investi contra ele e arranquei lhe o outro braço e por fim o decapitei. 

Matar esses animais estava se tornando algo quase que divertido, parte da rotina no inferno.

Olhei em volta da praça, onde eu estava, vi um táxi parado. Fui até ele, mas não consegui achar as chaves. Continuei a andar a procura de outro carro, até que achei um na frente de uma casa. Resolvi invadir a casa em busca das chaves do carro, a construção era simples e o muro era muito baixo. Pulei facilmente e derrubei a porta com golpes de machado.

Quando dei a ultima machadada, um zumbi agarrou o meu braço. Estava prestes a morder ele, quando com a outra mão saquei a espada e enfiei no crânio de meu adversário. De dentro da casa uma criança morta viva correu em minha direção. Fiz um ataque duplo, usando as minhas duas armas e a cabeça da jovem foi separada do corpo.

Entrei na casa e as vasculhei, achei na geladeira alguns temakis e sushis prontos e em vasilhas. Os peguei, sentei-me no sofá e liguei a televisão, todos os canais falavam da praga: Japão, França, Suécia, México, Parte Sul dos Estados Unidos e Austrália, a infecção estava presente em todo o globo. Eu comia enquanto a TV mostrava o fim da sociedade, estava comendo o ultimo sushi, quando um engravatado apareceu e falou:

“Caros companheiros japoneses, venho aqui como representante da O.N.U comunicar-lhes as decisões tomadas pelo conselho geral para o controle da situação.- disse ele enquanto mexia em alguns papeis.- Bem, o plano se divide em 5 etapas.”

Parei de comer na hora

“-O primeiro passo será finalizar a evacuação de civis e do pessoal não combatente. A segunda etapa será a de reconhecimento. Usaremos aviões, satélites e sondas para analisar a situação e coletar o máximo de dados possíveis sobre a epidemia e talvez desenvolver uma cura. A terceira e a quarta etapa será a de Finalizar o processo de evacuação de civis e começar a evacuação de todos os combatentes do país.E finalmente a quinta etapa será a de aniquilação. Se não houver nenhum sinal de cura para doença iremos iniciar o procedimento contra guerra biológica e apagar qualquer sinal de que a doença esteve aqui.”

O que aquele filho de uma puta queria dizer com aniquilação? Ele iria matar inocentes para tirar a bunda dele da linha de fogo? Eles não podiam fazer isso, mesmo que não existisse mais constituição ou código dos direitos humanos, isso estava errado. Se o mundo todo estava assim, não adiantaria explodir quem ainda estava vivo. Estava a ponto de estourar o aparelho de televisão quando o representante retomou a palavra:

“Sei que muitos de vocês estão preocupados com suas famílias, mas não podemos arriscar mais soldados entrando em zonas de auto-risco de contaminação biológica. Mas não se preocupem, ainda não perdemos nossas esperanças. É por isso que daremos um prazo de 12 dias para que todos que ainda estão nas áreas de risco reúnam-se em Hokkaydo para serem retirados do país. Isso é tudo. - disse ele se retirando.”

\t\t\t Quem pediu os seus soldados? Eles deviam é dar medalhas para quem conseguisse se manter vivo depois de doze dias e não matar essas pessoas.

- Bom, não tem nada que eu possa fazer - disse a mim mesmo, enquanto me levantava do sofá – Eu preciso continuar vivo.

Fui até o corpo do que eu acreditava ser o pai da garotinha decapitada, as chaves do Honda preto estavam em seus bolsos, como eu imaginei. Sai da casa.

Do outro lado do muro um grupo de animais sedentos por carne humana me esperava. Eu os ignorei, pulei o muro e corri em direção ao carro, entrei e acelerei. A cidade estava tão devastada quanto antes. Dessa vez eu dirigia com mais cuidado, o que possibilitava uma visão melhor do estado de calamidade do lugar. Era preciso evitar as avenidas, pois nelas havia tantos automóveis batidos  e capotados que era impossível avançar.

Liguei o radio a procura de algo para me distrair. Poucas estações ainda funcionavam e todas elas davam noticias sobre a crise. Mas isso não me interessava, não precisava que ninguém me falasse, eu sabia que estava fudido. A única estação que pegava era uma que tocava jazz, não era meu tipo de música preferida, no entanto não era ruim também. Aumentei o volume e segui viajem. 

Depois de algum tempo cheguei ao meu bairro, nele a situação de calamidade não era diferente do resto.

Estacionei o carro, busquei as chaves de casa em meus bolsos e coloquei a mão na maçaneta. A cobra do medo se enrolou em meu coração e paralisou os meus movimentos. O que será que eu encontraria do outro lado da porta?  Pensei em diversas situações, no que eu falaria para a minha mãe e para o meu pai caso eles estivessem vivos, em que lugar eu me abrigaria de seus ataques, caso eles estivessem mordidos. Tomei coragem abri a porta.

Alguém me disse isto uma vez “metade das coisas com as quais você se preocupa nunca acontecem”. A frase provou estar certa mais uma vez. Não havia ninguém em minha casa. Chamei pela minha família, mas nada, entrei e fechei a porta, vasculhei todos os cantos da casa e encontrei tudo como tinha deixado quando sai para a escola cinco dias antes.

Entrei em meu quarto, fui até o computador e o liguei. Tentei acessar a internet, mas não tinha conexão. Fui até o banheiro, fiz minhas necessidades e aproveitei para escovar o dente, afinal higiene era importante até mesmo nessas situações.

Quando me olhei no espelho, tomei um susto. Não por ver o estado dos meus cabelos, ou as minhas roupas, sabia que não estava nem um pouco apresentável. O que me chocou foi à mudança em minha própria expressão. Não tinha mais aquele olhar brilhante. Agora meus olhos eram opacos; Minha boca não apresentava o sorriso sarcástico e arrogante de sempre, agora era um riso triste; por fim as manchas de sangue em minhas bochechas, pescoço e braço estavam tão secas que não se podia dizer de quem eram e nem quando eu as havia contraído.

Tirei a minha roupa e a joguei no chão, liguei a água do chuveiro e comecei a me lavar. Me esfregava o mais forte que podia, mas sabia que as marcas da memória não sairiam com sabão. Aos poucos meus músculos relaxaram e se descontraíram. Demorei muito para sair de lá, pois me sentia tão bem. Sai do banho e me joguei na cama, estava muito cansado pela noite mal dormida. Era preciso refazer as forças.

Acordei três horas mais tarde, com fome. Antes de preparar algo para comer eu fui até o armário, escolhi uma calça jeans- a mais velha que eu tinha, ma camiseta preta qualquer e um agasalho de couro. Vesti tudo e fui para a cozinha, peguei um macarrão instantâneo no armário e coloquei uma água para ferver enquanto pegava o meu mp4 e colocava todas as músicas que eu tinha no PC dentro dele. Não era porque o mundo havia acabado que eu ia parar de ouvir musica.

Ouvi o borbulhar da água na chaleira. Fui até o fogão, preparei o meu macarrão instantâneo. Minha mãe trabalhava em um hospital, era o lugar mais arriscado para se procurar. O meu pai em uma empresa, no vigésimo andar do prédio de escritórios, outro péssimo lugar para se procurar. Decidi então ir ver como estava o meu tio, ele morava e trabalhava em uma loja de armas. Indo lá eu poderia me preparar para enfrentar qualquer problema e ainda poderia encontrar alguém da minha família

Fui até o meu quarto, peguei a mochila que usava para acampar, coloquei algumas roupas dentro dela, alguns remédios, um quite de primeiro socorros, dois cantil cheios, fósforos, lanterna, carregador do mp4, um saco de dormir e toda a comida não perecível que pude encontrar

Antes de sair de casa escrevi o seguinte bilhete, para os meus pais:

“Queridos mamãe e papai”,

Eu estou bem, não se preocupem comigo. Eu vou para  a zona de proteção da ONU, quando chegar lá vou para a casa da vovó. Fiquem bem e sobrevivam

“Kouta, quinto dia de infecção”.

Na hora eu não sabia se tinha esperanças de que eles estavam bem ou não, eu simplesmente sentia obrigação de tentar os avisar para onde eu pretendia ir. Tranquei a porta.

Fui até a garagem. O meu quadriciclo, Preto da Yamaha me esperava lá, Talvez não fosse tão seguro quanto um carro, mas aquilo eu sabia pilotar, por ser mais compacto e potente ele seria ótimo para enfrentar a cidade que me esperava. Subi no banco, escolhi uma musica no aparelho portátil, por acaso a próxima na lista de reprodução era “Dead Memories” da banda americana Slipknot. Perfeita para o moment. Acelerei e fui em direção a  casa do irmão de minha mãe

Durante o caminho eu lembrava meu tio. Ele me chamara para trabalhar com ele, meio período, pois precisava de ajuda na venda. Nessa ocupação eu aprendi a atirar, fazer manutenção em armas. Conheci modelos de todos os tipos de armas, brancas e de fogo.  O cara era um mestre nessa área, conseguia tudo de todo o tipo, vendia para yakuzas e policiais, e possuía amigos dentro e fora da lei.

Durante o meu caminho encontrei muita destruição, tive que fechar os olhos a um homem que implorou por socorro. Ele estava ferido e eu mal podia sobreviver carregando a mim mesmo, não poderia ajudar pessoas com menos chances que eu. Precisava “lutar a boa luta” e nada mais.

Cheguei à loja. Ela tinha sido saqueada. Eu esperava por isso, era de se esperar que com essa loucura acontecendo as pessoas assaltassem uma loja que vendia equipamentos perfeitos para matar. 

Meu tio não era ingênuo, sabia que o seu comercio poderia ser alvo de maluquices, por isso guardava os equipamentos especiais em um lugar seguro, fui atrás do balcão. Puxei uma alavanca e a porta atrás de mim se abriu, revelando um elevador de carga, voltei para pegar o meu veiculo e entrei com ele no enorme elevador. O painel de controle possuía apenas dois botões: Subsolo e Térreo, eu apertei o primeiro, a porta se fechou e a decida começou.

Luzes se acenderam automaticamente quando cheguei subterrâneo, um amplo salão do tamanho do piso superior se estendia a minha frente. Ali se encontravam artigos raros e alguns proibidos,  antigas espadas de samurais, revolveres de ouro, mísseis modelo RPG, metralhadoras P-90 e minha preferida uma Trench gun, arma usada pelo exercito americano durante a segunda guerra. Essa belezinha estaria inutilizada se eu não  a limpasse sempre e não a tivesse modificado para usar com munição atual.

Ali havia também coletes aprova de bala com insígnias da policia, equipamento completo da S.W.A.T., jietai e outras policias especiais, munições para todas as armas, uma armadura samurai autentica, uma mesa com equipamentos para a manutenção e sentado em uma cadeira, no final de um rastro de sangue, com os miolos explodidos, na parede e uma 357 magnum na boca, jazia o corpo do meu tio.

Acionei o acelerador levemente e fui em direção ao corpo, tirei meu agasalho e coloquei sobre ele. A contagem de perdas ficava cada vez maior e eu me perguntava: Por que só eu estava vivo?  Tive o impulso de ajoelhar para rezar, mas me contive, a situação atual do mundo era mais do que suficiente para provar: Deus não existia, isso não era mais uma questão de opinião ou crença, naquele momento isso era um fato.

Fui até a Tech Gun. Aquela arma podia ser carregada com até seis cartuchos, era fácil de engatilhar e se eu mirasse bem poderia matar até dois deles, por disparo.  Peguei uma bandoleira e encaixei na arma. Coloquei as caixas de  munição na mochila.Fui até as vestimentas, peguei um colete a prova de balas com a inscrição da jietai, luvas que cobriam apenas a palma e as costas da mão,  joelheiras e cotoveleiras.

Estava pronto para ir embora, quando lembrei que enquanto estivesse em cima do quadriciclo, seria preciso abrir passagem, a altas velocidades eu não teria estabilidade para atirar, eu precisava de uma arma branca

            Fui até os equipamentos antigos, havia cerca de 20 laminas japonesas enfileiradas, escolhi uma espada longa, chamada tachi, usada pelos samurais quando eles lutavam a cavalo. A bainha era azul e a empunhadura branca e na guarda da mão o desenho de um dragão.  Fui até o meu “cavalo de quatro rodas” e prendi a arma na parte de trás do assento assim podia sacar ela a qualquer momento. Além de possuir a espada, era preciso a manter minimamente afiada. Peguei um afiador, sentei no chão, puxei a wakizashi da cintura e comecei a trabalhar o seu corte.

           Enquanto passa a pedra de um lado para o outro, minhas lembranças passavam por mim. Nada especifico. Pequenos momentos, festas, passeios, conversas, jantares, caminhadas, filmes e tantas outras pequenas alegrias agora extintas.

           Quando terminei meu serviço resolvi ir embora daquele lugar, o cheiro começava a ser insuportável. Não me importava em viajar a noite. Eu precisava avançar ir adiante a qualquer custo, eu tinha apenas doze dias para chegar ao meu destino longínquo.

\t\t\t Fui até o elevador acelerei para fora da loja, olhei uma ultima vez para a venda e então parti rumo aos limites da cidade.

\t\t\t Tentei ao máximo evitar as avenidas, porém, precisava sair da cidade e isso era impossível de se fazer por ruelas. Peguei uma rua construída para se chegar a um condomínio. Ela terminava no meio de uma via expressa, talvez assim conseguisse evitar a aglomeração de monstros.

           A pista estava clara, aviam muitos postes de luz, mas não encontrei com muitos infectados.  Passei em frente ao condomínio e vi alguns moradores cercados por mortos vivos, eu tive muita vontade de ajudá-los. Eram famílias que conseguiram se manter unidas, mesmo depois de cinco dias de infecção. Mas eu sabia que eu não podia me arriscar tanto assim por estranhos, acelerei para fugir a cena:

            Um pai desesperado tentava proteger sua filha e esposa das mordidas ferozes, porém, ele possuía apenas uma vassoura e nada podia fazer.

            Segui a alta velocidade, pouco a pouco um carro, que parecia mais um tanque apareceu no horizonte, os donos daquele veiculo com certeza estavam mesmo preparados para o novo mundo. Fiquei curioso sobre os seus passageiros, resolvi ultrapassar o veiculo, quando estava emparelhado. Olhei para a janela, vi uma menina dormindo abraçada com um cachorro, outra garota, ela também estava apagada. No meio tinha um garoto que parecia estar sonhando com algo bom, de baixo de seu cobertor. 

            Estava prestes a ter visão do motorista , quando o cão pulou pela janela e cima de mim, o susto foi tão grande que perdi o controle do quadriciclo. Bati no carro, acionei o freio, me agarrei com toda a força no guidão. O animal se agarrou em mim, fechei os meus olhos e quando os abri novamente tínhamos parado.

Respirava ofegante, tentando entender o que tinha acontecido, enquanto o bicho lambia a minha cara, como se não soubesse que escapara da morte.  Olhei adiante, o veiculo estava dando meia volta, coloquei o quadrúpede no chão, ele se agarrou a minha perna. Puxei a minha arma de fogo e me coloquei em posição de tiro.  O carro parou em diagonal, bloqueando ando a pista. Assim pude ver a cara do motorista. Um homem sério, com o olhar de um soldado. A porta de trás se abriu, as duas meninas saíram.

-Hachiko! Você esta bem?! – gritou a mais nova, enquanto a outra sacava a espada.

         - Não queremos nada com você, passe o cão e tudo ficara bem - disse o motorista.

         Me virei para o animal agarrado em minha perna e me sentido um tanto idiota, falei para ele:

         - Vá com os seus donos – nenhuma resposta

         O garoto que dormia até pouco tempo atrás, apareceu no teto solar, com uma arma. Engatilhei e ele também o fez.

         - Hachiko, Junto! – ordenou a espadachim

        Um alegre latido foi a resposta. Ergui minha arma e disparei para o alto, todos se assustaram, exceto o quadrúpede. Essa situação ta ficando cada vez pior - pensei.

A tensão aumentava, estava claro que o grupo a minha frente não hesitaria em matar, se isso lhes fosse útil.

          - Acho que podemos baixar as nossas armas, ninguém aqui que se machucar – Falou o atirador inimigo, enquanto me tirava da mira.

          Travei minha shotgun e atirei ao chão. .  Estava pensando no que poderia dizer quando uma voz estrangeira me interrompeu, vinda do banco do passageiro.

          - Fuck! A Bus! - O grito chamou a atenção de todos. De fato um ônibus estava vindo em nossa direção à altíssima velocidade.

         Tudo aconteceu em poucos segundos, O motorista acelerou, abrindo caminho para o coletivo desgovernado. As meninas correram em minha direção. Eu me abaixei e nesse instante o ônibus tombou,  deslizou pela pista e parou  ao nosso lado,quando bateu no muro.  Do interior do veiculo, recém chegado, vários infectados se levantaram e correram em nossa direção.  Puxei a minha Tachi do veiculo e ataquei os zumbis a minha frente, posicionei-me a frente das garotas caídas, senti que precisava proteger aquelas vidas.

           Dois comedores de carne humana avançaram para mim. Segurando a espada apenas com a mão direita dei um golpe na direção dos atacantes, cortei o pescoço de um deles, mas não tive força para atravessar o segundo, este segurou a lamina com suas mãos frias e com uma força sobre humana me puxou em sua direção. Enquanto era puxado tive tempo para sacar a wakizachi. Posicionei a arma na frente da mandíbula, com toda certeza aqueles dentes desejavam me mastigar, porém, eu fui mais rápido e atravessei o crânio inimigo.

            Desvencilhei-me do derrotado, olhei para os lados e me vi cercado, Lembrei-me do grito de Akira e o repeti.

          - Shin! – utilizando as duas espadas, acertei o primeiro crânio que vi. – DO!³ - retalhei outro corpo, me virei para trás e me defendi de outro morto vivo. Ofegante e suando me preparei  para o próximo ataque

          -Calma lá Oficial! – Disse a Espadachin enquanto enterrava a sua kataná em uma cabeça sedenta por carne humana – Ou devo chamá-lo de samurai?

          - Meu nome é Kouta – menos um Ex-humano – E o seu?

          - Mika – menos dois – O que quer com o meu cachorro?

          - Companhia – respondi sem pensar.

          Menos três

         - Saiam da linha de tiro! – Gritou uma voz experiente, nós corremos para onde estava à outra menina e então armas começaram a ser disparadas, pouco a pouco todos os zumbis tombaram e o silencio se fez.

        Mika olhou para mim, seus olhos, por trás das lentes de seu óculos não demonstravam emoção alguma. Virou-se para o animal, guardou a espada na bainha e disse:

        - Esses são: Susumo, Albert, Daisuke, Steven e Anju – apontando respectivamente para, a menina, o motorista, o garoto que dormia o estrangeiro e a garota Albina.

         Ela virou-se para os outros e completou

        - Esse aqui é o Kouta, ele vai com agente – essas palavras causaram surpresa em todos, inclusive em mim – Hachiko gostou dele, não há nada que eu possa fazer - Ela ajeitou os óculos, sem dar importância para o que podiam pensar os outros, abriu a porta do veiculo.

         Os homens emitiram resmungos de aprovação, Anju me olhou com um tanto de indiferença e Susumo me olhou desconfiadamente. Talvez com inveja das lambidas que recebi, mas terminou dando um meio sorriso e entrou no carro. Dessa vez o animal a seguiu.

          Subi no meu veiculo, Albert Fez meia volta, me fitou e avisou:

          - Parece que você aprendeu bem com o seu tio, Não vá ficar para trás... – Dizendo isso ele acelerou, eu o imitei.

         Com certeza, eu teria tempo para perguntar lhe o que aquelas palavras significavam, agora era preciso seguir viagem. Takeshi estava certo. Valia a pena lutar a boa luta, agora não estava mais sozinho.

         Talvez viver fosse mesmo aceitar que cada momento é um milagre.

Ato 7 In the Dead’s road, end


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Notas finais do capítulo

esse ai foi o meu cap, espero que tenham gostadonão se esqueça de deixar um comentario

Edit: COncertado alguns erros de português.



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