Dead Radio Fm escrita por DeadTeam, Oyundine, Cargenih


Capítulo 9
Friends among the deads


Notas iniciais do capítulo

Oi gente, eu sou o ultimo escritor da Dead Radio, Esse Capitulo demorou para sair, a culpa é minha, mas se forem culpar alguem culpme o Daisuke XD
... sem mais enrolação, Conheçam o Kouta...



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O sol surgia no horizonte, às nuvens brincavam de mudar as suas formas, o vento soprava frio e a natureza em geral parecia não se importar com o caos que me cercava. A cidade cheirava a decomposição, cadáveres recusavam a morte e se levantavam, andando pelas ruas, caçando as pessoas ao invés de aceitarem o seu destino.

O mundo estava acabado, mas eu não me sentia infeliz ou desesperado, não estava contente, é lógico. As imagens de dor e sofrimento, dos últimos dias, ainda perturbavam o meu sono.

Minha vida toda eu acreditei na seguinte frase: “viver é aceitar que cada momento é um milagre”. A sociedade não mais existia, no entanto eu ainda estava respirando, eu estava livre e ainda podia compartilhar esse ar que invadia os meus pulmões com meus amigos. Se isso não é um milagre, eu não sei o que é.

Olhei para o meu lado, Takeshi estava admirando a paisagem assim como eu, ficamos com o ultimo turno da guarda. Eu, ele, Yuka, Nami e Akira, nós Cinco havíamos sobrevivido a mais um dia.

- Como você esta Kouta? – Ouvi meu amigo chamar

- Vivo cara! Vivo e nem um pouco morto – Respondi

- Hahahaha, e nem um pouco morto! – ele repetiu.

- Fecha essa boca, baixinho! – Era Nami que acordara por culpa da risada de Takeshi

Em resposta ele colocou a língua para fora e fez uma careta, foi a minha vez de rir, esses dois sempre pegavam um no pé do outro.

-Bom dia para todos[i] - Disse Akira, como sempre ele estava de bom humor, não importava se ele estava acordando ou matando os zumbis, tudo que fazia era sorrindo, para mim um exemplo.

Estávamos todos nas escadas da caixa d água da cidade, achávamos ser o lugar mais seguro, era possível ver tudo que se aproximava e contanto que o inicio das escadarias continuasse barricada, não teríamos problemas.

Agora que penso a respeito parece insana a nossa calma e o clima tranqüilo, o mundo tinha acabo e nos continuávamos como sempre implicando uns com os outros e fazendo brincadeiras. Não tínhamos noticias de nossas famílias, e talvez fosse melhor nem ter. Nossas roupas... Ainda usávamos os uniformes da escola que possuíam manchas de sangue e nossas mãos se moviam como as de assassinos, porém nada disso nos importava, pois enquanto continuássemos juntos tudo ficaria bem. Era o que eu pensava.

- Alguém precisa acordar a Yuka! – lembrou Takeshi, o mais pratico e velho do grupo.

- Eu não vou, gosto da minha vida – Respondeu a única mulher acordada.

- Nem olhem para mim – avisou o campeão de Kendo, Akira.

- Sobrou para você, Kouta-kun – Resolveu o pratico.

- Cara eu só me f... – Comecei a dizer

- Vocês já me acordaram – Revelou a mais bela garota do grupo, seu corpo tinha as mais belas curvas, mas naquele momento o que chamava a atenção eram seus olhos. Queimavam de ódio, um tanto forçado e nem por isso menos ameaçador – na próxima me acordem com um café na cama.

- Falando em café, eu preciso comer algo – Informou o artista marcial.

- Então vamos descer - falou o Baixinho

- Então vamos lá! – Disse entusiasmado. Era preciso fazer algo se ficasse parado eu inevitavelmente pensaria nos meus parentes e na situação em que me encontrava.

Desci as escadas e comecei a desfazer a barricada, vários pedaços de moveis que garantiam a nossa segurança durante a noite.  Sem dizer nada os outros me ajudaram.  O barulho atraiu alguns mortos vivos para perto de nos, porém nós já sabiamos que era só esmagar os crânios deles e problema resolvido.  Takeshi e a forte Nami usavam tacos de beisebol como armas, a dorminhoca do grupo tinha um extintor de incêndio que utilizado para afastar os inimigos, eu carregava uma picareta que pegara em uma construção e Akira é claro tinha uma kataná e uma Wakizachi [ii]², que carregava com orgulho, em sua cintura.

Sem nem um problema avançamos pelas ruas próximas, o nosso “ultimo samurai” conduzia o cortejo, pois era o melhor lutador, eu ia logo atrás também fizera algumas aulas de Kendo, mas minha habilidade não podia se comparar a de meu amigo.

Dois quarteirões a baixo, do nosso lugar de descanso noturno, havia um supermercado. Aquele lugar com certeza estava infestado, porém, sem sombra de duvidas teria muitos mantimentos. Subitamente o praticante da arte marcial parou, apontou a loja com sua espada e perguntou.

- Devemos tentar?

- É perigoso, mas pode ser vantajoso - Ponderou Yuka.

- Se fizermos tudo rápido, vai dar certo – respondeu a outra garota.

- Vale o risco – ajuntei

-Avançar então! Enquanto estivermos juntos vai dar tudo certo!

Descemos a rua, no estacionamento do lugar já era possível ver cerca de quinze deles, a maioria estava atacando uma van. Ela estava em frente á entrada, com o motor ligado e os faróis acesos, em seu interior o motorista jazia com a cabeça atravessada na janela.  Akira virou-se para nos e disse:

- Eu os seguro aqui. Vão e peguem tudo o que puderem

Sem questionar a ordem nos Entramos no estabelecimento. Os atendentes de caixa ao ouvirem a porta se abrir, correram em nossa direção, infelizmente eles não queriam falar sobre as ofertas e sim comer a nossa carne. Dois deles pularam em nossa frente, acertei o primeiro na cabeça, Nami derrubou o outro com um golpe na perna, então eu enterrei a minha ferramenta no crânio dele. O pratico Senpai, correu em direção ao próximo atacante e o derrotou com apenas um golpe bem aplicado. O gerente do comercio, sedento por pedaços humanos, saiu de traz do balcão, ao mesmo tempo em que três clientes correram na direção do afobado Takeshi. Este cuidou do gerente, mas não percebeu os outros, ele teria sido abatido, se não fosse pela “bela sonolenta” que disparou um jato do seu extintor de incêndio, os zumbis ficaram perturbados e antes que entendessem o que aconteceu eles receberam golpes vindos de três atacantes diferentes e foram ao chão

No meu sangue já corria muita adrenalina, quando olhei para os corredores do mercado e vi cerca de vinte novos inimigos cambalearem em nossa direção, me virei para a porta e vi que a situação de Akira também não era muito boa, ele estava prestes a ser cercado. Nesse instante senti que se eu quisesse que tudo terminasse bem eu precisaria agir como o comandante de um esquadrão

- Yuka vá ajudar no estacionamento - ordenei, para surpresa geral – Nami para o corredor um! Senpai abra Caminho para ela, eu vou cuidar da retaguarda.

Sem questionar todos seguiram minhas ordens, depois de algumas pancadas entramos no primeiro corredor, lá apenas um deles de cada lado, podia nos atacar por vez, só precisávamos ficar parados, esperar que se aproximassem e então desferir o golpe mortal, meu plano estava funcionando.

Na parte da frente do mercado cada vez mais zumbis se juntavam, atraídos pelos barulhos da luta.

Apesar de estarmos revezando a posição, no corredor, o suor escorria do meu rosto e a picareta parecia pesar cada vez mais em minhas mãos. Os mortos vivos não paravam de chegar e os corpos, estirados no chão começavam a atrapalhar a nossa movimentação, entre uma pancada e a outra eu me esforçava para pensar em uma saída para aquela situação, mas não tive nenhuma idéia.

- Vamos subir nas prateleiras – disse inesperadamente a garota destemida – No alto eles não vão conseguir nos alcançar

- Parece uma boa idéia, vamos tentar – Falou o meu amigo de muitos anos.

- Certo – concordei – Você vai primeiro, garota.

Ela jogou o bastão no chão, derrubou os produtos da prateleira e começou a subir, quando estava lá em cima disse:

- Kouta, me passa a picareta que eu te cubro aqui de cima.

Obedeci sem questionar comecei a minha subida, mas um daqueles monstros, não mais humanos, escapou dos golpes de Nami e me puxou para baixo, pelo pé, cai no chão, o bicho avançou para mim, mas eu consegui agarrar seu pescoço e afastar sua boca de mim, porem com uma força descomunal ele se livrou de meus braços usando os dele. Olhei para um lado, não vi nada que pudesse ser útil, olhei para o outro e vi o taco de beisebol. Agarrei aquele pedaço de madeira sabendo que minha vida dependia dele. Com toda a força que me restava esmaguei o crânio do zumbi com um único movimento

Joguei o corpo sem vida do meu oponente para o lado e vi outro preparando para pular sobre mim, Takeshi impediu que isso acontecesse acertando o, levantei rapidamente e ouvi ele me ordenar.

- Sobe rápido! Vá e lute a boa luta!

Comecei a subida enquanto ele segurava os mortos vivos que apareciam dos dois lados, um deles agarrou o braço dele, outro aproveitou a oportunidade e mordeu seu ombro, mais um arrancou um pedaço de seu pescoço. Meu amigo foi devorado enquanto eu subia na prateleira e tudo que eu pude fazer quando cheguei lá em cima, foi assistir, horrorizado, a cena.

Eu revia o sorriso, do meu mais antigo companheiro, em minhas memórias, ele sempre esteve ao meu lado. Brigas de rua, repreensões dos pais, saídas noturnas, notas baixas e todas as outras dificuldades de minha vida até aquele instante, foram superadas ao lado daquele garoto e agora a sua vida escorria pelo chão do corredor um, sujando o piso.

A garota que estava ao meu lado não se conseguiu se conter e começou a chorar histericamente, eu a abracei enquanto lagrimas rolavam de meus olhos. Nosso momento de comoção foi interrompido pelos monstros que tentavam nos derrubar empurrando a prateleira.

Começamos a balançar de um lado para o outro, não havia tempo para chorar, era preciso continuar vivo para poder ter pena dos mortos, olhei ao redor e vi os vários infectados que nos cercavam, não poderíamos descer se quiséssemos continuar inteiros, mas seriamos derrubados a qualquer instante, consegui pensar em apenas uma saída.

Agarrei a cara de Nami que ainda estava em estado de choque e disse:

- Eles vão nos jogar no chão se continuar assim, eu vou contar até três e quando eu terminar, você vai pular para o alto e para frente, certo?

- Si... Sim - respondeu aos soluços a minha companheira. Entre a palma de minhas mãos os seus olhos, negros e úmidos, tremiam.

- Um... Dois... Três... Pule! – pulei o mais alto que pude, a prateleira foi derrubada, o que causou uma reação em domino, derrubando todas as outras do supermercado.

Aterrissei em cima dos sacos de arroz. Alguns daqueles monstros ficaram soterrados e os outros estavam longe de mim, agarrei a mão da adolescente que estava ao meu lado e junto com ela corri para fora do mercado. Meus pensamentos se concentraram em apenas uma coisa: Viver.

No estacionamento a situação também não era animadora, Yuka estava caída no chão com dois mortos vivos sobre ela e o Akira todo ensangüentado, com marcas de mordida no tórax, ainda enfrentava cerca de trinta oponentes, sendo que mais chegavam a todo minuto, ele tinha uma espada em cada mão e gritava para os seus oponentes.

- Vocês não vão passar!

A Cena foi demais para a colegial, ela se soltou de mim e correu na direção da amiga estirada no chão. Ignorando os comedores de carne humana, ela a puxou o corpo sem vida da bela moça e o abraçou, não a soltou nem quando começou a ser devorada. Sob os sons guturais emanados de coisas não mais humanas, duas mulheres morreram.

Meu coração queria saltar de meu peito, meu estomago dava voltas, mas ver Akira continuar a lutar, mesmo depois de mordido, para que eu continuasse vivo, me deu mais força. Fechei os olhos por um segundo. Esse foi o tempo necessário para ver o rosto de todos os amigos que já aviam sido comidos por esses animais, bem na minha frente, o ódio cresceu em mim, dei um grito de guerra, mais feroz que o dos animais da selva. Corri em direção a van estacionada na entrada, que estava de faróis acesos, quebrei o vidro com um soco, puxei o corpo do motorista para fora, ignorando o sangue que escorria de minha mão, abri a porta, a chave com esperado estava no contato, acelerei e passei por cima de tudo que estava no meu caminho. Parei na frente do praticante de Kendo, e o mandei subir. A surpresa o fez hesitar por um instante, mas a vontade de continuar respirando fez com que ele entrasse, então pisei no pedal e segui acelerando até chegar à caixa d água. Durante o caminho o guerreiro tossiu sangue e olhou para algo que eu não pude enxergar.

Parei e desliguei o motor, Meu colega, suava frio, sua pele estava ficando acinzentada, o liquido vermelho escorria da mordida e as olheiras pareciam querer devorar seus olhos. Peguei a kataná de suas mãos, e me livrei de todos os infectados que estavam entre nos e as escadarias, coloquei ele em meus ombros e fui até elas.

Mandei que subisse as escadas enquanto eu fazia a barricada. Ele venceu o primeiro lance então caiu de joelhos e vomitou algo preto, virou para mim e disse:

- Obrigado, por tudo amigo, mas eu não tenho mais futuro - sua voz era fraca, mas determinada, - eu preciso acabar com tudo agora. Não posso pedir para que você me mate, não é preciso que passe por isso.

Meus lábios não se moviam e eu não sabia o que fazer, ele estava certo, porém eu não podia aceitar isso.

Akira desembainhou sua Wakizachi, posicionou a lamina em baixo do queixo, olhou para cima e deu um grito. “Shin! ¹” fez com que ela atravessasse sua garganta. O liquido quente escorreu pelo corte, para terminar reuniu toda a força que lhe restava e retirou a espada, seu sangue jorrou na minha face, enquanto seu corpo rolava até o primeiro degrau. Eu pude ver um harakiri² sendo executado no século XXI, depois do final de tudo.


3 espada japonesa pequena, usada por samurais, para defesa em ultimo caso ou para o harakiri.

3 Referencia á um ensinamento do Bushido (caminho do guerreiro) uma espécie de código de conduta dos samurais

4 Ritual no qual o Samurai desonrado executava um doloroso suicídio, para limpar a sua honra.


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Notas finais do capítulo

Eu me empolguei com a historia e meu cap ficou muito grande, por isso foi dividido em dois, se gostaram acompanhem continuem acompanhando a histotia



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