A Vingança de Hermione Granger escrita por Tamara


Capítulo 5
Capítulo 5


Notas iniciais do capítulo

Boa leitura!



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Capítulo 5

Traição

Agia no automático. Não se lembrava de como chegou ao seu quarto, quando deu por si estava abraçando seus joelhos, encolhida no canto do quarto. Concentrava-se em um ponto fixo e mal percebeu quando lágrimas caiam de seus olhos. Sentia-se usada. Usada pelo seu melhor amigo.

Ainda atordoada, obrigou-se a levantar. Pegou a primeira roupa que estava em seu alcance. E em passos lentos se dirigiu até o banheiro. Enquanto a água escorria pelo seu corpo, esvaziou sua mente, aos poucos recuperou a calma, o melhor que pôde naquele momento.

Após o demorado banho, deitou em sua cama. Sabia que não conseguiria dormir, então tomou uma poção do sono. Dormiu um sono sem sonhos, porém não o suficiente para recuperar o desgaste emocional.

O despertador tocou, tocou mais uma vez. E não parava de tocar. Aquilo a irritou tanto, que ao invés de se levantar, ela pegou o inofensivo despertador e o jogou contra a parede. Com um sorriso nos lábios ao notar o objeto despedaço, voltou a fechar os olhos.

E quando os abriu novamente, viu no relógio da parede que a primeira aula já havia começado à meia hora. Que engraçado, Hermione Granger faltando a aula... O QUE? Deu um pulo da cama, nunca antes chegou atrasada. Escovava os dentes, enquanto botava o uniforme.

— Maldito Potter! – Disse entre dentes, xingando Potter e a si mesma em pensamento.

Saiu do quarto apressadamente, correu pelos corredores, até chegar à sala de aula. Era aula de Aritmancia, com a professora Séptima Vector. Ela fechou os olhos, soltando um longo suspiro, antes de bater à porta. A professora ficou surpresa ao ver Hermione.

— Espero um bom motivo para o seu atraso Srta. Granger. – O tom de voz era duro. Ela não tolerava atrasos, Hermione quase se arrependeu de ter ido à aula.

Diversas desculpas passavam em sua mente, das mais tradicionais às mais insanas. Posso dizer que me doparam em uma brincadeira sem graça dos sonserinos, ou que fiquei doente e estava vomitando sem parar; melhor ainda, posso dizer que fui abduzida por ETs e só agora eles me devolveram de volta à terra. Pena que nenhuma cola."

— A verdade é que eu acabei dormindo demais, peço que me perdoe pelo atraso. Isso não vai se repetir. – Ela opta pela verdade.

— Está certo, espero que realmente não se repita! Pode entrar, ao menos não veio com desculpas esfarrapadas como ter ficado doente, ou então de que a doparam. – Ela disse revirando os olhos, certamente lembrando-se das desculpas de diversos alunos.

Faltou o ser abduzida por ETs, essa seria nova.

A aula era dividida com os alunos da Sonserina. Hermione procurou por um lugar vago, e o único se encontrava ao lado de Draco Malfoy.

Ela anotou mentalmente nunca mais "matar" um despertador, ele voltaria com a sua vingança cruel.

Como não tinha escolha, sentou-se ao lado de Draco; não olhou em nenhum momento para Harry, que infelizmente também tinha aquela aula. Por insistência dela, lembrou-se. “Vamos, Harry. Aritmancia é uma matéria importante”, ela dissera.

— Por que se atrasou, Granger? – Draco ousou quebrar o silêncio, voltando a atenção à morena, com um olhar curioso. – Você nunca se atrasa.

— Não é do seu interesse. – Ela não se deu ao trabalho de voltar o olhar ao dele, muito menos de ser civilizada.

— Alguém precisa aliviar o seu estresse, Hermione. – Ele deu ênfase ao seu nome, enquanto tecia o comentário com malícia. O que fez a morena ruborizar.

— Por que você quer saber? – Perguntou ignorando o comentário anterior, lançando um olhar atravessado para o loiro.

— Só estou curioso, não é todo o dia que a Srta. Certinha, comete um erro. – Disse com ironia.

— Meu maior erro é estar falando com você, Malfoy. Aliás, por que insiste em falar comigo? Não é você que diz que sou uma sangue ruim imunda? – Ela falou com desprezo, era palpável sua raiva.

Ele não responde à pergunta de Hermione, tampouco volta a falar com ela. A verdade é que não sabia o porquê da insistência em falar com ela. Ela era insignificante para ele, mas mesmo assim, tinha a necessidade de dirigir alguma palavra a ela, seja comentários tecidos com ironia, seja com provocações. E isso o assustava.

Quando a aula acabou, Hermione saiu rapidamente da sala.

— Mione, espere! – Ao escutar aquela voz tão conhecida, parou de andar.

— O que você quer, Harry? – Não foi amável em seu tom de voz, muito pelo contrário. Sabia estar sendo grossa.

— Nada. – Respondeu confuso, ele não entendeu o motivo da atitude da namorada. - Achei estranho você não ter ido tomar café, aconteceu alguma coisa?

— Acordei tarde. – Disse categórica, em nenhum momento fitou o moreno. Não sabia como agir, o que falar. Então continuou a caminhar, precisava pensar no que fazer.

— O que você estava fazendo ontem? Não te vi depois do treino. – Ele perguntou, tentando acompanhar o ritmo dos passos de Hermione, ela praticamente corria.

— Estava estudando. – Mentiu, parando de andar.

— Imaginei. - Eles ficaram alguns segundos em silêncio.

— Harry! Reunião do time de quadribol, é para hoje! – Rony, do outro lado do salão, quebrou o desconforto instalada entre os dois ao chamar Harry.

— Tenho que ir, Mi. Até mais tarde. – Com certo receio, ele se aproximou dela e a beijou nos lábios rapidamente. Antes de ir ao encontro do amigo.

Ela fica sem ação com a atitude. Iria tirar satisfações com ele, não conseguiria agir como se nada tivesse acontecido. Mas ela não o viu novamente durante a manhã, e quando ficavam sozinhos, alguém ou algo os interrompia.

(...)

Na hora do almoço, Parvati olhava fixamente para Harry e Hermione, enquanto suas amigas discutiam coisas fúteis.

— O que tanto olha? Que bicho te mordeu, Parv? – A voz irritante de Lilá soou curiosa, enquanto estalava os dedos na frente dos olhos de Parvati, como se isso fosse despertá-la.

— Só estou pensando. – Respondeu sem ânimo. Às vezes suas amigas somente a importunavam.

— Pensando olhando diretamente para o Potter e a Granger? – Comentou Padma com malícia, conhecia bem a irmã.

— O que você tem em mente, Parvati? – Dessa vez quem teceu a pergunta foi Verônica. Verônica tinha os cabelos tingidos de rosa, os olhos castanhos e duas ou três tatuagens pelo corpo. Ela era a única que não pertencia ao padrão de beleza do grupo de amigas. Mas ainda assim era bonita. E a menos idiota das amigas e, na visão de Parvati, também a menos confiável.

— Pretende matá-los enquanto dormem? – Perguntou Elisa com seriedade, e um olhar assombrado com a possibilidade.

— Acabei de comprovar que a Elisa sofreu pancadas na cabeça quando era bebê, deixando-a em um estado de total idiotice. –Verônica disse com ironia, arrancando uma risada de Padma.

— Agora que você percebeu? Ela sempre foi assim. – Parvati disse com desinteresse.

— Mas diga, Parv, em que tanto pensa? – Verônica perguntou novamente, desejando saber o que a amiga tramava.

— Em nada, só em uma maneira de recuperar o que é meu. – Parvati deu de ombros, voltando a admirar o ex com a nova namorada. - Quero Harry Potter de volta para mim. – Completou.

— E o que pretende fazer, Parv? – Padma perguntou.

— Já comecei. Mostrei-me arrependida, hoje de manhã mandei uma carta como fazíamos antigamente, mandei Simas e Dino encherem a cabeça dele com palavras ao meu favor. Agora vou dizer que o amo e fazê-lo me beijar em frente de todos, Harry é influenciável e todos vão nos apoiar como casal.

— E quem seriam essas pessoas? – Elisa perguntou, ainda assimilando todas as informações.

— Toda Hogwarts, eu... – Parvati foi interrompida pelas risadas de Verônica. – Qual é a graça, Verônica? – Ela odiava ser interrompida, e odiava ainda mais rirem dela.

— Ora, Parv! Por que você acha que todos vão parar tudo que estejam fazendo para começar a gritar para o Potter: FICA COM A PARVATI! – Ela fazia gestos escandalosos enquanto falava, atraindo olhares para a mesa das garotas.

— Shiu! Fale mais baixo. – Padma advertiu.

— Você não sabe do que está falando. Agora me peça desculpas! – Parvati falou autoritária.

— Desde quando você manda em mim? – Verônica retrucou, estava cansada de receber ordens.

— Desde que você ficou popular as minhas custas.

— Vai te danar, Parvati! Eu nunca, never, JAMAIS irei pedir desculpas para você por falar a verdade. – Disse exasperada, enquanto pegava suas coisas e saia da mesa. – E fique sabendo, querida, que você não é nem de perto a mais bonita de Hogwarts. Já se olhou no espelho nos últimos dias? Essas oleiras profundas e os quilinhos a mais não te favoreceram. – Era mentira, Verônica pouco se importava com aparência e peso dos outros, falou somente para irritá-la, pois sabia o quão fútil a morena era.  

Então ela caminhou para longe das garotas, deixando uma Parvati completamente sem ação, e as demais embasbacadas.

— É impressão minha ou a Verônica saiu daquele jeito, e chamou a Parv de go-go... – Elisa não consegue terminar a frase.

— Gorda, a vadia me chamou de gorda, eu ODEIO aquela garota. – Parvati estava vermelha de raiva, mas tratou de respirar fundo. Tinha coisas mais importantes para se preocupar.

— Calma, Parv. Você é a mais magrinha de todas nós, ela só estava blefando. – Disse Padma, enquanto Lilá abanava a amiga.

— Eu sei! Agora para de me abanar...

(...)

Harry ainda pensava nos últimos acontecimentos. Tanta coisa havia acontecido em pouco tempo. Recebeu uma carta de Parvati, pequena, falando amenidades e recitando falas dos filmes trouxas preferidos de Harry. A carta remetia ao passado, nela Parvati dizia a importância da amizade de Harry e o quanto queria seu bem. Por mais que tentasse negar, sentia algo pela primeira namorada.

Em contrapartida, no final de semana havia estado com Hermione. E a melhor amiga foi tão maravilhosa. Ela o amava. E ele também a amava. Muito. Mas estava começando a ter dúvidas se era um amor de amigos ou de amantes. Quando fizeram sexo não sentiu aquela paixão avassaladora que sentia com a ex, e sim uma ternura... algo que ainda não sabia identificar. Temeu ter usado a amiga, mesmo que inconscientemente.

 - Harry? – A voz de Parvati o tirou de seus devaneios. Porém ao observá-la, notou que lágrimas preenchiam os olhos dela.

— O que aconteceu? – Perguntou com certa preocupação.

— Meu avô... ele está doente no hospital. E como você o conheceu, achei que talvez quisesse saber... – Era verdade, embora Parvati não se preocupasse tanto assim, e a doença fosse somente um olho de peixe no pé.

— Oh, Parv, eu lamento muito... – O moreno a envolveu em seus braços, abraçando-a como fazia antigamente.

— Ele vai melhorar, tenho certeza... – Disse com um sorriso triste nos lábios, antes de voltar o olhar ao moreno.  – Desculpe, sei que não devia me aproximar... – Afastou-se rapidamente.

— Somos amigos... – Não completou a frase, pois Parvati logo o interrompeu.

— A verdade é que isso está me matando. Eu não consigo... – Ela mordeu o lábio inferior, hesitante antes de continuar. – Eu amo você, Harry. E não pensei que fosse me esquecer tão rápido. Eu sei que errei, mas sofro com isso todos os dias enquanto o vejo com ela. Estou completamente enciumada, embora realmente deseje que tudo dê certo entre vocês... – Suspirou pesadamente, voltando a fita-lo. – A verdade é que eu queria estar ao seu lado, somos perfeitos juntos, você e eu. E me tortura vê-lo longe...

— Eu não sei o que dizer... – Estava tão confuso, e aquela confissão contribuiu para deixa-lo ainda mais. O que faria agora?

— Não diga nada. - Parvati repousou as mãos nos ombros dele, enquanto aproximou os lábios. E o beija, a princípio ele não corresponde, mas aos poucos acaba cedendo. Mal percebeu quando o beijo se intensificou, matando a saudade dos lábios um do outro. 

Também não percebeu que vários alunos os cercavam, e quase todos à sua volta soltaram gritinhos histéricos e vaias. Estava tão absorto no beijo que se desligou do mundo por alguns minutos.

Assim que o ar se fez necessário, eles se afastam. Harry olhou confuso para ela.

— Harry, eu te amo. Você não vê? Somos perfeitos juntos, olhe a nossa volta, todos nos consideram o casal perfeito. Você é meu mundo, e estou definhando sem você...

— Eu também amo você, Parvati. – Ele a interrompeu, abraçando-a, lembrando-se de todos os momentos passados ao lado dela. Mas, finalmente, deu-se conta da plateia entusiasmada que os observava, então afastou-se. - Mas preciso de um tempo. – Foi sincero.

Então as vaias da plateia ficaram mais altas. Identificou um “Parvati”, “melhor casal”, “chifres”, “Hermione”... Hermione? E ao virar para trás, a sua frente, um par de olhos castanhos o observava com incredulidade. Ele entreabriu os lábios, mas logo baixou o olhar, envergonhado com o que acabou de fazer. Não soube o que dizer.

Quando olhou novamente, ela não estava mais lá. E as vaias aumentaram, vaias para ela. Não foi atrás dela, ele precisava pensar antes de procura-la, estava tão confuso. Enquanto passava no meio da pequena multidão, recebia tapinhas nas costas. Precisava de um lugar para ficar sozinho e pensar no que fazer.

Parvati esboçou um meio sorriso. Harry já era seu de volta.

(...)

Hermione procurava por Harry, precisava tirar essa história a limpo, talvez ele tivesse uma explicação...

Quando ela descia uma das escadas para ir aos jardins, viu um aglomerado de alunos. Pensando ser uma briga, embrenhou-se no meio deles, para apartá-la.

Entretanto, não era uma briga que presenciou. Harry e Parvati se beijavam com paixão. Não, aquilo não poderia ser real. Era um pesadelo, só podia ser. Ela se aproximou do casal, parando atrás dele. Parvati abriu os olhos, e Hermione jurou ter visto divertimento neles, foi quando o beijo ficou mais intenso.

Hermione não sabia o que falar, o que fazer. Interromper? Fazer um escândalo? Então escutou vozes vindo da multidão.

Hermione, você não vai fazer nada?

Cuidado com os chifres!

A nova corna de Hogwarts!

Sempre preferi a Parvati com o Harry...

Você nunca teve chance.

Faça alguma coisa!

E riam, risadas e mais risadas. Contudo, ela abstraia tudo aquilo, observando incrédula o casal a sua frente. Como ele foi capaz? Não... aquilo não era real. Mas, era. Tão real quanto o amor que um dia teve por ele. Ela não entendia o motivo de ficar ali, presenciando o namorado a trair, mas ficou, estava em um estado de puro torpor.

Eu também amo você, Parvati

Então ela acordou.

E quando o seu namorado e a ex se abraçaram, Parvati direcionou o olhar a ela outra vez, com um meio sorriso vitorioso nos lábios.

Aquilo já era demais.

Ela engoliu o choro, e quando Harry se virou, ela fitou os olhos verdes com incredulidade. Ele nada disse. Ela muito menos.

Com os olhos marejados de lágrimas, saiu do meio da multidão, recebendo olhares curiosos e risadas. Como poderiam humilhá-la tanto?  

— Como é ser corna? – Perguntou um garoto rindo, não sabia quem era.

— Por que você não fez nada? – Sentiu uma mão a puxando, mas ela logo se soltou. Apertou os passos.

— Tadinha. Você está bem? – Uma menina do quinto ano perguntou com pena. Ela continuou a andar.

— Somos team Parvati, desculpa Hermione... – Um grupinho de garotas disse, rindo.

— Você está bem?

— Deveria ter avançado naquela vadia...

— ME DEIXEM PASSAR! – Ela gritou quando novamente a seguraram. Então, Hermione correu. Alguns a olharam com pena, outros com divertimento. A maioria, contudo, ria. O que era pior? O deboche ou a pena?

Aquilo era tão humilhante. Harry a desrespeitou, usou-a e depois a humilhou.    

Ela continuou a correr, esbarrando em quem estivesse no seu caminho, escondeu-se no banheiro da murta que geme, ninguém entrava lá, a fantasma era inconveniente. Por sorte, a Murta também não estava lá.

Escorou-se em frente ao espelho e chorou novamente. Mais uma vez chorou por Harry Potter. Flashes passavam em sua memória, os beijos e os momentos bons compartilhados com Harry, sua primeira vez, o romantismo..., mas logo esses pensamentos eram invadidos por outros, a conversa de Harry com Dino e Simas, o beijo que acabara de presenciar, a humilhação...

Ela sentia raiva, rancor... Dor. Dor era o sentimento predominante, invadia em todo seu corpo, doía a sensação de ter sido traída, de ter sido usada. Aquilo era tão humilhante.

— Chega, Hermione! Você nunca mais chorará por Harry Potter, NUNCA! – Ela disse para si mesma, secando suas lágrimas. Olhou-se no espelho, por um momento se comparou com Parvati, ela poderia ser mais bonita, mas jamais chegaria aos pés da sua inteligência.

Ela soltou uma última lágrima e prometeu para si mesma nunca mais chorar por Harry Potter. Ela nunca mais seria humilhada, nunca mais. Um sentimento até então desconhecido crescia em seu peito. E ela estava com sede, uma sede que não saciaria facilmente. Sede de vingança daquele que pisou em seu coração.  


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Notas finais do capítulo

O que acharam? ♥