O Universo a Nosso Favor escrita por Ledger


Capítulo 9
Nove - A volta de um certo alguém


Notas iniciais do capítulo

Gente, gente, olá. Bom, esse capítulo é maneirinho, acho eu. Meio tristinho, mas maneiro. Bom, mais uma vez, estou aqui para agradecer a vocês, caras leitoras, por me aguentarem, e por lerem a fic. Fiquei surpresa ao entrar hoje para responder os reviews, e ver que tinham doze só no oitavo capítulo! Normalmente são sete ou oito... então, MUITO OBRIGADA. Do fundo do coração. Fico parecendo uma idiota quando leio os reviews de vocês, com o sorriso bobo no rosto. UAHSUAHS beijão, é isso!



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-         TenTen! TenTen, acorde! – ouvi alguém gritar meu nome, e fui abrindo os olhos aos poucos – Ah, aleluia!

Abri os olhos pro completo. Kiba estava com a cabeça próxima da minha, mas não pensem outra coisa. Sacudia-me. Espreguicei.

-         O que foi? – perguntei, tentando me levantar, mas caindo de novo – o que aconteceu?

-         Bom... – Kiba sorriu, vendo que eu estava mesmo acordada – você desmaiou.

-         E... Estão preocupados com isso? Achei que alguém tinha morrido.

Kiba riu.

-         Porque só se importa com os outros... E não se importa com você mesma?

Sorri, levantando-me.

-         Porque eu não sou grande coisa. Se eu morrer, não vai fazer tanta diferença.

-         Que horror, TenTen-Chan! – dessa vez foi Hinata que falou – não fale isso!

Sorri.

-         Estou brincando.

Suspirei. Minha pressão tinha caído e só isso.

-         Bom, de qualquer jeito, estou indo Hinata. Amanhã... Tenho três provas.

Hinata fez cara de pensativa.

-         Mas não era hoje?

Sorri.

-         Era, mas eu não fiz.

Peguei minha bolsa, e saí; alguém tinha de estudar.

 

Passei o fim da tarde inteiro estudando. Eu nunca me vi tão motivada a estudar assim. Eu engolia todos os livros. E o pior: eu estava entendendo a matéria. A última vez que isso aconteceu, que eu tinha entendido TODA A MATÉRIA, foi na 6ª série. Pois é.

Pensei um pouco. Será que o meu estudo com Neji havia adiantado alguma coisa? Será?

Sorri. Com certeza.

Ouvi alguém bater a minha porta.

Abri, e encontrei lá, Neji.

-         O QUE ESTÁ FAZENDO AQUI? – berrei.

-         Nossa, eu mal cheguei e já está me mandando embora. Você me odeia tanto assim?

-         Estou falando da Hinaaaaaaaaaaata! Você deixou a pobre coitada sozinha, Neji? Porque? O que está fazendo aqui? Não era você que ia ficar com ela?

Neji tampou minha boca.

-         Deixei-a com o Kiba. Porque eu tinha de dar aula. Eu vim te dar aula. Era eu sim que ia ficar com ela, mas eu estava estragando o clima dos dois.

Tirei sua mão de minha boca.

-         Pode entrar.

Entramos em minha casa; só havia eu lá. A cozinha estava meio bagunçada, e tentei, sem sucesso, arrumá-la. Não adiantou muito. A sala, assim como a cozinha, continha alguns papéis do meu estudo espalhados, e minha guitarra em cima do sofá. É. Por estranho que pareça, eu já tive uma banda, na qual, eu era guitarrista. Mas isso não vem ao caso. O caso era que a casa estava parecendo casa da Mãe Joana, e isso não era nada bom.

-         Não ligue para a bagunça – alertei Neji, que já olhava com certa repugnância para as coisas – Ah, por favor, não faça essa cara!

Neji levou as mãos para cima.

-         O que fiz, senhorita?

Sorri.

-         Você nasceu.

Neji olhou-me, rindo.

-         Que ódio, em.

-         Pois é.

Sentei-me novamente na mesa; organizei meu material, e suspirei. Se eu estudasse mais, eu cairia dura. Estudei três horas sem parar, e agora, eu precisava, no mínimo, de comer.

-         Então... – comecei, indo em direção a cozinha – o que vai fazer? Ficar parado ai?

-         Bom... – Neji entrou na cozinha, pegou uma maça, e mordeu – pretendia te ajudar a estudar, mas já que fez isso sozinha...

-         Pois é – sorri – Não mereço um elogio?

-         Hm... Não.

Peguei a maça de sua mão, e joguei no lixo.

-         Ei! – reclamou ele, sentando-se em um banco – isso não foi legal, Mitsashi. Menos dois pontos.

Eu já não agüentava mais.

-         Tudo bem. Não me importo. Já não ligo mais para esse joguinho.

Saí da cozinha. Sim, eu sei que estava nervosa hoje. Não me culpem. É a famosa TPM agindo.

Sentei-me no sofá,  e peguei minha guitarra. Eu relaxava quando a tocava. Comecei a tocar Starway to Heaven, do Led Zeppelin, para acalmar meus nervos. Aquela música relembrava-me bons tempos... Tempos em que eu não tinha de me preocupar com Neji, Hinata...

Não que eu não gostasse de ter amigos. Eu acho que, sem os amigos, não somos nada. Essa é a verdade. Mas... Eu estava sentindo algo novo. Algo que eu nunca havia sentido. Eu não sabia ao certo explicar o que era, só sei que eu tentava ocultar isso o máximo possível.

Comecei a cantar.

“There's a lady who's sure  All that glitters is gold  And she's buying a stairway to heaven.  When she gets there she knows  If the stores are all closed  With a word she can get what she came for...”

 

-         Gosta dessa música? – perguntou-me Neji.

-         É a minha música preferida – respondi, ao perceber que o mesmo estava sentado bem ao meu lado.

-         Starway to Heaven, não? – perguntou-me.

Confirmei.

Ficamos um tempo em silêncio; eu gostava do silêncio.  Não era um silêncio incomodo. Pelo contrário. Era acolhedor.

Mas não; eu não podia me permitir de sentir aquilo.

-         V-vamos estudar? – indaguei, levantando Neji, e puxando-o para a mesa.

-         Você... Vai querer? – perguntou-me.

-         Não é questão de querer – respondi-lhe, com frieza – é questão de compromisso.

Abri o livro de ciências; vi que Neji bufou, parecendo um pouco nervoso. Não entendi. Não era isso o que ele queria? Alguém motivada com os estudos, com os compromissos... Estou finalmente me tornando assim.Uma pessoa responsável, estudiosa...Uma menina.

-         O que foi? – perguntei, sussurrando – eu não tinha certos motivos para sussurrar, mas eu sentia-me... Invadida.

-         O que... O que aconteceu com você? – perguntou-me Neji.

-         O que aconteceu comigo? – perguntei, dessa vez, já alterando meu tom de voz. Eu percebia que alguma coisa – algum sentimento – começava a se criar lá no fundo – estou me tornando a pessoa que você queria que eu me tornasse. Estou estudando Neji, estou me esforçando.Percebi que a vida não é só ficar o dia inteiro na rua fazendo sabe-se lá o que. Percebi que temos que correr atrás do que queremos, do que sonhamos. Eu estou tentando, neste momento, concertar os meus erros do passado, de não me importar com nada, de não estar nem ai para a escola e para os outros. Estou, finalmente, conseguindo ver o que esta a minha frente. Então... Ainda pergunta o que aconteceu comigo?

Desmoronei. Odeio falar sobre o que sinto, principalmente para alguém que devia estar me ensinando cálculo.

-         Você tem uma prima para cuidar – disse eu, abaixando a cabeça, para não mostrar o que realmente estava sentindo – sei que ela precisa de você.

      Neji tossiu.

-         Você... Está bem? – perguntou-me, um pouco envergonhado.

-         Não – respondi-lhe com frieza – só vou te pedir uma coisa, Neji: Decida-se. Gosta de mim, ou não? E não no sentido criança de seis anos perguntando ao coleguinha se e o alfredinho gosta dela. Você vai ser... Sempre frio comigo ou não? Ou pode ter uma relação um pouco mais alegre comigo? Por favor, decida-se, não quero sofrer por sua causa.

Neji estava paralisado em minha frente. Eu devia te-lo desarmado completamente. Eu não era de falar essas coisas, mas quando falava, saíam como tiros. Desculpe-me Neji. Mas sou cabeça dura, hipócrita, e não irei pedir desculpa.

Neji levantou a cabeça. Não iria desistir tão cedo.

-         Cuide-se bem, Mitsashi. De acordo com as minhas contas você está com 15 pontos, e gostaria que me chamasse de Sr. Hyuuga.

Então era isso. Decidiu que seria frio.

-         Muito bem – levantei, e fui abrir a porta para ele – cuide-se bem, Sr. Hyuuga.

Fechei a porta.

Porque...Porque isso acontecia? O que estava acontecendo lá no fundo que estava me mudando tanto?

Não. Eu não queria sentir isso. Queria voltar a ser a TenTen de antes.Claro, se importar com os estudos, mas a TenTen que não sentia esses...Sentimentos estranhos. Subi para o meu quarto, e me fechei lá. Eu ia expulsar esses sentimentos o mais rápido possível.

 

O dia seguinte passou-se rápido. Fui no caratê, e passei a maior parte do tempo conversando com Usui. Saímos juntos de lá, e passamos em uma sorveteria antes de ir para a casa. Contei-lhe o que havia acontecido no hospital, e o que havia acontecido em casa, com Neji.

-         Você desmaiou no hospital? – indagou ele, preocupado – porque?

-         Hm, você acha que eu vou saber o porque cai dura lá?

Usui ficou pensativo.

-         Você esteve doente...?

-         Ah, eu vomitei algumas vezes nesse mesmo dia, mas não passei mal desde então. Por isso, não tem nada a ver! Minha pressão simplesmente caiu.

-         Tem certeza? – perguntou-me Usui.

Ignorei-o.

-         Mas, essa “briga” com o Neji... Porque? Vocês estavam começando a se darem bem.

-         Bom... – engoli o sorvete, que por sinal, desceu queimando em minha garganta – eu queria que ele se decidisse, Usui.Cada hora era de um jeito comigo. Frio, Alegre. Não gosto de pessoas duas caras.

-         Bom, é você que sabe – disse-me, levantando para pagar a conta – Mas acho que se precipitou falando assim com ele.

 

A semana se passou. E se passou mais uma. Eu não encontrava Neji desde aquele dia, e um dia, resolvi ir até a diretoria para saber dele.

-         Ah, o Sr. Hyuuga? – perguntou-me a Sra. Mil Anos, e deu aquele sorriso amarelo – ele pediu que outro entrasse em seu lugar. Disse que você é sem solução.

-         Como? – perguntei, não acreditando.

-         Isso mesmo que você ouviu, Mitsashi. Ele quis mudar de aluno, e trocou com um de nossos outros tutores.

-         Ah – eu disse, não acreditando ainda. Não conseguia acreditar que Neji tinha feito aquilo.

Saí da sala da diretora, e segui até a minha. As pessoas estavam saindo, e eu teria de sair também. Mas não. Eu não estava a fim de sair. Sentei em minha carteira, e fiquei por lá. Não estava a fim de ir embora, muito menos de ir embora andando, o que eu sempre fazia. Então preferi ficar lá, de cabeça abaixada, vendo o tempo passar, até fecharem a escola.

É. Mas tudo sempre vira um problema para Mitsashi TenTen, não?

Dormi. Dormi na carteira. Como esqueceram de revistar a minha sala, eu fiquei trancada lá dentro. Acordei a noite já.

Levantei, ainda sonolenta, e peguei minha mochila. Fui abrir a porta, mas essa já estava trancada.

-         Ah não – falei eu, tentando abrir de novo, mas foi em vão – merda.

Sentei-me no chão. Eu estava lerda, havia acabado de acordar. Esperei 15 minutos até voltar a funcionar, e, com ímpeto, levantei de novo, e comecei a berrar pedindo por socorro.

-         Tirem-me daqui! – esgoelei, e bati na porta como se fosse louca – Me tirem daqui, porra!

Ninguém vinha. Nenhuma alma viva. Tentei fazer o máximo de barulho possível, e nada. Nada nem ninguém que pudesse me ajudar. Nem mesmo um celular.

Decidi tentar a janela. Quem sabe ela não estivesse aberta?

Fui em direção à mesma, e a abri. Dei impulso para poder subir nela, e assim fiz. Olhei para baixo. O telhado era ruim, iria ser difícil sair dali sem o vigia me ver. Mas eu não tinha outra saída. Havia sido presa ali, e agora, teria de dar no pé, sem que achassem que eu fosse algum ladrão.

Andei pelo telhado tentando ser o mais discreta possível. Dava passos leves, mas ao mesmo tempo firmes, pois se eu caísse dali, adeus TenTen.

Eu estava conseguindo. Já chegava perto da janela da diretora, e quem sabe, a sala dela estivesse destrancada. Parei ao seu lado. Ouvi vozes, e luzes acesas. Então a Sra. Mil Anos ainda estava aí... Conversando com alguém.

Esperei que ficassem quietos. Que as luzes se apagassem. E, depois disso tudo, entrei na sala da diretora.

Que por sinal, ainda estava ali.

-         TENTEN! – exclamou ela, assustada – o que está fazendo aqui, uma hora dessas? E por amor aos céus, porque entrou pela janela?

-         Diretora... Desculpe. Eu fiquei presa na sala, pois cochilei, e o único modo de sair foi pela janela.

A diretora me olhou com ar de reprovação.

-         Estou falando sério, me desculpe. Eu não vi outro modo de sair, estava sem celular, por causa que o babaca do Nej...

A diretora me encarou.

-         Por causa do Sr. Hyuuga, que o jogou fora.

Ela sentou-se de novo, e cruzou as pernas.

-         Ele deve ter suas razões.

Assenti falsamente.

Ela levantou de novo. Estudou-me.

-         Bom TenTen, deixa que te levo em casa. Estou de carro.

-         Que isso senhora, não precisa, vou a pé.

-         Nesse caso... – ela sorriu para mim, pegando sua bolsa de vovó – você vai a pé.

Fomos em direção a porta, e ela a abriu. Encostada nela estava um menino com um cabelo de cuia, e sobrancelhas grossas que eu conhecia bem.

Senti tudo girar um pouco; eu não acreditava naquilo.

-         A propósito... – disse a senhora Mil Anos, sorrindo – Esse é Rock Lee. Ele entrará na sua sala. Pode ajudar ele a se adaptar?

Olhei para Lee. Ele sorria maliciosamente para mim.

-         Olá, TenTen-Chan. Há quanto tempo, não?

Merda, eu falei para mim mesma em pensamento.

 

.

 

Lembra do Lee, aquele menino que minha mãe citou, que tinha pais ricos, e que era meu amigo na infância?

Pois é. Não gosto de lembrar muito daquela época.

-         Ei, Lee. – respondi-lhe, tentando sorrir.

-         Já se conhecem então? – a diretora perguntou, triunfante.

Assenti, assim como Lee.

-         Bom, então creio que pode ir andando com ele, não é TenTen? Afinal, ter uma companhia é bom, não?

Assenti, falsamente.

-         É claro, diretora.

A diretora trancou sua sala, e foi andando com nós em direção ao portão da escola. Perguntou-me como eu e Lee tínhamos se conhecido, e adiantei que nossos pais eram amigos, e nós, éramos apenas colegas.

Há. Grande mentira.

Mas Lee a aceitou.Achei que fosse protestar, mas aceitou a mentira.

Quando a diretora partiu em seu carro, virei-me para ele, brava.

-         O que está fazendo aqui, Lee?

Lee sorriu, cinicamente. Brincava com uma bolinha de papel, a jogava para cima, para baixo. Não olhava para meu rosto.

-         Senti saudades suas, TenTen-Chan.

-         Olha... – eu tentava me controlar ao máximo – não quero confusões, Lee. Eu já tive muitas no passado, não preciso de mais.

-         Não vim lhe trazer confusões, TenTen-Chan... não sou do tipo que gosta de confusões. Porque pensa isso de mim?

Respirei fundo. Eu não podia deixar que ele me irritasse.

-         Não acho que vá criar confusões. Vamos indo?

Virei-me de costas para ele, e continuei andando. O que Lee fazia ali? O que queria de mim, afinal? Minhas lembranças com ele não eram das melhores, será que viera atormentar minha vida mais uma vez?

 

Só vivendo-a para saber.

 

 


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