Pov’s Neji On

 Quando Temari saiu correndo comigo pela rua, pedindo meu celular emprestado para ligar para o Gaara, não me importei. Afinal, eu não estava entendendo onde ela queria me levar. Passamos correndo pelo Nicky’s – o qual pensei ter visto um rosto conhecido – mas creio que foi só impressão. Continuamos correndo, até chegarmos em um beco.

-         Temari, o que você quer aqui? Hoje tenho um compromisso. Tenho que voltar antes e...

Temari sorriu maliciosamente.

-         Ah não... O que você fez?

Ela apenas continuou sorrindo, para logo em seguida me puxar para um beijo. Afastei-a, indignado:

-         O que foi isso? E, por céus, o que você fez?

-         Ah... – ela suspirou, mas voltou a sorrir depois – Neji-kun, eu só desmarquei o seu encontro e...

E aí eu entendi tudo.

O rosto que não reconheci quando passamos pelo Nicky’s veio em minha mente.

TenTen.

Fechei os punhos, raivoso. O que realmente Temari havia feito?

Ela, vendo o meu olhar congelante para cima dela, começou a dar desculpas:

-         Neji, na verdade, eu marquei o encontro de vocês! Olha que legal que eu sou! É porque... É só porque...

-         Para passar comigo correndo com você, e ela ficar olhando? Parabéns, Temari. Você conseguiu.

Virei as costas e sai andando, mas ela segurou minha mão:

-         Neji, por favor, me perdoa! Eu não... Eu não fiz de propósito e...

A minha raiva era tanta, que não consegui me conter.

-         Largue minha mão, sua vagabunda.

Ouvindo isso, a menina começou a chorar, enquanto eu saía correndo na direção do Nicky’s.

Pov’s Neji Of.

A minha raiva era tanta que, quando encontrei Itachi me perguntando porque eu estava daquele jeito, comecei a chorar.

Ele me acolheu em seu ombro de bom grado. Agora, todos no Nicky’s olhavam para nós dois, mas isso pouco me importava.

-         Ei... – começou a moreno, afagando minha cabeça – pode me dizer o que está acontecendo?

-         Porque sempre faço as escolhas erradas, Itachi? Sempre isso! Eu não agüento mais!

-         Vamos, levante. Eu vou te levar há um lugar melhor. Tem uma pessoa me esperando no meu carro, e garanto que ela também vai te ajudar.

Pensei um pouco.

-         E quem seria essa pessoa...?

...

 Quando estávamos já dentro do carro, quase indo embora, Neji apareceu na janela do banco de trás, onde eu estava sozinha.

O encarei, furiosa. Agora que já tinha chorado um rio de lágrimas, nada saía de meus olhos.

-         Olá, cubo de gelo.

-         TenTen, eu...

-         Onde está a Temari? – interrompi-o – você não estava se divertindo com ela há pouco?

-         Eu preciso te explicar...

-         Explicar o que? – perguntei eu, ameaçando-o de fechar a janela – que eu não sou boa o suficiente para você sair comigo? – engoli seco – que eu não sirvo, nem sou bonita o suficiente como ela? Que não sou feminina – dei ênfase no feminina – porque gosto de moletons e calças jeans? Desculpe, mas não quero ouvir nada disso.

-         Talvez, se você me deixasse explicar...

-         Você tem alguma coisa para explicar? – perguntei eu, sentindo as lágrimas caírem. Limpei-as com raiva, para depois continuar a falar – Vai explicar o que? Que não pode vir, porque? Você combinou comigo! Olha a prova!

Mostrei-lhe meu celular, e ele bufou. Abriu a porta do carro, para logo depois me puxar para fora.

-         Temari bolou isso tudo. Ela pegou meu celular. Eu ia te ligar logo em seguida. Mas descobri o que ela estava tramando, e vim correndo para cá. Desculpe.

-         Tentando se fazer de inocente, é? Uau, que demais. Como consegue mentir tão bem?

-         Não estou mentindo, eu só...

-         Há, não está mentindo? Cale a boca.

-         Droga TenTen, não estou mentindo e...

-         Claro que não, você só...

-         CALE A BOCA! – gritou ele, estressando-se. Assustei-me com aquilo, e fiquei quieta. – Poderia parar, por favor? Eu já disse a verdade! Cabe a você acreditar nela ou não. Eu não vou ficar aqui implorando o seu perdão, pois eu já te pedi desculpas.

Um silêncio se acomodou no ambiente, até eu ouvir uma voz.

-         TenTen, vamos?

Itachi tinha saído do carro, e me chamava agora. Sorria como sempre. Olhei para Neji. Instantaneamente ele tinha adotado uma expressão de raiva, e tinha os punhos fechados.

-         O que você está fazendo com esse cara?

-         Não estou fazendo nada com ele – grunhi – ele me ajudou.

-         Ah, é claro! – berrou Neji – ele está sempre ajudando! Porque ele é o cara bonzinho! O cara que faz tudo certo! Não percebe, TenTen? Esse cara está para cima de você há um tempão!

-         O que? – perguntei eu, rindo – é claro que não, Neji, você está vendo coisas!

-         Ah, é mesmo? – perguntou o Hyuuga, tremendo – estou... Vendo coisas? Pois eu te digo TenTen: Se eu estou vendo coisas, você não está vendo nada. Esse cara só dá em cima de você.

-         Dá em cima de mim? – ri – é claro que não, Neji. Como Itachi poderia dar em cima de mim, se tem namorada?

Neji olhou-me, confuso.

-         Namorada...?

Uma menina saiu do carro, sorrindo. O rosto de Neji ficou mais surpreso ainda – ao ver que a namorada de Itachi era ninguém menos que a Presidente do Conselho Estudantil da escola, e dona de cabelos rosa quase berrante.

-         Olá, Neji – cumprimentou-lhe Sakura.

...

-         SAKURA?! – berrou o Hyuuga.

Itachi foi até a rosada, e deu-lhe a mão, enquanto os dois e eu abafávamos o riso.

-         Sakura? – repetiu o Hyuuga.

-         Sim – disse eu, vitoriosa – Sakura.

-         Ok, chega de gastarem meu nome – disse ela, rindo.

-         Você vem, TenTen? – perguntou Itachi.

-         Não.

Olhei para o Hyuuga. Ele segurava minha mão.

-         Ela vem comigo.

Antes que eu pudesse protestar algo, Neji saiu me arrastando com ele. Olhei o relógio. Já passava das dez.

-         Aonde está me levando? – perguntei eu, confusa. - O que você quer?

Ele me ignorou, como sempre fazia. Continuamos andando, até chegarmos a estação de metrô. Ele comprou nossas passagens, e mesmo comigo protestando que eu devia pagar, ele o fez assim mesmo.

Saímos em uma estação longíssima do centro da cidade. Eu já tinha ido aquele bairro apenas uma vez, para um festival. No caminho, ninguém falava nada, como... Como quando nos conhecemos. Chegamos há uma escadaria onde, provavelmente, lá em seu topo, teria um templo.

Puxando minha mão, Neji arrastou-me para lá. Depois de um belo exercício físico – aquela escadaria não era brincadeira – chegamos lá em cima.

O templo que pensei que poderia estar lá não estava. Não tinha absolutamente nada, apenas alguns restos de pedras gigantescas.

-         Porque... Porque estamos aqui...?

E aí eu vi.

A vista daquele lugar era incrível, principalmente à noite. Você via a cidade inteira – até o centro dava para ver. Sorri. Aquele lugar era maravilhoso.

-         Que... Lindo.

-         É – disse ele, e vi que um sorriso nostálgico formou-se em seu rosto – gosto muito daqui.

-         Como conheceu esse lugar...?

-         Eu... Eu morava aqui quando era pequeno.

Olhei para ele, assustada.

-         É verdade?

-         Se não fosse, porque estaria falando?

O silêncio dominou o ambiente. Eu não conseguia parar de encara-lo, até ver uma lágrima descer de seu rosto.

-         Você... Está chorando?

Ele limpou á lagrima com dureza.

-         É claro que não.

Segurei sua mão.

-         Ainda acho que esconde muita coisa de mim. Poderia me explicar o que se passa exatamente na sua cabeça agora? Nesse momento?

Ele olhou-me, para logo depois bufar.

-         Aqui não foi sempre assim. Aquelas pedras enormes faziam parte do jardim da minha casa. Foi a única coisa que sobrou dela.

-         Como assim...?

-         Quando eu tinha por volta de cinco anos, a casa foi incendiada. Meu pai... Bom, meu pai... Ele não escapou. Você sabe. Do incêndio. Apenas eu e minha mãe...Sobrevivemos. E hoje... – ele bufou – bem, hoje é meu aniversário, e eu sempre fazia uma fogueira com ele no meu aniversário – a voz dele começou a ficar embriagada, e eu, num gesto que desconhecia, corri para abraça-lo.

-         Desculpe. Eu não sabia.

-         Está pedindo desculpa porque me perguntou sobre isso? É normal que queira saber. – disse-me.

-         Ok. – sorri, e sai de seu abraço – tenho uma ideia. Ah, e... Parabéns.

Ele estranhou-me.

-         Obrigado. E olha o que vai fazer.

Vasculhei o lugar. Mandei que Neji fosse dar uma volta na floresta – havia uma bem densa ali do lado. Assim ele fez. Comecei a procurar restos de coisas que deviam ser importantes para ele. Quem sabe não tenha sobrado algo?

Pulei no meio de duas pedras, para logo depois achar uma caixa. Abri-a, e encontrei diversas fotos, todas intactas. Neji bebê. Neji com uns três anos de idade. Ele e Hinata. Sorri, vendo que tinha tido uma ideia ainda melhor. Peguei meu celular, e disquei o número de todos. Neji teria uma surpresa, maior ainda do a de Itachi e Sakura.

...

 Após tudo pronto, e com todos lá, fui buscar o Hyuuga na floresta. Liguei para o seu celular, e combinei de encontra-lo na única árvore da floresta que possuía flores amarelas.

Depois de um tempo, ele chegou. Seu cabelo estava um pouco desarrumado, e eu ri com aquilo. Tampei seus olhos, e fui com ele até o local.

-         Porque está quente aqui? – perguntou-me – não vai me dizer que pois fogo no lugar...

Ri. Tirei minhas mãos de seus olhos.

-         Pode abrir.

Pov’s Neji On.

Quando TenTen teve aquela ideia – eu tinha bastante medo da ideia – pensei que seria besteira.

Mas não. Não era. Ali, todos estavam reunidos. Sakura, Itachi, Sasuke, Naruto, Kiba, Hinata, Chihiro, Lee, Usui, Shikamaru, Gaara, e até mesmo Ino. Uma fogueira esquentava há todos, e TenTen tinha dado um jeito de fazer uma casinha. Como se fosse uma casa de pedra. Estava mais para um canto acolhedor, mas se ela disse que era uma casa...

Presas nas pedras encontravam-se várias fotos. Eu bebê, eu com uns três anos de idade, eu... Bem, eu arrancando o cabelo de Hinata e rindo, eu e meu pai... E eu e ela.

Lembrei-me da foto. Tinha sido no baile de Lee, e eu não sei quem estava com a cara pior. Ela estava dando-me um soco na hora, enquanto eu a fuzilava com os olhos. Mais fotos se seguiam depois dessas – mas as que me lembro melhor são as que citei.

Perto da fogueira, havia um bolo, com um escrito tão brega que tive pena: “Happy Birthday, Neji-kun!” Eu tinha certeza que não tinha sido TenTen que tinha feito o bolo, ele me lembrava mais a Ino. Sim. Com certeza tinha sido a Ino.

Olhei para a Mitsashi. Ela sorriu, meio sem jeito, para depois correr em minha direção para me dar um soco.

-         O QUE? – berrei – porque fez isso?

-         Isso foi por não contar para mim nem para ninguém, com exceção da Hinata que já sabia, que hoje era seu aniversário – ela bufou.

-         Eu não acredito que...

-         E isso... – ela me deu um selinho – é por todo o resto.

Ela sorriu, novamente sem jeito, para depois de juntar aos outros. E eu? Eu apenas fiquei ali, parado, não entendo exatamente nada das atitudes de Mitsashi TenTen.