The Magic Tree escrita por Karlos


Capítulo 5
Crossing The Bridge




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            - Vamos Rob, acorda! – notei um barulho de folhas sendo amassadas e galhos sendo quebrados em um ritmo constante. Joe, quem havia me chamado, me mantinha apoiado pelo braço direito enquanto Júlia me segurava pelo esquerdo.

            Andávamos em uma parte da floresta consideravelmente fechada, onde o mato era alto e cada passo era executado com dificuldade. Tentei apoiar-me para andar, mas minha perna direita doía cruelmente, fazendo-me apoiar apenas na esquerda. O lado direito de minha fronte também incomodava bastante, e minha mente vacilava entre a consciência e a falta dela.

            Sentamo-nos atrás de uma árvore, cujo tronco era alto e espesso. Fui encostado contra ela e Joe começou a examinar o machucado em minha cabeça, com uma expressão bastante preocupada. Júlia continuou de pé, olhando preocupadamente para todos os lados e com os ouvidos atentos a qualquer barulho.

            - Precisamos continuar – disse ela –, eles nos encontrarão em breve se continuarmos aqui.

            - Não podemos – respondeu Joe -, Rob precisa de ajuda. O machucado em sua cabeça parece grave.

            - Toda a ajuda que precisaremos será encontrada no Segundo Mundo. – disse ela – Confie em mim: nada nos ajudará enquanto não chegarmos até lá.

            Ela curvou-se e colocou meu braço sobre suas costas. Joe pareceu contrariado em um primeiro momento, mas também me ajudou a levantar. Momentos após, andávamos em ritmo acelerado novamente.

 

//////

 

            A tarde já chegava ao fim, e o céu era tomado por um tom levemente avermelhado enquanto continuávamos andando em meio a todas aquelas árvores. Julgando a distância que havíamos percorrido de carro e a pé, minha casa não podia estar muito longe.

            Neste momento, lembrei-me que havíamos batido no veículo em que Roberto estava, e preocupei-me com o que poderia ter acontecido com ele.

            - Vocês conseguiram saber se Roberto ficou bem após a batida? – perguntei, notando que a sensação de sono ainda me incomodava. Júlia suspirou preocupadamente.

            - Torçamos para que sim. – disse ela – De qualquer forma, quando cruzarmos a ponte eles nos seguirão e meu pai ficará bem. – pensei em perguntar o porquê de toda esta certeza quanto a minha melhora e a de Roberto, mas não houve tempo.

            Júlia parou e levantou a mão, aberta e esticada, pedindo-nos para esperar. Ao me concentrar, notei o motivo do rosto de preocupação que ela tinha. Baixo e ao longe era possível identificar um ruído, a princípio disforme, mas que rapidamente tornou-se inconfundível. Só podia se tratar de um guarda em uma daquelas máquinas.

            Corremos o quanto foi possível em direção a alguns arbustos que haviam por perto e deitamo-nos atrás dos mesmos. Ficamos olhando em direções opostas enquanto tentávamos discernir de onde vinha o som que se espalhava em todo aquele espaço aberto.

            O guarda surgiu do lado esquerdo de onde estávamos, e naquele momento nenhum de nós três nos movíamos. Era possível dizer que nem sequer respirávamos. O modo no qual eu estava deitado me permitiu ver pela primeira vez o guarda por completo em meio às folhas.

            Ele trajava uma roupa em tons de verde, com uma bota grande e marrom. Em sua cabeça havia um capacete justo e que aparentava ser resistente, assim como o restante da roupa. O homem era alto e não aparentava ser tão forte, mas a maneira com que se apresentava impunha respeito. Ele passou lentamente pelo arbusto e continuou em frente, olhando desconfiado para todos os lados.

            Quando o guarda se distanciou um pouco de nós Joe ameaçou se levantar, mas foi rapidamente repreendido por Júlia.

            - Ninguém se move – sussurrou ela – ele sabe que estamos por perto.

            - Não, ele não sabe. – replicou Joe – Tenho certeza de que ele não nos viu.

            - Pode ser que tenha razão. – disse Júlia – Mas ele não precisa nos ver para nos sentir. Um habitante pode facilmente sentir outro pertencente ao mesmo mundo, ou seja, ele provavelmente sabe onde seu parceiro está. O guarda ainda não sabe exatamente onde estamos por que não somos do Segundo mundo, mas por termos uma forte ligação com ele, não tardará a nos encontrar.

            O barulho inigualável do motor aumentou novamente e o guarda surgiu. Desta vez ele vinha do lado direito, e mantinha uma velocidade baixa para conseguir olhar para todos os lugares em que passava. Era como um cão que havia escondido o osso, mas não sabia exatamente onde.

            Ficamos paralisados mais uma vez até que o guarda ficasse seguramente distante de nós.

           - O que vamos fazer? Ficar deitados até que ele nos encontre? – sussurrou Joe, indignado. Júlia parecia concentrada em seus pensamentos enquanto estava ali, olhando para baixo.

            - Talvez haja um jeito – disse ela sem se mover -, mas não tenham muita esperança...

 

//////

 

            E agora eu estava deitado exatamente onde o guarda havia passado. Júlia havia me entregado a caixa negra, em que antes estavam os medalhões, enquanto estávamos escondidos e, após olhar rapidamente para os lados, ela e Joe haviam me ajudado a chegar até o local.

             - Mantenha-se deitado e não se mova. – ela havia me dito – Esconda a caixa até o momento certo, e você saberá o que fazer.

            Quando eu pensei em protestar, o barulho foi ouvido ao longe novamente. Júlia arrastou Joe até os arbustos e os dois se esconderam. Neste momento eu não me movia e estava com a cabeça voltada para o lado contrário ao que o guarda se aproximava.

            O barulho do motor chegou perto e parou. Uma sensação de nervosismo extremo se apossou de mim, e eu tive que me esforçar bastante para continuar parado. O guarda pulou do veículo, e eu pude ouvir novamente aquele barulho pesado resultante de seus passos.

            Ele chegou ao lado do meu corpo e parou. Fechei meus olhos para garantir que ele não descobriria a farsa. Senti um chute fraco em minhas costas, mas que doeu intensamente por ter sido em um ferimento. Continuei parado enquanto este mesmo pé me puxou pela barriga, fazendo-me virar.

            Definitivamente eu não me manteria parado por muito tempo, e minha sorte foi que eu não precisei. Mesmo não estando com os olhos abertos naquele momento, pude ouvir claramente quando Júlia e Joe começaram a correr em minha direção. Aparentemente o guarda também ouviu, já que ele se moveu de repente ao meu lado.

            Neste momento tudo ficou em silêncio por alguns segundos. Depois foi a voz do guarda que pôde ser ouvida:

            - Então vocês pensaram que poderiam me enganar com um truque tolo destes? – pensei que tudo estivesse realmente perdido naquela hora e decidi abrir os olhos.

            Para minha surpresa o guarda não havia me incluído no “truque”, e estava voltado apenas para os outros dois. “Provavelmente meus ferimentos o enganaram”, pensei. Ele estava segurando uma arma estranha apontada para Júlia e Joe. “Ela não deve ser tão simples quanto uma arma de fogo, e eu com certeza não quero descobrir o quanto ela é destrutiva.” Concluí.

            Olhei preocupadamente para os dois e percebi que Júlia me fez um pequeno sinal com os olhos. Lembrei-me da caixa negra que estava me incomodando sob minha perna, e entendi qual a real intenção.

            - Você não quer atirar. – disse Júlia, andando em direção ao guarda – Você não está liberado para isso. – aparentemente ela estava ganhando tempo.

            - Você não tem certeza. – disse o guarda, produzindo um ruído com a arma e deixando-a pronta para disparar. Segurei a caixa com a mão direita e observei suas costas atentamente. A roupa cobria o corpo inteiro do guarda e sua cabeça era protegida pelo capacete, deixando uma única parte de seu corpo livre: sua nuca.

            Peguei uma pedra de tamanho médio com a outra mão e arremessei-a obliquamente. A pedra tocou o chão em frente ao pé do guarda e, no momento em que ele se distraiu com o barulho, eu me levantei cambaleante e acertei-o com toda a força que possuía.

            Nossos corpos caíram lado a lado no chão, mas ele não se moveu mais. Júlia e Joe correram em minha direção e Joe chutou imediatamente a arma para longe da mão do guarda.

            - Você está bem? – perguntou Júlia, apoiando minha cabeça em sua perna. Acenei positivamente e tentei me levantar. Os dois me auxiliaram e me levaram até a parte de trás do estranho veículo, onde pude me sentar.

            Júlia sentou-se ao meu lado e Joe foi até os comandos do veículo onde, após alguns minutos observando conseguiu liga-lo. Saímos com dificuldade, mas, após alguns metros Joe conseguiu controlar a máquina com mais facilidade.

            Continuamos seguindo em direção a árvore, mas desta vez em alta velocidade. Após algum tempo, pude ver a plantação de milho que havia na parte de trás de minha casa e a própria casa pôde ser notada mais a frente. O céu era tomado agora pelo crepúsculo e nosso campo de visão diminuiu consideravelmente.

            Aproximamo-nos mais, diminuindo um pouco a velocidade, e notamos que havia uma movimentação estranha na casa. Paramos o veículo. Júlia desceu e foi até o muro, onde encontrou uma fissura pela qual era possível enxergar o quintal. Ela voltou rapidamente até nós após alguns momentos.

            - O outro guarda está saindo da casa. – disse ela – Ele está sozinho, já deve ter enviado meu pai para o Segundo Mundo. Provavelmente está sentindo nossa presença. É melhor irmos andando para não chamar atenção.

            - Não. Ele saberá que estamos perto de qualquer forma. – disse Joe – Suba aqui, vamos com o veículo. – Júlia pareceu um pouco desconfiada, mas terminou por subir. – Agora é a sua vez de confiar em mim. – disse isso, e acelerou.

            Contornamos o muro e seguimos pela sua lateral. O ruído do outro veículo se aproximava, mas Joe não diminuiu, ele acelerou ainda mais. Depois tudo aconteceu muito rápido.

            O outro guarda surgiu poucos metros diante de Joe, e pareceu ficar paralisado de surpresa. Joe acelerou tudo o que conseguiu com o veículo e acertou o guarda na altura do abdômen. O guarda caiu vários metros a frente de onde estávamos, mas nós também perdemos o controle.

            Saltamos da máquina em frente ao portão de casa, que estava totalmente aberto, e o veículo bateu com força contra o muro. Júlia e Joe me ajudaram novamente e, após confirmarmos que o guarda havia ficado no chão, nós fomos até a árvore.

             Ao sairmos pela cozinha, a árvore ficou em chamas novamente.

            - Dêem as mãos. – disse Júlia. Segurei em uma de suas mãos, enquanto Joe segurou a outra. – Agora encostem a outra mão na árvore e se preparem.

            Encostamos nossas mãos sobre o grande tronco e tudo começou a tremer. A primeira impressão que tive foi a de que tudo estava ficando em chamas, inclusive o milharal que havia na parte de trás da casa. De repente as imagens ficaram retorcidas diante dos meus olhos e foi como se tudo desaparecesse. E, no momento em que o céu escurecia minha vista também foi tomada pela escuridão. Era a segunda vez naquele dia...


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Notas finais do capítulo

Talvez eu demore um pouco para postar a partir de agora.
Espero que tenham paciência...

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