The Magic Tree escrita por Karlos


Capítulo 4
Medallions




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            O ruído do lado de fora da casa aumentou, mas eu não consegui identifica-lo muito bem. Mesmo assim, deduzi se tratar de uma espécie de motor, apesar de que o barulho era mais baixo e mais grave se comparado a um motor comum.

            Júlia afastou-se da janela e voltou até onde estava Roberto. Os dois conversaram entre si por alguns momentos, nos quais pude olhar pela fresta da janela onde não havia cortina. No quintal da casa estavam dois veículos totalmente estranhos para mim. Tratava-se de uma plataforma retangular que ficava próxima ao chão, de onde saía um ferro circular com apoio para as mãos.

            Olhando-o de relance, não foi possível notar nada de extraordinário. Porém, quando o observei mais atentamente pude notar que a plataforma não tocava o chão. Os  dois veículos de aparência simples flutuavam próximo ao portão da casa de Roberto. Aquela tecnologia teoricamente não existia, ao menos não para o nosso mundo.

            Quando me voltei para o lado de dentro da casa, Júlia e Roberto pareciam ter chegado a uma conclusão e o homem caminhava em direção a mim e ao Joe. Enquanto isso, Júlia foi até a cozinha.

            - Vocês precisam sair daqui. – disse ele – Estes homens fazem parte da guarda tecnológica do Segundo Mundo. Talvez eles ainda não saibam sobre vocês dois, assim ainda resta uma esperança.

            Júlia voltou para a sala e entregou um objeto para Roberto. Aparentemente tratava-se de um medalhão antigo e empoeirado que ele pôs em seu pescoço. Os dois se abraçaram e Roberto mandou que ela saísse.

            - Fiquem escondidos nos fundos até que a situação melhore depois você sabe o que fazer, não é? – a pergunta foi dirigida à Júlia, que acenou positivamente com a cabeça.

            Neste momento o som dos motores havia parado e alguém dava socos na porta de entrada. Júlia tocou nossos braços e fez sinal para que a seguíssemos em silêncio. Passamos pela porta chegando à cozinha e saindo logo depois. A arquitetura desta casa era bem parecida com a minha, porém seu quintal era bem reduzido e havia um pequeno quarto de serviços junto ao muro.

            Entramos neste quarto e fechamos a porta. Apesar de haver apenas uma vassoura e alguns equipamentos agrícolas, o espaço ficou pequeno para nós três. O lugar ficou totalmente escuro quando a porta foi fechada e foi impossível ouvir qualquer assunto dito pelas pessoas enquanto permaneceram do lado de dentro da casa.

            A única parte do diálogo possível de se escutar foi a que ocorreu do lado de fora da casa, próximo ao quarto de serviços.

            - Não. Você não tem o direito de escolher. Você virá conosco agora. – disse uma primeira voz.

            - Temos ordens de levá-lo juntamente com sua filha, então é melhor que você diga logo onde ela está. – agora era um segundo guarda quem falava.

            - Só posso responder por mim. – disse Roberto – Muita coisa aconteceu desde a última vez que vocês tiveram notícias. Ela não fica mais aqui.

            - Sabemos que fica – disse novamente a segunda voz – Você só está gastando nosso tempo. – Nesta última frase, pude perceber que a voz estava se aproximando da porta em que estávamos. Os passos eram bastante barulhentos e pesados, como se os sapatos fossem feitos de ferro ou chumbo.

            - Vocês perdem seu tempo porque querem. Vamos logo até lá e resolveremos nosso problema. – Mesmo com Roberto tendo dito isto, os passos não pararam e ficaram perigosamente próximos de onde estávamos. Era possível sentir a tensão naquele ambiente apertado e escuro.

            O homem parou diante da porta e imediatamente virou a maçaneta. Naquela fração de segundo consegui agir e desferi um forte chute contra a porta com toda a força que tinha. Ele caiu com a pancada e abriu caminho, pelo qual passamos em disparada imediatamente.

            O outro guarda parecia ao mesmo tempo surpreso e indeciso sobre o que fazer a seguir, já que no momento ele segurava Roberto pelos braços. Como ambos estavam distantes da porta da cozinha, nós três conseguimos avançar o bastante para impossibilitar que ele nos alcançasse quando decidiu nos seguir.

            Passamos com rapidez pelo interior da casa e alguns segundos depois entrávamos no carro de Joe, que arrancou imediatamente. O guarda ameaçou seguir o carro, mas voltou logo em seguida para pegar seu estranho veículo.

 

//////

 

            - Aparentemente ele não tinha permissão para usar sua arma ou, se tinha, não o fez. – disse Júlia pensativa. – Conseguimos nos distanciar um pouco, mas não acho que aquela pancada tenha tirado um deles do caminho.

            - Devemos voltar para tentar salvar seu pai? – perguntou Joe.

            - Não temos tempo – respondeu Júlia – eles são muito velozes com aquela máquina. Na realidade, acho que não teremos tempo nem para chegar até a árvore. Eles não usaram armas, mas com certeza possuem outros tipos de tecnologia capaz de nos parar. De qualquer forma, eles precisam levar meu pai vivo.

            Joe acelerou ainda mais seu carro e nós continuamos seguindo pela rua em alta velocidade. Naquele local não era comum encontrar muita movimentação de veículos, o que facilitou a locomoção por ali. O silêncio foi novamente quebrado por Júlia.

            - E então, quem de vocês é o Rob e quem é o Joe? – a pergunta pegou-nos desprevenidos. Joe olhou para mim com a surpresa estampada em seu rosto.

            - Como é? – perguntei.

            - Sim, eu sei o nome de vocês. Irão saber o porquê no momento apropriado. Agora eu preciso apenas saber quem é cada um, já que vocês não se apresentaram.

            Fiquei com um misto de surpresa e vergonha, e acabei por sorrir da situação. Realmente não havíamos nos apresentado com todo o tumulto. – Sou o Rob – respondi finalmente.

            Ela retirou uma caixa escura de dentro da bolsa que carregava e abriu-a. Dentro haviam dois velhos medalhões semelhantes àquele que Roberto havia colocado em seu pescoço. – De agora em diante, fiquem com estes medalhões no pescoço. Acreditem, eles serão de grande utilidade em pouco tempo.

            Tendo dito isto, ela entregou-nos os objetos em questão. O medalhão que recebi era de um azul desbotado e possuía uma figura em alto relevo que não consegui identificar em um primeiro momento. O medalhão de Joe era verde, porém não pude observar muitos detalhes uma vez que ele o pôs rapidamente no pescoço, sob sua camiseta.

            - CUIDADO... – o grito de Júlia fez com que voltássemos a prestar atenção na rua e grande foi nossa surpresa com o que vimos. Parado alguns metros a nossa frente estava o guarda que havíamos derrubado em sua estranha máquina, mas isso não foi o que nos assustou. Atrás do grande guarda encontrava-se Roberto, totalmente amarrado e sentado.

            Joe virou rapidamente o volante para tentar desviar, mas foi em vão. O carro bateu em uma das laterais do veículo, fazendo-o girar e derrubando os dois passageiros. O carro em que estávamos também ficou sem controle e saiu por uma das laterais da rua, entrando em uma pequena floresta que havia ali. Joe tentou parar o carro de todas as formas enquanto desviava das árvores, mas seu esforço não teve resultado. Nós batemos em um grande tronco e o mundo foi tomado pela escuridão diante dos meus olhos.


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