The Magic Tree escrita por Karlos


Capítulo 6
Welcome to a New World


Notas iniciais do capítulo

Obrigado pela paciência! Espero que gostem.



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            Abri meus olhos lentamente. Minhas pálpebras pareciam pesar toneladas nos primeiros momentos, mas logo após uma sensação de calma se apossou de mim. Continuei deitado sentindo um vento fresco batendo contra meus braços. Minha mente encontrava-se relaxada e demorou algum tempo até que eu pudesse me lembrar exatamente o que havia acontecido. No momento em que me recordei, meu coração disparou e eu passei a olhar atentamente tudo ao meu redor.

            Eu me encontrava em uma espécie de cabana, pelo o que pude perceber. As paredes em volta eram formadas por várias vigas de madeira, com duas janelas que ficavam à direita e à esquerda de onde eu estava. A janela que ficava à minha esquerda situava-se próxima a minha cama e estava aberta. Dela vinha a agradável brisa fresca.

            Na parede que havia logo em frente da minha cama havia também uma porta que se encontrava fechada. Toda a claridade que havia no local era proveniente do sol, que entrava pela janela aberta e projetava sua luz contra a parede oposta.

            Ao meu lado direito havia também duas outras camas, das quais uma se encontrava vazia e em outra estava Joe. Sua expressão também era de paz enquanto dormia, e nenhuma preocupação do outro dia podia ser notada nele.

            Resolvi tentar levantar-me, esperando por uma dor aguda no ferimento da perna direita. Para minha surpresa, ela estava praticamente curada e doía muito menos em comparação ao outro dia. Fiquei sentado encarando minha perna e lembrei-me do ferimento que havia em minha cabeça. Ele parecia igualmente curado.

            Fiquei em pé e caminhei praticamente sem dificuldades para a porta. A dor agora se assemelhava a uma simples pancada que ocasionalmente ocorre quando batemos contra algum móvel de casa. Não acreditava como aquilo poderia ser possível e comecei a imaginar por quanto tempo eu teria ficado desacordado. Talvez dias.

            Pude notar também que eu trajava uma túnica leve, de cor azulada que se estendia até meus joelhos. Na altura de meu peito, havia uma elevação sob a túnica. Puxei o objeto e vi o medalhão que Júlia havia me entregado no carro.

            Observei-o atentamente e pude notar que ele agora era de uma cor azul escuro, e não parecia mais aquele mesmo medalhão desgastado. Em seu centro a imagem em alto relevo podia agora ser identificada: tratava-se de uma grande águia com as asas abertas em um vôo, sua cabeça voltada para cima.

            Abri a porta, que estava destrancada e produziu um ruído quando a empurrei. Ao sair, eu me encontrava em uma varanda que era coberta por grossas camadas de palha amarelada sobre grandes vigas de madeira. Toda esta cobertura era sustentada por duas outras vigas ainda maiores que se prendiam ao chão.

            Em minha frente se estendia uma paisagem vasta e natural, porém sua condição não era das melhores. O chão era coberto por uma campina que se estendia até uma outra construção localizada a uns cem metros de onde estava. Mas esta campina não era verde e cheia de vida, ela era seca e tinha um tom amarelado.

            Nas duas laterais do caminho coberto pela campina, era possível observar que a situação era basicamente a mesma. O mato alto também estava seco e sofrido. Algumas árvores encontravam-se sem folhas enquanto outras resistiam bravamente com uma pequena quantidade. A paisagem entristeceu meu coração em imaginar que outrora ela devia ser linda. O clima, entretanto, continuava sendo de paz.

            Olhei para meu lado esquerdo e vi algo que até então tinha passado despercebido: havia uma grande cadeira, também feita artesanalmente. Ela era feita de madeira, mas aparentava ser bem confortável. Tanto que Júlia encontrava-se recostada na mesma, perdida em pensamentos.

            Ela virou a cabeça lentamente para mim, e eu pude notar nela uma beleza que até então devia estar escondida. Seus volumosos cabelos claros eram iluminados pela luz do sol, e faziam seu belo rosto se destacar. Sua expressão era agora jovial e toda a preocupação que ela havia acumulado em seus anos de vida pareciam ter desaparecido. Eu poderia jurar que ela tinha a minha idade.

            - Descansou bastante? – ela perguntou, seus lábios finos e avermelhados chamando minha atenção.

            - Descansei sim – respondi –, o lugar é bem convidativo ao descanso. – disse isto enquanto olhava tudo em volta. Ela observou o lugar também, e depois continuou:

            - Vejo que está bem melhor. – ela encarava minha perna, com um sorriso no rosto. Também olhei para baixo e perguntei:

            - Por quanto tempo fiquei dormindo?

            - Chegamos aqui ontem à noite – ela respondeu calmamente, e concluiu: – As perguntas devem estar surgindo em sua mente. Guarde-as, pois elas serão respondidas brevemente, logo após tomarmos nosso desjejum na companhia de Alius.

            No mesmo momento, como se tivesse sido ensaiado, Alius surgiu da construção que havia à frente. Era um homenzarrão forte, com os ombros largos e os braços morenos, provavelmente devido ao trabalho no campo sob o calor do sol. Ele caminhou até nós, com uma expressão simpática e convidativa.

            - Podemos ir agora! – ele disse, abrindo um sorriso – Espero não ter feito vocês esperarem muito.

 

//////

 

            Otus Alius, apesar de sua aparência gentil, era um homem muito respeitado na redondeza segundo o que Júlia me falou enquanto caminhávamos atrás dele. Ela não se aprofundou em muitos detalhes, mas aparentemente ele era o líder de um movimento importante que estava em andamento e um dos homens de confiança do grande Rei.

            Continuamos seguindo Alius por mais alguns metros. Passamos pela construção que havia na parte da frente da casa, a qual descobri se tratar de um estábulo, onde haviam alguns animais. Este estábulo também era construído de madeira, no mesmo molde da casa, e coberto por palha seca. Pela sua porta entreaberta pude observar dois cavalos que pastavam um capim precário. Apesar disto, os dois possuíam uma aparência intocável, com o peito cheio e os pêlos lisos e brilhantes.

            Passando pelo lado direito deste estábulo mais um espaço coberto por uma campina se estendia, desta vez alargando ainda mais o caminho. Logo à frente, após uma pequena descida eu pude ver também um pequeno vilarejo. Haviam várias casinhas extremamente parecidas, exceto por um ou outro detalhe na varanda, que se estendia mais em alguns casos.

            Apenas uma cabana se destacava. Ela era bem mais alta e bem mais espaçosa que as outras. Possuía uma porta vai-e-vem na parte da frente que bastava empurrar para obter acesso ao seu interior, demonstrando que provavelmente havia certa movimentação ali. Acima da porta haviam duas janelas de tamanho médio, que garantiam a entrada de luz durante o dia. O acabamento do local era bem melhor e, ao invés de palha seca, era possível ver uma cobertura mais resistente e confiável.

            Quando nos aproximamos, pude notar uma placa de madeira com um copo entalhado e o nome "Sem Assunto" em destaque logo acima com letras rebuscadas. Não pude deixar de achar graça no nome enquanto entrei no local seguindo Alius.

            Ao contrário do nome, o local estava barulhento devido a uma grande quantidade de homens e mulheres que falavam. Alguns riam de algo com entusiasmo, enquanto outros pararam o assunto para nos observar por alguns instantes. Havia algumas mesas e cadeiras espalhadas, feitas de madeira, mas com um acabamento impecável. Ao fundo, no lado direito, havia também um balcão, e este era feito de pedra para minha surpresa.

            Alius falou para que sentássemos em uma mesa enquanto ele fosse até o balcão para fazer nosso pedido. Acomodamos-nos em uma mesa lateral, próxima a uma janela pequena que permitia a observação de algumas árvores. A vista dali era estranha, pois apesar de as árvores estarem com uma aparência seca e sofrida, a paisagem ainda passava um quê de beleza exuberante.

            De volta, Alius sentou-se em uma cadeira de frente para Júlia e três xícaras de café foram servidas. O homem que trouxe os cafés sentou-se de frente para mim e cumprimentou-me com um breve aceno de cabeça, deixando uma quarta xícara em sua frente.

            - Este é Sirius, o dono do local. – disse Alius.

            - Prazer em conhecê-lo, sou o Rob – eu disse, estendo a mão para ele.

            - Prazer – respondeu Sirius, dando um meio sorriso e repetindo o meu gesto.

            - O desjejum daqui é considerado um dos melhores da região, você vai adorar, não é mesmo Sirius? – disse Júlia, lembrando-me que ela já estivera no local antes.

            - Sim – falou Sirius, calando-se novamente. Neste momento eu pude entender de onde viera o nome do estabelecimento.


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