The Magic Tree escrita por Karlos


Capítulo 3
Some Explanations


Notas iniciais do capítulo

Demorou um pouco, mas saiu outro capítulo
Aproveitem!



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/82166/chapter/3

             Saímos de casa logo após Joe desligar o aparelho celular. O céu estava mais ameno devido ao vento e o sol já podia ser visto dentre as nuvens. Devia ser aproximadamente três da tarde naquele momento e o calor estava incomodando bastante.

             - Vamos usar o meu carro, vai ser mais rápido – disse Joe apontando seu carro, que estava estacionado em frente à minha casa. Tratava-se de um sedan prata com quatro portas, um carro relativamente comum exceto para aquela parte da cidade, onde o normal eram camionetes velhas como a minha.

             Entramos no carro e fomos ao endereço indicado. Durante o caminho, fez-se silêncio total. Durante este silêncio, lutei para tentar esquecer toda essa situação e fiquei olhando para as casas que passavam ocasionalmente pela minha janela enquanto o vento batia forte em meu rosto. Tudo isso foi em vão, já que a cena não saiu um segundo de minha cabeça.

             Cerca de vinte minutos depois Joe estacionou o carro em frente a uma casa em uma rua mais urbanizada que a minha. Era uma casa simples, que se camuflava em meio a tantas outras praticamente iguais. Ele olhou para um papel e leu o endereço em voz alta:

             - Rua João Dellmar, número 87. O endereço realmente é esse – falou vagamente para si mesmo. Descemos do carro, relutantes, e nos dirigimos para o portão. Toquei a campainha, que foi seguida imediatamente pelo latido de um cão e por um grito alto que nos mandou esperar. Encarei Joe demonstrando ansiedade, e o sorriso que recebi em resposta me fez perceber que ele também estava nervoso.

             Uma mulher com expressão simpática veio até o portão, e após mandar o cão se calar perguntou o que queríamos.

             - O senhor Roberto Esteves está? – Perguntei

             - Está sim. Vocês são amigos dele? – Questionou a mulher, um pouco desconfiada.

             - Na verdade eu sou o novo morador da antiga casa dele. Podemos falar com ele um momento? – a mulher vacilou por um breve momento antes de abrir o portão para nós com um sorriso no rosto novamente. Com aproximadamente quarenta anos, a mulher era alta, tinha cabelos claros, assim como sua pele e um ar de quem estava cansada. Ao julgar pela idade, deduzi que ela seria a filha de Roberto.

             - Por aqui – disse ela, abrindo a porta e entrando.

             - Com licença – falei enquanto a seguia ao lado de Joe.

             A casa de Roberto era relativamente pequena. Da porta de entrada era possível observar uma sala em um tom claro de azul, onde era possível ver alguns quadros na parede que retratavam paisagens lindas. Era possível observar também duas portas que ligavam o local ao interior da casa. Na sala ainda havia uma mesa de centro marrom que estava em cima de um tapete vermelho e dois sofás. Serenamente sentado em um deles encontrava-se Roberto.

             Olhando-o assim, a primeira sensação que eu tive foi de pena pela situação em que ele se encontrava. Sua pele, branca como a da filha estava totalmente enrugada e manchada, provavelmente por um exagero em tomar sol quando era mais jovem. Em sua cabeça era possível ver alguns fios de cabelo apenas nas laterais e na parte de trás, todos eles brancos como a neve. Mas no momento em que se levantou toda aquela sensação de fragilidade que ele outrora transmitira sumiu.

             De pé, sua altura o deixava alguns anos mais jovem enquanto a expressão com que nos olhava demonstrava a experiência e a sabedoria que apenas o tempo é capaz de trazer.

             - Boa tarde – disse ele, cumprimentando nós dois – sentem-se, por favor.

             Retribuímos o aperto de mão e nos sentamos no outro sofá. Roberto voltou a sentar-se onde estava e disse para a mulher.

             - Júlia, minha filha, você poderia trazer um café para que nós três possamos tomar enquanto conversamos? – a mulher balançou a cabeça afirmativamente e se dirigiu até a cozinha. – Não sei o que seria de mim sem ela. – Concluiu ele sorrindo enquanto olhava para nós.

             - Mas, e então meus jovens, que ventos os traz até aqui? – perguntou ele em um tom mais sério. Encarei Joe, que com um profundo suspiro começou a falar.

             - Nós somos os novos moradores de sua antiga casa e... bom queríamos saber se durante todos estes anos que o senhor morou lá notou algo de estranho? – Ele nos encarou com seriedade. Parecia querer saber do que exatamente estávamos falando antes de responder qualquer coisa.

             - Aquela árvore, por exemplo – continuei – conte-nos um pouco de sua história por gentileza.

             A face de Roberto ficou mais leve e ele pareceu se convencer do que estávamos falando. Nesse momento, Júlia colocou a bandeja sobre a mesa de centro com um bule e quatro xícaras. Aparentemente ela iria participar da conversa.

             Após um momento em que nós quatro nos servimos com um pouco do café, ela voltou-se para seu pai e disse:

             - Parece que eles são os próximos.

 

 

//////

 

             O que aquilo queria dizer? Não fazíamos ideia, mas a frase de Júlia parecia fazê-la voltar no tempo, para algum ponto do passado cujas memórias estavam vivas e fortes.

             Roberto balançou a cabeça, concordando com ela. – Parece que sim – disse ele. Após levar a xícara até a boca uma vez mais, ele depositou a mesma sobre a bandeja e começou a explicar.

             - Tudo começou a vinte e um anos atrás. Eu sempre morei naquela região e na época eu era um vizinho do morador daquela casa. Ele era conhecido no lugar devido à fama de louco que ele possuía, e que nós todos sabemos hoje que não era verdade. Ele chamava-se Fábio, e falava aos quatro ventos que aquela era uma árvore mágica, capaz de levá-lo para outro lugar.

             - Na época todos riam dele – continuou Roberto – e apesar disso ele continuava afirmando aquilo e dizendo que um dia ele sumiria dali para sempre. Com o passar do tempo, as pessoas se acostumaram ao seu jeito e nem davam mais atenção ao pobre sujeito, até o dia em que ele desapareceu.

Nesse ponto, Roberto olhou para baixo e pegou sua xícara para tomar mais um pouco de café. Sua filha continuou.

             - Eu tinha dezenove anos quando aconteceu, e me lembro bem da mobilização que houve por parte dos vizinhos em busca de Fábio. Alguns pensaram que ele tinha saído da cidade para evitar as chacotas, enquanto outros poucos ficaram tentados a acreditar em sua história, por mais absurda que parecesse. O fato é que ninguém conseguiu saber nada sobre isso.

             - Fiquei responsável pela residência dele. – retomou Roberto – Aparentemente ele não possuía familiares, então eu passei a cuidar de sua terra, até que me mudei para o local definitivamente. Vocês podem imaginar qual foi minha surpresa diante da cena que nós quatro conhecemos. – Joe e eu concordamos com a cabeça.

             - Então esta árvore é capaz de transportar alguém para uma espécie de outro mundo? – Questionou Joe. Roberto concordou com a cabeça.

             - Exatamente. – disse ele – Ela é a ponte de entrada do Segundo Mundo, a única que sobrou nos dia de hoje. Muito antigamente, a relação entre os dois mundos era intensa e era comum encontrar habitantes de um mundo em outro. Esta paz foi rompida e todas as portas de ligação foram destruídas, exceto uma. Ela foi mantida propositalmente pelo antigo rei do Segundo Mundo, que sabia muito bem que seria impossível um mundo seguir sem o outro. Porém os cuidados com quem atravessaria esta ponte foram redobrados, e desde então um mundo só convoca alguém do outro quando existe uma extrema necessidade.

             Eu encontrava-me atônito, sem saber o que pensar. Estava apenas parado, ouvindo o que Roberto explicava de uma maneira tão natural. Para mim já seria estranho o bastante se a árvore fosse mágica de alguma forma, mas a ideia de toda uma dimensão nova e desconhecida fazia-me sentir em um sonho.

             - Então apenas alguns habitantes do Segundo Mundo sabem sobre a existência do nosso? – Perguntou Joe, que aparentemente estava aceitando a ideia melhor que eu.

             - Apenas dez habitantes de cada mundo sabem sobre a existência dos dois. Estes vinte são conhecidos como O Conselho e vivem em um lugar inalcançável para ambos os mundos. Eles são os responsáveis pela administração do bem estar de ambas as raças e conseqüentemente pela entrada e saída dos habitantes.

             - Então estes habitantes do segundo mundo são seres estranhos pertencentes a outras raças? Como é possível que não tenhamos visto nenhum deles entre nós ou que eles não nos notem do outro lado? – questionou Joe novamente.

             - Na verdade eles não são diferentes de nós – respondeu Júlia – ao menos não na aparência. E os membros do Conselho sempre ajudam para que na passagem de dimensão as diferenças sejam diminuídas ao extremo.

             - Então os membros do Conselho são espécies de deuses, que coordenam tudo o que acontece? – desta vez quem perguntou fui eu, que estava me acostumando mais com tudo aquilo.

             - De forma alguma. – respondeu Roberto – Na verdade eles comandam apenas dois mundos, e eram seres comuns antes de formarem o Conselho. Assim eles possuem todos os sentimentos e as dúvidas que nós possuímos o que os torna seres imperfeitos em várias ocasiões. Um dos erros mais conhecidos cometido por eles foi o transporte de Fábio.

             Roberto fez uma pausa para pegar a xícara novamente. Àquela altura meu café já se encontrava frio em minha mão e mais dúvidas surgiam em minha cabeça. Tudo aquilo ainda parecia muito irreal para minha mente, outros seres, outros mundos...

             Neste momento, um ruído estranho vindo do quintal fez com que todos assustássemos, e pôs o cão a latir imediatamente. Júlia levantou-se em seguida e foi até a janela, onde observou tudo em sua frente com olhos atentos. Logo após ela se virou para nós com uma expressão nada boa.

             - Preparem-se – disse ela – a coisa vai ficar feia.


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

Sugestões ou críticas serão muito bem-vindos.



Hey! Que tal deixar um comentário na história?
Por não receberem novos comentários em suas histórias, muitos autores desanimam e param de postar. Não deixe a história "The Magic Tree" morrer!
Para comentar e incentivar o autor, cadastre-se ou entre em sua conta.