Sete Vidas escrita por SWD


Capítulo 91
Vida 6 capítulo 10




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Sarah Gamble estava chocada. Nunca imaginara uma coisa daquelas acontecendo. Parecia que estava vivendo um pesadelo. Aceitara o convite de Jay para jantar. Jay passaria antes em casa para chamar Jansen. Aparentemente, estava tudo normal entre eles. Jay não parecia incomodado por Jan ter passado a semana inteira trancado com Dani Harris num quarto de hotel. Se estava, estava disfarçando bem.

Sarah teve que se forçar a ver o corpo caído de Jerod. Ainda parecia irreal. Conhecia Jan há anos. Nunca acreditaria que ele seria capaz de uma coisa assim, se não tivesse visto com os próprios olhos. Nada daquilo fazia sentido. Jan sempre fora tão centrado, tão profissional, tão racional. Dentro das circunstâncias, fazia mais sentido que fosse Jay quem perdesse a cabeça. Afinal, era Jan quem estava saindo da relação e Jay era muito emotivo, o que significava que era potencialmente passional.

Não podia mentir, mas tinha que ter muito cuidado com o que diria à polícia. Não podia fazer afirmações em cima de conjecturas. Afinal, os dois nunca admitiram ter um relacionamento. Além disso, algo assim, dito por ela, que convivia com os dois, assumiria ares de verdade absoluta. E, a bem da verdade, ela nunca vira nada de realmente comprometedor entre eles.

Mas, agora, não havia como evitar que tudo se transformasse num grande escândalo. Ia virar um escândalo os dois tendo ou não um caso. E, agora mesmo, é que ninguém acreditaria que não havia nada entre os dois. Não era só a morte de Jay, com toda a aparência de crime passional. Tinha também o lance mal explicado com Chad Murray. Onde é que Chad entrava nesta história, afinal? O que ele viera fazer em Vancouver? Quando chegara?

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As lágrimas escorreram do rosto de Sarah quando ela se aproximou do rapaz amarrado, aparentemente morto. Como interpretar o que via sem chegar à conclusão que Jansen havia torturado Chad? Todo aquele sangue. Não conseguia pensar em nenhum atenuante para justificar os atos de Jansen. O que ele pretendia com isso? Informações? Vingança? Aquilo parecia ser de uma crueldade que ela nunca acreditara que Jansen fosse capaz.

Os paramédicos chegaram antes que Sarah conseguisse desatar os nós que prendiam Chad Murray à cadeira. O sangue que escorria do ferimento na garganta do rapaz, e encharcava sua roupa, fazia que quem o visse, com a cabeça caída para frente, imaginasse o pior. Chad estava desacordado, mas o ferimento era mais superficial do que parecia. Ele não chegara a ter a carótida cortada e, por sorte, tampouco as cordas vocais.

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Chad estava sendo transportado para uma ambulância, quando a polícia chegou. Um paramédico já havia confirmado a morte de Jerod Padalecki. A polícia já estava tirando fotos e coletando evidências na cena do crime.

Aparentemente, a cena do crime se limitava à escada e à sala de estar. Nenhum sinal de luta. Fora a cadeira onde Chad fora amarrado, todos os objetos pareciam estar nos seus lugares habituais. Os depoimentos das testemunhas Sarah Gamble e Chad Murray seriam decisivos na elucidação do crime. Mas o rapaz tão cedo não estaria em condições de prestar esclarecimentos.

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Dean sabia que tinha muito pouco tempo antes que a polícia começasse a caçá-lo. Antes que o mundo todo soubesse que Jansen Ackles assassinara Jerod Padalecki. Antes que a manchete anunciada pelo Trickster estivesse estampada em todas as bancas. Mas, por menor que fosse esse tempo, tinha alguém que ele não gostaria que ficasse sabendo daquilo tudo pela TV: Dani Harris.

A primeira coisa a fazer era tentar convencer Dani que não era um assassino. Pelo menos, não de seres humanos. Não alimentava muita esperança de conseguir, mas queria ao menos tentar. Sentia-se péssimo por tê-la envolvido em tudo aquilo. Ela seria chamada para depor. Não queria que ela fosse mais uma a pôr lenha na fogueira de Jansen.

Entrou no hall do hotel aparentando tranqüilidade, mas procurando passar o mais desapercebido possível. Já era muito tarde, o recepcionista estava distraído e ele teve a sorte de encontrar o elevador e o corredor do terceiro andar vazios. Havia câmeras de segurança nos andares, mas não um sistema de gravação contínua das imagens. Isso tudo, Dean já sabia. Afinal velhos hábitos são difíceis de se abandonar. Ele nunca deixaria de ser um caçador. Estava sempre atento aos detalhes de qualquer lugar que entrasse.

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Respirou fundo e bateu na porta do quarto de Dani, após um segundo de hesitação. Entrou rápido, sem esperar o convite.

– Jan, que cara é essa? Aconteceu alguma coisa?

– Aconteceu. Posso entrar?

– Claro, o que foi?

– O Jay está morto. Ou, pelo menos, quem eles acreditam ser o Jay.

– Meu Deus, que coisa horrível! O que foi que aconteceu? Ele sofreu .. um acidente? E que história é essa de quem eles acreditam ser o Jay?

– Dani, olha para mim. Acredita em mim quando eu digo que nunca mataria o Jay ou qualquer outra pessoa? Acredita?

– Claro. Mas, porque acha que culpariam você pela morte do Jay?

– Senta aqui. Eu vou contar tudo desde o início. O mais importante para que compreenda essa confusão toda é saber que eu sou na verdade Dean Winchester e que eu não sou deste mundo.

– Jan, agora você está me assustando de verdade.

– Por favor, só escute.

Dean fala de sua chegada a La Grande com Sam, em sua própria realidade. A descoberta da participação do Trickster em estranhas mortes em série. A resposta dele à sua ameaça de pará-lo. A sua surpresa de ver-se no corpo de Jansen Ackles. A estranheza inicial com o comportamento de Jay Padalecki. A capacidade dele de manipular as pessoas. A reação de cães à sua presença. A conversa com o Trickster, que ocupava o corpo de Rick Speight Jr. O ataque de Chad e como o imobilizara. Jay incitando-o a matar Chad. E, finalmente, ele cravando a adaga no coração do falso Jay e a repentina chegada de Sarah Gamble.

– E foi isso. Acho que foram os latidos que permitiram que eu resistisse o suficiente para não matar o Chad. Ele vai ficar bem. Tenho certeza que ele vai se recuperar completamente. Já a criatura que estava se passando pelo Jay está morta. E agora o Jansen está metido numa grande encrenca. A menos que eu descubra o que aconteceu ao verdadeiro Jerod Padalecki.

– Jan, isso tudo é inacreditável. É a coisa mais absurdamente fantástica que eu já ouvi.

– Não culpo você por não acreditar em mim. Vou indo. Cuide-se. Mais uma vez, me desculpe. Juro que não queria envolver você nesta história.

– Espera. Eu acredito. Ou, pelo menos, acredito que você acredita nisso. Que está sendo sincero. E também acredito quando diz que nunca mataria o Jay ou qualquer outra pessoa. Sei que não. Não em seu estado normal. Mas essa de você ser o verdadeiro Dean, vindo de uma outra realidade ...

– É, como você própria disse, inacreditável. Sei disso.

– Droga. Dane-se. Não ia suportar ver você preso. Não agora, que estamos juntos. Esperei tanto por isso.

– Nem sei o que dizer, Dan. Obrigado. Era importante que pelo menos você ficasse do meu lado. Mas preciso me apressar. Não vai demorar para a polícia aparecer aqui.

– Espera. Assim, você vai ser reconhecido fácil. Essa semana juntos, deu para ver o quanto você é popular. Todos conhecem você em Vancouver. Acho que no mundo todo.

– Muito animador isso.

– Acho que tenho a solução. Beeeem aqui.

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– Isso é o que eu estou pensando?

– Ficou comigo quando você voltou para Vancouver. Eu trouxe para devolver. E parece que veio mesmo a calhar.

– Você não acha que eu vou usar isso, acha?

– E qual é a sua idéia de um bom disfarce? Óculos escuros e gola da jaqueta levantada? Quando alguém se veste de forma absolutamente ridícula, a maioria das pessoas desvia o olhar dos olhos da pessoa. Vergonha alheia é o nome. Nós, quero dizer, eu e Jansen testamos isso em San Pedro. E lá era a Califórnia.

– O Jansen saia na rua vestido dessa maneira? Ele é muito mais corajoso que eu imaginei.

– Não tanto quanto Dean Winchester.

– Já começo a achar que ser ator talvez não seja a coisa mais fácil do mundo.

– Mas tem suas compensações.

Dizendo isso, Dannielle se aproxima de Dean, toca seu rosto com carinho e o puxa para um beijo.

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Mesmo sabendo que o tempo era escasso e que a polícia poderia aparecer a qualquer momento, Dean toma Dani em seus braços e se deixa perder no turbilhão de sensações prazerosas que a boca e o corpo dela proporcionavam. Sabia que, mesmo que tudo desse certo, podia não ter outra chance.

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Só podia torcer para que Jansen, livre da influência da sereia, desse a si mesmo a chance de descobrir a mulher fantástica que ela era.


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Notas finais do capítulo

21.04.2011