A lâmina começa a criar uma linha vermelha na garganta de Chad, da qual sangue começa a verter. Os olhos de Chad mostram raiva e medo. Ele está confuso com tudo que escutara. Jay não vai fazer nada para salvá-lo? Vai ficar ali parado vendo-o morrer. Não é justo. Jay é o seu melhor amigo, seu irmão. Não é justo.

Ao longe, um cachorro começa a latir sem parar. O latido como que desperta Dean de um transe. Ele olha para os olhos de Chad, para a linha vermelha na garganta do rapaz, para a faca em sua própria mão e finalmente para Jay.

– O que é você? O que estava fazendo comigo?

– Jan, sou eu, Jay. Seu amigo. Baixe essa faca. Você não quer fazer isso.

– Não é uma faca. É uma adaga. Uma adaga de bronze. O Trickster disse que eu só deixaria essa realidade depois de enfiar uma adaga de bronze no coração de Jerod Padalecki. Mas você não é o Jerod Padalecki que o Chad conheceu anos atrás. Não é o homem que pediu Sandra McCoy em casamento. O que é você e o que fez com o verdadeiro Jerod?

Jay se vira e ensaia uma fuga subindo as escadas, mas Dean o derruba e, fechando os olhos para não fraquejar, crava a adaga suja de sangue no coração do monstro.

Seria mais fácil se, como costuma acontecer em filmes de terror, a criatura morta simplesmente desaparecesse ou voltasse à sua verdadeira forma. Mas não foi isso que aconteceu. O sangue que escorre abundante do peito de Jerod Padalecki é vermelho vivo. Esse mesmo sangue agora mancha as mãos e a camiseta de Dean.

Inesperadamente, a porta, deixada apenas encostada, se abre.

– Jay, cansei de esperar no carro. E esse cachorro latindo já está me incomodando. Posso entrar?

Sarah Gamble entra sorridente e se depara com uma cena digna da imaginação de Erick Kripke.

– Jansen? Essa faca na sua mão! Isso é sangue? É o Jay quem está caído na escada? Meu Deus! Ele está .. ?

– Sarah, não é o que parece. Não é o verdadeiro Jay.

– Você MATOU o Jay?

– Já disse. Não é o verdadeiro Jay. É um tipo de monstro.

– Jan, larga essa faca. Você não está bem. Não pode estar bem. O que está acontecendo? Quem está naquela cadeira, amarrado? Chad Murray? É o Chad, não é? Está escorrendo sangue do pescoço dele. Jansen o que está acontecendo aqui?

Um pensamento horrível passa pela cabeça de Dean. E se ele foi iludido pelo Trickster? E se quem está caído na escada, morto, for mesmo Jerod Padalecki, um ator, um homem comum? Como ele vai explicar isso? Quem vai acreditar que ele é o verdadeiro Dean Winchester, vindo de uma outra realidade?

Se ficasse ali, ia acabar preso. Tinha que fugir. O pior é que não tinha onde se esconder. Jan Ackles era famoso, seria reconhecido onde quer que fosse. Estava em outra realidade, outro país, numa cidade que mal conhecia. Estava vivendo uma situação surreal. Não havia ninguém para quem pudesse apelar. Nenhum de seus amigos existia, eram todos personagens de ficção.

Para acreditar nele, e naquela história, o cara tinha que ser louco ou ter uma imaginação delirante. Como Erick Kripke.

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Dean pega a chave do Impala, que estava largada na mesinha próxima à escada, e sai apressado, quase derrubando Sarah Gamble. Não ia demorar para ela lembrar de chamar a polícia. Ele sai, cantando pneus, dirige três quarteirões e estaciona, ainda indeciso sobre o que fazer em seguida.

– Muito bem, Dean. Sabia que daria conta do recado.

– Trickster!

– Sabe que eu não esperava que você agisse tão direitinho. Rápido e eficiente. Pensei que fosse hesitar, entrar em crise existencial, algo do tipo. Mas, não. Voltou a ser o mesmo caçador de monstros de sempre. Esqueceu rápido de como é ser um monstro. Está certo que o Jay não é o Sam, mas mesmo assim ..

– Chega! Quer que eu admita que mais uma vez você conseguiu me manipular. OK, eu admito. Você mexeu as cordinhas e eu matei Jay Padalecki. Satisfeito? Jay está morto. Agora, o Jansen vai ser caçado, preso e condenado. A vida e a carreira dele estão acabadas. O pior é que ele parecia ser um cara legal, alguém que não merecia isso. E não é só ele, tem a família dele também. Eu sinceramente não entendo o que você ganha com isso, que tipo de satisfação doentia isso traz para você.

– Você mesmo disse que aquele não era Jay Padalecki. Que era um monstro. E é isso que você faz: mata monstros. Você fez apenas o que está mais do que acostumado a fazer. E há sempre inocentes envolvidos, Jansen é apenas mais um.

– Apenas me diga. Aquele Jay era mesmo um monstro?

– Era. Uma sereia. Bem, pronto para partir?

– Não!

– Não?

Decidido, Dean tira o amuleto do pescoço e o guarda no bolso da jaqueta que pegara ao sair apressado da casa.

– Não. Eu só saio daqui depois que provar a inocência de Jansen Ackles. E, para isso, eu preciso descobrir o que realmente aconteceu com Jerod Padalecki.

Dean não se surpreende ao ver-se falando sozinho. Mas, desta vez, falar com o Trickster lhe trouxe um grande alívio. Não matara um homem. Matara um monstro. Uma sereia. O próprio Jay dera a dica do que era, dizendo que ele encontraria sua sereia. Em algum momento a criatura tomara o lugar do verdadeiro Jay Padalecki. Mas quando e onde acontecera?

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O quando sabia do verdadeiro Jerod? Que pedira Sandra McCoy em casamento em Paris. As sereias do mito habitavam o Mediterrâneo, na costa italiana. Chad dissera que Jay voltara diferente da Europa. O que quer que tenha acontecido, acontecera em algum momento após o pedido de casamento.

Precisava conhecer em detalhes os passos de Jay Padalecki na Europa. E a melhor pessoa para lhe dizer o que aconteceu era Sandra McCoy.

Mas tinha problemas mais imediatos. Não podia ser preso. Ia precisar de ajuda.

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Para o que tinha em mente, ia precisar da ajuda de Chad Murray.