Sete Vidas escrita por SWD


Capítulo 9
vida 1: capítulo final




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Dean engoliu em seco quando foi empurrado de volta para a cela. O Trickster não mentira. Três brutamontes. Dean sente os olhares sobre si. Pareciam despi-lo. Predadores. Se não saísse dali rápido estaria perdido.

- Pode entrar. Não precisa ter medo de nós, garoto bonito.

- Nós somos caras legais. E você vai precisar de amigos aqui dentro, garoto.

- Fazemos amizades rápido. Você vai ver como logo seremos amigos íntimos. Muito íntimos.

Os três caem na gargalhada.

Dean sabia que podia dar conta dos três. Uma vez. Talvez duas. Mas também sabia que não podia vencer. Se eles realmente quisessem, não escaparia incólume da primeira noite.

Eram uma gangue. Surrar um não manteria os outros afastados. Não havia um elo mais fraco, os três se equivaliam. Não via como podia jogar uns contra os outros. Estava ferrado.

Como Dean permaneceu recostado às grades, os três se levantaram e se aproximaram, cercando Dean. Dean manteve o olhar, encarando, tentando mostrar que não tinha medo.

- O garoto bonito é corajoso. Gosto disso.

- Rapazes, mostrem educação. Apresentem-se para o Sr...?

- Dean.

- Dean! Um nome bonito. Dean-li-ci-o-so. Combina com você. Eu sou o Bill. Killer Bill.

- Big Jay, muito prazer. Você vai descobrir de onde vem o big.

Big Jay começou a gargalhar da própria piada infame e, colocando a mão sobre o ombro de Dean, sussurra com o rosto quase grudado no rosto de Dean:  

- Sacou, garoto?

Dean mostrou os dentes num sorriso artificial, segurou a mão em seu ombro e levantou com firmeza, porém sem ser brusco, aproximou ainda mais o rosto do rosto de Big Jay, e falou, rezando para a voz sair firme:  

- Não. NÃO saquei.

É a vez de Killer Bill e do terceiro, Jaws, que ainda não se apresentara, caírem na gargalhada.

- Gostei de você, garoto. Com esse rostinho de menina e enfrentando assim nosso amigo Big Jay.

- É, Big Jay. Você não é mais o mesmo. Agora qualquer um chega aqui e vai logo curtindo com a tua cara.

Big Jay segura firme o rosto Dean pelo queixo e fala com um riso debochado no rosto:

- Vai ser um prazer enorme conhecê-lo.

Os outros dois voltam a cair na gargalhada. Dean mantém a pose, mas começa a sucumbir ao pânico.

O depoimento para o delegado Hayden transcorreu da pior maneira possível. O que menos contava era ele ser pai de Kyle. Ele era também padrinho da doce Audrey.

De volta à cela, os minutos se arrastam. Mas, mesmo assim, a manhã dá lugar à tarde e a tarde avança rumo à noite. Por todo esse tempo, a tortura continuava, com piadinhas e insinuações, ora sutis, ora grosseiras. E toques e brincadeiras rudes. Uma prévia do Inferno que um dia Dean conheceria de perto.

A cela dispunha de um vaso sanitário. Cada um deles já o usara em horários diferentes. Dean estava apertado, mas sabia que baixar o zíper e expor a calcinha seria assinar sua sentença de morte. As coisas só não estavam piores porque mantivera a cabeça erguida e ganhara um mínimo de respeito. Se perdesse esse pouco de respeito seria trucidado.

Um guarda se aproxima da cela, chamando a atenção dos detentos. Ao levantar o quepe com o cassetete, Dean reconhece o Trickster, com um sorriso maldoso.

- Os rapazes já confraternizaram com o novo amigo?

- A confraternização vai ser logo mais, quando as luzes se apagarem.

Todos gargalharam, inclusive o Trickster.

- Dean, contou a seus novos amigos o que o trouxe aqui?

Dean olha para o Trickster com um olhar suplicante de NÃO, NÃO FAÇA ISSO.

- Vocês sabiam que o garotão aqui levou uma menininha BRANCA de 13 anos para um motel e a machucou MUUITO. Todos aqui ficaram muito chocados. Alguns policiais comentaram há pouco que gostariam muito que alguém machucasse ele da mesma forma.

Os três mais uma vez cercam Dean, e, desta vez, três pares de mãos o agarram firme. Dean se debate, mas percebe que é inútil. Não tem escapatória.

- Mas vim aqui também para avisar vocês que houve um problema no quadro de luz e que às 21:00 h, ou seja daqui a mais ou menos 1 minuto, a luz vai ser desligada por algumas HORAS. Por segurança, os guardas NÃO entrarão na carceragem ... MESMO QUE HAJA GRITOS. Portanto juízo, rapazes.

- VOCÊ CONSEGUIU, DESGRAÇADO. ME CONDENOU.

As luzes se apagam.

- Ah! A menininha contou soluçando que o garotão tirou a roupa e ficou só de calcinha. Ele contou a vocês que está usando calcinha cor-de-rosa?


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