Sete Vidas escrita por SWD


Capítulo 10
vida 2: capítulo 1




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– Sam, deixa o laptop aí quietinho e vamos. Amanhã a gente trata disso. Eu quero ver gente viva. Dois banhos e parece que ainda estou cheirando a túmulo.

Sam olha para um pequeno despertador na mesa de cabeceira entre as duas camas de solteiro do quarto de motel. Exatamente 21:03.

– Di, porque você não dá nome aos bois? Você não quer ver gente viva. Você quer arrumar um cara para passar a noite. Mesmo sabendo o quanto isso me incomoda.

– O que você disse? Como foi que você me chamou, Sam?

– Di. Diana. Algo errado, Di?

Ao escutar o som da própria voz, melodiosa, sem nada do característico tom rouco, Dean já sabia que algo estava muito errado, mas não estava preparado para o que estava vendo ao se olhar no espelho. Nunca estaria preparado. O Trickster ultrapassara todos os limites. Não precisava nem ter levantado os olhos e se ver no espelho. Era impossível não ver os próprios e generosos seios. Com a mão confirmou a ausência de seu maior orgulho.

– EU MATO AQUELE BASTARDO.

O grito assustou Sam, que deu um pulo da cama e correu para abraçar a irmã, protetor.

– Di. O que aconteceu? De que bastardo você está falando?

– De quem mais? O Trickster.

– O Trickster? O que ele fez?

– Ele me transformou em mulher, Sam.

Sam fez cara de espanto e caiu na gargalhada.

– Maninha. Você sempre foi mulher. Você nasceu mulher e eu agradeço aos céus que seja assim, apesar de toda dor de cabeça que você me deu a vida toda. Amo você, maninha.

– Sam abraça Diana apertado, e se prepara para dar um beijo no rosto da irmã, quando esta lhe dá um empurrão tão forte que o faz cair de costas na cama.

– Que foi, Diana? Eu só ia te dar um beijo.

– Pois foi por isso mesmo.

– Di, você adora quando eu beijo você. E eu adoro beijar você. Quem não nos conhece pensa que somos namorados e não irmãos. Quantas vezes a gente fingiu ser namorados - ou mesmo casados - para fazer uma investigação?

– Sam, nós não estamos dividindo o mesmo quarto, estamos?

– Qual seria o problema, Diana? Você já cansou de me ver nu. Esqueceu que me dava banho quando eu era criança. Mas, não. Eu estou no quarto ao lado.

– Melhor assim. Me escuta, Sam. Está lembrado do motivo de estarmos aqui e agora nesta maldita cidade.

– Viemos resolver o caso do fantasma da menina atropelada. E ficamos para investigar uns casos suspeitos de coincidências mais que improváveis.

– Isso, Sam. E nós descobrimos. O culpado é o Trickster.

– Faz sentido. Mas você está dizendo que ele transformou você em mulher?

– Ele esteve aqui, cobrando que cumpríssemos o acordo que você fez com ele. Eu prometi detê-lo. Ele disse que não gostava do meu jeito de machão e, de repente, eu sou uma mulher.

– Diana. Uma coisa é ele transformar você em mulher de agora em diante. Outra, muito diferente, é fazer você ser mulher desde sempre. Ele não pode ter tanto poder. Já pensou que ele pode simplesmente ter feito você acreditar que um dia foi homem.

– Não, Sam. Eu era o seu IRMÃO, não sua irmã. Dean, e não Diana.

– Dean?

– É, Dean? Qual o problema?

– E o Benjamim?

– Você sabe do Benjamim?

– Claro, você acha que seria possível você dar à luz e eu não saber?

– Eu sou a MÃE do Benjamim?

– Claro. O que mais você podia ser?

– O pai. Eu sou o PAI do Benjamim.

Sam até tenta, mas não consegue segurar uma gargalhada. Volta a abraçar a irmã e novamente ganha um empurrão.

– Tira essas mãos de mim, Sam. Fica longe.

– Desculpa, Di. Mas não consigo imaginar minha irmãzinha querida como homem.

– Espera, Sam. Se eu sou a mãe, quem é o pai do Benjamim?

– Luke Braeden. Ben está sendo criado pelo pai.

– Luke e não Lisa. Não deixa de ser mudança interessante. Então, isso quer dizer eu já fui para a cama com um homem?

– Um? Gostaria muito que tivesse sido com UM homem. Mas contando somente os que eu conheci, já é mais que o número de dedos das minhas duas mãos.

– SAM! Está dizendo que sou uma .. vadia?

– Maninha, digamos que você é uma mulher independente. Uma mulher que sempre soube fazer valer sua vontade, sem se importar com a opinião dos outros.

– Uma mulher independente? É assim que você chama uma mulher que sai para caçar homens em bares mal freqüentados? Uma mulher que age assim é uma vagaba. Mas, e você que não faz nada para me impedir? Que raio de irmão é você que deixa sua irmãzinha ir para a cama com o primeiro homem que aparece pela frente?

– Eu? Se nem o pai foi capaz de segurar você. Você perdeu sua virgindade antes de completar 17 anos. Quando o pai descobriu, por pouco não matou o garoto. E você enfrentou o pai, ameaçou desaparecer. Você nunca fácil, maninha. Depois que o pai morreu, sobrou para mim cuidar de você.

– Você CUIDA de mim? Eu não sou capaz de cuidar de mim mesma?

– Claro que você sabe se virar. Não é neste sentido que eu estou falando. Mas, você sabe o quanto a nossa vida é perigosa. E você não é uma caçadora. Não foi treinada para isso.

– NÃO??

– Claro que você sabe se defender. Mas o pai tentou ao máximo manter você fora desta vida. Ele queria que você tivesse uma vida normal. Ou tão normal quanto possível para uma Winchester. Você ficava com a Ellen e foi criada com a Jo. Bem, pelo menos até o acidente com o Harvelle. Já eu seguia com o pai e o acompanhava nas caçadas. Ele me treinou desde pequeno para ser um caçador. Não conheço outra vida.

– E quando você foi para Stanford?

– Stanford? A Universidade? Eu? Eu nunca fui para Stanford. Você é que foi.

– Você disse que EU fui para Stanford?

– Foi, minha advogadazinha querida. Foi lá que você conheceu o Luke.

– E a Jessica?

– Não lembro de ter ouvido falar de nenhuma Jessica.

– Não? E como eu vim parar aqui, com você? Estamos numa caçada. Ou não estamos?

– Você foi seqüestrada pelo Demônio de Olhos Amarelos. O pai e eu resgatamos você, mas sofremos um acidente na fuga e você ficou muito ferida. Ninguém acreditava que você fosse sobreviver. O pai aceitou vender a própria alma e morrer em seu lugar. A partir daí, somos só nós dois. Você não quis voltar para a sua antiga vida, para não arriscar a segurança do Luke e do Ben.

– E o Luke aceitou que fosse assim?

– Ele não sabe o que de fato aconteceu. Você só disse que tinha conhecido outro homem e que estava indo embora. Ele ficou arrasado.

Dean pensou na ironia de ter construído uma família e de ter um marido apaixonado em algum lugar. Era melhor não pensar nisso agora. Já estava tudo suficientemente confuso.

– Pelo menos o Trickster não me sacaneou por completo. Esse corpo, esses seios. Me vendo no espelho, a parte de mim que ainda é homem chega a ficar excitada. Meu corpo não te perturba, Sam?

– Claro que não, Di. Você é minha irmã. Foi quem cuidou de mim quando eu era pequeno. Isso faz de você um pouco minha mãe. E que parte masculina é essa?

– O cérebro, Sam. Eu ainda penso como homem. Mas sei que isso não vai durar. Assim como você não lembra de como as coisas realmente eram, eu também vou esquecer.

– E como você sabe?

– Porque lembro que essa não foi a primeira transformação que o Trickster me fez passar e também lembro que a outra experiência não foi nada boa.


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