Sete Vidas escrita por SWD


Capítulo 62
vida 5 capítulo 11


Notas iniciais do capítulo

REEDIÇÃO DA POSTAGEM ORIGINAL REUNINDO OS CAPÍTULOS V5C11 E V5C12



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V5C11

Dean ainda estava com o que o Trickster dissera martelando sua cabeça. Devia ir ver os irmãos porque nunca se pode ter certeza que alguém vai estar vivo no dia seguinte. Isso era SEMPRE verdade, mas o Trickster não falara por falar. Lembrou de quando lhe dissera que John Winchester seria morto por Samuel Harvelle. Lembrou da dor de perder os dois. E agora? Viveria para sentir a dor de perder Sam? Adam? Os dois?

Não, se alguém tinha realmente que morrer, que fosse ele. Viver, só para comer ratos pelo resto da vida? Por mais deliciosos que fossem - e só de pensar ficou com água na boca - não era isso que queria para si.

Por experiência própria, agora sabia que ghouls não precisavam matar humanos para se alimentarem. Mas, uma vez que DESEJASSEM matar humanos, tornavam-se uma ameaça terrível. A forma como eram dominados pelos instintos os faziam imprevisíveis e extremamente perigosos. Precisava proteger os irmãos. Matar ele mesmo os monstros. Depois, deixaria Adam fazer o que era necessário.

Ainda não amanhecera. Tinha saciado a fome, estava de carro, tinha um verdadeiro arsenal no porta-malas e, na memória, as informações mais importantes da investigação da polícia que obtivera do laptop de Sam. Ia atrás do ninho dos ghouls no norte da cidade.

Seguiu pela estrada de terra onde dois policiais avistaram um grupo de quatro ghouls. Sam tinha feito o trabalho de pesquisa no google maps e fizera anotações sobre o trajeto. Ultrapassou o ponto e seguiu até o final da estrada de terra, quando a estrada virava uma trilha no mato. Estacionou em um ponto que era difícil ver o carro para quem vinha ou voltava pela trilha.

Amanhecia. Abriu, então, o porta-malas e apanhou um facão de caça dentado e o rifle winchester 1892. Voltou a se sentir ele mesmo. Caçador e não caça.

Acreditava que seu olfato acurado lhe permitiria localizar outros ghouls, mesmo quando estivessem fora de seu campo de visão. Mas não devia se iludir. Se fosse verdade, eles igualmente poderiam localizá-lo. 

A Mansão Helms. Cercada de altos muros em toda a extensão e eletrificada no topo. Câmaras cobrindo o perímetro. No entanto, havia ghouls do lado de dentro dos muros. Era como imaginara. Podia senti-los, embora estivessem distantes e houvesse um muro entre eles. Tinha que ter cuidado com a direção do vento.

A presença deles podia significar que a dona e os empregados estivessem mortos, talvez substituídos por ghouls. A Mansão era o lugar perfeito para o ninho. Uma propriedade particular imensa, isolada e protegida de olhos curiosos. Um lugar onde a polícia só ousaria entrar com mandato judicial.

Dean não precisava de mandato judicial. O muro era alto, mas não tão alto como algumas árvores que cresciam a apenas alguns metros dele. Nem teve graça. Entraria mesmo que ainda fosse apenas o velho Dean. Seus olhos logo perceberam os sensores de perímetro: os feixes infravermelhos que emitiam eram perfeitamente visíveis para ele. Havia câmaras também do lado de dentro, mas eram poucas e não cobriam toda a área.

Decidiu seguir direto para a Casa Grande, que ficava no centro geográfico da propriedade, há cerca de 2 km do muro. Não cruzou com nenhum ghoul no caminho, mas os sentiu próximos. Um. Mais três. Outro. Outro. Outros dois. Não tinha mais dúvidas. Encontrara o ninho.

De onde estava, já podia ver a porta da frente da Casa Grande. A porta abre. Dois homens arrastando um terceiro. Homens. Todos os três. Disso, tinha certeza. Seguiu os três sem ser visto nem por eles nem por outros ghouls. Um anexo afastado da Casa Grande, em péssimo estado de conservação. Sem porta. Janelas com vidros quebrados. Rachaduras. Os dois homens saíram, deixando o terceiro lá. Aparentemente voltavam para a Casa Grande.

Entrou, com cuidado, empunhando o rifle. Nada além de um carinha. Morrendo. Subnutrido e desidratado. Febril. Olhou de perto e estremeceu. KYLE? Impossível não ficar chocado com o seu atual estado. Lembrou de como ele era. Lembrou de quando o puxou para si no vestiário. Droga, será que seria para sempre assombrado por esta lembrança?

Não podia se deixar levar pelo sentimentalismo. Com a faca fez um pequeno corte no braço de Kyle. O sangue atrairia os ghouls. Se arrependeu imediatamente. Fora irresponsável. Não sabia se podia com todos. O cheiro do sangue o estava embriagando. O rapaz já não estava seguro nem mesmo se ele fosse o único ghoul do lugar. Mas, não havia mais como controlar os acontecimentos.

V5C12

Dean foi rápido e implacável. Os dois primeiros ghouls que entraram no anexo foram decapitados. Mas os seguintes não se deixariam enganar. O sangue ghoul derramado tinha seu próprio cheiro inconfundível. Era a hora de usar a winchester. Partir para cima deles, antes que se aproximassem do anexo. Uma vez que estivessem dentro, teria que se preocupar não só consigo mesmo, mas também com Kyle.

Dean se faz visível alguns metros na frente da porta do anexo e espera. Três tiros em seqüência. Três ghouls a menos para se preocupar. Os tiros foram certeiros na testa. Sempre fora um bom atirador, mas agora podia ver nitidamente a uma distância duas vezes maior. Se ghouls usassem armas seriam assassinos perfeitos.

Um tiro de rifle podia ser facilmente escutado da Casa Grande. E não fora um único tiro. Os tiros se sucediam. Nathalie se pôs em alerta. Enviou os seguranças. Homens enfeitiçados que matariam e morreriam por ela. As ordens eram claras. Desarmar e trazer os invasores até ela. Estava furiosa com a ousadia. Mas também estava curiosa. Nem lembrava mais da última vez que fora desafiada. Ainda mais em sua própria casa.

Dean conseguira acertar mais três, mas agora que estavam alerta tudo seria mais difícil. Eles o estavam cercando. Precisava recuar para o anexo. Os seguranças humanos se aproximavam armados. Atirou na perna do primeiro. O sangue atrairia os ghouls contra ele e, com sorte, também contra os outros.

Entrou no anexo a tempo de explodir a cabeça de um ghoul que estava prestes a rasgar a garganta de Kyle. Quando se virou, três saltaram sobre ele, lançando-o contra o chão. Rosnou na forma de ghoul, mas era só o que podia fazer. Estava imobilizado. E a cada momento chegavam mais. Estava perdido. Não havia nada que pudesse fazer por Kyle. Ele seria estraçalhado. Devia tê-lo posto a salvo em primeiro lugar. Falhara também com os irmãos. Matara nove, mas eram dezenas. Um pequeno exército.

Os seguranças e os ghouls abriram caminho para a passagem de Nathalie Helms. A feiticeira ordena que coloquem Dean de pé e o examina com a experiência de 3300 anos.

- Um ghoul que acredita ser humano. Agindo por conta própria. Interessante. Mas quem você acredita que é? O menino Milligan não tinha esta familiaridade com armas. Quem veio você vingar?

Dean permanece calado, fuzilando a mulher com os olhos.

- Se prefere, pode ser da maneira mais difícil. Última chance, ghoul. Estava mesmo protegendo o humano?

Silêncio.

- Quanto a isso, é fácil ter uma resposta. Você mesmo vai devorar o humano. Depois disso trataremos da sua punição.

- Não vou fazer.

- Não? Está dizendo que NÃO VAI devorar o humano? Vamos testar sua força de vontade, ghoul. Tragam os dois.

Dean e Kyle são levados para o subsolo da Casa Grande e trancados juntos numa espécie de masmorra. Nathalie perfura pessoalmente a coxa direita e o braço esquerdo de Kyle com a faca de caça de Dean, antes de trancar a porta. O cheiro do sangue que escorre abundantemente ameaça tirar Dean do controle. Kyle está caído. Já estava muito fraco. A perda de sangue faz com que perca a consciência.

Dean já começava a sentir fome. Ainda controlável, mas ia apertar. Precisava sair dali enquanto ainda estava no comando de seus atos.

- Talvez devesse transformá-lo em humano. 

- PODE ME TRANSFORMAR EM HUMANO?

- Claro, seria muito fácil. É isso que realmente quer, não é? Ser humano? Mesmo que seja apenas para morrer como humano. MAS NÃO, VAI MORRER COMO O GHOUL SUJO QUE É.

- BRUXA MALDITA.

Nathalie gargalha como seria esperado de uma bruxa num filme classe B


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