Sete Vidas escrita por SWD


Capítulo 3
vida zero: capítulo 3




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Ashley Madison namorava Kyle Hayden há quase um ano. Houve um tempo em que realmente achou que o amava, mas já não tem mais tanta certeza. Menos certeza ainda ela tem de que ele a ama. Que amou algum dia.

Kyle é o quaterback do Montanheses, o time de football da Eastern Oregon University. O melhor jogador em muitos anos. O corpo perfeito. O sorriso mais bonito. Os olhos mais bonitos. Todas as garotas o assediavam. Podia ter quem quisesse e quis ficar com ela. Mas era isso mesmo? Ele realmente a queria?

No fundo, ela sabe que há algo errado. Não há calor. Falta desejo. Ele gosta de exibi-la para os amigos, mas sempre a deixa em segundo plano. O futebol e os amigos estão sempre na frente. Owen está sempre na frente.

Qual a última vez que fizeram amor sem que ele estivesse bêbado? Ou pelo menos calibrado? Basta. Ela queria se sentir desejada. Queria ser amada. Ia mostrar a ele. Ia mostrar a ela mesma.

Mas não faria com ninguém do campus. Não queria ficar falada e, no fundo, ainda tinha esperança de se acertar com Kyle. Gostava dele. Para provocá-lo teria que ser um estranho. Mas precisava ser bonito. Mais bonito que Kyle.

Como um sinal divino, entram no bar dois carinhas que ela nunca vira antes. Dois estranhos. Nenhum dos dois era de se jogar fora. Gostou do risinho sacana do mais baixo. Da forma como ele olhou em volta. Da forma como olhou para ela, deixando claríssimo que tinha gostado do vira.

Neste instante, no entanto, Kyle puxou-a para si e deu um selinho. O estranho fingiu que não estava olhando e sentou numa mesa próxima, onde continuou olhando de uma forma que ela classificaria de descarada.

Estava claro que o estranho gostava de brincar com o perigo. Kyle não era de fugir de briga. Muito menos acompanhado de Owen e Mark.

O outro estranho é que não parecia muito contente de estar ali. Não viu nenhuma vez ele fazer o reconhecimento do lugar. Não parecia interessado em ninguém. O louro de riso sacana parecia querer animá-lo sem muito sucesso.

Viu quando o louro olhou com interesse para Faith. Como ele pode ao menos considerar ficar com aquela piranha velha de beira de estrada. Sentiu-se ultrajada de ser equiparada a ela no interesse dele. Uma mulher vulgar, que já tinha passado pela mão de todos os homens da cidade. Lembrou do que sua mãe costumava falar dela. Dean perdeu muitos pontos com Ashley naquele momento.

Viu que ele considerou até mesmo Natalie Helms. É, com toda certeza, não é daquela região. Ou saberia que o melhor a fazer era se manter o mais distante possível dela. Dean acabara de perder mais alguns pontos na avaliação de Ashley.

O louro já estava quase descartado quando lançou um olhar que fez Ashley ficar vermelha e sentir um calor envolver todo seu corpo. Ela olhou para Kyle e os amigos com medo deles terem percebido o quanto aquele olhar mexera com ela.

E aí ele se levantou e .. foi jogar sinuca? Ela nunca ia entender os homens.

Voltou a prestar atenção no papo de Mark Levine com Owen Foley, e na forma com Kyle ficava entretido escutando. Podia jurar que era o mesmo papo de uma hora atrás. Ela nunca ia entender os homens, mesmo.

Prestou atenção quando Faith se aproximou de Sam. Gostou do passa-fora que o moreno alto deu na piranha. Esse pelo menos selecionava melhor quem levava para a cama. Só então olhou com atenção para ele. Tinha cabelos longos que viviam caindo na testa. Parecia triste. Não o viu sorrir nenhuma vez. Só agora via que era bem jovem, bem mais que o outro.

Voltou a olhar para Kyle, ainda todo-ouvidos para o papo de Owen, e viu que ela realmente estava sobrando. Sentiu uma fúria súbita. Não agüentava mais ficar ali. Saiu só para ir ao banheiro. Droga, nem mesmo companhia para ir ao banheiro ela tinha. Voltou disposta a por fogo no circo.    

- Ooooi.

Dean quase perdeu a concentração num momento decisivo. Era agora que ele fazia a caçapa e fechava a fatura, embolsando US$ 85. Foco, Dean. Concentração. Tacada certeira. Bola preta na cesta.

- Agora sim. Ooi. Acho que foi você quem me deu sorte.

- Tenho certeza disto.

- Seus amiguinhos logo vão sentir sua falta.

- Duvido.

- Eu terminei aqui. O que acha de respirar um pouco de ar fresco?

- Acho ótimo.

- Saímos pela frente?

- Você sai na frente. Te encontro lá fora em cinco minutos.


- Dean, aonde você vai?

- Eu preciso de umas duas horas. Duas não. Três.

- Dean, e eu faço o quê neste tempo?

- Eu volto para te pegar. Deixa o celular ligado. Fica com US$ 50.


As coisas entre Dean e Ashley começaram a esquentar no momento em que entraram no Impala. Naquele momento, um ainda não sabia o nome do outro. Nem se importavam com isso.

Kyle saiu do barzinho a tempo de ver o Impala se afastar. Correu na direção do próprio carro. Owen e Mark, que acompanhavam a movimentação do lado de dentro, se juntaram a ele. O carro sai cantando os pneus.  

Dean, depois da arrancada inicial, pára o carro onde não seria visto da estrada e espera o carro de Kyle passar. Depois segue tranqüilamente pela interestadual 84 até o Blue Mountains Motel.


Sam achou melhor não esperar eles voltarem. Podia bater, mas não ia se livrar de apanhar.

- Maldição, Dean. Outra que sua maldita libido apronta comigo.

Começa o longo caminho de volta ao motel. Dean pedira três horas. Era isso que levaria andando até lá.


Quinze minutos depois, Dean abre a porta do quarto 212 do motel. Ele e Ashley caem agarrados na cama, antes mesmo da porta bater.

Duas horas depois, quando Ashley sai do Impala e entra em casa, a única coisa que ela tem certeza é que gostaria de repetir aqueles momentos muitas e muitas vezes. E que já perdeu tempo demais com Kyle Hayden.


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