Sete Vidas escrita por SWD


Capítulo 2
vida zero: capítulo 2




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– Sam, deixa o laptop aí quietinho e vamos. Amanhã a gente trata disso. Eu quero ver gente viva. Dois banhos e parece que ainda estou cheirando a túmulo.

Sam olha para um pequeno despertador na mesa de cabeceira entre as duas camas de solteiro do quarto de motel. Exatamente 21:03.

– Dean, porque você não dá nome aos bois? Você não quer ver gente viva. Você quer arrumar uma garota para passar a noite.

– Que seja então. Sam, é disso que eu estou precisando. E é isso que você está precisando também. Pelo menos deveria estar. Quanto tempo faz?

– Dean, não começa.

– Sam, não vou te forçar a pegar ninguém. A gente vai, toma umas cervejas, você olha em volta e se ninguém te interessar, ou, o que é mais provável, ninguém se interessar por você, você volta e dorme o sono dos justos. Justos e mal-amados.

– Tá bom, vamos. Você sabe ao menos para onde? Não me lembro de ter visto nenhum barzinho.

– Já me informei. Vamos que estamos perdendo tempo.

O tal barzinho era exatamente o que Sam suspeitou que fosse. Decadente, escuro, barulhento e esfumaçado. Bebidas e mulheres baratas. Um longo balcão de bar, diversas mesas espalhadas, alvos para jogo de dardos, duas mesas de sinuca, uma jukebox próxima à entrada, um pequeno palco no fundo e uma movimentada escada para um suspeito segundo andar. Nada diferente das centenas de outros para os quais Dean o arrastava com a mesma conversa nos intervalos entre caçadas.

Sam pensou em Jess, mas sacudiu a cabeça para afastar a lembrança. De deprimente bastava o lugar em que estava. Transar por transar não o faria se sentir melhor. Só serviria para lembrar o quanto perdera.

O tal barzinho era exatamente o que Dean esperava que fosse. Excitante, escuro, animado e esfumaçado. O tipo de lugar onde se sentia à vontade. Bebidas e mulheres baratas. Podia haver algo melhor?

Já trocara olhares com três candidatas ao grande prêmio da noite: ele mesmo.

A primeira era claramente uma profissional, madura mas ainda atraente. Garantia de companhia para aquela noite, caso as opções ‘A’ e ‘B’ não dessem em nada. Sinal verde.

A segunda estava sozinha e parecia carente. Razoavelmente bonita. Num bar cheio de homens, podia ser sinal que era depressiva, possessiva, chata ou tudo isso junto. Sinal amarelo piscando CUIDADO.

A terceira, que parecia fazer a linha garota má de família quase boa, estava mal acompanhada de um brucutu idiota que parecia ser do time de football da faculdade local. Sinal vermelho.

O brucutu idiota estava acompanhado de outros dois trogloditas, que, pelas jaquetas, jogavam no mesmo time, o Jerks Football Team. Sinal vermelho duplo. Aparentemente os outros dois não tinham a mesma competência para arrumar namoradas ou as namoradas eram muito família praquele ambiente, pois estavam desacompanhados. Em caso de briga seriam três contra um. Talvez três contra dois, se Sam achasse que precisava de ajuda. Sabia que os três não tinham a menor chance contra ele, mas não talvez não valesse a pena iniciar a noite comprando briga. Ainda mais havendo opções.

Voltou a olhar e novamente fez contato visual com a Srta. Sinal Vermelho. Pensando bem, ela merecia que homens morressem por ela. Olhou como se pudesse ver por baixo das roupas e gostou muito do que viu. É, decididamente ela merecia.

– Ah! Porque para chegar às melhores é sempre preciso avançar o sinal vermelho?

Sabia que estava sendo machista e cafajeste na avaliação, mas também sabia que a avaliação estava correta.

Mas antes de mais nada precisava descolar alguma grana num jogo de sinuca. Estava a quase nenhum e ali não aceitariam o cartão de crédito clonado que tinha na carteira. Sempre podia acontecer da profissional ser realmente profissa e não aliviar para certo caçador atraente e bom de cama de sedutores olhos verdes.

A jukebox começou a tocar Heartbreaker do Led Zeppelin e isso pareceu um sinal para Dean se por em movimento.

Dean perdeu o primeiro jogo e ganhou apertado o segundo, como sempre fazia para aumentar as apostas para o terceiro e decisivo jogo. Já tinha analisado o jogo do adversário e o da outra dupla. Ninguém especialmente bom. Mas também não eram de arriscar muito. Os valores em jogo eram baixos. Se decidisse pela profissional, teria que negociar um desconto.

Enquanto Dean estava entretido jogando, outros se punham em movimento.

A profissional se aproximou de Sam de forma insinuante, e, face à nenhuma receptividade, concluiu que os dois eram na verdade um casalzinho gay. Muito bonitinhos para serem machos de verdade.

A depressiva se levantou e seguiu para o toalete, acompanhada de olhares e comentários sussurrados. Exceto Sam e Dean, todos ali sabiam quem ela era e qual a sua história.

A invejada líder de torcida estava cada vez mais irritada com o namorado e não era de agora. Tinha sido burra de ter aceitado o convite para sair após o treino. Todas as vezes era a mesma coisa. Era como se ela não estivesse ali. Enquanto enchiam a cara, os rapazes se entretinham contando uns para os outros uma centena de vezes as mesmas jogadas que todos eles viram, pois estavam todos no mesmo maldito treino. No final, já bêbado, Kyle vinha com beijos e amassos, querendo fazer sexo, pra depois virar de lado na cama e acordar só no dia seguinte, de mau humor.

Tinha vontade de dar pro primeiro que aparecesse e o primeiro que apareceu foi ... Dean.


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