Sete Vidas escrita por SWD


Capítulo 140
sete vidas epílogo vida 5 capítulo 9




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MONTE IDA, ILHA DE CRETA

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– Então, agora é Arcanjo Gabriel? Até há pouco era Loki. Algo mais que queira nos revelar, Trickster? Dean Winchester não confiava em você e tampouco eu confio. A única razão que temos para acreditar que o que diz PODE ser verdade é que os anjos não se dariam ao trabalho de criar uma armadilha tão elaborada se fosse simplesmente para dar cabo de mim ou de meus camaradas semideuses. E também porque Idmon acredita em você e Idmon, apesar de tudo o que fez, ainda é um de nós.

– Tudo que eu quero é abortar o Apocalipse, Jasão. Farei tudo o que for necessário para impedir a extinção da humanidade porque sei o quanto os homens são importantes para meu Pai. Por eles, voltei-me contra meus irmãos e me voltarei também contra vocês se colocarem a própria salvação na frente da salvação do mundo.

– Espero realmente que esteja dizendo a verdade desta vez, mas não espere que eu confie cegamente em você. Dito isso, vamos em frente. Como fazemos para entrar no Hades?

– Kälï nos ajudará. Idmon, convoque a deusa.

Idmon se concentra e recita um mantra. Seus olhos mudam de azuis para negros e ele ganha um par adicional de braços. Kälï se manifesta através de seu discípulo. Ela se volta para Gabriel e sua face mostra todo o esforço que a deusa está fazendo para controlara a fúria que a incendeia.

– De você eu só podia mesmo esperar mentiras e traição, mas isso de você ser um anjo? Um maldito ANJO? Isso não é algo que se perdoe, LOKI.

– Ih! Conheço esse olhar de precisamos-discutir-nossa-relação. Mulheres. Humanas ou deusas, nisso elas são iguais. Não queria estar na sua pele, anjinho.

– Zetes, não. se. meta. aonde. não. foi. chamado.

– Kälï, por favor. Podemos conversar sobre isso depois. Em particular.

– Não temos mais nada a conversar. Quero que você desapareça. Quero que MORRA. Estou profundamente decepcionada com você.

– Kälï, você vai entender depois que eu contar tudo desde o início.

– Escutem vocês dois. Não temos tempo para isso agora. Kälï, como fazemos para atravessar o portal?

Kälï extravasa sua fúria explodindo em chamas. Chamas intensas que só não atingem os mais próximos graças a seus reflexos rápidos de guerreiros.

– Acalme-se, deusa. Este traste não merece você. Tenho certeza que logo vai encontrar alguém bem melhor que ele.

– Falou o amoroso marido de Medéia.

– Escute aqui, eu tentei ser o melhor marido possível para Medéia.

– Você a humilhou e a trocou por uma mulher dez anos mais jovem e ela se transformou numa psicopata assassina.

– Ela sempre foi uma psicopata assassina e mesmo assim eu a amei.

– CHEGA! Parece até que já estamos no Inferno. Kälï, por favor, não temos o dia inteiro.

– Vocês jamais chegariam aos níveis mais internos do Inferno em seus corpos físicos. É aqui que eu entro. Sou uma deusa da morte e posso separar seus espíritos de seus corpos físicos e reuni-los novamente. Seus corpos estarão protegidos da degradação, mas ainda estarão vulneráveis a agressões externas. Se os anjos destruírem seus corpos físicos, não terão um corpo ao qual voltar. O mesmo vale para seus corpos espirituais. Se morrerem no Inferno, permanecerão mortos.

– Enfrentaremos as criaturas infernais de mãos nuas?

– Normalmente é assim. Mas é tudo uma questão de auto-imagem. Os espectros dos mortos não precisam de roupas e caminham no Inferno sem elas, mas os espíritos dos vivos mantêm uma visão de si próprios que geralmente inclui algum tipo de indumentária. Um guerreiro que tenha uma arma integrada à visão que tem de si próprio pode recriar uma versão funcional daquela arma ao entrar num plano espiritual. Resumindo, para todos os efeitos, vocês serão do outro lado quem acreditam ser e poderão fazer o que acreditam ser capazes.

– Creio que meu projetor holográfico pode manter os anjos afastados de nossos corpos físicos.

– Sim, com ele podemos mantê-los afastados da caverna e dos corpos físicos de vocês, mas não podemos impedir que entrem no Inferno atrás de nós. Existem outras entradas. Teremos que nos preocupar não só com os demônios, mas também com os anjos.

– Adam Winchester precisará de um corpo físico ao retornar. Poderia recriar um novo corpo idêntico ao antigo, mas ele continuaria a ser um alvo para os planos de meus irmãos. Existe um corpo disponível que será mais adequado para aos nossos objetivos. Se me permitem, vou buscá-lo.

Poucos minutos depois, Gabriel retorna, tendo nos braços um homem inconsciente vestindo apenas o avental aberto nas costas comumente usado em hospitais.

– Mas esse é Dean Winchester.

– Não, Jasão. Não é o Dean Winchester das suas memórias. É o corpo de um homem nascido Jensen Ackles na realidade que foi a minha última parada antes desta. Eu o trouxe comigo com a ajuda de Kälï. A alma deixou o corpo e o corpo estava sendo mantido vivo por aparelhos. Ele não é descendente seu e, portanto, o corpo dele não pode ser usado por anjos sem sofrer rápida degeneração. Se prendermos a alma de Adam Winchester neste corpo, os anjos vão deixá-lo em paz.

– Mas, o Samuel ..

– O corpo dele também está imprestável para Lúcifer, mesmo que Lúcifer ainda não tenha se dado conta disto.

– Como assim?

– Lembra que Samuel precisou ter os órgãos internos transplantados? Os órgãos vieram de um homem chamado Mark Lawson. Se Lúcifer ocupar o corpo, os órgãos recebidos de Mark Lawson serão destruídos em poucas horas e o corpo morrerá em seguida.

– Mas se Lúcifer não pode usar o corpo de Sam, ele ficou sem alternativas.

– Existe ainda uma alternativa: você, Jasão. Ele virá atrás de você.

– Então, basta que me matem e a ameaça desapareceria.

– Não, matá-lo não é a solução. Eles podem ressuscitá-lo, como pretendem fazer com Adam. Precisamos de você vivo. Além disso, ainda não temos Adam vivo ligado ao corpo de Jensen Ackles.

– Pelo menos Sam vai ser deixado em paz.

– Duvido muito. Os dois lados vão querer usar Sam como objeto de barganha, seja com você, seja com Adam. Sam nunca correu tanto perigo.

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SANTA MONICA

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– Vamos, Sam. Você vai se sentir renovado depois de um banho de mar. Não tem nada melhor no mundo.

– Obrigado, Necker. Eu quase morri afogado, esqueceu. Não passa pela minha cabeça sequer pisar em areia molhada.

– Tá bom, você precisa de um tempo. Mas eu vou insistir. Sam, está tudo bem mesmo? Não está me escondendo nada? Nenhum pesadelo?

– Nada, mamãe. Estou ótimo.

– Lembre-se que é a sua vez de preparar o almoço. Vou chegar faminto.

– Eu vou pra cozinha, não se preocupe. Vá curtir sua praia.

Sam estava feliz. Se sentia até um pouco culpado por estar se sentindo tão bem tão pouco tempo depois da morte de Adam. Enfrentaram juntos tantas criaturas, estiveram tantas vezes tão próximos da morte, e, no final das contas, Adam morreu num estúpido acidente de carro quando ia ao encontro de mais uma das suas vadias. O Impala perdera os freios e batera violentamente contra uma árvore. Adam tivera morte instantânea. Se consolava imaginando que alguém bom como Adam só podia estar no Paraíso.

A vida é mesmo surpreendente. Desde menino, o apavorava a perspectiva de perder Adam e ficar sozinho no mundo. No entanto, quando estava mais vulnerável, encontrara Necker, que vinha se mostrando um amigo fantástico. Sempre atencioso, sempre preocupado com seu bem estar. Nos primeiros dias, ficara com um pé atrás, principalmente porque Necker havia se declarado bissexual. Mas, ele nunca se insinuou de nenhuma forma e Sam fora baixando a guarda. Tivera muita sorte de encontrar Necker.

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INFERNO

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Adam abre os olhos e vê o rosto sorridente do demônio Crowley bem próximo ao seu. Seu corpo está mais uma vez íntegro e, pela primeira vez desde que foi arrastado para o Inferno, ele não sente dor nem desconforto. Nem fome nem sede. Na verdade, sente uma inédita sensação de bem estar.

– Que bom que acordou. Estávamos ficando preocupados. Venha conosco, Adam Campbell Winchester, bravo caçador de demônios.

– Quem é você? O que quer comigo?

– Eu me chamo Crowley e quero ser seu amigo.

– Não sou amigo de demônios.

– Todo mundo precisa de um amigo. Principalmente aqui. Eu botei aqueles diabretes para correr e tirei você daquele poço. Sou ou não sou seu amigo?

– Diga logo o que quer de mim.

– Quero apenas tornar a sua estadia aqui conosco prazerosa. Um homem especial como você não devia sofrer o destino dos amaldiçoados, dos condenados à danação eterna. Eles merecem esse destino. Praticaram monstruosidades contra seus semelhantes. Usaram de engodos para trazer o desespero a quem confiara neles. Mataram e mutilaram sem o menor remorso. Esse não é o seu caso. Você nem merecia estar aqui.

– É verdade. Tudo que eu sempre quis foi proteger as pessoas. O pacto demoníaco que fiz foi para salvar meu irmão. Eu queria protegê-lo.

– Sim, eu acredito. Foi tudo por amor ao seu irmão. Um amor tão grande e tão bonito. Um amor que eu diria até um pouco .. exagerado.

– O que está tentando insinuar, demônio? Eu amava meu irmão, sim. Faria qualquer coisa para protegê-lo. Eu aceitei vir para cá, sofrer todos esses tormentos, para protegê-lo.

– Sim, por conta desse amor tão puro! Mas me diga, Adam. Acredita mesmo que o amor que sentia por Sam era tão somente .. fraternal? Porque esconder de si mesmo o verdadeiro nome desse sentimento tão intenso: desejo.

– Bastardo maldito! Não vai conseguir sujar meus sentimentos por meu irmão.

– Adam, nunca ouviu falar que toda forma de amar vale a pena?

– Eu sei a verdade sobre meus sentimentos e sei que não havia nada de sujo ou de pervertido neles.

– Digamos que eu acredite. E quais eram os verdadeiros sentimentos de seu irmão por você? Você sabe?

– Mais joguinhos! Não vai me abalar com suas insinuações sórdidas.

– Palavras talvez não o abalem. Mas, e saber que o seu sacrifício foi inútil?

– O que está querendo dizer?

– Que você morreu mas isso não salvou Samuel. Ele está aqui, no Inferno, onde é o lugar de uma cria de Azazel.

– NÃO! É MENTIRA SUA. O SAM NÃO ESTÁ AQUI.

– Está. E você vai poder vê-lo com seus próprios olhos.

Adam percebe pela primeira vez uma porta no ambiente, que agora parece ser simplesmente uma sala com paredes, piso e teto imaculadamente brancos e intensamente iluminada por uma luz fria azulada. Crowley vai até a porta e a abre, dando passagem para que Sam entre. Sam está com o corpo suado e os cabelos desgrenhados, mas exibe a face serena e um sorriso inocente no rosto. Está complemente nu. Adam fica perturbado com o sorriso cada vez menos inocente que Sam dirige a ele.

– Vou deixá-lo a sós com seu querido irmão. Devem estar ansiosos para matar as saudades depois de tanto tempo.

Adam se assusta ao ver que Sam vai se mostrando cada vez mais excitado à medida que caminha em sua direção. A iluminação também vai mudando. De levemente azulada para um vermelho cada vez mais intenso.

– Senti muito a sua falta, irmão. Amo você. Você não imagina o quanto.

Adam recua até dar com as costas na parede. O íncubo que assumiu a forma de Sam sorri. Um sorriso de predador.


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Notas finais do capítulo

23.02.2012