Sete Vidas escrita por SWD


Capítulo 11
vida 2 capítulo 2




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DOIS DIAS ANTES

 

Luke acordou sobressaltado.

Embaraçado, percebeu que estava excitado. Isso só o fez se sentir mais confuso.

Que diabo de sonho era aquele? O normal é a pessoa começar a esquecer o sonho tão logo acorde. Mas a cena ainda estava muito vívida em sua mente. Parecia estar revivendo o sonho, mesmo depois de acordado.

Aquele homem no sonho. O homem tirava a roupa e vinha em sua direção. Sem pressa. Mais e mais perto. Intensos olhos verdes. Penetrantes. Podia sentir desejo nos olhos do homem. Sua boca. Tão perto. Fazendo contato. Suas mãos. Envolvendo seu corpo sem encontrar resistência. Aumentando o contato. E a sensação. Entrega. Total.

- Meu Deus. O que está acontecendo comigo? Não acredito que sonhei que fazia amor com um homem.

Olhou em torno. Suspirou aliviado ao ver que o filho não estava por perto, que não tinha escutado. Era ainda muito pequeno, mas preferia morrer a saber que o menino o escutara falar esse absurdo. 

Fechou os olhos. Viu novamente aqueles olhos. Aquela boca. Correu para o banheiro, abriu a água fria e entrou embaixo do chuveiro. Ficou lá até estar tremendo descontroladamente de frio.

- Dean.

Luke teve a estranha certeza que o homem se chamava Dean. Assim como tinha certeza de jamais ter visto aquele homem antes. Droga, era apenas um sonho. Não significava nada.

Nada.

 

O dia no escritório foi muito pouco produtivo. Tanta coisa urgente para fazer e ele simplesmente não conseguia se concentrar. O sonho voltava à sua mente. Aqueles olhos. Sentia o calor que emanava daqueles olhos. Se sentia febril. Voltou para casa mais cedo, mas não podia simplesmente desabar na cama como gostaria. Um filho pequeno exige muita atenção. Quando caiu na cama, já passava das 22:00.

 

Novamente ele sonha com o homem de olhos verdes. Como da outra vez, o homem tira a roupa, se aproxima e o abraça sem encontrar resistência. No sonho, não se surpreende quando o homem, olhos nos olhos, pronuncia sorrindo o seu nome. Lisa.

Luke acorda e sua mente se divide entre confusão e pânico. O quê seu subconsciente está tentando lhe dizer com aqueles sonhos. Que tem tendências homossexuais? Que Diana o abandonou porque não o achou homem o suficiente? Quando ele começava a acreditar que tinha se recuperado do golpe que recebera de Diana, surgem, sem nenhum motivo aparente, esses sonhos que estão solapando sua auto-estima, que vão novamente atirá-lo no fundo do poço.

Nos últimos meses evitara pensar em Diana. Sempre que a imagem de Diana vinha a sua mente, desviava para outra imagem qualquer. Mas agora se forçava a lembrar dos olhos verdes de Diana. Da boca de Diana. E viu, assustado, os olhos verdes de Diana se harmonizarem com os olhos verdes de Dean e o sorriso cafajeste de Dean se harmonizar com o sorriso sensual de Diana. Se misturando em uma mesma pessoa. 

 

- Mary, cancele todos os meus compromissos desta semana. Vou tirar uns dias para resolver problemas particulares.

- Mas, só hoje o senhor tem três reuniões agendadas e confirmadas com clientes, uma delas marcada com duas semanas de antecedência, e amanhã tem uma audiência importante no fórum.

- A Dra. Beth está a par de todos os assuntos e pode me substituir. Eu já falei com ela. Ela vai dar ciência aos clientes. Quem realmente fizer questão de tratar comigo, remarca para a próxima semana. Vim ao escritório somente para tomar algumas providências e daqui a duas horas sigo direto para o aeroporto.

- Posso perguntar para onde o senhor vai, Dr. Braeden?

- Portland, Oregon. Mas não conte pra ninguém. Vou manter o celular desligado. Não vou tratar de assuntos profissionais enquanto estiver fora e não quero ser incomodado.

- Vai levar o Ben?

- Mary, você está curiosa demais pro meu gosto. Mas, respondendo assim mesmo: NÃO. Eu já chamei a minha mãe para ficar com o Benjamin.

Luke se arrependeu de ter sido tão ríspido com Mary, mas sabia que ela extrapolava um pouco o que seria esperado de uma relação puramente profissional. Sabia da queda que ela tinha por ele, mas ele estava fechado para balanço. E mesmo que não estivesse, não era bom misturar amores com trabalho. Atribuía à convivência de dupla jornada tanto em casa quanto no escritório o desgaste de sua relação com Diana. Mas agora já não tinha mais certeza de nada.

 

Um dia antes do primeiro sonho, falara pela última vez com o irmão de Diana. Era raro passarem dois dias sem que Samuel ligasse e conversasse com o sobrinho via webcams. Conversar não era bem o termo, já que Ben mal tinha completado dois anos. Normalmente, estava com Ben no colo e podia ver o amor que Samuel tinha pelo sobrinho. E que fazia parecer ainda mais incompreensível que Diana tivesse simplesmente deixado o filho para trás. Que não ligasse para saber notícias do garoto.

As constantes ligações de Sam traziam de volta a mágoa que tinha de Diana e misturavam essa mágoa a uma raiva impotente. Prendiam Luke ao passado e impediam que seguisse em frente com sua vida.  

Naquela manhã, tão logo levantara, chamara um amigo hacker para que rastreasse a última ligação de Samuel. Descobrira que ele ligara de uma cidadezinha do Oregon. Se fosse necessário sair no braço com Samuel, sairia. Mas arrancaria dele a informação do paradeiro de Diana. Era o que devia ter feito há muito tempo. Descobrir toda a verdade, mesmo que a verdade machucasse.

 

Luke não queria admitir nem para si mesmo, mas, naquele momento, Diana era apenas a única referência que tinha para descobrir quem era o misterioso Dean. Tudo o que queria era ficar cara a cara com ele.

O que faria depois ele não fazia a mínima idéia.


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