Sete Vidas escrita por SWD


Capítulo 12
vida 2 capítulo 3




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Luke reservara um lugar no vôo de Los Angeles para Portland ainda de manhã, antes de sair casa para ir para o escritório. Com o número do voucher, pegaria o bilhete de embarque no guichê da companhia aérea.

Saiu do escritório às 15:07. O vôo estava marcado para às 18:00, mas pedem que o check-in seja feito com, pelo menos, uma hora de antecedência. Mesmo assim, tinha tempo de sobra.

Desceu e esperou. O táxi que chamara não tinha chegado.

Ligou para a empresa de táxi. A atendente não localizou o pedido, mas disse que havia um táxi da empresa nas proximidades e, que aguardasse, que, em no máximo cinco minutos, o táxi chegaria.

Dez minutos e nada do táxi. Voltou a ligar. A mesma atendente. Novamente não havia nenhum pedido registrado e ela também não lembrava da sua recente chamada. Desligou. Furioso.

Acenou na rua, mas nenhum táxi parava. Mesmo muitos não estando com passageiros.

Droga. Tem dias que parece que nada dá certo.

Lembrou que sua sócia Beth tinha dito que viera de carro. Implorou para que parasse o que estava fazendo e o levasse até o aeroporto. Não foi fácil, mas finalmente conseguiu convencê-la a levá-lo. Quando entrou no carro já eram 15:56.

O aeroporto ficava a 55 km do centro, sendo necessário pegar um trecho da interestadual. Menos de cinco minutos após entrarem na interestadual, o carro começou a apresentar superaquecimento. Foram obrigados a parar. Ainda estavam a cerca de 20 km do aeroporto e já eram 16:28.

Beth abre o capô, deixando escapar uma nuvem de vapor, e, em seguida, o porta-malas, para pegar o triângulo e fazer sinalização de alerta. Enquanto isso, Luke tenta chamar atenção de algum carro, para que parasse.

– Luke, o que está fazendo?

– Pedindo carona.

– Deixa de ser bobo. Relaxa e vamos esperar o reboque. Ninguém vai parar aqui.

– Quer apostar?

Luke tira a graveta e o paletó e os lança no banco traseiro do carro. Então se volta para a direção do fluxo de veículos, tira e lança a camisa sobre o ombro, respira fundo, inflando o peito, e faz o sinal tradicional, pedindo carona.

– Luke, não acredito que está fazendo isso? Você é um advogado respeitado. Não pode simplesmente ..

Um carro sinaliza e pára alguns metros à frente. O motorista, quase um garoto, olha por cima dos óculos escuros e encara Luke, sorridente. Era evidente que escolhera a dedo cada peça de roupa para causar impacto. O penteado era um caso a parte. Luke finge não notar nada estranho no modelito.

– Indo para onde, gato?

Luke usa seu melhor sorriso e o tom de voz que fazia mais sucesso com as mulheres no tribunal.

– Gostaria de poder dizer que 'pra onde você quiser me levar', mas preciso chegar rápido ao aeroporto. Preciso pegar o vôo das 18:00.

– E sua amiga?

– Ela vai precisar aguardar o reboque.

– Bom, estamos esperando o quê? Entra. Não está com pressa?

– Vou só pegar minha mala.

Beth olha para Luke se controlando para não pular no pescoço dele e esganá-lo.

– Não acredito que vai me deixar sozinha na estrada e pegar carona com um .. um .. um VIADINHO.

– Beth, o rapaz só está sendo solidário.

– Solidário? Só se agora mudou de nome.

– Sério, Beth. Desculpa. Fico te devendo e, quando voltar, juro que te recompenso de alguma forma. Faço o que você quiser. Mas preciso MESMO pegar aquele vôo.

Luke pega o paletó, a gravata, a mala e a bagagem de mão, beija Beth no rosto com intensidade e corre na direção do carro, deixando-a entre perplexa e furiosa.

– Enlouqueceu. Se alguém me contasse, eu nunca acreditaria. Luke Braeden, você me paga.

.

– E aí, tanta pressa para encontrar com quem?

– Minha ex.

– Já eu, quero mais é fugir dos meus.

– Acho que ela pensa o mesmo que você sobre ex’s.

– Essa mulher deve ser louca. Um homem como você não se encontra em qualquer lugar.

– Talvez deva procurar nas estradas.

Riram.

– Na verdade, não sei onde ela está. Mas vou forçar o irmão a me dizer.

– E quando encontrá-la, o que pretende fazer?

– Acho que vou me ajoelhar aos pés dela e implorar que volte para mim.

.

Ao chegar ao aeroporto, nem bem saltou do carro e agradeceu a carona, o celular de Luke toca.

– Mãe? Está tudo bem com a senhora e com o Benjamim?

– Filho, o Ben está com febre. Está chamando por você o tempo todo. Quer você junto dele.

Luke sente o coração apertar. Benjamim. Diana. Dean. Olha agoniado para todas as direções, como se a solução do problema estivesse em algum outro lugar daquele aeroporto. Finalmente, respira fundo e responde:

– Mãe. Você cuida disso. Confio que a senhora vai saber o que fazer. Diga a Ben que preciso ir, que estou fazendo isso por ele também. Que estou indo buscar a mãe dele.

Sem esperar a resposta, Luke desliga o celular. Sabia que se a mãe passasse o celular para o filho e ele pedisse, ia fraquejar. E Luke sabia que precisava seguir em frente.

.

Ao chegar ao guichê para pegar o bilhete de embarque, nova surpresa. A reserva havia sido cancelada. E o vôo estava lotado e com fila de espera.

Dez companhias ofereciam vôos diários para Portland, em nove horários diferentes. Inacreditavelmente, todos estavam lotados. Nenhum lugar nos próximos dois dias.

Após uma discussão inútil com a atendente, Luke corre para o portão de embarque e oferece US$ 1000 mais o valor da passagem para quem aceitasse vender um lugar no vôo para ele e embarcar dois dias depois. Já estava perdendo a esperança, quando aparece finalmente alguém que não despachara a bagagem e que aceita trocar a passagem.

De volta ao guichê, com o vôo chamando o retardatário pelo auto-falante, Luke chega ao controle da bagagem de mão por raio-X. O raio-X acusa a presença de um revólver automático na bagagem de mão de Luke.

Luke é imediatamente agarrado pela segurança e retirado do local. Estava detido para averiguações. Duas horas depois é liberado, principalmente graças ao prestígio do escritório de advocacia em que trabalhava.

.

– Não vou desistir. NÃO VOU DESISTIR.

Parecia que alguém estava armando para que não embarcasse. Mas, agora mesmo é que não desistiria. Um táxi-aéreo. Era uma extravagância, mas uma extravagância que, felizmente, podia pagar.

Mas isso também não seria tão fácil. Luke é alertado que estava se formando uma tempestade na fronteira da Califórnia com o Oregon e que as condições não estavam boas para um vôo direto. Seria necessário dar uma grande volta para contornar a tempestade. Ainda assim, seria perigoso. Um a um, os pilotos vão recusando.

Luke insiste, aceita pagar acima da tabela, e, finalmente, encontra um piloto que aceita transportá-lo.


Com quarenta minutos de vôo, o turbo-hélice começa a sentir a forte turbulência e a visibilidade é quase nenhuma. Luke se sente jogado de um lado para outro, além das freqüentes perdas de sustentação da aeronave, dando uma terrível sensação de insegurança. Parecia que o avião ia cair a qualquer momento.

– Sabe pilotar um avião como este, Sr. Braeden?

– Até gostaria, mas não. Sou advogado. Na verdade, nunca me passou pela cabeça pilotar um avião. Nem como hobby.

– É uma pena. A gente nunca sabe quando um conhecimento como esse pode ser útil um dia.

– Espero realmente que esse dia não seja hoje.

– É um homem muito determinado, Sr. Braeden.

– Sou mesmo.

– Não imaginava que tanto. Creio que subestimei você, LISA.

– Luke.

– Sim, desculpe. LUKE. Sabe, LUKE, acho que você devia dar mais atenção aos sinais.

– Sinais?

– Sinais divinos. São aquelas situações que parecem nos avisar a NÃO FAZER ALGUMA COISA. Como um táxi que não vêm, um carro que dá defeito, um filho que adoece, uma reserva de vôo que é cancelada, a ..

– Espera, como sabe disso tudo? Quem é você?

– Mr. Fox. Prazer.

– O que pretende, Mr. Fox? O que é esse joguinho?

– É realmente um joguinho, Lisa. Um joguinho para o qual você não foi convidada. Sinto muito. Não posso deixar que encontre o Dean. Estragaria tudo.

.

O Trickster desaparece no ar, deixando Luke sozinho no pequeno avião ao sabor da tempestade.

.

E o avião começa a perder rapidamente altitude.


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