Guilty Love escrita por nicky_swan


Capítulo 14
Capítulo XIV


Notas iniciais do capítulo

Bom, primeiramente: Feliz Natal Leitores! *--*

Pois é, dei uma pequena atrasadinha, mas cheguei! *ae*

Então, sem mais delongas, vamos direto ao capítulo 14!

Enjoy it & conversamos lá embaixo! ♥



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“O que diabos aconteceu aqui?”

Minha mente estava a mil, me bombardeando com várias lembranças, de momentos distintos: o acidente, a mão queimada, o quarto, o zíper. A menina saudita. Por mais que eu nunca tivesse visto o rosto dela antes, eu tinha certeza que era ela. Algo em sua feição me fazia sentir que eu já a conhecia - talvez seus olhos a entregassem -, mas algo estava diferente. Eu não sei exatamente o que, mas algo nela me soava estranho, como se ela fosse uma outra pessoa.

- Tom... - notei que Brenda estendeu a mão para me tocar, mas algo a conteve. Talvez a expressão perdida que eu carregava no rosto. Balancei a cabeça, dissipando meus pensamentos e virei pra olhá-la.

Somebody call 911... (?)

“WHAT THE HELL!”

- Ai meu Deus, meu celular! - gritou Brenda, apoiando sua bolsa no balcão. A revirava, procurando desesperadamente pelo seu aparelho que tocava alto a música, chamando atenção de todos em volta. Não pude me conter e comecei a rir loucamente. Que droga! Essa mulher...

- Por que você está rindo?.. - ela parou um pouco sua busca e me olhou, corada.

- Por Deus, Brenda! Sean Kingston? - ri mais alto ainda, fazendo com que seu rosto adquirisse um tom mais vermelho ainda.

- Qual o problema? No Brasil muitas pessoas escutam! - ela apressou-se em explicar, tirando tudo de dentro da bolsa - Tu não pensou que fosse tocar Monsoon, né? - disse indignada, revirando os olhos, enquanto a música ia se aproximando do refrão. Ela tirou o mundo de dentro daquela bolsa! É sério! Tinha vários batons, absorventes (sim!), preservativos (opa!) e dentre tantas outras coisas bizarras. Mas não pude deixar de notar algo, que assim que ela retirou, prendeu minha atenção.

- Espera ai Brenda, isso ai na sua carteira é uma foto minha...E DORMINDO? - foi o bastante. Ela simplesmente arremessou o vestido na minha cara e saiu correndo para fora da loja, levando a bolsa e todas as outras tralhas, ainda na caça do aparelho.

Não adiantou! Por mais que ela revirasse aquela bolsa enorme, ainda conseguia ouvir aquela musica tocando em algum lugar.

“Pessoa insistente! Se fosse eu, já teria desistido de ligar.” - pensei, sem prestar atenção no que acontecia ao meu redor.

Senti uma energia estranha vinda em minha direção. Sabe aquela sensação de que tem alguém te observando? Ao me virar, a vendedora me fitava apreensiva, parecia levemente irritada. Quando dei por mim, o vestido de sei lá quantos euros estava estraçalhado no meu ombro, resultado do surto de Brenda.

“AAAH! O que essa mulher fez?!”

- Mil perdões senhora... - disse, me desculpando, sentindo-me envergonhado por alguns instantes. - Não precisa se preocupar, eu vou pagar por ele. - tentei melhorar a situação. Isso nunca tinha acontecido comigo e eu não sabia como reagir.

- Ah, err... - disfarçou, colocando um sorriso forçado no rosto – Seria melhor a sua namorada provar primeiro, não?

- Ah, ela não é minha...

E, como num piscar de olhos, ela ressurgiu. A senhora que gritara quando entrei na loja com Brenda e a garota que a acompanhava estavam vindo para o lado da loja em que nos encontrávamos, carregando várias vestimentas. A menina já vestia seu niqab e, vendo-a daquela maneira, apenas seus olhos se destacando, eu tive mais certeza ainda de que ela era a garota que eu tinha encontrado antes.

A vendedora olhou pra mim, pedindo licença e eu assenti, observando ela ir falar com as duas mulheres.

Fiquei perdido, por um momento, sem saber o que fazer ali dentro sem Brenda. Sair também não era uma opção, já que, provavelmente, ela pensaria que eu estava tentando me livrar do - caríssimo - vestido estragado. Me direcionei até o lado esquerdo da loja, onde ficavam as roupas masculinas e comecei a checar algumas peças. A maioria me lembrava meu irmão, já tudo aquilo era muito a cara dele.

Você não gostou daquele? - ouvi a vendedora perguntar para a garota saudita. Não pude conter minha curiosidade e olhei de canto, vendo quando ela negou com a cabeça. Algo não me deixava desviar o olhar daquela garota e eu não sabia explicar o que me fazia sentir assim.

Ela quer algo... - hesitou a acompanhante. - hm...como vocês aqui dizem...mais para jovens. Algo mais, colorido. - afirmou. Refleti sobre as palavras dela por um momento.

“Colorido?”

Sauditas podem usar roupas de outras cores, além do preto? Bom, se a própria sugeriu, deve haver sim alguma permissão.

Comecei então a analisar – disfarçadamente é claro – cada peça árabe em cada um daqueles cabides. Peças brancas, rosas claros, azul celeste, vários tipos... e, inconscientemente eu a imaginava vestindo cada um, vendo os que combinavam com ela ou nem tanto.

A jovem andava pela loja, seguindo as outras duas mulheres, que pegavam os cabides e a entregavam, para que ela pudesse escolher os que mais lhe agradassem. Eu olhava disfarçadamente de longe e podia jurar que suas mãos estavam trêmulas. Ela parecia estar incomodada, querendo evitar algo. Será que a minha presença a está deixando desconfortável?

Ah, talvez tenhamos alguma coisa, deste lado... – a vendedora comentou, trazendo as moças para o lado da loja onde eu estava, permitindo que eu confirmasse minhas suspeitas: a todo momento a garota andava encarando o chão, como se estivesse evitando olhar para algo.

Agora que estava vindo para o mesmo lado que eu, ela encolhia os ombros como que se protegendo de algo. Ela não se atrevia a olhar nada ao seu redor, focando-se apenas nas peças que lhe eram mostradas, nunca olhando para os lados ou em qualquer direção que fosse.

O que acha desse? - disse a vendedora, segurando um 'pedaço de pano cinza' (é! Para mim, aquilo não passava de um pedaço de pano. Parecia aqueles panos de chão que você limpa, depois torce e vira naquele troço). Olhei novamente para a jovem, pelo canto do olho, aguardando pra ver qual seria sua reação perante o 'paninho' e o mesmo gesto foi repetido por ela: um simples 'sacudir' de cabeça, da esquerda para a direita, negando a peça.

Arima! - disse a acompanhante, incrédula, resmungando mais algumas coisas que não consegui entender.

Não tem problema, senhora, deve ter algo por aqui.

As duas mulheres mais velhas conversaram alto, discutindo sobre as roupas que tinha na loja mas, mesmo assim, a voz de Brenda podia ser ouvida se sobressaindo. Eu podia escutá-la cada vez mais alto. Olhei para fora por um momento e ela estava nervosa, gesticulando com as mãos como uma italiana, repetindo várias vezes “No, No!”. Olhei do vestido amassado em minhas mãos para ela e neguei com a cabeça, ainda não crendo no surto que ela tivera.

“Eu ainda não acredito que ela fez isso. Essa maluca!” - pensei, sorrindo.

Me desliguei um pouco da voz irritada de Brenda ao que olhei novamente para as mulheres na loja e meu olhar se encontrou com o da jovem. Ela me observava distraidamente, como se não me visse realmente. Na verdade, ela parecia perdida em pensamentos e apenas estando seus olhos parados sobre mim. Ao que ela pareceu “voltar à realidade” nossos olhares se cruzaram, ficando conectados por uma fração de segundo, até ela desviar, se mostrando mais desconcertada do que antes.

Sem que eu pudesse ter tempo para pensar nisso ou em ter alguma reação, Brenda voltou para o interior da loja, retirando o vestido da minha mão e me abraçando apertado, como se pedisse colo. Ela estava visivelmente incomodada com algo. 

Ai Tom, existe cada pessoa incompetente nesse mundo! – ela choramingava para mim, enquanto eu a abraçava de volta, afagando suas costas. Era uma situação estranha, pois estávamos dentro de uma loja, mas eu não podia fazer nada, se ela estava mal, eu meio que entendia sua situação. No mundo da música também nos deparávamos com pessoas desse tipo e nunca era algo muito agradável de se lidar.

Eu entendo você, Brenda, mas as coisas vão melhorar, você vai ver. – tentei confortá-la, mesmo sem saber ao certo do que se tratava. Só agora percebi que a jovem nos observava. Eu não tinha certeza disso, mas era como se eu sentisse o olhar dela atravessando a Brenda e chegando até mim. Não entendi direito o que isso significava, se ela estava assustada com o modo a garota voltara, se jogando em meus braços ou se era qualquer outra coisa.

  

Enquanto me mantinha abraçado à Brenda, observei o reflexo da outra garota pela vitrine, sem que sua mãe notasse. Diferente dela, a garota sustentou meu olhar por alguns instantes, até que desviou, falando algo para sua mãe em outra língua e logo as duas terminavam sua compra, saindo da loja e deixando a atendente livre para nós.


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Notas finais do capítulo

Para quem quiser saber como era o toque do celular da Brenda, acesse! xD > http://www.youtube.com/watch?v=m2t8zppp39I #euri

E lembre-se! Esse capítulo também encontra-se disponível no blog "Guilty Love"! > http://www.thfanfiction-guiltylove.blogspot.com/ ♥