Utopia escrita por dastysama


Capítulo 3
Capítulo 3 - O Sol Poente


Notas iniciais do capítulo

Espero que vocês gostem do brasão que eu fiz aí em baixo, deu um trabalho do caramba HASUUHSAUHUSAHU



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Quando o carro estava se aproximando de Aach, Bill Kaulitz abaixou o vidro da janela e colocou um pouco da sua cabeça para fora, sentiu uma baforada de brisa sem quase nenhuma poluição lhe atingir a fronte. Isso era muito bom. Principalmente quando percebeu que havia muitas colinas e um Sol ao longe brilhando entre os pinheiros que se estendiam pela maior parte da região.

O céu estava coberto por algumas nuvens, mas nada que impedisse de ver o quão lindo o dia estava apesar do frio cortante. Ele voltou a olhar para dentro do carro, Tom dormia esparramado em um dos bancos, roncando em sono profundo. Georg o acompanhava, deitado ao seu lado, mas este estava quieto, dormindo pacificamente como se nada pudesse acordá-lo.

Gustav continuava em seu banco, também olhando a paisagem, meio inquieto como se algo o estivesse perturbando. Ele não dormira a viagem toda, mesmo Bill havia dando algumas cochiladas. Devia ser só a ansiedade, fazia tempo que ele não via seus familiares e também havias as expectativas deles não serem descobertos.

– Está tudo bem, Gustav? – perguntou Bill, como ele não respondeu, pegou um papel amassado de McDonald’s que haviam comprado durante a viagem e atingiu a cabeça do amigo que pulou em sobressalto – Está tudo bem? Você está tão quieto!

– Ah, sim – disse ele dando um sorriso meio-boca – Só estava pensando aqui comigo mesmo. Faz tanto tempo que não vejo meus parentes, nem tive tempo de procurá-los e agora eles nos acolhem como se eu não tivesse feito nada.

– Gustav, o amor é assim, não precisa ser recíproco, mas o suficiente – disse Bill tentando relembrar de onde tirara isso, devia ser de algum filme, mas essas frases sempre eram boas de decorar para usá-las em momentos como esse – Não se preocupe, tudo vai ficar bem! Já me sinto ótimo só de estar em um lugar tão lindo como esse!

Bill fechou um pouco mais o vidro da janela e encostou a cabeça no banco sorrindo ao ver que não tinha arrependimento nenhum por estar aqui. Ainda mais quando viu aquele rio brilhando ao longe, em tons prateados que quase o cegava de tanto brilho. Já sentia a inspiração fluindo em suas veias, tomando seu coração e fazendo os tendões de seus dedos estalarem, procurando por uma caneta, um lápis, qualquer coisa que escrevesse. Mas se segurou, ainda não era o momento certo.

O carro foi descendo pela estrada e ao longe se podiam ver várias casas parecendo com os de bonecas, algumas antigas outras já mostrando padrões mais modernos, não havia nenhuma casa pobre, todas pareciam estar em perfeito estado. Era como visitar um parque infantil, dava para ver até um coreto grande no meio de uma praça. Todo o cenário parecia dar um contraste perfeito com que Bill procurava, tudo parecia estar a favor de boas músicas.

É claro que a Peugeot preta alugada, com vidro esfumaçado logo chamou atenção das poucas pessoas que estavam pela cidade, todas pararam para dar um olhada quem eram os novos visitantes. Bill não estava a fim de ficar ali, tenso, enquanto Gustav estava pensativo novamente e Tom e Georg dormiam, então tratou de acordá-los.

– Acordem, Belas Adormecidas! Já chegamos! – disse ele chacoalhando os dois que acordaram assustados.

– O que foi, porra? – perguntou Tom olhando tonto para todos os lados.

– Já chegamos à cidade. E estamos chamando certa atenção, vir nesse carro não foi uma boa idéia.

– Foda-se – disse Tom voltando a se aninhar no banco – Não vejo à hora de sair desse carro, me sinto como uma sardinha enlatada. Me acorde quando chegarmos à casa certa, não na esquina.

– Nossa esse lugar é legal – disse Georg coçando os olhos e dando uma boa olhada pela janela – E tem casas enormes! Imagine a nossa como deve ser!

– Minha prima disse que conseguiu a maior casa da cidade para nós – disse Gustav parecendo mais acordado do que antes.

– E onde está a casa, afinal? – perguntou Tom também parecendo mais acordado e tentando ver algo na janela que chamasse a sua atenção.

– Oh Gott! – exclamou Bill olhando ao longe – Não pode ser aquilo!

Todos olharam para a direção que Bill olhava. Havia uma colina e bem em cima dela uma mansão gigantesca e antiga, parecia mais uma daquelas estalagens repletas de quartos do que uma moradia para apenas quatro caras. Conforme o carro se aproximava, podiam ver como a mansão parecia aumentar de tamanho cada vez mais, o assustando com a grandiosidade do local. A casa era pitoresca em enxaimel, com uma fachada ricamente decorada, com telhados pontiagudos e janelas grandes, em cores que variavam de bege, branco e marrom.

– Isso é imenso demais! – disse Bill abrindo a porta e indo logo para fora, dando uma olhada no local, tentando absorver o máximo de detalhes possíveis.

Tom, Gustav e Georg saíram logo em seguida também pasmados, sem saber o que fazer, se ajudavam o motorista a pegar as malas e as levavam para dentro ou ficavam um tempo ali, apenas observando. Mas antes que alguém tivesse alguma reação além de ficarem ali parados, um vulto passou correndo por eles e se jogou em cima de Gustav que quase caiu para trás.

– Gustav! Gustav! Gustav! – gritava o vulto que envolvia o pescoço de Gustav sem soltá-lo em nenhum momento – Não acredito! Você está aqui! Você está! Gott! Como você cresceu, triplicou de tamanho! Está tão diferente da última vez!

– Biene! – disse Gustav finalmente quando ela o soltou – Uou! Foi você que mudou bastante, não é mais aquela garota magrela e sardenta!

– Seu sem-graça – ela disse com lágrimas banhando os olhos azuis – Você não tem idéia de como senti sua falta, como você pode se esquecer de mim tão facilmente?

– Não é verdade! Eu sempre me lembro de você... é que... foi tanta confusão, eram tantas coisas a fazer que não sobrava tempo nem para mim mesmo...

– Tudo bem – disse ela sorrindo – O que importa é que você está aqui!

Biene era uma garota bastante magra, com uma pele branca e rosada em certas partes onde o vento gélido atingia, os cabelos eram de um loiro branco liso que se encaracolavam ao longo do percurso. Seus olhos eram de um azul tão límpido sobre suas bochechas salpicadas de pequenas sardas, lhe dando um ar brincalhão.

– Nem vai nos apresentar, Gustav? – perguntou Tom marotamente, analisando a garota de cima a baixo.

– Ela é minha prima – disse Gustav sem-graça por causa das boas-vindas que Biene havia dado – Sabine Grünewald. Esses sãos meus amigos, Tom Kaulitz, Georg Listing e Bill Kaulitz.

– Podem me chamar de Biene – disse ela sorrindo para eles.

Ela se lembrava de cada um, afinal os três estavam em todos os lugares, principalmente na vida de seu primo. Toda a notícia que procurava sobre ele, sempre os achava no meio. Não sabia ao certo o que pensar dos tais Tokio Hotel, mas se seu primo gostava deles, ela iria fazer o mesmo não importando o que.

– Se quiserem, vou mostrar a casa para vocês! Conheço bastante dela e acho que vocês vão gostar – disse ela já marchando para dentro da casa, tirando as chaves do bolso que tilintaram conforme ela se movimentava até a varanda.

– Essa casa é enorme! – disse Bill se aproximando da varanda e olhando para todos os lados – Parece que veio até de algum filme antigo.

– Ela é incrível mesmo – disse Biene abrindo a porta – É do século XIX, pertencia a um Duque da família Baumgärtner, ainda estou procurando por mais informações sobre esse local e quem eram dessa família. Vou ter que olhar na biblioteca local, nos livros mais velhos já que os novos não especificam nada sobre o passado da cidade.

– Uou, estamos em um filme de terror – disse Tom rindo – Vamos visitar uma casa mal assombrada.

– Todo lugar é mal assombrado se pensar bem, afinal morre pessoas todos os dias em diversas partes do planeta.

A porta abriu facilmente, nada de rangidos assustadores como todos esperavam. Na verdade a casa estava em ótimo estado, havia um Hall enorme circular, com piso feito com assoalho um pouco empoeirado, mas nada que uma boa limpeza não mude isso. Tinha uma enorme escada que levava a um segundo andar que parecia ser maior ainda. Tudo era em branco e podiam-se ver os detalhes pitorescos pelo teto, formando desenhos de rosas e folhas entrelaçadas.

– Olhem aquele símbolo – disse Biene apontando para algo bem no meio do teto. Era uma espécie de brasão, com duas cordas se entrelaçando e podia-se ver um sol ao longe e um B em relevo – É o brasão da família. Não entendo muito bem ainda o significado, mas o Sol poente tem alguma relação com a cidade, já que o Sol se põe bem atrás dessa casa e se vocês olharem pelas janelas ao fundo, verão isso de perto.

– Estou me sentindo em casa, então – disse Bill olhando para o teto – B de Bill, isso não é fantástico?

– Vocês não viram o resto da casa! – disse Biene finalmente tirando os olhos do brasão e fazendo sinal para eles a seguirem – Quero ver como que vocês vão fazer para escolher seus quartos!

Bill ficou um tempo olhando para o brasão, enquanto os outros três seguiam Biene. Era tudo tão estranhamente perfeito, era como se ele estivesse em uma realidade totalmente diferente da que vivia. Como se de repente ele estivesse em um século diferente, queria tanto algo futurístico para o seu CD e acabou vindo para um lugar antigo, era tudo tão irônico. Respirou fundo e começou a subir as escadas junto com os outros. Estava na hora de recomeçar.


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