\t\t  Era véspera de Natal e, como eu supus que estaria, estava nevando.

\t\t  – Vamos dar uma volta lá fora? – propus na mesa do café-da-manhã.

\t\t  – Mas está frio – reclamou Rony.

\t\t  – E daí? – perguntou Gina. – Vai dizer que agora, além de ter medo de aranhas, tem medo de frio?

\t\t  Harry, Gina e eu começamos a rir, enquanto Rony tentava contradizer a irmã:

\t\t  – Se chama aracnofobia. E não, eu não tenho medo de frio. Harry, me ajuda – ele suplicou.

\t\t  – Desculpa, Rony – disse Harry, entre risos. – A irmã é sua.

\t\t  – Amigo da onça – ele voltou a comer, emburrado.

\t\t  – Ah, irmãozinho – disse Gina, depois de controlar o riso. – Era só brincadeira.

\t\t  – É, Rony – eu disse. – Cadê o seu senso de humor?

\t\t  – Eu tenho senso de humor! (N/A: Uhun, senta lá, Cláudia) – nós três abafamos risinhos e ele continuou. – O.K., vamos andar na neve.

\t\t  – Mesmo com o frio, Roniquinho? – perguntou Gina, levantando uma sobrancelha.

\t\t  – Não me chama assim, Ginevra.

\t\t  Foi a vez de Gina ganhar uma expressão irritada.

\t\t  – Tudo bem, gente – interferi. – Não é só porque vocês são irmãos, que precisam brigar.

\t\t  – É, a Hermione está certa – disse Harry. – Como sempre. Mas, enfim, vamos? – ele se levantou.

\t\t  Fomos para os jardins e começamos uma guerra de bolas de neve. Harry e Gina contra Rony e eu. Nós ganhamos e todos nos sentamos embaixo de uma árvore. Ficamos ali, conversando, até a hora do almoço. Fomos, novamente, para o Salão Principal e, enquanto almoçávamos, Gina sussurrou em meu ouvido:

\t\t  – Preciso falar com você quando acabarmos de almoçar.

– Tudo bem – sussurrei em resposta.

Rony e Harry se entreolharam, mas deixaram para lá. Depois de um tempo, Gina me cutucou e indicou a porta com a cabeça.

– Depois a gente se vê, meninos – ela disse para Harry e Rony.

Eles murmuraram alguma coisa e nós nos levantamos e deixamos o salão.

– Para onde vamos? – perguntei.

– Para a Torre de Astronomia – eu a olhei, confusa, e ela completou. – Precisamos de um lugar reservado.

Chegamos à Torre. Gina pegou a varinha, trancou a porta com um feitiço e fez outro para que, quem estivesse do lado de fora, não pudesse ouvir nada.

– É o seguinte, Hermione – ela começou. – Acho que o Harry está começando a desconfiar de alguma coisa.

– Como assim? – perguntei.

– Ele falou para mim que você estava estranha, recebendo cartas que ninguém sabe o remetente...

– O que você disse?

– Ah, eu desviei o assunto, disse que era impressão dele e tal.

– E ele acreditou?

– Não exatamente. Ele simplesmente deixou para lá.

– Mais um para eu me preocupar...

– Deixa que eu cuido do Harry – ela afirmou. – Pelo menos por enquanto.

– Tudo bem. Obrigada, Gina.

– Nada – ela sorriu. – Vem, vamos para a Torre, antes que o Harry desconfie de mais alguma coisa.

Fomos para o Salão Comunal da Grifinória e nos juntamos aos meninos nas poltronas em frente à lareira.

– Já pararam para pensar que amanhã é Natal? – perguntei.

– Já – respondeu Harry. – Só não vai ser o mesmo de sempre porque combinamos que não trocaríamos presentes esse ano.

– É verdade, mas ainda assim vai ser bom. Afinal, estaremos juntos como sempre.

Isso pode ter soado meloso, mas é a mais pura verdade. Fiquei no Salão Comunal conversando por um bom tempo. Quando fomos nos deitar, eu só conseguia pensar em uma coisa: a carta que eu não recebera de Draco. O que será que tinha acontecido? Ele estava me mandando uma carta por dia desde que tinha ido para casa. Por que hoje tinha sido diferente?