Pouco antes das oito já estavam todos acordados e ao redor da mesa. Acordados não seria bem o termo, já que Gustav e muitas das meninas estavam exaustos pela má noite de sono, preocupados com Bill. Bella optou por arrumar a mesa do café da manha sozinha, dizendo a Gustav que ele devia estar muito cansado e que poderia acabar se machucando sem querer. Quando ela terminou de arrumar tudo começou a arrumar a cozinha, mas ao perceber que ninguém comia perdeu a paciência. – Gente, vamos lá, reajam. – ela falou. – Vocês estão com cara de quem saíram do velório. A Yaa já disse que o Bill esta bem. – Não é fácil pra nos ficarmos sem noticias Bella. – falou And. – Além do mais não sabemos como ele passou a noite. – Só que ficar assim é pior, não vai adiantar e nem ajudar nada ficarem sem comer. – argumentou ela. – E se tivesse acontecido algo com ele a noite acham mesmo que o Tom não teria movido céus e terras pra tirá-lo daqui. And sabia que Bella estava certa e por isso não argumentou contra, e nem teve tempo por que logo Bill, Dany e Tom apareceram na área do café da manha. – Nossa, que caras de velório são essas? – brincou Tom ao entrar no campo de visão de todos. – Oh! Bill... – gritou Tita e correu pro moreno. – Que bom que você está bem Bill. – falou Gustav obviamente aliviado. – Tivemos tanto medo de ter acontecido algo muito grave. – disse Vick. – E olha que eu e a Yaa juramos de pés juntos que tava tudo bem. – completou Georg. Bill olhou um pouco espantado para todos na área, já que fora Georg, Bella e Yaa os outros pareciam que tinham passado uma péssima noite. Foram Nathyii, Tita e Andy que o guiaram até a mesa, enquanto Tom e Dany apenas observavam. – Sente-se logo Bill, não deve se cansar muito em pé. – disse Nathyii. – Isso mesmo. – falou Andy. – Deve estar com fome, não é mesmo? – Sim, mas... – respondeu o jovem cantor, que nada pode fazer diante os cuidados das garotas. Tom e Dany que ainda estavam em pé observando a cena não entendiam em que momento perderam Bill para o grupo preocupado de meninas, mas ignorando o fato Tom sorriu e brincou, sem esperar algum resultado. – Ei, eu me machuquei e não recebi o mesmo tratamento. – brincou ele, fingindo um bico. – Oras, não seja por isso Tom... – falou Gii levantando-se e indo até ele. – Vai ter o mesmo tratamento do Bill. – disse ela, e quando o sentou, inclinou-se o suficiente pra ficar na altura de seu rosto. – E ainda se for bonzinho vai ter uma surpresinha essa noite. – foi o que sussurrou para apenas ele ouvir. Definitivamente eles estavam recebendo um tratamento de reis. E não só Tom e Bill, como até Gustav e Georg entraram na brincadeira. – Acho que vou me acidentar mais vezes. – brincou Bill, que em seguida expressou. – Ai! O que, que te deu Tom? – falou o mais novo depois de levar um leve murro no braço. – Isso é pra você parar de falar besteiras Bill. – respondeu o mais velho rindo. – Até parece que você também não esta aproveitando o tratamento. – disse Bill ainda massageando o braço, mas humorado o suficiente para todos rirem com seu ultimo comentário. Esse tinha sido um dia divertido, mas cansativo pensava Bill sentado perto das redes na área flutuante. Ele estava bem melhor, mas as meninas insistiram de que ele não deveria se esforçar muito, e por isso todas elas faziam de tudo para ele, inclusive Gustav que ainda se sentia meio responsável, principalmente depois da ameaça de Tita, quando ela disse que se algo acontecesse com o “seu” Bill ela o jogaria no poço de sua casa. Agora passava pouco mais da meia noite e ele estava ali, sem o menor sono. Estava distraído com o balançar das águas da represa quando ouviu alguém caminhar até a piscina. Olhou em direção a piscina, porém apesar de ser noite de lua cheia não conseguiu distinguir quem era, e por achar muito estranho decidiu se aproximar para ver quem era talvez uma das meninas fosse sonâmbula. Começou a caminhar até onde vira a menina, mas logo passou a correr quando viu que a intenção desta era de mergulhar na fria água. – Ei! – gritou, porém tarde demais já que a garota já havia pulado no que parecia ser a parte mais funda. Ao chegar à borda da piscina mal conseguia distinguir a silhueta da garota no fundo da piscina, e segundos após seu mergulho ela emergiu, então Bill pode ver que se tratava de Bella. – Bill, o que faz aqui há essa hora? – perguntou ela depois de um leve espanto. – Eu estava perto das redes, então vi você vindo para cá, e fiquei imaginado se não era sonâmbula. – respondeu ele se abaixando, para ficar mais perto dela. – Alias, pensei que não gostasse de nadar. – Eu gosto, só que não de dia. – sorriu ela. – Eu sou uma garota de vida noturna. – Anh. Tudo bem, mas como consegue ficar nessa água? Ela deve estar muito fria? – falou ele tremendo só de pensar. – Que nada, ela esta ótima, piscina tem controle de temperatura. – respondeu Bella. – Alias, por que você não entra. Bill encarou Bella por um tempo antes de resolver entrar. Estava ali mesmo sem nada pra fazer, um mergulho então seria uma boa ideia. – Realmente a água ta ótima. – falou ele dando um mergulho e voltando a superfície. – Eu disse. – falou ela. – Mas então, o que esta fazendo aqui? Eu jurava que você não chegaria mais perto de uma piscina pelo menos por um tempo. – Já disse, eu estava perto das redes quando vi você vindo para cá, e sei lá, resolvi ver quem era. – ele respondeu e vendo que continuava sob o olhar curioso da garota completou. – Digamos também que perdi o sono. – Entendo. Não era pra menos, até eu perderia o sono depois de dormir quase uma tarde e uma noite toda. – disse ela fechando os olhos e encostando-se a borda da piscina. – Vamos esquecer isso então. – falou ele tremendo só de imaginar que tinha ficado tanto tempo dormindo. – Hmmm, desde quando é fã do Tokio Hotel? – TcsTsc. Não vamos falar sobre isso, não, vamos fazer um trato. – sugeriu ela olhando pra ele. – Vamos fingir nós não nos conhecemos, somos apenas duas pessoas que se encontraram casualmente. Que tal? – Fingirmos que somos duas pessoas estranhas em uma situação mais estranha ainda? – falou ele e quando ela confirmou com a cabeça Bill sorriu. – Tudo bem. Eu começo. – Okay. – Bem, primeiro nos cumprimentamos. – disse ele estendendo sua mão. – Prazer, meu nome é Bill Kaulitz. – Não precisa exagerar. – disse ela rindo. – Hummm, temos que fazer as coisas direito. – disse ele ainda com a mão estendida, e quando ela resolveu aceitar o cumprimento ele continuou. – Como eu disse, meu nome é Bill, sou natural aqui da Alemanha, tenho vinte anos, um irmão gêmeo, apesar de ninguém acreditar quando digo isso, tenho um cachorro chamado Scooty que amo muito, gosto de preto, sou alérgico a maça, adoro ser excêntrico, notasse pela minha aparência, adoro minhas mãos, espero a garota perfeita e junto com meu irmão e mais dois amigos tenho uma banda chamada Tokio Hotel, que por sinal é o motivo de eu estar aqui. Você conhece? – Hmmm, acho que já ou vi falar sim. – falou Bella fingindo esquecimento. – Acho que já os ouvi em algum lugar. E é, o som é bonzinho. – Bonzinho? – repetiu ele, e depois fingiu estar magoado. – Nossa, eu esperava tudo, menos “bonzinho”. – Um som maravilhoso, ta satisfeito? – refez ela, rindo da cara dele. – Agora sim. – disse ele sorrindo. – Agora sua vez. – Okay. – ela respirou fundo antes de começar. – Meu nome é Bella Silva, tenho dezoito anos, sou brasileira, tenho um irmão lá de dezesseis, meu gato inhonho ficou com ele no Brasil, amo preto, moro com uma amiga, a Natally, adoro o preto e também ser excêntrica, ou do contra mesmo, tenho sociedade com uma amiga em um estúdio de fotografia, e faço faculdade de psicologia. Ah, e sou viciada em chocolate. E estudo artes místicas. – Uau, que vida enh. – disse ele com um suspiro. – Deve ter sido uma mudança e tanto pra você que morava em um país quente quanto o Brasil e depois veio parar na Alemanha, que é bem fria. – Que nada, adoro o clima frio daqui. – Mas como aconteceu de você vir morar aqui? – perguntou ele curioso, enquanto se encostava a beira da piscina também. – Bem, há cinco anos minha prima Leide se mudou pra Irlanda, e sempre convidou a mim e minha prima Alana a morarmos com ela, só que não pudemos por causa da escola, então a mais ou menos três anos meus pais se separam e nossa, minha convivência com eles ficou insuportável. – falou ela parando pra respirar um pouco. – Eu não gosto muito do meu pai, e eu e minha mãe não conseguimos passar mais que dois dias sem brigar, então assim que terminei a escola no fim do ano passado me mudei com minha prima pra Irlanda, fiquei dois três meses lá e depois de muito conversar com a Naty aceitei a sociedade que ela me propôs e vim para Alemanha, e um mês depois comecei a faculdade. Não tive dificuldades por já a seis meses que eu estudava alemão por causa de uma banda que eu conheci então foi fácil de me adaptar. – Nossa, não sei bem dizer que fico feliz por estar feliz ou triste por você e seus pais. – comentou ele olhando pra água. – Oh, sem problemas, eu e minha mãe estamos nos dando muito melhor agora por telefone, e ate converso com meu pai, alem de que estou super feliz aqui. – disse ela mergulhando e emergindo um pouco mais para o meio da piscina. Bill ficou olhando aquela garota. Uma historia bem diferente a dela, mas de certa forma ela era parecida com ele, pelo menos no quesito de terem conseguido firmar suas responsabilidades em países distantes. Ela estava flutuando quando parte da túnica que ela usava levantou um pouco, dando-lhe visão de uma tatuagem em seu quadril. – Que tatuagem é essa? – perguntou ele se aproximando, e vendo que se tratava de uma estrela. – Gostou? É um pentagrama. – falou ela, nadando ate a borda da piscina e com a ajuda de Bill sentou-se na borda desta, para que ele visse melhor o desenho. – Um pentagrama? Parece com a estrela que tenho. – comentou ele sorrindo. – Bom, o lugar reconheço que me inspirei na sua estrela, é um lugar bom pra se fazer uma tatuagem, mas o desenho é diferente. Repare... – falou ela, retirando a túnica de vez, ficando apenas de biquíni. – Sua estrela é bem grossa e tem varias bordas, já a minha é mais fina e de uma única borda grossa, além dos braços dela serem mais longos. Essa é a diferença básica de uma estrela pra um pentagrama. – Hmmm, e qual o significado dessa diferença? – Bem, quatro das cinco pontas da minha estrela representam os elementos da natureza, a água, o ar, o fogo e a terra, a quinta ponta, ou a cabeça representa o espírito que comanda os elementos. – explicou a jovem que diante a curiosidade de Bill completou. – Eu sou bruxa, e estou estudando pra fazer minha iniciação no wiccanismo. – Bruxa? Essa é nova pra mim. – confessou Bill um pouco confuso com as novas declarações de Bella. – Me conte mais? – O que quer saber? – perguntou ela entrando novamente na piscina. – O que te atrai nessa crença? – pediu ele. – Bem, adoro o misticismo por trás de tudo, adoro a forma como se é reverenciado a terra e acima de tudo, adoro tudo que envolve magia e mistérios. – disse ela deitando e flutuando novamente. – Alem do mais, nasci em uma família totalmente católica cristão, da pra imaginar qual vai ser a cara dos meus pais quando eu contar que sou wiccana? – Eles ainda não sabem? – perguntou ele incrédulo. – Não, minha mentora me aconselhou apenas a estudar mais a fundo e ver se é isso mesmo que eu quero, e pra evitar desvios no meu caminho decidi não contar pros meus pais ate ter feito minha iniciação, assim eles não vão poder falar nada. – disse Bella rindo com a ideia. – Nossa, vai ser um choque e tanto. – disse ele. – Verdade. – riu ela novamente. – Então, pode fazer alguma mágica? – Hahaha, não funciona assim, mas tenho alguns dons, entre ele a clarividência. – respondeu ela. – O que é isso? – perguntou ele interessado no assunto. – Às vezes eu adivinho coisas sobre as pessoas ou sobre o futuro enquanto escrevo. – explicou Bella. – Algumas meninas já me disseram que eu adivinhe algumas coisas sobre elas, mesmo sem eu conhecê-las, e às vezes quando eu conversava na sala de aula por meio de cartas com uma amiga minha, sempre acontecia o que eu escrevia. Adivinhei o namoro dela todo em uma aula. Estranho, não? – Não, na verdade é bem interessante. – falou Bill pensando no que Bella havia falado. – Posso fazer um teste? – disse ela olhando para ele. – O que? – ele perguntou. Bella então nadou ate ficar poucos centímetros de Bill, e pedindo que ele se virasse deu uma boa analisada nos pontos escondidos sob seus fios negros. Por uns minutos ela mentalizou apenas coisas boas e depois pôs a mão sobre o local, mas minutos depois as retirou notando um pouco desapontada que nada acontecera, e vendo o olhar de confusão de Bill explicou. – Adorath, uma menina que conheci que é wicca consegue curar alguns machucados mais simples com a força da mente, mas parece que eu não. Uma pena. – disse ela com um suspiro, mas rindo em seguida. – Tenho certeza que algum dia você consegue. – falou ele rindo junto com Bella. – Talvez. Hmmm, posso te dar um presente, não veio de mim de verdade, mas minha mentora fez questão que eu te entregasse algo se tivesse chances. –falou Bella com um brilho diferente nos olhos agora. – Claro, o que é? – Esse colar. – disse ela, retirando um colar que ate aquele momento tinha passado despercebido para ele. – O pentagrama é o símbolo mais forte da proteção wicca, e combinando com a árvore torna-se um amuleto poderoso. – Acho que vou aceitar mesmo, depois de ontem acho que estou mesmo precisando de toda proteção possível. – brincou ele. – Me ajuda a pôr? – Claro.

Foi fácil para Bella colocar o colar em Bill já que a luz da lua era forte o suficiente para iluminar boa parte de tudo ali, terminado ela disse.

– Pronto agora está protegido. Acho melhor entrarmos agora, não tenho certeza se esse colar é a prova de resfriado.

– Concordo. Vamos, eu te ajudo. – ofereceu-se ele.

Bill saiu primeiro da água, mas quando estendeu sua mão para Bella, e esta já subia as escadas, sem querer ela escorregou, levando os dois novamente para água. Ambos emergiram ao mesmo tempo.

– Você está bem? – perguntou Bill cuspindo um pouco da água que engolira.

– Acho que sim. – respondeu Bella rindo e completou. – Preciso de outro amuleto assim que sair daqui.

Estavam muito próximos, e a luz da lua ajudava Bill a observar melhor Bella agora. Ela era muito bonita e mais ainda rindo daquela forma, e esta logo percebeu a maneira como era observava e ate mesmo como ele tinha aproximado-se mais dela então o provocou.

– Pensei que tivesse medo de bruxas. – disse olhando em seus olhos.

– Talvez se eu soubesse que as bruxas pudessem ser bonitas como você eu não teria perdido tempo com medo. – falou ele, e prendendo-a entre seus braços completou. – Mas isso pode ser resolvido agora.

Ela não mostrou resistência quando ele a beijou, apenas aprofundou-o mais quando passou seus braços no pescoço dele, colando seus corpos que estavam quentes a pesar da água um pouco mais fria. Uma pequena corrente elétrica correu pelo corpo de Bella quando Bill passou suas unhas compridas do pescoço ate a base das costas dela. Afastaram-se apenas quando o ar se tornou necessário.

– Acho que precisamos mesmo entrar agora. – falou Bella ofegante.

– Tudo bem, mas dessa vez você primeiro. – brincou ele.

– Okay. – concordou ela.

Eles saíram da água e assim que Bella pegou sua túnica caminharam lentamente ate as cabanas, sem nada dizerem. Bella sorriu para Bill como despedida assim que entrou na própria cabana, enquanto ele caminhou para a sua própria. Ao entrar viu que passava pouco mais de uma hora da manha. Estava exausto, e depois de trocar de roupa logo caiu no sono, pensando que definitivamente aquela semana ficaria em sua memória por muito tempo.