O tempo passou, e as estações mudaram. Tina continuou suas entregas, os bolos da “Doce Despedida” trazendo consolo aos corações partidos. No entanto, os olhos verdes de Lúcio permaneciam em sua mente.

Tina segurou a caixa de transporte, dirigindo-se novamente ao endereço de Lúcio Santiago. Ela continuou nervosa, mesmo  depois de vê-lo com suas roupas despojadas, esperando por ela. Dessa vez, porém, havia algo diferente em seu olhar.

"Você de novo?" Lúcio perguntou, com um sorriso enigmático. "O que você trouxe desta vez?"

Tina entregou o bolo com a mensagem e observou enquanto ele lia em voz alta: "A vida é feita de escolhas e eu escolho seguir em frente, Diana."

Sem pedir permissão, Tina apontou a câmera para capturar o momento. Mas, antes que pudesse se afastar, Lúcio pegou no pé dela.

Ele olhou para ela, surpreso.

"Você realmente acredita nisso?"

Tina revirou os olhos. "É apenas uma mensagem, Lúcio. Não precisa ser tão cético."

Ele se aproximou, provocando-a. "Talvez você esteja esperando que eu me ajoelhe e peça sua mão em casamento."

Ela bufou. "Claro que não. Eu só... queria tornar isso menos doloroso."

"Menos doloroso?" Lúcio inclinou-se, seus olhos verdes faiscando. "Você acha que um bolo de cenoura vai amenizar o fato de que fui largado de novo?"

Lúcio não estava afetado pelo fora que levou da Diana, eles só estavam saindo, e ele já havia percebido que os dois eram incompatíveis, Diana falava mais do que uma matraca, e ele quase perdeu o juízo diante de tanto falatório. A verdade era que ele gostava de fazer drama para a Tina.

Antes que Tina pudesse responder, sua mão escorregou e o bolo voou diretamente na cara de Lúcio. Ele ficou parado por um momento, coberto de bolo, e depois explodiu.

"Você é uma desastrada!" ele gritou. "Isso era o melhor que você podia fazer?"

Tina sentiu o calor subir ao rosto. "Eu... eu sinto muito."

Ele limpou o rosto com a manga da camisa. "Você arruinou tudo, eu iria  comer esse bolo com café.”

"Me desculpe! Eu não fiz por querer." Tina estava à beira das lágrimas. "Eu só..."

Lúcio suspirou, parecendo menos irritado. "Talvez eu tenha sido duro demais. Me perdoe."

Tina sorriu, tentando dissipar o desconforto. "Foi mal pelo bolo," disse ela, com um toque de arrependimento. "Fico te devendo um." 

A atmosfera tensa parecia mais leve.

O silêncio pairou por um momento, como se o tempo estivesse suspenso entre eles. E então, como se o universo tivesse ouvido sua confissão, um raio de sol atravessou a varanda. Tina olhou para cima, seus lábios curvando-se em um sorriso tímido. 

“Eu me lembrarei disso.” Disse ele.

Tina se sentiu intimidada pelas miradas de Lúcio. 

“Estou indo”. Ela não esperou uma resposta. Enquanto Tina voltava para a moto, Lúcio a chamou. "Ei, Desastrada! Você já entregou um bolo de término para si mesma?"

Ela riu. "Não, mas talvez eu devesse."

Lúcio observou enquanto ela partia. "Quem sabe? Talvez você encontre alguém que conserte seus pedaços."

Tina acelerou, o vento bagunçando seus cabelos. Quem sabe, de fato? Talvez aquele bolo de término fosse o começo de algo doce e inesperado.