A Lenda de Kaito escrita por Thunder


Capítulo 2
CAPÍTULO 1 – RECOMEÇO




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O mundo inteiro se viu mergulhado em um pesar profundo, como se as próprias nuvens chorassem a perda da Avatar Korra. Aquele que fora o símbolo da unidade entre as nações, agora era apenas uma lembrança distante, um eco dos tempos passados. Durante sua vida, Korra enfrentou uma série de desafios, alguns dos quais testaram não apenas sua força física, mas também sua resiliência espiritual.

Ela havia restaurado a grandeza da Nação do Ar e aberto os portais para o Mundo Espiritual, buscando uma harmonia duradoura entre humanos e espíritos. No entanto, sua jornada foi marcada por batalhas árduas e confrontos com inimigos poderosos, como Zaheer e Kuvira, cujas ambições quase mergulharam o mundo em um novo conflito devastador. Mas Korra emergiu vitoriosa, como os Avatares que a precederam.

Após o último sacrifício de Korra, o mundo se viu imerso em um profundo luto. Sua ausência era como um eco que reverberava em cada canto do planeta. Enquanto as nações lamentavam a partida de sua guardiã, uma sombra de incerteza pairava sobre o horizonte. Quatorze anos se passaram desde que a Avatar partiu e o mundo ansiava por sua reencarnação. A demora gerou instabilidade e teorias da conspiração, com alguns especulando que Korra ainda estava viva, escondida em algum lugar, enquanto outros temiam que o ciclo Avatar estivesse quebrado para sempre. No meio desse caos, o Reino da Terra, agora uma potência global, mantinha a esperança de que o próximo Avatar traria consigo a luz e a esperança tão necessárias em tempos sombrios.

Enquanto o sol nascia sobre Zaofu, envolvendo a cidade em uma luz difusa e dourada, Kaito encontrava-se preso em um pesadelo sombrio que o arrastava para o abismo do desconhecido. Envolto por um pântano sinistro, mal conseguia distinguir os contornos do ambiente ao seu redor na densa neblina que o envolvia. Cada passo era uma luta contra a lama pegajosa que prendia seus pés, enquanto uma aura de inquietação permeava o ar. No horizonte distante, uma figura sombria observava-o com olhos rubros, brilhando com uma intensidade sobrenatural que parecia penetrar sua alma. Vestido de negro, seu capuz ocultava um cabelo branco como a neve, enquanto fumaça cinza, tingida de negro, emanava de suas mãos como se o próprio ar estivesse sendo consumido pelo fogo. O pântano, por sua vez, parecia pulsar com uma energia antiga e sinistra, uma presença opressiva que sufocava Kaito como uma manta de trevas. De repente, uma voz ecoou da sombra, profunda e ameaçadora, sussurrando o nome "Raava". Antes que pudesse entender a origem desse chamado, Kaito foi arrancado abruptamente de seu pesadelo, lançado de volta à realidade com o coração batendo descompassado e o suor escorrendo por seu rosto. Os ecos do pesadelo ecoavam em sua mente, deixando-o aturdido e confuso, enquanto o nome misterioso ecoava em seus pensamentos como um enigma sem resposta.

Ao lado de sua cama, repousava Raijin, um espírito de luz que o acompanhava desde o dia em que veio ao mundo. Raijin assumia a forma de uma aranha média, com um corpo esguio e pernas longas, cobertas por uma pelagem brilhante que refletia a luz de forma hipnotizante. Desde então, Raijin nunca proferiu uma palavra sequer. No entanto, sua presença era tão palpável quanto misteriosa, envolvendo Kaito em um vínculo sutil e profundo, uma conexão inexplicável, enigmática.

Kaito se senta na cama, enquanto ele se esforça para se libertar dos grilhões do pesadelo que o envolveram durante a noite. O calor reconfortante do lençol velho envolvendo seu corpo esguio proporcionando uma sensação de segurança contra a fria realidade dos horrores do sonho. O quarto ao seu redor está imerso em um silêncio solene, quebrado apenas pelo suave ritmo da respiração de sua mãe, que dorme serenamente em sua cama. Seu semblante tranquilo, iluminado pelos primeiros raios de sol, revela uma beleza marcada pela experiência e pela sabedoria. Os traços delicados de seu rosto, suavizados pelo sono, contam histórias de lutas travadas e desafios superados.

As marcas do passado, discretas, mas presentes, são testemunhas silenciosas de sua jornada como protetora e guerreira. Seu cabelo, uma mistura de ébano com alguns fios prateados, repousa sobre o travesseiro em suaves ondas, capturando os raios do sol matinal. Cada fio parece carregar consigo a história de suas batalhas e triunfos, tecendo uma narrativa de coragem e determinação. Mesmo em seu repouso, sua presença irradia uma sensação de proteção e segurança, envolvendo todos ao seu redor em uma aura reconfortante.

A luz tênue da manhã se infiltra pelas cortinas entreabertas, lançando sombras dançantes nas paredes, enquanto os primeiros raios de sol começam a iluminar a escuridão. A cadeira de rodas metálica de sua mãe permanece silenciosa ao lado de sua cama, um lembrete constante da tragédia que mudou sua vida para sempre. Ao contemplar sua mãe adormecida, Kaito sente um turbilhão de emoções se agitando em seu peito – gratidão pela presença reconfortante dela, mas também uma profunda tristeza pela dor que ela suportou. Apesar da escuridão persistente que ainda paira em sua mente, Kaito sabe que precisa reunir suas forças e enfrentar o dia que se desdobra diante dele.

Com um suspiro resignado, ele finalmente se sentou na cama, determinado a abandonar os resquícios do pesadelo e enfrentar corajosamente o que quer que o dia possa trazer. A cama simples, coberta por lençóis desgastados pelo tempo, testemunhava as muitas noites em que mãe e filho haviam compartilhado suas esperanças e temores, seus sonhos e aspirações. Kaito se ergueu da cama com um bocejo.

Aos pés da cama de Kaito, encontra-se Âmbar, seu leopardo veado de estimação, cuja presença calma e reconfortante traz um sopro de serenidade ao ambiente. Seu corpo majestoso está adornado por uma pelagem dourada, salpicada por manchas escuras que se assemelham a folhas caídas ao sol da manhã. Seus olhos, profundamente amarelos e expressivos, irradiam uma inteligência sutil, enquanto observam atentamente seu amado companheiro humano. Os chifres elegantes que se erguem de sua cabeça são uma prova de sua natureza única, uma fusão harmoniosa entre a graça de um leopardo e a nobreza de um veado. Sua postura revela uma confiança tranquila em seu ambiente, enquanto ele se deita em um emaranhado de músculos poderosos, prontos para agir a qualquer momento. À medida que Kaito se aproxima, Âmbar ergue a cabeça em um gesto de boas-vindas, emitindo um grunhido baixo de afeição que ressoa no quarto. Ele se levanta com agilidade graciosa, movendo-se em direção ao seu companheiro humano com uma expressão afetuosa em seus olhos. Com um roçar suave de seu focinho contra a mão de Kaito, Âmbar demonstra seu amor incondicional por seu amigo de longa data.

Com um sorriso nos lábios, Kaito se dirigiu à cozinha, um santuário de tranquilidade e aroma. Os móveis de madeira escura, polidos com esmero ao longo dos anos, reluziam à luz do sol matinal que se filtrava pelas cortinas de renda. Um bule de metal, adornado com padrões tradicionais de Zaofu, repousava delicadamente sobre o fogão, revelando o aroma suave e floral do chá de jasmim que Kaito preparava com carinho. Os armários de mogno metálico estavam repletos de ingredientes frescos do Reino da Terra, desde os verdes viçosos de bok choy e cebolinha até os ovos de pata-pavão e o tofu de seda, cada um selecionado com cuidado para criar uma refeição matinal verdadeiramente reconfortante. Kaito começou a preparar o café da manhã cortando fatias generosas de pão caseiro, cuja crosta dourada e crocante era um testemunho do talento do padeiro da esquina. O aroma acolhedor de grãos recém-torrados enchia o ar enquanto ele colocava as fatias na torradeira de ferro, preparando o pão para ser servido com uma seleção de geleias caseiras de frutas frescas, como morango de fogo e lichia.

Enquanto isso, em outra panela, o mingau de aveia começava a borbulhar suavemente, preenchendo a cozinha com o aroma reconfortante de cereais quentes e especiarias. Kaito acrescentou uma pitada de canela e uma generosa quantidade de frutas frescas da estação - fatias suculentas de pêssegos de Omashu e nectarinas, bem como mirtilos e morangos de fogo vermelhos como rubis. Por fim, ele regou o mingau com um fio de mel dourado de abelha-escorpião, dando-lhe um toque doce e delicado.

Com cada prato cuidadosamente preparado, Kaito dispôs a mesa com elegância, arranjando os pratos e talheres de forma impecável. Ele sabia que esses pequenos gestos de cuidado e amor significavam mais para sua mãe do que palavras poderiam expressar e ele os realizava com gratidão em seu coração, ansioso para compartilhar esse momento especial com ela.

Kaito saiu da cozinha e foi até o quarto onde sua mãe ainda estava dormindo, aconchegada entre os lençóis macios. Com passos leves e um sorriso nos lábios, ele entrou no cômodo, observando-a pacificamente adormecida na cama. Seu coração se encheu de ternura ao vê-la ali, tão serena e tranquila.

"Está acordada, mãe?", ele perguntou suavemente, aproximando-se dela com cuidado e carinho. Nia murmurou sonolenta, os olhos se abrindo lentamente para encontrarem os dele.

"Bom dia, meu querido", ela respondeu com uma voz suave, seus olhos se iluminando com um amor inabalável. "Você já está de pé? E já preparou o café da manhã?"

Kaito entregou a xícara de chá de jasmim nas mãos dela, observando-a tomar um gole e soltar um suspiro de contentamento. "Chá de jasmim, como você gosta", ele disse com um sorriso terno. "E fiz o seu mingau de aveia favorito também."

Os olhos de Nia se iluminaram de alegria ao ver a refeição preparada com tanto cuidado e afeto. "Você é um anjo, meu filho", ela disse com ternura, segurando sua mão e apertando-a suavemente. "Obrigada por sempre cuidar de mim."

Kaito sorriu, sentindo-se aquecido pelo amor de sua mãe. "Eu sempre estarei aqui para você, mãe", ele prometeu gentilmente. "Nós somos uma equipe, lembra?"

Nia assentiu com um sorriso, sentindo-se grata pelo filho tão amoroso que tinha. "Sim, sempre seremos uma equipe", ela concordou. "Agora, vamos desfrutar do nosso café da manhã juntos, antes que você se atrase para a Academia."

Com um sorriso compartilhado, mãe e filho desfrutaram da refeição matinal juntos, saboreando não apenas a comida, mas também o amor e o vínculo especial que tinham.

Kaito se levantou da mesa do café da manhã com um suspiro resignado, sentindo a urgência de se preparar para o dia que o esperava. Ele seguiu para o banheiro, onde a luz criava padrões dourados no chão de azulejos brancos e nas paredes pintadas de verde suave. Os armários de madeira escura, adornados com o símbolo da dobra do metal tão amada e usada na cidade de Zaofu, adicionavam um toque de elegância à atmosfera.

Enquanto a água corria suavemente na pia de mármore, Kaito observou seu reflexo no espelho oval na parede. Seu rosto de traços suaves e pele branca refletia a luz suave do ambiente. Seus cabelos cacheados, raspados dos lados, desafiavam qualquer tentativa de serem controlados, caindo em mechas rebeldes sobre sua testa. Seus olhos verdes claros, um reflexo do verde da natureza, transmitiam uma mistura de determinação e incerteza.

Kaito não pôde deixar de notar a diferença entre seu corpo magro e esguio e o dos outros dobradores de terra. Ele se sentia um pouco frustrado por não ter a mesma robustez física que muitos deles, uma lembrança constante de sua própria fragilidade. Era uma característica que o deixava mais consciente da ausência de seu pai, que morrera pouco tempo depois de seu nascimento. Esses pensamentos tumultuavam sua mente enquanto ele se preparava para enfrentar mais um dia em Zaofu, a cidade que ele chamava de lar, mas que continuava a desafiar suas expectativas e sua própria identidade.

Kaito vestiu sua roupa escolar, uma túnica de tons terrosos e verde escuro com detalhes em metal, combinando com a decoração do banheiro. Ele amarrou o cinto de metálico, que um dia já pertenceu a seu pai, firmemente em volta da cintura, sentindo-se um pouco mais confiante com o peso familiar do uniforme sobre seus ombros.

Com um suspiro, ele se virou para a banheira de metal polido ao lado da pia, onde um pequeno castiçal de metal repousava. Ele estendeu a mão hesitante, tentando concentrar sua energia na dobra da terra, na esperança de moldar o metal conforme sua vontade. No entanto, apesar de seus esforços concentrados, o castiçal permaneceu imóvel, resistindo aos seus melhores esforços. Uma onda de frustração e desapontamento o atingiu enquanto ele recuava, resignado por mais uma vez não ter conseguido dominar a dobra de metal. Ele sabia que precisava de mais prática e paciência, mas era difícil não se sentir desencorajado pelas repetidas falhas. Com um último suspiro, ele deixou o castiçal de lado e se dirigiu para a porta do banheiro, pronto para enfrentar o dia que o esperava, mesmo que isso significasse enfrentar mais desafios e incertezas pelo caminho.

Kaito emerge do banheiro, a luz matinal filtrando pelas cortinas entreabertas, pintando o quarto em tons dourados suaves. Seu uniforme escolar, adornado com o emblema da Academia de Metal Toph Beifong, envolve seu corpo magro enquanto ele se prepara para o dia que se inicia. A cama desarrumada atrás dele, coberta por um edredom de linho marrom-claro, testemunha sua partida de um sono agitado, onde pesadelos e lembranças se misturavam em uma dança frenética em sua mente. Ao pé da cama, deitado em repouso tranquilo, está Âmbar, seu leopardo veado de estimação. Seu pelo dourado brilha à luz do sol, destacando os tons de âmbar em seus grandes olhos expressivos. Kaito se vira para sua mãe, ela está sentada em sua cama, seus cabelos escuros agora presos, deixam saliente os fios de prata. Seus olhos verdes, profundos e sábios, encontram os dele com ternura, transmitindo uma mensagem silenciosa de amor e apoio inabalável.

“Você está tão bonito, meu querido”, murmura ela, sua voz suave e melodiosa preenchendo o espaço entre eles com uma sensação de calor e conforto. A pele clara de Kaito cora levemente diante do elogio, sua gratidão misturada com uma pontada de desconforto pela atenção centrada em si mesmo. No entanto, a doçura no tom da voz de sua mãe o faz sentir-se amado e valorizado, dissipando qualquer traço de ansiedade que possa ter sentido.

Enquanto ele se prepara para sair, os olhos de Kaito captam o movimento gracioso e forte das mãos de sua mãe, uma dança silenciosa que evoca a dobra de metal. A cadeira de rodas ao seu lado responde ao seu gesto, deslizando suavemente em sua direção com uma graça quase etérea. A cadeira se abre e se conecta a suas pernas e uma barra de metal se estende conectando-se à sua coluna vertebral, Kaito assiste com admiração enquanto sua mãe se ergue com graciosidade e logo depois com um movimento de sua cabeça para trás a cadeira volta a se fechar formando um acento onde ela se senta com um sorriso triunfante em seus lábios, um testemunho vivo de sua habilidade e força inabalável.

Observando-a com reverência, Kaito sente uma mistura de emoções tumultuando dentro dele. A admiração pela habilidade de sua mãe é contrabalançada pela sombra da autoconsciência, uma sensação persistente de não estar à altura das expectativas que ela incute nele. Ele anseia por demonstrar sua própria habilidade como dobrador, mas até agora, seus esforços têm sido frustrados por sua própria insegurança e incerteza.

“Mãe, você acha que um dia serei capaz de dobrar como você?” Kaito pergunta, sua voz carregada de dúvida e anseio. Sua mãe sorri, o brilho de orgulho em seus olhos transmitindo uma confiança que ele ainda não sente em si mesmo.

“Claro que sim, meu querido”, ela responde, sua voz calma e segura. “Você tem um talento especial, apenas precisa encontrar a confiança para deixá-lo florescer. Você é forte, Kaito, mais forte do que imagina.”

Kaito se agarra às palavras de sua mãe como um farol de esperança em meio à escuridão de sua própria incerteza. Ele sabe que tem um longo caminho pela frente, mas com o amor e o apoio de sua mãe ao seu lado, ele sente que pode enfrentar qualquer desafio que o destino possa lançar em seu caminho.

Kaito se despede de sua mãe com um aceno, sentindo-se revigorado pelo amor e apoio que ela sempre lhe oferece. Montando nas costas de Âmbar, seu leal companheiro, ele parte em direção à escola, abandonando o conforto do lar simples que compartilha com sua mãe na periferia de Zaofu.



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Notas finais do capítulo

Espero que tenham gostado



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