Siren escrita por llRize San


Capítulo 9
Terra à vista!




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— Pra onde nós vamos? — Rosé nadava ao redor de Jisoo, a rodeando e a deixando tonta.

— Vamos para Fratris — Jisoo a segurou pela cintura. 

— Fratris? — Rosé apoiou as mãos nos ombros de Jisoo, a olhando nos olhos.

— Sim, essa cidade estava marcada no mapa que Jennie pegou naquele navio. Acho que é lá que elas estão. Só tem um problema…

— Qual?

— Teremos que seguir por terra.

— POR TERRA? — Rosé arregalou os olhos, sem disfarçar seu assombro — Teremos que criar pernas e andar? 

— Exatamente.

— Isso parece assustador, é a minha primeira vez.

— Faremos isso juntas, estarei do seu lado o tempo todo. Talvez não seja tão ruim assim. 

— Por que não podemos ir pelo oceano?

— Há uma infestação de Krakens depois do litoral de Solis, acho mais seguro irmos até lá e paramos na praia, de lá podemos seguir a pé.

— Está bem, com você eu não tenho medo de nada — Rosé sorriu. 

— Vai dar tudo certo — Jisoo sorriu de volta.

— Acho que devemos estar próximas a uma encosta — Rosé olhou à sua volta, contemplando a vasta imensidão azul do oceano. 

— Podemos subir para a superfície, é mais fácil ver de lá. 

Elas emergiram à superfície e foram recebidas por uma visão assustadora. O céu estava encoberto por densas nuvens cinzentas, o vento soprava com força e o mar começava a se agitar, criando ondas turbulentas. Sentindo a mudança no clima, Jisoo instintivamente segurou a mão de Rosé, transmitindo uma sensação de segurança em meio à tempestade iminente.

— Aconteça o que acontecer, não solte minha mão! 

— Não vou soltar — Disse Rosé com medo, ao ver que o céu parecia querer engolir a terra — O que tá acontecendo? 

— Uma grande tempestade se aproxima, nunca vi nada assim antes — Jisoo sentiu o vento bater com força em seu rosto, mas o que mais a intrigava era sua direção errática e os movimentos circulares que parecia fazer — Venha, vamos nadar para o leste, a tempestade se aproxima pelo norte, talvez consigamos escapar.

Jisoo olhou para o céu azul e o mar calmo que se estendia ao leste, ansiando por sair daquela tempestade o mais rápido possível. Apesar de nadarem com toda a força, não parecia que estavam avançando.

— O que está acontecendo? — Rosé começava a se desesperar — Meu corpo está pesado, não consigo nadar, algo está me puxando. 

Ao olhar para trás, Jisoo viu um monstruoso redemoinho aquático se formar no meio do mar, abrindo um buraco imenso na superfície da água. Era tão vasto que parecia capaz de engolir um navio inteiro em um único rodopio.

— Chae, nade o mais rápido que você conseguir, não podemos ser pegas por aquilo —  Jisoo tentava manter a calma enquanto fazia um esforço descomunal para nadar e puxar Rosé. Estavam sendo tragadas pela força do enorme vórtice, que se assemelhava a um buraco negro, assustador e destrutivo.

— Jisoo, eu não consigo — Rosé começou a chorar vendo o caos em que o mar agitado se transformara — Minha cauda está doendo, não consigo mais nadar. Salve-se. 

— Jamais vou te deixar pra trás — Jisoo a abraçou forte, depositando naquele abraço todo o seu desejo de salvá-la — Vamos ficar juntas até o fim! Fecha os olhos e segure em mim, não me solte. Isso vai ser assustador. 

— Está bem — Rosé com conseguia parar de tremer — Eu estou com medo. Não quero morrer. 

— Você não vai morrer, calma, segure em mim. O mar vai nos tragar e nos puxar com força, vamos entrar no meio do redemoinho, isso vai ser barulhento e assustador, mas lembre-se que estarei o tempo todo com você, só não me solte, está bem? 

— Tá bom — Rosé choramingou. 

Jisoo deu um selinho em Rosé e a abraçou com firmeza, preparando-se para enfrentar o enorme redemoinho que se aproximava. Quando o vórtice alcançou-as, sentiram seus corpos serem sugados com violência para dentro daquele espiral de água. Sem soltarem uma à outra, enfrentaram as turbulências, sendo lançadas de um lado para o outro em volta do redemoinho. Jisoo segurava Rosé com toda a força, temendo perder sua amada ou que ela se machucasse.

Depois de serem arremessadas brutalmente contra as pedras, Jisoo sentiu sua visão embaçar, pois havia batido a cabeça com força. Mesmo lutando contra o sono repentino e a dificuldade em falar, devido ao filete de sangue que escorria de sua testa, ela continuou tentando encontrar Rosé. O redemoinho já havia se dissipado, mas Rosé não estava à vista. Com o corpo cada vez mais fraco, Jisoo persistiu em sua busca até finalmente sentir-se relaxar e apagar, ainda chamando pelo nome de sua amada.

Jisoo sentiu o sol acariciando seu rosto, aquecendo sua pele enquanto as ondas suavemente banhavam seu corpo. Com dificuldade, abriu os olhos lentamente, sentindo-os arderem com o brilho intenso do sol. Virou-se com cuidado, tentando abrigar-se da luz solar para se acostumar com a claridade. Ao examinar os arredores, percebeu, chocada, que estava na praia, arrastada pela correnteza. Seu coração disparou ao perceber que estava sozinha e imediatamente começou a procurar por Rosé.

Gritou o nome dela em desespero, vasculhando freneticamente o entorno na esperança de encontrá-la. Então, avistou um montículo de algas entre as rochas, em uma pequena piscina natural formada pela maré. Um lampejo de esperança surgiu em seu peito quando percebeu a cauda esverdeada de Rosé brilhando ao sol.

— Chae! — Jisoo rastejou com dificuldade até ela — Chae, você está bem? — Quando tirou as algas que a cobriam, respirou mais aliviada ao ver que estava viva.

— Chichu? — Rosé estava sonolenta e fraca — Eu estou bem, apenas um pouco tonta. O que houve? 

Jisoo ajudou Rosé a se sentar, preocupada com seu estado. Rosé levou a mão à testa, ainda sentindo-se tonta após ser arrastada pelo redemoinho.

— Parece que fomos arrastadas pra cá. De certa forma, teríamos que vir pra cá mesmo, acho que estamos nas praias de Solis.

Rosé a olhava fixamente, a ouvia mas não prestava muita atenção. Colocou a mão em sua testa, onde Jisoo tinha um pequeno corte. 

— O que foi isso, Chichu? Está doendo?

— Não foi nada, só um cortezinho, estou bem, temos coisas mais importantes para se preocupar. Preciso pegar algo para comermos. 

— Onde vamos achar comida? 

— Lá — Jisoo apontou para a floresta. 

— Vamos ter que… você sabe, passar por aquilo? 

— Sim, nós precisamos, mas não tenha medo — Jisoo segurou sua mão. 

— E como funciona? Como isso acontece? 

— Eu também não sei ao certo. A única coisa que sei é que precisamos estar longe da água do mar. Vamos ter que nos rastejar até a areia seca. Quer que eu vá primeiro? 

— Não, quero passar por isso juntas. 

Jisoo respirou fundo e segurou firme na mão de Rosé, guiando-as enquanto se rastejavam até alcançarem a areia quente, branca e seca. Apesar da paisagem paradisíaca, o terror iminente pairava sobre elas. Deitaram-se de costas, mãos entrelaçadas, esperando o início da transformação.

— E agora? — Perguntou Rosé com a voz trêmula.

— Agora nós esperamos. 

Ficaram paradas por alguns minutos, de repente começaram a sentir uma dor excruciante em suas caudas, como se algo tivesse as rasgando por dentro. Elas gritavam de dor em meio a praia vazia e silenciosa. Rosé era a que mais gritava, apertava a mão de Jisoo com força, jamais tinha sentido uma dor tão devastadora. Sentiam-se sendo cortadas ao meio de forma lenta e dolorosa com uma faca cega. 

— Está acabando… Rosé… eu to… aqui... — Jisoo arfava de dor e mesmo assim tentava consolá-la. 

A areia branca estava manchada de sangue, uma poça vermelha as rodeava, suas caudas literalmente se partiram ao meio. A visão era das mais pavorosas, como se suas carnes tivessem sido cerradas e estraçalhadas. Elas sentiam dores intensas por todo o corpo, uma verdadeira tortura que parecia não ter fim. No entanto, pouco a pouco, perceberam que a intensidade das dores diminuía gradualmente, até desaparecer por completo. Com um suspiro de alívio, respiraram mais tranquilas ao perceber que o tormento finalmente chegava ao fim.

Olharam temerosas para baixo, e em meio a sua antiga cauda, puderam ver suas pernas, ainda manchadas de sangue, porém intactas e perfeitas. Sorriram uma para a outra, sem fôlego e com a respiração descompassada após o susto e as dores intensas. No entanto, um sentimento de alívio as inundou ao perceberem que haviam sobrevivido à transformação, criando pernas pela primeira vez.


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Notas finais do capítulo

Criaram pernas, mas foi agonizante! Agora elas vão por terra. Não sei se é uma boa ideia...



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