O gigantesco Kraken, com quase cento e cinquenta metros de comprimento, avançava rapidamente, sua imponente figura se movendo com uma fúria inigualável. Apesar do seu tamanho colossal, ele nadava com uma velocidade surpreendente. Habitualmente, o Kraken tinha o hábito de afundar navios de piratas e marinheiros desafortunados, mas a presença das sereias representava uma novidade para ele, uma invasão ao seu território. Encarava a presença delas como uma afronta. Enquanto isso, as sereias nadavam freneticamente, tentando escapar do terrível monstro marinho que as perseguia implacavelmente.

— JISOO, E SE NÓS FALÁSSEMOS COM ELE? — Gritou Rosé na tentativa de Jisoo ouvi-la.

— NÃO! É PERIGOSO, CONTINUE A NADAR! 

Rosé parou abruptamente e virou-se de frente para o monstro. 

“Não posso continuar sendo medrosa… Preciso confiar em mim mesma” — Pensou Rosé, com determinação. 

O monstro parou abruptamente, fixando seus olhos imensos em Rosé, a pequena sereia diante dele emitia uma energia estranha e irresistível, como se tentasse envolver sua mente. Rosé encarou-o com total concentração, determinada a controlar a criatura com seus poderes psíquicos. Embora já tivesse exercido seu dom sobre peixes menores, nunca enfrentara algo tão imponente. Seus olhos se reviraram, adquirindo uma tonalidade branca, enquanto seu nariz começava a sangrar. Estava chegando ao limite de suas capacidades, pois o monstro resistia ferozmente, lutando para expulsá-la de sua mente.

Jisoo observava com crescente preocupação enquanto o monstro agitava seus inúmeros tentáculos, lutando para se libertar do feitiço de Rosé. Apesar dos esforços da sereia, sua magia não era suficiente para dominar o imponente Kraken. Em um movimento brusco, um dos tentáculos do monstro atingiu Rosé, lançando-a para longe. Jisoo nadou rapidamente em sua direção, chamando-a com angústia. Assim que alcançou Rosé, posicionou-se à sua frente, determinada a protegê-la do perigoso Kraken.

— Você está bem? — Perguntou Jisoo para Rosé, sem tirar os olhos do Kraken. 

— Estou — Rosé colocou a mão na cabeça, sentindo uma dor aguda devido ao grande esforço que havia feito. 

— Teremos que nadar o mais rápido possível, está vendo aquela corrente marítima? — Jisoo apontou para o lado.

Rosé olhou uma massa de água que se formava em meio ao mar.

— Sim, estou vendo.

— Vamos nadar até lá, então conseguiremos impulso para nadarmos com mais velocidade e se livrar desse monstro. 

— Não vamos conseguir chegar até lá — Rosé suspirou, desanimada.  

— Vamos sim! Irei criar uma distração. 

Jisoo concentrou toda sua energia, sentindo-a pulsar através de suas veias enquanto enfrentava o desafio com coragem. Era uma tentativa ousada, mas ela estava determinada a proteger Rosé a qualquer custo. Focando sua mente, ela absorveu cada detalhe do imponente Kraken à sua frente e, com um gesto habilidoso, criou uma réplica perfeita da criatura usando água, basicamente um Kraken de água. Lançando-se ao ataque, os tentáculos de água da cópia golpearam o monstro real, causando-lhe dor e desconforto. O Kraken reagiu furiosamente, tentando retalhar a criatura de água, mas seus esforços foram em vão, pois ela se regenerou rapidamente, imune aos danos físicos.

Era uma batalha épica entre dois colossais Krakens, cada movimento deles sacudia as águas ao redor, criando ondas monstruosas que pareciam desafiar o próprio oceano. Jisoo controlava habilmente o imenso Kraken de água, manipulando-o como se fosse um simples boneco em suas mãos. Embora não fosse tão poderoso quanto o original, servia como uma distração crucial enquanto elas buscavam escapar. Enquanto o verdadeiro Kraken lutava com o Kraken de água, elas nadavam com todas as suas forças em direção às correntes marinhas que se formavam à frente. Jisoo lutava para manter o controle sobre o Kraken de água, mas à medida que se distanciavam, sua influência enfraquecia.

Finalmente, a criatura de água se desfez, deixando o monstro real enfurecido por ter sido manipulado daquela maneira. Determinado a esmagá-las, o Kraken os perseguia com ferocidade enquanto elas se lançavam nas correntes marítimas, aproveitando o impulso para nadar a uma velocidade impossível de ser alcançada pelo monstro. Ele rugiu de frustração enquanto elas se afastavam, impotente diante da força das águas que as levavam para longe.

— Rosé, você foi incrível! 

Rosé sorriu com timidez. 

— Obrigada Chichu. Você também foi incrível, nunca vi criar uma criatura de água tão grande, foi assustador e ao mesmo tempo lindo. Só fico triste porque eu falhei, coloquei a gente em uma situação perigosa. Eu realmente acreditei que pudesse controlar aquele Kraken. 

— Não diga isso, você é muito poderosa, mas aquele monstro era grande demais. Além do mais, você foi muito corajosa. Ficou cara-a-cara com o monstro e conseguiu controlá-lo. Aquilo foi demais!

— Obrigada Chichu. O que me deu força e coragem foi saber que eu estava te protegendo, queria fazer por você o que você sempre faz por mim. 

Jisoo não conseguiu conter o sorriso que se formava em seus lábios, irradiando uma imensa felicidade. Mesmo após enfrentar um monstro assustador, nada poderia diminuir a alegria que sentia ao ver o sorriso de Rosé e ouvir as belas palavras que saíam de sua boca.

…

Depois de horas nadando, decidiram parar um pouco para descansar. Rosé apontou para baixo, curiosa com o cenário incomum que nunca tinha visto em Aqua Marine. Jisoo olhou intrigada para a formação elevada que emergia do fundo do oceano, parecendo uma montanha acolchoada ou um amontoado de almofadas escuras. Rosé nadou na direção da montanha, fascinada pela visão. Parecia uma imensa escultura subaquática, algo completamente novo para ela.

— O que será isso? — Jisoo ia tocar na estranha formação mas Rosé segurou seu braço.

— Acho melhor só apreciarmos de longe…

Jisoo arqueou as sobrancelhas ao sentir um odor estranho na água. 

— Está sentindo isso? 

Rosé tentou cheirar também, e sentiu o desagradável odor de algo podre. Rodeou a montanha e então encontrou uma estranha fissura que parecia vazar algo. Curiosa, ela inalou aquela substância e começou a tossir sem parar.

— Rosé? — Jisoo foi ao seu encontro, preocupada — O que houve? 

— Eu cheirei isso e agora está doendo pra respirar. 

Jisoo deu um leve tapinha em suas costas, achando aquilo muito estranho. 

— É melhor irmos, não estou gostando desse lugar — Jisoo apoiou Rosé em seus braços e a conduziu. Quando estavam saindo, sentiram todo o chão tremer. 

— O que é isso? — Perguntou Rosé, assustada e em meio a crise de tosse. 

— Eu não sei, mas não deve ser algo bom.

Elas nadaram o mais rápido que puderam para longe daquela montanha, mas o solo em volta tremia com ainda mais intensidade a cada segundo. De repente, uma grande explosão se formou no pico da montanha, lançando-as contra um monte alto de pedras. Jisoo instintivamente puxou Rosé para si, abraçando-a para protegê-la do impacto.

Rosé bateu contra o corpo de Jisoo, que por sua vez chocou-se com as costas contra a parede rochosa. Por alguns segundos, sua visão ficou turva e sua audição foi tomada por um zunido irritante devido à explosão da montanha. Rosé chacoalhou a cabeça na tentativa de ficar desperta, procurando imediatamente por Jisoo.

— JISOO! JISOO! — Gritou Rosé desesperada ao ver Jisoo desmaiada no meio das pedras, suas costas sangrando em carne viva.

Rosé olhou para trás e viu larvas emergindo da estranha montanha aquática em direção a elas. O aumento repentino da temperatura na água era assustador, como se estivessem prestes a serem cozidas vivas. Agarrando Jisoo pelo braço, Rosé nadou o mais rápido que pôde para se afastar daquele perigo iminente.

…

Jisoo acordou ao ouvir Rosé tossindo, abriu os olhos lentamente procurando por ela.

— Rosé? 

— Chichu, estou aqui, como você está? — Rosé se aproximou. 

Jisoo estava deitada de barriga para baixo com suas costas cobertas com folhas. 

— O que é isso nas minhas costas? 

— São algas, você estava muito ferida, então eu fiz um feitiço de cura e coloquei essas algas para cicatrizar mais rápido. Não sou tão boa nisso, mas vai aliviar sua dor e evitar que infeccione — Rosé tossiu novamente, sem saber que aquela estranha substância que havia inalado naquele vulcão era tóxica e seus pulmões ficavam cada vez piores.

— Você está bem? — Mesmo ferida, Jisoo se preocupava mais com Rosé do que consigo mesma. 

Rosé colocou a mão no peito, sentindo uma leve dor. 

— Depois que senti o cheiro daquela coisa na montanha, parece que dói pra respirar…

Jisoo se levantou lentamente, olhando fixamente para Rosé. 

— Posso tentar te curar.

— Como? 

— Nossa saliva tem um poder curativo.

Jisoo se aproximou, selando seus lábios e a beijou intensamente durante longos minutos. Rosé sentiu como se todo o desconforto que estava sentindo em seus pulmões se aliviasse lentamente. Não tinha certeza se era um efeito de algum feitiço de cura ou apenas algo em sua mente, mas o beijo de Jisoo tinha um toque mágico que a envolvia por completo.