Siren escrita por llRize San


Capítulo 10
Um jantar "romântico"




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Elas admiravam seus novos pares de pernas, passando as mãos sobre a pele, tentando absorver a realidade da transformação que haviam experimentado.

— Nós somos humanas? — Perguntou Rosé, olhando para os próprios pés, mexendo os dedos. 

— Tecnicamente não, se voltarmos para o mar ou se tivermos contato com a água do mar, voltamos à nossa verdadeira forma. Não será mais doloroso como foi a primeira vez, pelo menos foi o que eu ouvi dizer… Isso é tão surreal —  Jisoo passou suavemente a mão na própria coxa. 

— Quer que eu te belisque? — Rosé a beliscou, seu sorriso era brincalhão. Jisoo fechou o cenho mas em seguida deu risada. 

— Ei! isso dói! 

— Desculpe, Chichu — Rosé alisou a coxa de Jisoo, no local que tinha beliscado — Pronto passou… 

— Chae, faz isso de novo… 

— O que? Te beliscar?

— Não! Isso que você fez depois, na minha pele. 

— Isso? — Rosé alisou novamente sua coxa. 

Jisoo fechou os olhos e sentiu uma sensação inexplicável e diferente. 

— O que foi? Está doendo aqui? — Rosé a olhou, preocupada.

— Não — Jisoo suspirou — Isso é tão… bom.

— Sério? — Rosé alisou a própria coxa — Não senti nada demais.

Jisoo sorriu e se inclinou sobre ela. 

— É bom quando outra pessoa faz — Jisoo alisou suavemente a coxa de Rosé, olhando seus olhos e sentindo sua pele arrepiar — Eu disse que era bom. 

— É uma sensação tão… diferente. É algum tipo de magia dos humanos? 

— Humanos não usam magia, deve ser algo do corpo deles. Será que é bom se deixar levar por essas sensações? Porque eu tenho vontade de ficar aqui com você o dia inteiro. 

Rosé pegou a mão de Jisoo e a guiou até seu rosto, permitindo que ela a acariciasse suavemente. Em um movimento lento e delicado, Rosé aproximou seus lábios dos dela, iniciando um beijo que começou de forma serena, mas logo se tornou mais ardente e apaixonado. Enquanto se entregavam ao momento íntimo, explorando seus corpos e desejos recém-descobertos, foram surpreendidas por um rugido estrondoso que as fez se separar abruptamente, retornando à realidade.

— O que foi isso? Estou sentindo alguma criatura bem próxima — Disse Rosé ainda com a respiração descompassada. 

— Deve ser algum tipo de animal da terra — Jisoo olhou em volta — Bom, você deve estar com fome, preciso achar algo para comermos, talvez esse animal seja comestível. 

— Eu quero ajudar! Quero usar minhas pernas novas.

— Calma, ainda precisamos… 

Rosé não esperou Jisoo terminar de falar e levantou-se apressadamente, mas suas pernas fraquejaram e ela perdeu as forças, caindo pesadamente no chão.

— Chae? — Jisso a olhou preocupada.

— Está tudo bem — Rosé limpou a areia de sua perna — Primeira vez que eu caio - Ela deu risada — É meio difícil cair dentro da água.

Jisoo sorriu ao constatar que estava tudo bem com ela. 

— Precisamos nos adaptar e aprender a andar.

— Isso vai ser complicado.

— Não vai, vamos fazer isso juntas, vai ver como vai ser fácil.

Elas levaram um bom tempo para se levantar, e quando finalmente conseguiram, tentavam dar os primeiros passos, apoiando-se uma na outra. Não entendiam como os humanos conseguiam manter o equilíbrio. Após várias quedas, conseguiram finalmente caminhar sem apoio, mas logo acabavam caindo novamente. Rosé, empolgada, tentou ficar em pé com uma perna só, exibindo sua conquista para Jisoo, que a aplaudia com um sorriso.

— Só tem um problema.

— E qual seria? 

— Não podemos andar assim por aí, os humanos usam roupas e vestidos estranhos como aquele que Hyunjin deu a Jennie.

— Eu não entendo por que eles cobrem o corpo.

— Hyunjin me disse que eles são perversos e perigosos, principalmente os humanos machos. Ficar sem roupas perto deles não é uma boa ideia. E também é uma questão cultural ou algo do tipo — Jisoo deu de ombros. 

— E onde vamos achar roupas? 

— Pelo mapa que vi de Jennie, se tivermos mesmo nas praias de Solis, tem um vilarejo aqui perto, podemos pegar emprestado. 

— Será que podemos? 

— Bom, não vamos poder bater na porta deles, nuas, e pedir uma roupa, isso seria estranho. Vamos pegar emprestado sem eles verem e depois a gente devolve — Jisoo sorriu sem graça. 

— Mas isso é roubo, Chichu.

— Sim, eu sei e não me orgulho disso, mas é necessário — Jisoo tocou o queixo de Rosé — Mas primeiro, vamos caçar algo para comer, e à noite tentamos achar o vilarejo para pegarmos as roupas.

Elas vasculharam a areia até encontrarem suas armas, perdidas durante a tumultuada tempestade. Jisoo recuperou sua espada, enquanto Rosé recuperou sua adaga. Adentraram cautelosamente na floresta, observando atentamente ao redor. Jisoo liderava o caminho, cortando os galhos para que Rosé pudesse caminhar mais confortavelmente. Rosé, por sua vez, ocasionalmente fechava os olhos e se concentrava para sentir a energia do animal, determinando sua localização real.

À medida que avançavam, os rugidos se tornavam mais audíveis e próximos. Desconheciam a identidade da criatura, mas estavam famintas. Apesar de agora possuírem pernas humanas, mantinham seus poderes e habilidades, embora um pouco enfraquecidos.

Elas podiam sentir o cheiro do animal, percebendo até mesmo o sangue pulsante em suas veias. A fome era intensa, uma ânsia que as impelia. O animal também as detectou, porém não recuou. Era um leão corajoso, um predador por natureza, e se aproximou delas saindo dos arbustos lentamente. Assim como elas, ele também estava faminto. Encaravam-se mutuamente, em um embate psicológico por sobrevivência e alimento.

O leão as estudava atentamente, percebendo que não se tratava de presas comuns. Ao notar uma gota de suor escorrendo da testa de Rosé e sentir seu coração acelerado, pressentiu que ela talvez fosse a presa mais vulnerável. Decidiu, então, avançar primeiro em Jisoo, julgando-a a mais forte e, portanto, a mais difícil de subjugar.

Com o ataque súbito do leão, Jisoo foi derrubada pelo peso do felino, sua espada caindo a uma pequena distância. No entanto, ela lutava para se libertar, segurando-o firmemente com as duas mãos, enquanto o leão rugia e babava de raiva, exibindo suas enormes presas. Enquanto isso, Rosé agiu rapidamente, pegando sua adaga e desferindo um golpe certeiro na jugular do leão. O animal rugiu de dor, cambaleando antes de cair pesadamente no chão.

Arrastaram o leão até a praia, Jisoo se inclinou sobre o ele ainda com vida e o cheirou, estava faminta. O sangue quente jorrava do pescoço dilacerado do pobre animal. As presas de Jisoo cresceram e ela abocanhou a jugular do leão, ele se debateu tentando sair, mas Rosé o segurou com força. Jisoo sugou o sangue na veia do leão, até sentir que o mesmo já não respirava. Ela lambeu o sangue do animal que escorria pela sua boca, Rosé a olhava mordendo os lábios, numa mistura de excitação que nem mesmo ela entendia. Instintivamente agarrou Jisoo e a beijou para sentir o gosto do líquido viscoso e vermelho em seus lábios. Após um longo e demorado beijo, elas se afastaram minimamente e sorriram uma para a outra. 

— Vamos comer? — Disse Rosé, limpando o sangue na boca de Jisoo. 

— Bom apetite! 

Com suas presas enormes, elas dilaceraram cada parte do animal morto, comiam famintas aquela iguaria fresca. Após saciarem a fome, deixando apenas os ossos do animal jogados na areia, elas limparam o rosto com algumas folhas e se deitaram na areia.

Quando a escuridão da noite envolveu o céu, o mar as presenteou com uma visão deslumbrante e rara. Ondas bioluminescentes iluminavam o oceano com uma luz fluorescente natural, criando um espetáculo de tirar o fôlego. Sem compreender completamente a origem desse fenômeno, elas se deleitaram na beleza mágica que se desdobrava diante delas, após desfrutarem de um jantar “romântico” e memorável.


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Notas finais do capítulo

Eu fiquei com dó do leão, mas é a lei da selva né...



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