Jisoo e Rosé já tinham percorrido algumas horas nadando. Não estavam acelerando para economizar energia, mas também não estavam indo devagar demais; mantinham um ritmo constante. De repente, Jisoo parou e lançou um olhar para trás, fazendo Rosé também parar e a encarar, intrigada.

— Chichu? Tudo bem?

— Chae — Jisoo se aproximou — Só estamos a alguns quilômetros longe de casa, ainda dá tempo de voltar, tem certeza que quer vir comigo? 

— Sim Jisoo, eu tenho — Disse Rosé com determinação. 

— Mas… eu tenho medo de não conseguir te proteger. Temo que algo ruim aconteça com você — Jisoo enrolou os dedos nas mechas dos cabelos de Rosé — Eu nunca me perdoaria.

— Chichu — Rosé se aproximou ainda mais — Eu já sou bem grandinha, e sei tomar minhas próprias decisões. Não se preocupe, eu vou ficar bem. 

Jisoo admirou seu rosto, tocando suavemente com as pontas dos dedos. 

— Chae, eu… eu gosto muito de você… você é especial pra mim. Tudo que mais quero é te proteger.

— Obrigada, Chichu. Eu só consigo ser corajosa porque você está ao meu lado.

— E sempre vou estar.

— Posso te pedir uma coisa? — Rosé a olhou timidamente. 

— Pode, qualquer coisa.

— Você me daria um beijo? 

Jisoo arregalou os olhos.

— U-um b-beijo?

—Sim.

— Está bem — Jisoo se aproximou um pouco sem jeito e beijou sua testa. 

— Não assim, Chichu. Eu quero um beijo na boca.

— Na na na b-boca? — Jisoo ficou sem reação com aquele pedido.

— Sim, é o meu primeiro beijo e quero saber como é.

— Mas… quando voltarmos, você terá a oportunidade de fazer isso com algum tritão que goste.

— Mas eu quero que seja com você.

Jisoo sentia-se nervosa, especialmente porque Rosé estava bem próxima, encarando-a com um olhar intenso que ela nunca tinha visto antes.

— Nós somos sereias, isso não seria estranho? — Jisoo sentiu seu rosto corar. 

— Eu não me importo, você é a pessoa especial que eu quero ter o meu primeiro beijo… não só o primeiro… — Rosé se aproximou mais.

Jisoo sentia há muito tempo o desejo de beijar Rosé, mas sempre hesitou, temendo o que os outros pensariam. No entanto, com Rosé ali diante dela, aparentemente se declarando para ela, Jisoo não conseguia mais conter seus sentimentos. Os lábios rosados de Rosé a hipnotizavam, e ela se viu colocando as mãos em sua cintura, puxando-a para perto até que seus corpos se tocassem. Olhando nos olhos de Rosé, Jisoo desviou seu olhar apenas para seus lábios, diminuindo a distância entre eles gradualmente até que finalmente se encontraram em um beijo lento e profundo.

Rosé arfou de prazer, correspondendo ao beijo com ainda mais intensidade, suas mãos se agarraram aos cabelos de Jisoo enquanto ela sentia as carícias suaves de sua amiga. Mesmo quando se afastaram minimamente para recuperar o fôlego, permaneceram abraçadas, olhando nos olhos uma da outra.

— Se eu soubesse que era tão bom, teria te pedido antes — Rosé suspirou com um sorriso e as bochechas coradas.

— Agora você já sabe — Jisoo sorriu. 

— Podemos fazer isso mais vezes.

— Sim, quantas vezes você quiser — A voz de Jisoo saiu quase que num sussurro.

Rosé sorriu e a puxou para que continuassem nadando. 

— Vamos Chichu, agora estou muito motivada para continuar nossa jornada. 

…

Jisoo e Rosé deslizavam pela água, maravilhadas com a exuberância e a diversidade do mundo submarino ao seu redor. Cada criatura e cada formação de coral pareciam contar uma história única, encantando-as com sua beleza e mistério.

— Chichu, veja — Rosé apontou para as águas vivas e saiu nadando rapidamente na direção delas. 

— Chae, não toque ne… — Tarde demais, Rosé gemeu de dor ao sentir seu dedo queimar. Jisoo nadou rapidamente até ela, puxando sua mão para examinar. 

— Elas queimam, não pode tocá-las — Jisoo pegou o dedo de Rosé, o qual tinha uma leve queimadura e colocou na boca.

— J-Jisoo… — Rosé sentiu seu corpo arrepiar.

— Nossa saliva tem um poder curativo. Não é tão forte, mas ajuda a aliviar a dor — Jisoo chupou o dedo de Rosé suavemente.

— Acho que machuquei minha boca também — Disse Rosé.

Jisoo sorriu, apreciando a versão mais ousada de Rosé. Então, a beijou, entregando-se ao momento, sentindo uma conexão cada vez mais forte entre elas. Estavam se tornando cada vez mais viciadas uma na outra.

…

Enquanto nadavam em direção ao litoral de Solis em Sunnydale, não conseguiam conter sua fascinação e admiração por tudo o que viam. Desde os diversos tipos de peixes até os variados ambientes e paisagens submarinas, ficavam maravilhadas com a diversidade da natureza. Não era apenas a terra que possuía uma riqueza natural tão vasta; o fundo do mar era igualmente misterioso e intrigante, cativando-as a cada momento.

— Chichu! Chichu! — Rosé estava empolgada. 

— O que foi, Chae? 

— Olha! Um lago! — Rosé apontou em direção ao suposto lago. 

— Um lago? Estamos dentro do oceano, não tem como ter um lago — Jisoo arqueou as sobrancelhas, ainda olhando para Rosé. 

— Se você parar de olhar pra mim e olhar pra sua direita… — Rosé apontou novamente com o dedo.

Jisoo olhou surpresa para o lado e avistou um lago negro, contrastando fortemente com a tonalidade azul do oceano ao seu redor. Intrigadas, elas nadaram em direção ao lago para uma inspeção mais próxima. Não podiam acreditar no que seus olhos testemunhavam. A água escura do lago parecia desafiar as leis da natureza, destacando-se claramente como um corpo d'água separado, quase como se fosse um lago situado no fundo do mar.

— Como isso é possível? — Jisoo estava impressionada com o que via — É realmente um lago!

— Isso acontece porque a água desse lago tem mais salinidade, ela é mais densa e por isso não se mistura com a água do mar — Rosé estava extasiada, era seu momento de brilhar e impressionar Jisoo. 

Jisoo ouvia Rosé com grande interesse, aproximando-se cautelosamente do lago. Estava prestes a tocar a água quando Rosé gritou para impedi-la.

— NÃO! NÃO COLOQUE A MÃO AI!

— Por que? — Perguntou Jisoo, assustada.

— Porque essa água é extremamente tóxica, é perigoso… é algo apenas para nós observarmos.

— Acho que Lisa ia adorar esse lago.

— Pra afogar alguns “tritões idiotas” como diz ela. 

A saudade e a preocupação com as amigas as impulsionavam a continuar a jornada. Seguiram viagem encontrando as mais diversas criaturas e os cenários mais inusitados. Desta vez, chegaram a um imenso abismo, semelhante ao precipício em que o navio naufragado despencou, porém muito maior e consideravelmente mais assustador. Rosé olhou com temor; o abismo era tão profundo que era impossível ver o fundo, parecia um buraco sem fim.

— Essas são as …

— Fossas Marianas, precisamos atravessar — Jisoo pegou na mão de Rosé — Vamos fazer isso juntas, não precisa ter medo, estou aqui com você.

Rosé suspirou e reuniu coragem de onde nem sabia que tinha e avançou. Nadavam o mais rápido que podiam por cima daquela gigantesca fenda no fundo do mar, evitando olhar para baixo para não sucumbir ao medo. Pararam abruptamente quando Rosé olhou para baixo.

— Rosé? O que foi? — Perguntou Jisoo, apavorada ao olhar a expressão de medo da loira.

— Algo gigante está vindo de baixo… 

Rosé nem sequer teve tempo de terminar a frase. Uma lula gigante, com mais de cento e vinte metros de comprimento e centenas de tentáculos, vinha furiosa em sua direção.

— UM KRAKEN! — Gritaram em uníssono.