Siren escrita por llRize San


Capítulo 6
I Volunteer




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O Rei Jack caminhava inquieto de um lado para o outro, preocupação estampada em seu semblante. Jennie não estava em seu quarto nem em qualquer lugar da residência. Geralmente, ela avisava quando saía - ou, pelo menos, era o que ele pensava -, e suas saídas eram sempre na companhia de Lalisa, Jisoo e Rosé. Decidiu ir pessoalmente à casa de Jisoo em busca de informações sobre o paradeiro da filha. Ao chegar lá, foi recebido com expressões de espanto pelos pais da ruiva.

— Seja bem vindo ao nosso lar, Vossa Majestade — Disse o pai de Jisoo fazendo uma reverência e estendendo as mãos para que ele entrasse em sua casa — A que devemos a honra de sua presença?

— Me desculpem o incomodo logo cedo, não vou demorar, preciso falar com sua filha. Jisoo se encontra? — O Rei tremia. 

A mãe de Jisoo nadou até seu quarto, pela feição do Rei, aquilo parecia ser algo urgente.

— Jisoo! Acorde! 

— O que foi, mãe? — Disse sonolenta — O Sol nem nasceu ainda.

— Eu sei, eu sei, mas o Rei Jack está aqui e quer falar com você. Aprontou alguma coisa? 

Jisoo se levantou lentamente, esfregando os olhos.

— O Rei? 

— Sim, o Rei. Vamos, levante. Ele está na sala com seu pai, e parece preocupado com algo. 

Jisoo nadou até a sala, o Rei a aguardava com uma expressão um tanto preocupada. 

— Vossa Magestade — Jisoo fez uma reverência. 

— Jisoo… a Jennie… ela está com você? — O Rei foi direto ao ponto. 

— Não — Jisoo franziu o cenho — Ela não está no castelo? 

O Rei colocou a mão na testa, tinha esperança que Jennie estivesse na casa de Jisoo.

— Não, ela não está. Vou na casa de Rosé, talvez ela esteja lá.

O Rei se retirou apreensivo, acompanhado por Jisoo, que compartilhava de sua preocupação em relação à princesa. Dirigiram-se à casa de Rosé, onde, para a surpresa de todos, Jennie não estava presente. Decidiram então seguir para a residência de Lalisa. Os pais da jovem ficaram chocados ao constatarem que ela também não se encontrava em seu quarto.

— Jisoo — Rosé cochichou puxando Jisoo para outro cômodo, enquanto os pais de Lalisa se desesperavam junto com o Rei — Será que elas não saíram juntas?

— Por que? Elas nos chamariam…

— Ah eu acho que… — Rosé juntou os dedos indicadores, com vergonha — acho que elas saíram juntas pra… sei lá, namorar. 

— Namorar?

— Sim, elas tinham algo, e já saíram escondidas até da gente outras vezes, Lisa me contou. Ela dizia que era pra guardar segredo, mas ela mesmo queria contar isso pra todo mundo.

— Será? — Jisoo a olhou pensativa. 

— Eu acho que sim, devem estar por perto, podemos dar uma olhada. É melhor nós acharmos elas antes que o Rei, senão a Jennie vai levar uma bronca.

— Você tem razão, precisamos achá-las primeiro… vem, acho que sei de um lugar que elas poderiam ir. 

Jisoo e Rosé saíram sorrateiramente, escapando do olhar atento dos adultos, indo em direção a um local conhecido onde alguns jovens casais se encontravam. Era uma grande fenda adornada com corais coloridos e pedras esverdeadas, suas paredes abrigavam uma vegetação exuberante, criando um ambiente perfeito para encontros românticos. Determinadas, vasculharam cada canto do local em busca de Jennie e Lalisa, mas apenas encontraram casais irritados por terem seu momento íntimo interrompido.

— Chichu, elas não estão aqui, e agora? — Disse Rosé chorosa, abraçando o próprio corpo. 

— Eu não sei, Chae. Vamos procurá-las em outros lugares.

Jisoo teve um insight ao lembrar do mapa encontrado por Jennie no velho navio naufragado. Uma ideia surgiu em sua mente: talvez Jennie e Lalisa estivessem seguindo as pistas do mapa e atravessando o país naquele exato momento. No entanto, ela decidiu não compartilhar essa informação com o Rei, sentindo receio do que ele faria se soubesse que o mapa estava relacionado à sua falecida ex-esposa.

Durante toda a manhã, Rosé e Jisoo vasculharam todos os cantos possíveis em busca de Jennie e Lalisa, enquanto os tritões designados pelo Rei também se empenhavam na busca incansável. O ar de preocupação pairava sobre Aqua Marine, enchendo o coração de todos com apreensão.

À tarde, o Rei convocou uma reunião urgente, reunindo todo o reino na praça central. Em um pequeno altar de pedra, ele se preparou para fazer seu pronunciamento, e todos os olhares estavam fixos nele, aguardando ansiosamente por notícias.

— Minhas preciosas filhas desapareceram, peço desesperadamente que me ajudem a encontrá-las — O povo estava claramente assustados e preocupados — Jennie e Lisa estão desaparecidas desde essa madrugada, já a procuramos por toda a extensão desse reino, mas não a encontramos em lugar algum — O Rei olhou para o chão com tristeza, mas precisava ser forte e passar confiança ao povo — Tenho certeza que Jennie está bem, ela é forte e astuta, e Laisa é corajosa e valente, mas precisamos encontrá-las. Gostaria de sair e procurar por elas, mas preciso guardar o nosso reino contra invasores. Mandarei meus melhores tritões na busca delas em todos os sete mares. Caso tenha algum tritão forte que queira ajudar na busca, ficarei honrado.

Jisoo e Rosé trocaram um olhar determinado, compartilhando o mesmo desejo de encontrar Jennie e Lalisa o mais rápido possível. Jisoo tinha uma forte intuição de que elas poderiam ter ido em busca da tal fonte da felicidade. Decidida a agir sem envolver mais ninguém, ela ergueu a mão, chamando a atenção de todos na reunião.

— Eu me voluntario! — Disse Jisoo com determinação.

Todos a olharam surpresos.

— Jisoo, você é uma sereia, é perigoso! — Disse o Rei.

— Sim, sou uma sereia, mas garanto que sou muito mais forte e capaz do que todos esses tritões juntos que só pensam em malhar o bíceps. Eu posso ajudar na busca!

Os pais de Jisoo, desesperados, abaixaram sua mão.

— Ficou louca? — Sua mãe sussurrou. 

— Jisoo, isso é loucura, você nunca saiu daqui — Disse seu pai, preocupado. 

— É minha amiga, vou procurá-la. Não me subestimem, eu já sou adulta e forte o suficiente para cuidar de mim mesma. 

Seus pais suspiraram resignados, conscientes da natureza cautelosa de Jisoo e de sua tendência a não se arriscar sem motivo. Confiavam plenamente na responsabilidade e no cuidado que ela dedicava às meninas. Ao mesmo tempo, preocupavam-se com sua segurança, mas entendiam que se Jisoo estava determinada a fazer algo, ela o faria até o fim.

— Jisoo — O Rei a chamou — Minha jovem filha, temo que as águas sejam um lugar perigoso para você, mandarei meus tritões para acompanhá-la. 

— Não precisa, meu bondoso Rei, prefiro ir só, assim posso cuidar apenas de mim mesma, mas agradeço — Jisoo fez uma reverência. 

Rosé levantou a mão, tímida e receosa. 

— E-Eu v-vou com ela — Disse com a voz trêmula. 

— Seus pais estão de acordo com isso, minha doce Rosé? — Perguntou o Rei.

Os pais de Rosé balançaram a cabeça negativamente. 

— Papai, mamãe, por favor, não posso deixar Jisoo ir só, preciso protegê-la — Rosé implorou.

— Rosé, você tem medo de tudo, até de moluscos, os seres mais inofensivos — O Pai de Rosé tocou seu queixo — Pode ter certeza que tem coisas muito piores que moluscos nos mares de Aminicita e piores ainda são as criaturas terrestres.

— Sim minha bebê — Disse sua mãe —, deixe isso para os tritões do reino, eles são treinados.

— Papai, eu sei que sou medrosa mas… pela Jisoo eu sou capaz de criar coragem e enfrentar meus medos.

Jisoo a olhou com uma mistura de emoção e preocupação, sentindo o impulso de abraçá-la ali mesmo. No entanto, a ideia de levar Rosé consigo não lhe trazia total conforto. Ela não queria expor sua amada a nenhum perigo, mas ao mesmo tempo ansiava por sua companhia. Não queria cumprir essa jornada sozinha e confiava plenamente em Rosé para compartilhar seus planos de busca.

— Mamãe — Rosé continuou — Eu também sou treinada, posso usar magia e lembre-se que tenho a voz mais doce e mais mortal de todo o reino, por favor, confiem em mim, eu vou conseguir — Rosé carregava determinação em seu olhar, muito diferente do que costumava aparentar. 

Depois de horas de persuasão, finalmente conseguiram o consentimento de seus pais. Embora todos ali imaginassem que se aventurariam apenas pelos mares, ninguém poderia suspeitar dos planos de Jisoo de expandir sua busca para a terra firme.

As duas se prepararam meticulosamente para a jornada que teriam pela frente. O Rei equipou-as com armas que poderiam ser úteis. Para Rosé, ele entregou uma adaga de ouro maciço, enquanto para Jisoo deu uma longa espada de prata, adornada com detalhes de esmeraldas em seu cabo.

— Não dependam apenas de seus poderes mágicos, talvez precisem disso, mas eu torço para que não seja necessário — Disse o Rei enquanto acariciava os cabelos das duas  — Tenham cuidado, minhas filhas… e que os Deuses dos mares protejam vocês.


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Notas finais do capítulo

Se cuidem, garotas!
Não sei o que é mais perigoso, o mar ou a terra...



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