Siren escrita por llRize San


Capítulo 2
Mais que amigas




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A vida embaixo d'água não se apresentava menos desafiadora do que a dos humanos. Além das milhares de espécies que compartilhavam aquele ambiente, enfrentavam também os perigos naturais das profundezas marinhas. Jisoo, constantemente, buscava manter Jennie e Lalisa afastadas dessas ameaças. Ambas possuíam um espírito aventureiro e curioso, seja pelo desejo de conhecer o desconhecido de Jennie ou pela busca de emoções perigosas de Lalisa. De qualquer forma, Jisoo encontrava prazer em frustrar as inclinações mais arriscadas das duas, visando protegê-las de si mesmas. O lado positivo era que não precisava se preocupar com Rosé, que basicamente temia quase tudo.

Jisoo despertou tão cedo que o sol ainda não havia raiado na superfície do mar, envolvendo tudo em escuridão. Para navegar nesse ambiente sombrio, contou com a ajuda de um peixe nada amigável conhecido como "Diabo Negro". Esse peculiar ser possuía uma espécie de "lâmpada" no alto de sua cabeça, uma luz própria que iluminava o caminho. Embora não fosse o mais sociável dos peixes, tinha uma afeição especial por Jisoo e a guiava até o castelo todas as manhãs, especialmente quando a luz do sol ainda não se fazia presente.

Jisoo, apreciadora do nascer do sol, gostava de começar o dia cedo, dedicando-se a preparar diferentes receitas para um café da manhã saudável e nutritivo. Ao chegar ao castelo, ela parou por um momento para admirar a beleza da construção submarina, que lembrava os magníficos castelos de Amicitia, mas mergulhados nas profundezas do oceano. Algas decoravam as paredes, tingindo tudo de verde, enquanto corais se espalhavam pela extensão, adicionando cores vibrantes. Pequenos peixes realizavam suas atividades diárias, nadando de um lado para o outro.

Um suspiro escapou dos lábios de Jisoo, imaginando que Jennie ainda estivesse adormecida naquele momento.

...

Os raios solares já se projetavam, aquecendo as águas e criando um clima agradável por toda Aqua Marine. Rosé nadava animadamente pela cidade, saudando calorosamente a todos que encontrava. Seu bom humor matinal era uma marca registrada, algo com o qual todos já estavam acostumados. Ela cantarolava com sua doce voz, encantando as criaturas marinhas ao seu redor. Para os habitantes amigáveis do reino subaquático, aquele canto era inofensivo, mas para qualquer humano que o ouvisse, representaria um perigo.

Rosé havia preparado um arranjo improvisado com gramas marinhas, algas e corais colhidos nos recifes, uma tentativa de recriar a beleza das flores coloridas dos humanos lá em cima. Embora suas opções fossem limitadas, ela conseguia trazer um toque de cor ao seu mundo submarino. Ainda era cedo, e Rosé estava ansiosa para acordar suas amigas para mais um dia cheio de animação. Ao chegar no quarto de Jennie e Lalisa, deparou-se com as duas ainda dormindo. O ambiente, cheio de lodo e anêmonas, podia parecer estranho e desconfortável para os humanos, mas para elas, era um lugar acolhedor e agradável.

— Bom dia! — Disse Rosé, animada.

— Só se for pra você — Lalisa estava mal humorada, queria voltar a dormir.

— Lisa, acorda. Já são oito da manhã…

— Como alguém pode acordar de madrugada? — Lalisa estava terrivelmente irritada.

— Já esta tarde, o sol está lindo hoje. Nadei até a superfície e está tão agradável.

— Seu bom humor pela manhã me irrita — Disse Lalisa, coçando os olhos e se espreguiçando — Pra que isso? — Lalisa apontou para o buquê de “flores” que Rosé escondeu timidamente atrás de si. 

— É pra Jisoo — Respondeu Rosé, sem graça.

Lalisa deu uma gargalhada. 

— Isso é bem a sua cara. Você até que é fofa, Rosé. 

Jennie abriu os olhos lentamente, esticando-se em um espreguiçar tranquilo. O barulho de Rosé e Lalisa ao redor havia finalmente a despertado.

— Bom dia Rosé, minha linda bebê. 

— Bom dia Jennie.

— Cadê a Jisoo? 

— Eu não sei, vim direto pra cá, achei que ela já estivesse aqui.

— E estou! — Jisoo entrou no quarto — Cheguei às cinco e já preparei algo gostoso para comermos. 

— Me diga que é um humano passado na manteiga — Lalisa salivou. 

— Não! Logo de manhã? Isso dá indigestão. Preparei algas e alguns frutos que os humanos comem, consegui com um amigo. 

— Frutos? Dos humanos? — Jennie pareceu interessada.

— Sim, levantem e vamos comer.

Enquanto Jennie e Lalisa nadaram em direção à cozinha nos andares inferiores, Rosé parou na porta e chamou por Jisoo. A sereia mais velha parou e olhou para ela com um sorriso acolhedor.

— Eu… — Rosé tinha o olhar tímido, voltado para o chão — Eu trouxe algo para você…

— Para mim? — Perguntou Jisoo, surpresa.

— Sim… um presente pra você, Chichu — Rosé lhe entregou o “buquê” de algas e corais — Eu que fiz.

Jisoo a olhou com os olhos brilhando.

— Rosé, que lindo. Eu amei! Obrigada.

A ruiva envolveu Rosé em um abraço afetuoso, colando seus rostos. Seus cabelos ruivos dançavam junto com as madeixas loiras de Rosé, criando uma coreografia sincronizada na água, como se suas mechas estivessem executando uma dança combinada.

...

Após desfrutarem do café da manhã, dirigiram-se para a aula de canto, onde a professora não só as ensinava a entoar melodias, mas também a utilizar a magia através da voz para hipnotizar humanos ou possíveis inimigos, uma habilidade que serviria como uma defesa natural. Todas conseguiam dominar essa arte, mas Rosé destacava-se com um dom natural para hipnotizar não apenas os humanos, mas até mesmo Jisoo, que a observava encantada enquanto ela cantava.

Na próxima aula, a matéria seria sobre as artes mágicas dos humanos, algo que podia parecer um tanto tedioso. Aproveitando a pausa proporcionada pela saída da professora, Jisoo nadou até Rosé.

— Quem era aquele tritão que veio falar com você ontem? — Perguntou Jisoo, como quem não queria nada.

— É o Brad. Eu não sei porque, mas ele é bem atencioso comigo e vive querendo me levar a lugares estranhos.

Jisoo apertou as mãos, tentando esconder sua raiva.

— Eu vou acabar com esse Brad — Murmurou Jisoo. 

— O que?

— Não é nada, Chae. Mas não acho bom você ficar saindo com ele, e nem com nenhum outro. Tritões só não são a espécie mais idiota porque existem os humanos machos. 

— Eu não entendo porque eu não posso sair com os tritões, eles só querem ser meus amigos — Rosé brincou com as madeixas de seus longos cabelos loiros que dançavam na água. 

— Não, Rosé. Você não pode confiar neles, os tritões dessa idade só pensam em uma coisa…

— Algas? — Lalisa se intrometeu no assunto.

— Não! — Jisoo revirou os olhos.

— Corrida de cavalo marinho? — Jennie perguntou.

— Meu Deus! Não! — Jisoo estava impaciente.

— Já sei! Os tritões nessa idade só pensam em anêmonas — Disse Rosé.

Jisoo suspirou.

— Não meninas, os tritões nessa idade só pensam em sexo.

— Sexo? Tipo quando deixamos os ovos na água e eles vão lá e fecundam? — Perguntou Jennie, curiosa. 

— Não, não é isso… eles nos levam em terra firme, lá criamos corpos humanos e assim podemos ter relações sexuais igual os humanos — Explicou Jisoo.

— E isso é bom? — Perguntou Lalisa.

— Eu não sei, deve ser, os humanos gostam — Jisoo deu de ombros.

— Mas Jisoo, e se eles só me beijarem? Eu só quero saber como é o primeiro beijo — Rosé abraçou o próprio corpo imaginando a cena — Vai ser tão romântico. 

Jisoo nadou até Rosé e segurou seu rosto. 

— Na hora certa você saberá, e vai ser com a pessoa certa, e não com esses babacas…

Lalisa deu uma gargalhada. 

— O que foi, Lisa? — Jisoo olhou feio.

— To entendo tudo, Jisoo. Você é muito esperta.

— Lisa, vá procurar o teu namorado, o monstro do lago Ness. 

Lalisa rapidamente olhou para Jennie.

— Jennie, eu não tô namorando não.

— Eu sei Lisa, ela só está te provocando.

Lalisa olhou séria para Jisoo, mas a ruiva deu uma risadinha. 

— Lisa — Rosé a chamou — Você me daria o meu primeiro beijo? 

Lalisa se assustou.

— Jennie, eu não faria isso não! — Lalisa se explicou, desesperada.

Jennie riu.

— Jennie, e você? Me daria o meu primeiro beijo? — Perguntou Rosé. 

— Nem pensar! — Lalisa respondeu abruptamente.

Rosé fitou o chão com tristeza. 

— Rosé… se você quiser eu… — Jisoo procurava as palavras.

— Tudo bem, Jisoo — Rosé a interrompeu — Eu sei que você nunca faria isso… eu só queria saber como é ser beijada. 

Jisoo ajeitou os fios loiros de Rosé que dançavam sedosos na água. 

— Rosé, isso vai acontecer. Vai ser natural e com alguém que você gosta.

— E vai ser romântico — Rosé suspirou. 

— Sim, vai ser romântico — Jisoo admirava sua beleza.

— Rosé pensando em beijos idiotas e eu só queria tacar pedra nos tubarão pra eles ficarem nervosos — Lalisa riu maleficamente. 

— E eu queria dar umas voltas nas Fossas Marianas, dizem que tem umas coisas legais por lá — Disse Jennie com os olhos brilhando. 

— Nem pensem nisso! — Jisoo advertiu — Vocês não estão no juízo perfeito. Brincar com tubarões é perigoso, Lisa. E as Fossas Marianas não é um lugar agradável, nem a luz do sol chega, as piores criaturas vivem lá... nem pensem nisso! 

— É brincadeira, Jisoo chata — Jennie riu.

— Sou chata mesmo, vocês tem que seguir o exemplo da Rosé.

— Que? — Rosé estava distraída. 

— Melhor não — Lalisa riu — Esses dias ela estava com medo de uma esponja… Uma esponja!

— Ela era estranha, e grudou na minha calda — Rosé fez cara de nojo. 

— Pare de rir dela — Advertiu Jisoo. 

— Defensora da Rosé… — Lalisa deu de ombros. 

As quatro foram criadas juntas, construindo uma amizade sólida e duradoura ao longo do tempo. Embora se dessem muito bem, não estavam isentas de brigas e discussões, sendo Jisoo a única capaz de apartar os conflitos. Contudo, mesmo com suas diferenças, eram amigas leais. 

Apesar das piadas frequentes de Lalisa sobre Rosé ser medrosa, ela era a primeira a defendê-la de outros ou a afastar os "bichinhos feios e molengas" que a assustavam. Jennie contava com a ajuda delas para compreender as complexidades do reino, tanto de Aqua Marine quanto de Amicitia. Suas amigas eram seu suporte em todas as situações.

Rosé, com seu jeito meigo e carismático, tornava a vida de todas mais agradável, como Jisoo costumava dizer, "Rosé consegue trazer cor e luz ao mundo". Jisoo, por sua vez, sempre se destacava como a mais responsável e centrada do grupo, sentindo a necessidade de cuidar delas o tempo todo. Eram amigas inseparáveis, compartilhando não apenas os dias felizes, mas também os momentos tristes. Estejam em dias de alegria ou em dias de tristeza, elas estavam sempre juntas.

O Rei Jack Kim compartilhava algumas instruções com sua filha sobre a vida cotidiana no reino subaquático. No entanto, Jennie não exibia sua expressão habitualmente curiosa e animada; em vez disso, apresentava um semblante triste e cabisbaixo, algo incomum para a princesa do mar.

— O que foi ,minha pequena Jennie? Aconteceu alguma coisa? 

— Eu… queria saber mais sobre ela…

Jack suspirou profundamente, sentindo o peso da conversa iminente. Não gostava de tocar naquele assunto específico, era algo doloroso para ele. No entanto, compreendia a inquieta curiosidade persistente de sua filha e sabia que não podia evitar a conversa por muito tempo.

— Tudo bem Jennie, o que quer saber sobre sua mãe? 

— Ela era bonita?

— Sim, Jennifer foi a mulher mais bela que eu conheci, a sereia mais linda de todos os oceanos… — O Rei tinha um olhar triste. 

Jennie percebeu, mas estava curiosa e queria saber mais.

— Como ela era? 

O Rei pensou por alguns segundos, se lembrando de sua falecida esposa. 

— Jennifer era… bondosa e justa. 

— Ela deveria ter sido uma pessoa incrível. 

— Sim, ela foi…

— Papai, eu sei que é difícil falar sobre isso, mas como ela morreu? 

Jack apertou com firmeza seu tridente, sentindo a tensão no ar. Sabia que chegaria o momento em que precisaria abordar aquele assunto delicado com Jennie, mesmo que isso o deixasse tenso e desconfortável. Era uma conversa que precisava acontecer, uma conversa que ele não podia mais adiar.

— Sua mãe foi uma grande heroína. Por anos lutamos contra uma força maligna que vem assombrando não só o reinos dos homens em Amicitia como também o nosso…

— Lord Lecter — Disse Jennie, preocupada. 

— Sim, desde a última batalha que tivemos contra ele e suas sombrias criaturas, ele está desaparecido, nessa batalha perdemos muitas pessoas… e uma delas foi sua mãe — O Rei parecia triste.

Jennie o olhava com ternura e então o abraçou. 

— Papai, eu estou com você, temos um ao outro.

— Sim Jennie, você é o meu bem mais precioso.

— Eu te amo, papai.

— Também te amo, Jennie.

Embora Jack pudesse parecer sério e um tanto rígido em certas ocasiões, sua natureza era, na verdade, carinhosa e afetuosa, especialmente quando se tratava de passar bons momentos com sua filha. Jennie refletia sobre o quanto desejava ser tão forte e capaz quanto seus pais. Sentia a responsabilidade que recairia sobre ela, eventualmente, quando seu pai envelhecesse, cuidando de todo o reino. A ideia a intimidava, mas ela encontrava conforto sabendo que não estava sozinha, contando com suas inseparáveis amigas, verdadeiras irmãs de coração, para apoiá-la nesse caminho.

Longe dos olhares curiosos e muitas vezes maldosos dos seres humanos, as sereias mais deslumbrantes de todos os oceanos desfrutavam de uma vida tranquila na pacífica e bela cidade de Aqua Marine. Não eram apenas suas exuberantes belezas que as tornavam cobiçadas pelos nobres tritões, mas também suas virtudes de bondade, inteligência, determinação e coragem, admiradas por todos que as conheciam.

Embora fossem admiradas por onde passassem, nenhuma delas nutria interesse em romances ou em tritões, com exceção de Rosé, que alimentava sonhos de viver um romance encantador. Lalisa, por outro lado, via tudo isso como uma grande bobagem, deixando claro para Jennie que ela não tinha interesse algum em tritões. Jennie, por sua vez, vivia dividida entre dois pensamentos: o desejo de ser uma rainha benevolente no futuro e a terrível curiosidade que nutria pelo mundo dos humanos.

Jisoo permanecia constantemente preocupada com o bem-estar das outras meninas, certificando-se de que se alimentassem adequadamente e estivessem seguras. No entanto, seus pensamentos de preocupação eram compartilhados com um sentimento profundo por Rosé, um sentimento que a consumia há algum tempo. Desejava profundamente ter nascido um tritão para poder declarar seus sentimentos a Rosé, mas ao mesmo tempo, questionava a validade de seus sentimentos, afinal, ela também era uma sereia, assim como Rosé.

...

Rosé tinha convidado Jisoo para passarem o dia juntas, o que deixou a sereia ruiva um tanto nervosa. Embora estivesse acostumada a estar sempre na companhia de Rosé, Lalisa e Jennie geralmente estavam por perto. A ideia de ficar sozinha com ela fazia seu estômago gelar.

— Onde nós vamos, Rosé? 

— Quero fazer um presente para uma pessoa especial e quero que você me ajude.

— Um presente? Para uma pessoa especial? Quem?

Rosé nadou rapidamente à frente, seus longos cabelos loiros se emaranhando no rosto de Jisoo. Ela olhou para trás e chamou por Jisoo.

— Por enquanto isso é segredo, você vai saber depois. Vamos logo, Chichu!

Jisoo seguiu Rosé alegremente, achando-a ainda mais linda quando estava empolgada. Rosé nadava velozmente, criando bolhas enquanto se movia graciosa e rapidamente pelos mares. Jisoo a acompanhava com um sorriso radiante no rosto, sem se preocupar para onde estavam indo. O que importava era que estavam juntas.

De repente, Rosé pegou na mão de Jisoo, instigando-a a nadar mais rápido. Jisoo olhou para suas mãos juntas e sorriu, aproveitando o momento de cumplicidade entre elas.

Enquanto nadavam, conversavam e sorriam uma para a outra, Rosé se encantava com os mosaicos em forma de círculos que os Peixes Bola criavam na areia. Ela demonstrava seu entusiasmo para Jisoo, que, por sua vez, mal prestava atenção às "artes" na areia, pois seus olhos estavam sempre voltados para Rosé. Admirava não apenas a beleza das formações na areia, mas principalmente a beleza da sereia ao seu lado.

Rosé tinha uma afinidade especial com a natureza, sendo incrivelmente sensível aos seus sinais. Essa sensibilidade talvez viesse de seu radar natural, capaz de sentir qualquer criatura viva a quilômetros de distância, ou talvez fosse fruto de sua habilidade única de se comunicar facilmente com todas as criaturas marinhas ao seu redor.

— Chegamos! — Disse Rosé, parando abruptamente. 

Jisoo olhou ao redor sem compreender completamente. A paisagem parecia comum, sem nada que se destacasse de maneira especial.

— Não entendi, Chae. É aqui que está o presente da sua pessoa especial? 

— Sim — Rosé tinha um sorriso travesso no rosto. 

— Onde? — Jisoo olhou tudo em volta.

— Não consegue ver a beleza desse lugar? — Rosé apontou para os corais coloridos e a infinidade de peixes de diversas cores e tamanhos que nadavam por ali. 

— Sim, é um lugar lindo, mas… o que tem de diferente?

— Isso — Rosé nadou até o chão e pegou algumas conchinhas. 

— Conchas?

— Sim, venha Jisoo, me ajude a escolher as conchas mais lindas — Rosé pegou em sua mão.

— Chae, eu não sou muito boa nisso. Você consegue ver a beleza das coisas, eu não…

Rosé parou na frente de Jisoo e segurou em seus ombros. 

— Não consegue ver beleza aqui? 

Jisoo olhou em seus olhos. 

— Sim, consigo ver toda a beleza do mundo bem aqui… — Disse Jisoo timidamente.

— Viu como você consegue? Vem e me ajude a escolher as conchinhas.

— Está bem. Como eu faço isso? 

— Escolha as que você ache mais bonitas.

— As que eu acho mais bonitas? 

— Sim, porque a pessoa que vou dar o presente se parece com você.

Jisoo tentou imaginar quem seria aquela pessoa misteriosa que se parecia com ela.

— Então ela deve ser chata.

— Não, ela é a melhor pessoa do mundo. 

Jisoo a olhou, intrigada.

Enquanto Rosé procurava minuciosamente as conchinhas entre os corais, Jisoo não conseguia evitar admirá-la. Seu cabelo claro esvoaçava na água, e as escamas de sua longa e esverdeada cauda brilhavam de forma hipnotizante. O movimento suave de sua cauda na água capturava a atenção de Jisoo, que apreciava cada detalhe. A pele branca de Rosé destacava seus belos olhos azuis, semelhantes ao céu em um dia de verão. Para Jisoo, tudo em Rosé era simplesmente encantador.

Enquanto muitos peixes ocasionalmente cumprimentavam Rosé, ela parava algumas vezes para conversar antes de voltar à sua busca. Com algumas conchinhas na mão, Rosé nadou até Jisoo para compartilhar sua descoberta, exibindo um sorriso radiante ao fazê-lo.

— Chichu, olhe — Rosé lhe mostrou as conchinhas — O que achou? 

Jisoo adorava quando Rosé a chamava por aquele apelido; era a única pessoa que usava tal termo, tornando-o algo verdadeiramente especial entre elas.

— Que linda essas conchinhas, eu gostei.

— Deixa eu ver as que você pegou.

Rosé fez uma careta inevitável quando viu as conchas que Jisoo tinha escolhido. Eram grandes e com formatos irregulares, algumas ainda abrigavam moluscos, os temidos "bichinhos molengas" que Rosé mais temia.

— Acho melhor usarmos essas — Disse Rosé, sorrindo gentilmente.

— Eu disse que não era boa nisso.

— As suas conchinhas são lindas, mas tem bichos vivos nelas… e eles estão olhando com uma cara estranha pra mim. Não consigo entender direito o que os moluscos falam. 

— Chae, minha doce Chae, são só moluscos, eles são as criaturas mais inofensivas que existem.

— Eu sei, é que desde que aquele bichinho grudou na minha cauda aquele dia, eu fico com receio.

— Ta bom, ta bom, nada de moluscos — Jisoo deixou o molusco bem longe. 

— Melhor assim… vem, vamos para minha casa, agora vou fazer o seu… quer dizer, o presente da minha pessoa especial. 

Elas seguiram para a casa de Rosé, nadando rapidamente entre as rochas. Ao chegarem lá, foram diretamente para o quarto de Rosé. A sereia pegou alguns objetos curiosos, incluindo algo que se assemelhava a uma agulha de humanos e um fio feito de material semelhante a uma rede de pescadores. Com habilidade, Rosé começou a trabalhar com esses objetos e as conchinhas, enquanto Jisoo a observava com curiosidade. Após algum tempo, Rosé finalmente terminou.

— Pronto… como ficou? 

Jisoo observou o colar de conchinhas que Rosé havia feito, maravilhada com a habilidade dela em criar algo tão bonito com materiais simples. Era incrível como Rosé conseguia transformar elementos modestos em verdadeiras obras de arte.

— Ficou lindo, Chae!

— Você gostou? 

— Sim, tenho certeza que a dona do presente vai amar. 

— Eu sei, ela acabou de falar que gostou. 

Jisoo a olhou confusa, enquanto Rosé sorria docemente. 

— É PRA MIM? 

— Com certeza. Eu queria te dar de presente no seu aniversário, mas estou ansiosa demais pra esperar, então, estou te dando agora.  

— Rosé, obrigada — Disse Jisoo com a voz embargada — Então isso quer dizer que eu sou a pessoa especial? 

— Sim, você é — Respondeu Rosé timidamente. 

— Obrigada Rosé, eu amei esse presente... você também é especial pra mim — Jisoo a abraçou.

— Chichu… promete que vai estar sempre comigo? 

Jisoo se separou minimamente para olhá-la. 

— Claro que sim, eu sempre vou estar com você. Na verdade eu quero uma vida com você, Chae. 

Rosé puxou Jisoo para perto, envolvendo-a em um abraço prolongado e reconfortante. Naquele momento, estavam imersas em seu próprio mundo, uma bolha de amor, compreensão e amizade que era exclusivamente delas.


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Notas finais do capítulo

Ahhhhh eu sou muito boiolinha por ChaeSoo :3
Rosé deixando tão óbvio pra quem era o presente, mas a Jisoo tão apaixonada que nem se deu conta rsrsrrs

Rosé... é o fundo do mar, como assim você tem medo de "bichinhos molengas"?



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