Insensível. escrita por hikcchi


Capítulo 8
Capítulo 08.




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Kuroko se preparava para todos os jogos, mesmo que permanecesse no banco de reservas observando os outros jogadores em ação. A cautela era uma parte essencial de sua rotina, pois a qualquer momento poderia ser chamado para entrar em campo.

— Kuroko. — Chamou o assistente técnico. — Começará jogando hoje.

Essas palavras o deixaram extremamente nervoso, quase sem conseguir respirar. Hikari chegou ao local, surpresa:

— O Kuroko jogará hoje!?

— Sim. — Respondeu Momoi, cumprimentando-a. — Haizaki ficou doente e não pôde vir, então vão colocar o Tetsu em seu lugar.

— Doente? Duvido. — A azulada sabia que Shougo não era de confiança.

— De qualquer forma, espero que o Tetsu se saia bem. É a primeira oportunidade dele jogando com o time, logo nos primeiros minutos. — Momoi estava contente.

— Ele irá, Satsu. — A amiga afirmou, observando as equipes se cumprimentarem.

Os primeiros segundos da partida passaram, mas Kuroko mal conseguia se manter de pé. Suas pernas tremiam tanto que pareciam enfrentar um terremoto interno. Isso fez com que ele tropeçasse e seu nariz sangrasse.

— Ele não parece bem para mim… — Momoi exprimiu.

— Ele não está em sua melhor forma, sem dúvida. — Disse Hikari. — Talvez seja nervosismo? — Examinou, enquanto via o capitão entrar no lugar do de cabelo azul-claro. — É bom ver que o Nijimura está tão determinado.

Quando Nijimura driblou todos os oponentes, mostrando seu grande potencial, Teiko se consagrou: Midorima arremessou e marcou três pontos.

— Talvez ele esteja determinado demais… Ele sabe que este jogo serve para avaliar as novas habilidades dos novatos?

— Acredito que não saiba. — Respondeu Huryome, suspirando em seguida.

Do banco veio a ordem: “—Teiko, substituição!”. Kuroko estava prestes a entrar de novo.

— Agora ele acertará. — Ponderou a garota de cabelo azul-marinho, mas ele cometeu mais um erro.

— Ele está errando muito, — Pensou Akashi, observando os movimentos de Kuroko. — Seria só nervosismo ou ele ainda não dominou completamente o estilo? — De relance, ele olhou para Hikari.

Ela entendeu o olhar e, de alguma maneira, se sentiu… Culpada? Será que não ajudara o bastante ou errado em algum cálculo?

De qualquer forma, a Teiko venceu, mas ela sabia que o assistente técnico não ficaria satisfeito com os resultados. Talvez nem mesmo Akashi.

 

 

 

* * * * * *

 

 

Após o término do jogo, Huryome dirigiu-se à biblioteca. Seu objetivo era compreender as razões por trás dos frequentes erros ou, quem sabe, descobrir maneiras de ajudar seu amigo a melhorar os passes antes da partida vespertina. Ela estava ciente da importância para ele de permanecer na equipe de basquete e não desejava, de forma alguma, que seu sonho chegasse ao fim ali.

Entre as estantes, buscava algo cuja natureza exata desconhecia. Apesar de ter folheado livros sobre esportes, anatomia e até matemática, nenhum deles despertava seu interesse. Um sentimento de desânimo começou a se apoderar dela.

— Achei que te encontraria entre os livros. — Comentou Akashi, surgindo atrás dela. — Estava certo.

— Ah, oi… — Cumprimentou Hikari com um breve sorriso, guardando um livro de exercícios de basquete. Não queria revelar a ele que acreditava ter sido ela a responsável pelo erro na jogada para Kuroko. — Você quase me assustou.

— Estou aprendendo com o Kuroko também. Falando nele…

— Vi sim. Parece que ele estava nervoso durante o jogo oficial.

Akashi a observava atentamente. Ele tinha a certeza de que algo não estava certo.

— Pode ser que o estilo dele ainda não esteja dominado completamente. — Ele lançou um olhar de soslaio para os livros que ela segurava e sorriu. — Hikari.

De repente, ele se aproximou. Os olhos rosados encontraram os olhos azuis em um instante tão íntimo que ela podia perceber a proximidade das respirações se misturando. Em segundos, viu-se encurralada contra a estante, as bochechas se tingiram de rubor instantaneamente.
Mesmo mantendo o olhar fixo no dele, não pôde conter o deslize dos seus olhos descerem até os lábios.

 Um sorriso lhe escapou ao notar essa reação dela.

— Aqui. — Com a mão esquerda, ele pegou um livro da prateleira, relacionado ao tema em que ela estava pesquisando ou talvez utilizando como disfarce. — Acho que este livro pode ser útil para o que você precisa.

No mesmo momento, ela retornou à realidade. Ao olhar para o lado, viu o livro que ele pegou.

— Eu a vejo no jogo da tarde? — Perguntou o rapaz de cabelos rosados, ainda a encarando.

— S-Sim, se eu conseguir ir.

— Ótimo. Até logo, Hikari. — Sorriu, dirigindo-se para a saída.

Huryome ficou ali, refletindo sobre o que acabara de acontecer. Sua respiração e seu coração estavam acelerados. Ao lembrar que havia encarado os lábios de Akashi, corou, sentindo-se levemente envergonhada.

"— Droga, por que você é tão boba, hein?", pensou consigo mesma.

Ao abrir o livro que ele havia pegado, tentando dissolver aquelas emoções, deparou-se com a seguinte citação: “Mantenha seu foco no objetivo que deseja alcançar. Demonstre interesse e clareza em seus desejos.”

— "10 dicas para perseguir seus sonhos." Que excelente disfarce, Hikari…

Sem dúvida, o rubor em suas bochechas não desapareceria facilmente.

 

 

 

* * * * * *

 

 

 

Ela conseguiu estar presente no segundo jogo, apesar de seus compromissos, porém não tinha uma solução para o problema do amigo. Queria observar de perto desde o início, mas percebeu que Kuroko não estava entre os escalados.

— Como eu suspeitava… O assistente técnico não está satisfeito. — Suspirou. — Não acredito que essa decisão de mantê-lo no banco tenha sido tomada apenas devido à presença de Haizaki no jogo.

O jogo estava difícil. Ao final do segundo quarto, o placar indicava 31 contra 33. Quando o terceiro quarto estava para começar, houve uma alteração na equipe: Kuroko apoiaria os outros jogadores. Poderia ser a última oportunidade.

— Tetsuya, você consegue! — Torceu a garota.

Entretanto, testemunhou uma situação antes da partida reiniciar: Akashi se aproximou do rapaz de cabelo azul-claro para conversar.

— Aperfeiçoe a velocidade dos seus passes. — Emitiu, Seijuro. — Os jogadores do time principal são ágeis. Você precisa passar a bola antes do que faria para os jogadores dos times secundário ou terciário.

Kuroko ouviu atentamente.

— Você está com problema na questão de tempo. — Prosseguiu. — Além disso, sua finta é mais eficaz quando controla a ausência. Não deixe as emoções te dominarem. Deve ter determinação para lutar. — apontou com um dedo, pressionando-o no peito de Kuroko. — No entanto, não a mostre tanto.

Tetsuya respirou fundo e aparentou se acalmar. Hikari observou aquele momento. O que será que Akashi disse a ele? Não sabia, mas o impacto foi imediato.

Nos dois últimos quartos, Kuroko passou a bola para os colegas com uma eficiência invejável e a uma velocidade totalmente diferente. A ausência dele não só ajudava o rapaz, mas também os outros integrantes.

— Boa, Tetsuya. — Huryome sorriu, animada.

Entretanto, algo a perturbava. O cálculo que ela havia preparado especialmente para Kuroko estava incorreto: a velocidade que ele usava anteriormente era totalmente ineficaz. E ela não percebera, acreditando que estava tudo certo.

Por outro lado, o sub técnico parecia contente. Tanto é que, naquela ocasião, Kuroko se tornou oficialmente um membro da equipe de basquete da Teiko. A camiseta número quinze foi atribuída a ele.

 

 

 

* * * * * *

 

 

 

Um celular vibrando foi escutado, suavemente, no meio da bagunça na mochila. Mesmo relutante, ela não podia ignorar; estava um pouco desapontada.

Ainda assim, decidiu procurar o aparelho.

“Encontre-me no ginásio.”

Ela sabia imediatamente de quem era aquela mensagem.

Caminhando devagar, com a cabeça baixa, ela seguiu adiante. Já tinha percorrido aquele trajeto tantas vezes que poderia fazê-lo de olhos fechados. No entanto, naquele momento, parecia ser uma verdadeira provação.

A lua já despontava no céu.

Não era tarde para estar ali? Ela não foi para casa. Percebeu precisar enfrentar as consequências que ela mesma provocara em sua mente. Parada à porta, respirou fundo antes de entrar. O ambiente estava completamente silencioso, parecia não ter ninguém.

Ela demorou tanto assim?

De repente, o som da bola de basquete quicando em um dos cantos da quadra podia ser ouvido.

— Hikari. — Disse, saindo das sombras.

A única iluminação disponível vinha dos raios da lua que entravam pelas janelas no andar de cima.

— Você me chamou. — Respondeu.

— Sim. — Ele se aproximou, ficando cara a cara com ela.

— Eu imagino o porquê. — Suspirou, preocupada.

— Então, por favor, continue.

— Eu errei nos cálculos das jogadas de Tetsuya. Na partida desta manhã, ele mal conseguia acertar os passes. Achei que fosse nervosismo, mas entendi que não era.

Akashi prestava atenção nas palavras da garota.

— Notei que conversou com ele nos dois últimos quartos.

— Sim. E, de fato, o problema era a velocidade com que executava os passes. — Respondeu, Seijuro.

A garota mordeu o lábio inferior, repreendendo-se.

— Contudo, acredito que não foi culpa sua. Você apenas o orientou. Cabia a ele se adaptar ao time principal. Mesmo que, nessa ocasião, você tenha cometido um pequeno deslize.

— Isso não se repetirá.

— Eu sei. Como a menina estudiosa que é, tenho certeza que não. — Afirmou.

— Eu… — Algo a preocupava; dedicava-se aos treinos de líderes de torcida justamente para aprimorar suas habilidades. Agora, tinha dúvidas sobre sua competência após o erro cometido. Se Akashi não tivesse percebido antes e alertado Kuroko, ele não estaria no time.

— Hikari.

— Sim! — Ela respondeu subitamente para afastar os pensamentos.

— Ouvi dizer que haverá um teste na próxima semana. Estão procurando por uma nova capitã para o time de líderes de torcida.

A jovem ficou surpresa: um teste? Para liderança?

— Espero que esteja pronta para isso. Ao se tornar líder, suas habilidades de análise serão ainda mais aprimoradas.

— Não sabia que a Sato estava deixando a liderança… — Ela focou seu olhar no garoto à sua frente.

— Bem, agora que sabe, está preparada para enfrentar esse novo desafio? — Akashi mirou-a.

Não se sabe se foi por estímulo ou imprudência, mas ela estava determinada a avançar.

— Sim, aceitarei esse desafio. — Ela afirmou, embora tenha duvidado de suas próprias palavras momentos depois.

— Ótimo. — Ele seguiu em direção à cesta com a bola.

A garota ponderou um pouco mais antes de fazer as pazes consigo mesma e com seus pensamentos.

— Já não está tarde para treinar, Seijuro?

— Já que está aqui… — Ele se virou na direção dela. — Pode me ajudar?

— Hein? Mas…

— Será por pouco tempo. Por favor, Hika, preciso melhorar alguns passes. — Akashi simplesmente sorriu, observando os brilhantes olhos azuis iluminados pela luz do luar.

Hikari nunca havia ouvido ele se dirigir a ela de forma tão pessoal; demorou um pouco para perceber o sorriso surgindo em seus lábios delicados.

— Tudo bem, Sei. Ajudarei você.

Ele não fez nenhuma objeção ao ouvir a contração de seu nome, criando um apelido. Embora não tenham confessado, ambos apreciavam aquela intimidade.


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