O casamento às cegas. escrita por Takkano


Capítulo 2
Convidado especial.




Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/811437/chapter/2

Brûlée acordou com uma enxaqueca daquelas.

Suspirou aliviada ao notar que estava em seu quarto. Ficou mais do que grata, por sair daquela situação bizarra e mortal, na qual Katakuri se meteu e, por muito pouco, não a levou junto.

— Que bom que acordou, Brûlée, vou precisar muito da sua ajuda.

Katakuri segurava em uma de suas mãos, e parecia preocupado com sua situação.

Brûlée olhou para os espelhos em volta, sua aparência estava horrível. Nem se lembrava quantas garrafas de conhaque tomou. Devia ter marcado, pois, pelo jeito, precisaria delas agora.

— Katakuri-chan, você tem mesmo certeza disso, sabe que isso pode ser um grande erro, não sabe.

— Brûlée você mesma viu, não viu, como ele me pediu isso daquela vez? Eu pensei muito sobre e eu quero muito ficar com ele.

Brûlée ficou morrendo de pena do irmão. Katakuri havia sofrido tanto durante toda a sua vida, que qualquer mísera demonstração de compreensão e afeto pareciam ser o suficiente para enchê-lo de esperanças. Brûlée sabia que Luffy era famoso por aceitar qualquer um em seu bando. O problema era que Katakuri parecia não perceber que seria somente mais um tripulante, e não um grande amor na vida do capitão dos Mugiwaras.

— Você sabe que eu jamais diria não para você, não sabe?

— Por isso você é a minha irmã favorita. Não só por isso, na verdade.

— Ah, para de me bajular.

— Brûlée – Katakuri ficou um pouco encabulado – Você gostaria de ser a minha madrinha? Tudo bem se você não quiser, você não precisa…

— Eu adoraria – Brûlée sorriu sincera.

 

***

 

Luffy estava deitado no quarto dos garotos, no Sunny Go, depois de um farto almoço. Não havia mais ninguém ali. Sanji e Zoro agora dividiam um quarto separado do bando. Frank havia improvisado seu próprio quarto na sala de controle. Chopper e Ussop haviam saído para uma aventura na ilha mais próxima, e Brook estava ensaiando guitarra no ninho do corvo.

A figura analisou desconfiada o lugar, colocando a cabeça para fora do espelho onde Ussop costumava se barbear.

— Bem, tirando as coisas horríveis que encontrei presas na moldura, acho que o lugar está limpo – Brûlée fez sinal de ok para o irmão.

Katakuri se espremeu, passando com bastante dificuldade para o interior do quarto dos Mugiwaras. Acabou derrubando o espelho quando finalmente conseguiu sair.

— Sanji, já é hora da janta?

Luffy acabou meio que acordando com o barulho de algo se espatifando no chão. Esfregou os olhos e observou em volta, ainda um pouco sonolento. Sua atenção se prendeu em uma das colunas que sustentavam o teto do navio. Desde quando ela tinha pés? Ainda por cima era possível ver, mesmo para a percepção de Luffy, uma silhueta escapando pelas laterias.

— UHAAAA, O NAVIO ESTÁ SE TRANSFORMANDO EM UM GIGANTE!

Luffy deu um berro, fazendo com que Katakuri saltasse de sua posição segura e tampasse a boca do capitão gritão. Luffy não fez muito mais que se debater feito um coelho assutado.

— Shiiii, não faça barulho, Mugiwara, prometo não lhe fazer mal. Só quero conversar.

Aos poucos, Luffy foi se acalmando e Katakuri o soltou.

Luffy ficou o encarando como se duvidasse muito das intenções do homem com quem um dia travou uma batalha mortal.

Katakuri sabia muito bem como começar uma ameaça, uma perseguição, ou, uma batalha sangrenta. Mas nada, absolutamente nada na vida, havia o preparado para, um dia, pedir a mão de alguém; ainda mais alguém que amasse de verdade. Todos os relacionamentos da família Charlott que, inclusive, eram pouquíssimos, foram baseados em mentiras e interesses. Apenas Chiffon parecia usufruir de um amor verdadeiro. Katakuri queria poder ser como a irmã nesse quesito e viver um amor ao menos parecido.

— Kuri, você parece mal, quer usar o banheiro?

Katakuri riu. Ficou tão assustado, preso em seus próprios medos e expectativas que se esqueceu que Luffy ainda o observava atento.

— Não, eu estou bem. Chapéu de Palha, eu vim porque pensei muito naquele seu pedido, eu nem sei se você ainda se lembra.

— Ser meu companheiro – Luffy parecia estranhamente sério.

— Sim, esse mesmo – Katakuri explodiu de alegria por dentro, por Luffy não ter se esquecido dele – E entendi que isso também é o que eu quero, Chapéu de Palha; ser seu companheiro. E esse momento tão único merece uma festa incrível.

— Festa! – Luffy gritou feliz – Que tipo de festa? Me conta vai.

— Bom, você ainda se lembra não é, da Pudding e do Sanji? Então, eu queria que tivéssemos uma dez vezes maior. Por isso, Chapéu de Palha, quero dizer, Luffy – Luffy sorriu. Se sentia bem mais feliz quando o chamavam pelo nome – Melhor, Monkey D. Luffy – Katakuri levou um dos joelhos ao chão e fez uma reverência – Será que você aceitaria…

— Casamento! – Luffy pulou de alegria – Sim, sim, claro que sim, hihihihihi.

Katakuri ficou corado. Nunca pensou que Luffy fosse realmente aceitá-lo. Se soubesse que seria tão simples pedir aquilo ao Chapéu de Palha, teria falado com ele, antes de ter que preparar sua família.

O comandante doce retirou seu paetê, sorrindo um pouco. Agora não tinha mais vergonha de retirá-lo em público, principalmente na presença de seu futuro marido.

— Luffy… – Katakuri o chamou, distraindo o garoto que ainda sorria imaginando toda a quantidade de comida que poderia comer naquela festa – Eu sei que pode ser meio inapropriado agora, ou até cedo demais, mas, será que eu poderia te beijar?

— Quê? – Luffy ficou meio assustado e confuso – Mas por quê?

— Bem é que… – Katakuri se lembrou das rosquinhas açucaradas e o quanto o toque de Luffy parecia suave como o glacê – É que eu comi alguns donuts hoje e me lembrei de você.

— Entendi! Hihihihi – Luffy sorriu feito uma criança – Você quer que eu descubra o sabor das rosquinhas que você comeu.

— Seria divertido – Katakuri achou aquilo engraçado e muito inocente da parte de Luffy.

Luffy se aproximou de uma vez, deixando o general doce vermelho feito um morango. Cheirou os lábios do homem soltando um lamurio de satisfação e sorriu.

— Chiclete, a última rosquinha que você comeu, com certeza, foi chiclete.

— É, você é mesmo bom nisso.

— Mas eu só comecei – Luffy o cheirou de novo. Deu a volta em torno de Katakuri e aspirou profundamente, tentando descobrir o que mais o homem havia comido – Não tá nada fácil, mas – Luffy surpreendeu Katakuri lambendo o canto de sua bochecha – Você deixou muitos vestígios; caramelo.

— Verdade, acertou de novo.

Luffy soltou um grito de alegria e voltou a aspirar. Não encontrou nada. Novamente lambeu a bochecha de Katakuri. Desta vez Luffy sentiu algo diferente. A pele de Katakuri parecia ainda mais doce e macia, como se estivesse provando um doce de verdade. Deu outra lambida, dessa vez bem mais longa e com mais pressão. Sentiu bem mais que o sabor doce e a textura macia. Era como se suas papilas estivessem sendo acariciadas. Um gostoso arrepio, muito parecido com um pequeno choque, desceu por seu pescoço, passando por seus ombros, indo direto para a coluna. Aquilo era bom. Deslizou a língua pela extensão do rosto de Katakuri até chegar em seus lábios, onde bateu em uma de suas presas.

Katakuri também curtia aquela brincadeira. E daí que Luffy estivesse levando aquele relacionamento de uma forma infantil, ele não se importava. Tudo o que queria agora era aproveitar aquele momento a sós com ele.

Katakuri tocou o pescoço de Luffy com a mão, sentindo a pele do Chapéu de Palha se arrepiar como se estivesse com frio. Aquilo foi interessante. Seu coração acelerou quando Luffy deslizou a língua por seus lábios.

Mas a emoção durou pouco ao sentir Luffy bater em uma de suas presas.

Era ali que terminava. Luffy ficaria com medo e se afastaria. Ou pior, talvez nem quisesse mais beijá-lo, e seu casamento estaria arruinado. Tudo por causa daquela maldita boca desfigurada.

Katakuri não esperou por um fora. Tentou se afastar e vestir seu paetê de novo. Pediria desculpas a Luffy pelo inconveniente e sairia dali como da outra vez; derrotado.

— Eu ainda não descobri – Luffy segurou as pontas do paetê preso ao pescoço de Katakuri e o puxou para si – O sabor da sua boca.

Katakuri sentiu Luffy colar os lábios dele aos seus. O Chapéu de Palha se livrou do maldito paetê, o arremessando em uma corrente de ar em direção aquele oceano sem fim. Katakuri não se importou com isso, não com língua de Luffy ganhando espaço entre seus lábios, que se abriram para abrigá-la. Aquilo era tão incrível. Antes, Katakuri acreditava que os donuts seriam sua única fonte de prazer. Porque eram doces, macios, cheirosos e traziam aquela sensação de felicidade. Mas o beijo de Lufffy proporcionava as mesmas sensações e alguns bônus.

E foi justamente esse bônus que o fez afastar Luffy, antes que algo saísse do controle. Katakuri sabia que era antiquado, mas queria guardar aquilo pra depois da festa.

O olhar de Luffy voltou a se focar nele, trazendo um sorriso um pouco menos inocente dessa vez.

— Eu já sei.

— Já sabe o quê?

— O gosto que tem.

— E qual é? – Katakuri se sentiu extremamente envergonhado com aquele olhar.

— Eu não vou te contar agora, vai ter que esperar até depois da festa.

O coração de Katakuri deu um salto. Várias coisas passaram pela sua cabeça. Se Luffy podia lutar da forma como lutaram, imagina só o que o pequeno Mugiawara poderia fazer fora de batalha; em outros contextos, para ser mais específico.

— Eu vou esperar, com certeza, vou esperar.

 

 

 


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!




Hey! Que tal deixar um comentário na história?
Por não receberem novos comentários em suas histórias, muitos autores desanimam e param de postar. Não deixe a história "O casamento às cegas." morrer!
Para comentar e incentivar o autor, cadastre-se ou entre em sua conta.