O casamento às cegas. escrita por Takkano
— Vou me casar.
— EHHHHHHHHHHHHHHHHHHH??
A surpresa foi geral. Ninguém mais ali na mesa de jantar, da mansão dos Charlotte, conseguiu comer coisa alguma. Brûlée foi a única que virou uma garrafa inteira de conhaque, na esperança de apagar antes daquilo tudo continuar.
Bem devagar, a matriarca da família e Yoncou, Linlin Charlotte, largou a generosa garfada de bolinho de feijão doce que já ia à boca poucos segundos antes. Aquele pequeno gesto deixou todos, até mesmo Katakuri, um pouco preocupados, porque a Mama nunca deixava uma garfada para depois. A mulher lançou um sorriso insano ao filho mais velho e ficou o encarando, por um longo período de tempo. Passava a impressão de que Linlin esperava pelo final de alguma piada que, certamente, seria bem sem graça.
Como Katakuri a encarou de volta com um olhar firme e sério, Linlin não viu saída a não ser ter que perguntar:
— Está falando sério?
— Não! – Brûlée soltou do outro lado da mesa. Parecia que um conhaque não fora o suficiente.
— Sim – Katakuri cortou a irmã, que parecia procurar algo brilhante na mesa para se enfiar dentro.
— Mama ma! Não sei o que dizer.
— Que tal, dizer que está muito feliz por mim.
— Não sei se posso dizer isso agora, eu ainda não dei permissão.
Katakuri riu baixo, o que deixou todos ainda mais aflitos.
— Eu não estou pedindo permissão; não preciso. – Mama apertou o garfo o entortando. – Estou comunicando que pretendo me casar, em breve.
— E o que o faz pensar que uma notícia como essa me deixaria feliz?
— E por que não deixaria?
— Porque os casamentos dos Charlotte não costumam dar muito certo, de qualquer forma – Charlotte Cracker deu uma longa gargalhada, arrancando um olhar raivoso de Pudding, que inflou as bochechas.
— O meu só não deu certo, porque foi tudo forçado – Pudding se deitou triste na mesa. Odiava ter que relembrar que perdeu Sanji.
— Todos os casamentos dos Charlotte são forçados, ninguém nunca iria querer se casar com algum de nós.
— Como é difícil não ter uma gota de autoestima né, Próspero – Pudding mostrou a língua ao irmão.
— Já chega – Mama bateu forte na mesa, fazendo alguns objetos saltarem no ar – Antes de concordar com isso, eu preciso saber quem é a felizarda, não?
— NÃO! –Brûlée fez uma última tentativa de salvar a pele de Katakuri antes de tombar na mesa de jantar. Parecia que três garrafas sim resolviam o problema.
—Então, de qual interesseira exatamente estamos falando? — Charlotte Smoothie mirou Katakuri com ar de deboche.
—Não existe interesse algum, é só… amor – Katakuri parecia pouco seguro sobre isso.
O circo foi geral. Todos acabaram rindo muito, deixando Katakuri e até mesmo Pudding, que empatizava mais com o irmão, um pouco magoados.
Linlin levantou a mão, fazendo todos pararem imediatamente de rir.
— Tudo bem, não deve ser difícil acertar então. Se não é nenhuma interesseira, é porque é uma mulher importante – Linlin levou a mão ao queixo exageradamente grande e começou a pensar:
— A Princesa Nefertari Vivi, de Alabasta?
— Não conheço.
— É, seca demais.
Muitos dos Charlotte voltaram a rir.
— Shirahoshi?
— Não.
— Graças a deus, odiaria ter um aquário na sala de jantar; e com o jantar dentro.
Alguns dos Charlotte já deitavam de tanto rir.
— Ah, a Princesa Hyori?
Muitos fizeram uns sons de assobios. Hyori era realmente bonita.
— Definitivamente, não.
— É ela está bem falida agora, até no título. Espera, não vai me dizer que é aquela oferecida da Boa Honkok? Se for, nesse caso, não tem conversa – Mama voltou a socar a mesa irritada – Me recuso a ter aquela vadia como nora.
— Ah, mama! A Honkok é um mulherão.
— É mama, deixa o Katakuri se casar com ela, vai ser interessante.
— Pelo menos as crianças vão nascer bonitas; se puxarem a mãe, é claro – Flampe soltou amarga.
Katakuri só não se importou tanto porque sabia que, na verdade, lá no fundo, a irmã só estava morrendo de ciúmes dele.
— Estão todos errados. Eu não tenho interesse algum na Honkok, na verdade, ela pode até ser um problema para mim.
— Problema? Espera, a gente ao menos conhece a pessoa de quem você está falando? – Próspero finalmente foi ao ponto.
— Tenho certeza que sim.
— Ah, Katakuri, dá uma diquinha vai – Oven, que estava sentado ao lado de Katakuri, cutucou o irmão.
— Estiveram conosco aqui em Whole Cake e em Wano.
— Espera, não vi nenhuma princesa aqui em Whole Cake nos últimos tempos – Daifuku tombou a cabeça pensativo.
— É porque não é uma princesa, sua anta – Smoothie voltou a encarar Katakuri.
— Ah! Sabia que era só uma interesseira – Mama finalmente voltou a comer, agora sem dar mais muita atenção ao assunto, que começou a se espalhar feito brasa pela mesa.
— Olha, se vocês tiverem uma boa memória, saibam que as únicas mulheres que estiveram conosco, tanto em Whole Cake, quanto em Wano, foram a arqueóloga e a gata ladra.
A última garfada de Linlin saiu voando em direção a Katakuri, que foi atingido bem no rosto. Nem reclamou. Aquilo foi literalmente doce, perto do que estava por vir da matriarca.
— Bom, na verdade, também tem aquela coelha, né?
— Próspero, não está ajudando. – Próspero mordeu a língua.
— Bom, na verdade tinha sim mais alguém – Oven resolveu tentar ajudar um pouco – Como é mesmo que se chama, aquela Germa?
— Mama ma! Vai tentar consertar o estrago que a Pudding cometeu? – os olhos de Pudding merejaram. Mama voltou a comer feliz – Agora sim está parecendo um filho meu. Sabia que alguém dessa família tinha que se salvar. Muito bem, nesse caso, vamos dar início aos preparativos – Mama pegou um bloco de papel e jogou sobre a mesa – Vamos começar pelos doces.
— Mama, primeiro os convidados, para poder calcular a quantidade de comida para a festa.
— A quantidade deve ser ilimitada, então os convidados não importa.
— Nesse caso a comida também não precisa ser anotada.
— Que festa estúpida, tomara que termine pior que a anterior – Fleur cuspiu o chiclete no chão, bem próximo ao pé de Katakuri.
— Olha, os convidados sempre serão os mais importantes, pois, ao contrário da comida, esses sim, devem ser limitados; bem limitados – Smootie estendeu a mão a Mama, pedindo para anotar os convidados.
Mama entregou o caderno e voltou a comer.
— Desnecessário. Todos os Charlotte estão convidados, a menos que queira convidar alguém de fora para testemunhar esse momento; que tal o Kaido?
— De jeito nenhum! – Próspero ficou realmente irritado.
— Não, a Mama está certa, vamos sim convidar alguém de fora.
— Mas quem, não temos tantos aliados.
— Seja realista, Smoothie, não temos nenhum, na verdade. Nem mesmo o Kaido aceitaria um convite estúpido desse.
— É, quem se importa com uma aberração se casando com outra? – Fleur ameaçou sair da mesa, mas Mama a deteve com um olhar. A pequena garota voltou a se sentar. Sabia que a Mama não deixava ninguém sair antes dela mesma terminar a refeição.
Katakuri ficou quieto. Não conseguiria ter uma conversa adequada com ninguém ali, exceto Pudding e Brûlée, mas uma estava aos prantos e a outra desacordada.
— Se não se importam, eu gostaria de me retirar. Como a festa é minha – Katakuri lançou um olhar perigoso à mãe – Eu sim, preciso fazer um convite de última hora.
— Mama ma! E quem você vai chamar, acredito que também não seja lá muito popular.
— Uhm, será uma surpresa.
— Oh se será.
Brûlée disse suas últimas palavras, antes de voltar a tombar, desacordada na mesa.
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