As três encaravam Chaeyoung deitada sobre sua cama, enquanto tinha Jongin e Kyungsoo ao lado dela, de guardas, eles não haviam a deixado mais, desde que haviam retornado ao quarto.

— Pobre Rosé – Jisoo diz, estalando a língua e negando – enlouqueceu.

— Ela disse que ouviu um quadro sendo rasgado – Jennie diz confusa.

— Todos os quadros estão inteiros – Jongin diz negando – nós conferimos tudo, havia apenas uma mesinha caída no corredor, como se alguém houvesse se esbarrando nela.

— Talvez a própria Chaeyoung em seu momento de loucura – Jisoo acusa descrente.

— Você pode debochar e fazer piadas, mas eu acredito nela – Lalisa olha para o pingente em sua mão e suspira – ele é real Jisoo, talvez não Kang Lia, mas eu sei que tem alguém tentando nos matar.

— O assassino que só você e a Rosé viram? – Jisoo diz ainda sem acreditar – aliás, Rosé viu além de um assassino – a morena debocha e ri – sério Lalisa, O Quebra Nozes? Não dava pra ser mais criativa?

— Vamos encerrar isso e deixar Rosé descansar – Jennie morde o lábio apreensiva.

— Minha senhora, o Barão chegou – Minseok entra no quarto anunciando, logo fazendo uma reverência.

— Vamos logo – Jisoo diz, deixando o quarto e os outros para trás.

Jennie a seguiu logo em seguida e Lalisa foi a única que ficou encarando Chaeyoung, depois de um longo suspiro, ela ordenou que Jongin e Kyungsoo fizessem troca de turnos, mas que não deixassem a loira sozinha, nem ela mesma andava mais sozinha, sempre tinha um ou seus dois escudeiros ao seu lado, tinha medo do seu assassino retornar para tentar finalizar o que não havia conseguido antes.

Jisoo e Jennie caminharam até a sala e viram o Barão Kim a espera delas. Estranhamente os três eram irmãos, o pai das duas era o único a ter mais de uma filha com a Rainha Lee, ela de fato havia se apaixonado verdadeiramente por ele, mas o homem havia morrido misteriosamente, depois do nascimento de Jennie. E Namjoon era filho do homem, antes dele conhecer a Rainha Lee, ele também era um nobre, e Namjoon não ficou desamparado depois da morte do pai.

— Irmãozinho – Jisoo diz debochada – que maus ventos lhes trazem até aqui?

— Sempre um prazer revê-la – Namjoon diz com uma falsa condescendência.

— Temos muito o que fazer Namjoon, o castelo está uma loucura, diga logo o que deseja – Jennie diz impaciente, se sentando em um dos sofás e olhando para a xicara com seu chá habitual.

— Fiquei sabendo que vocês estão sofrendo de ameaças, devo me preocupar? – Namjoon pergunta, se sentando de frente para as duas e aproveitando o chá que havia sido deixado por uma das empregadas.

— A gente se vira – Jisoo suspira, de fato ela não acreditava muito na existência de um carrasco, afinal, apenas Rosé e Lalisa haviam o visto, era quase como um fantasma – Love precisa de alguma coisa?

— Não vim aqui por causa do meu reino, eu tenho boas alianças, e estamos prosperando – Namjoon diz orgulhoso, de fato, estava cuidando muito bem do reino ao oeste de Trevian, quase fazendo fronteira com Euphoria ao sul.

— Então vá direto ao ponto – Jennie diz impaciente.

— Vim para comunicar do meu casamento com o Rei Kim – Namjoon diz, fazendo Jisoo engasgar-se com o chá, mirando o irmão com espanto.

— Você é gay? Deuses, eu nem sabia disso – Jisoo diz espantada, se recompondo.

— Quando será o casamento? – Jennie pergunta desinteressada do drama de Jisoo.

— Em alguns dias – Namjoon estende os convites sobre a mesa de centro, com um sorriso nos lábios – entreguem o de Chaeyoung e de Lalisa, por favor.

— Não temos nenhuma pretensão de ir nesse casamento, temos mais o que fazer – Jisoo empina o nariz, arrogante como sempre e Jennie nega.

— Tem mesmo? O que por exemplo? Porque vim pelo sul e o povo de Shadow estava desesperado com seu gado sumindo.

— Isso é problema da Lalisa, ela anda indisposta – Jisoo dá de ombros e se levanta, ajeitando seu vestido – agora com licença, eu preciso fazer algo mais importante.

E Jisoo literalmente saiu sem se importar em receber uma resposta, as vezes ela era desinteressada e as vezes, ela parecia implicante de um jeito irritante.

— Nós iremos ao casamento – Jennie diz com um suspiro e se levanta, recolhendo os convites e entregando a Chanyeol, com uma ordem implícita de entregá-los as outras – parabéns pelo noivado.

— Obrigada – Namjoon sorri e Jennie apenas acena com a cabeça, antes de deixar o ambiente.

O loiro apenas cumprimentou o escudeiro restante e deixou o palácio.

Lalisa caminhou pelos corredores até a biblioteca, ela nunca havia estado ali, odiava aquele lugar, afinal, era ali onde Kang Lia mais ficava, e sempre que ela pudesse evitar a ruiva, ela fazia um esforço a mais.

Ela sacodiu a cabeça e caminhou entre as prateleiras na parede, precisava encontrar o livro com o brasão de Lilases, nele continha toda a história do reino. Ela não fazia ideia do porquê precisava olhar aquilo, mas sentia que algo sobre aquele brasão a incomodava.

Lalisa achou o livro de capa preta e o puxou, acidentalmente deixando cair um papel que estava preso entre as folhas empoeiradas do livro. Assim que o abriu, ela franziu o cenho.

— Nós nunca teríamos o trono de qualquer forma – ela suspira e abre o livro, folheando e parando na página marcada, onde dizia claramente que o Trono de Diamante só seria entregue a uma rainha digna, mas mais do que isso, apenas aquela que possuísse a marca poderia assumi-lo como legitima.

Ela sabia que Kang Lia era a primogênita e consequentemente, a única que possuía a marca da realeza, marcada na pele no dia do nascimento, marca essa que nenhuma das outras receberam, porque apenas a primogênita tinha o direito de recebê-la.

— Que bom que está morta Lia, agora, teremos o trono de qualquer forma.

— Minha senhora – Sehun faz uma reverência e a olha – o Duque Wang quer falar com vossa majestade.

— Me dê apenas um segundo Sehun – Lalisa diz e o homem assente, a deixando sozinha, mas deixando Baekhyun na porta, fazendo a segurança dela.

Lalisa pegou a carta e guardou nas vestes, junto ao brasão, por fim devolveu o livro ao seu lugar habitual e deixou a biblioteca. Apenas ela saberia daquilo e ninguém mais. Kang Lia não estava mais ali, então ninguém poderia descobrir o segredo por trás do Trono de Diamante, aquela seria a verdade que ela levaria para o seu tumulo, bem, ela achava que realmente era aquilo, coitada, estava tão enganada.