Antes do para sempre escrita por Cupcake de Brigadeiro


Capítulo 6
Capítulo 6


Notas iniciais do capítulo

Oo, gente, nem demorei dessa vez! Mais um agradecimento especial para a Giovana!
Infelizmente não estou bem de muitas formas, não tem sido fácil. Por mim eu viveria apenas para escrever histórias e viver nessa bolha de realidade paralela.
Espero que vocês gostem esse capítulo está escrito há quase dois anos, mas editei para vocês



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A caça está sendo muito produtiva. Caminho rápido mas em direção ao vento, sem fazer barulho e consigo três coelhos e dois perus selvagens, mas vou ficar apenas com um peru, e trocar os coelhos por laranjas e alguns temperos. Faz um tempo que não me responsabilizo por cozinhar em casa, e a ansiedade tem me feito muito mal. Exatamente três semanas que Peeta tem cuidado de tudo, apenas para me agradar.

Quando minha menstruação veio normalmente na semana passada, bem no meu aniversário, eu não pude descrever o tamanho da minha frustração, que estava preparada para pedir à minha mãe um teste de gravidez porque eu ganhei peso — o que é incomum para mim — e estava me sentindo enjoada. Mas os quilos somados foram apenas por comer as várias coisas incríveis que Peeta trouxe em maior quantidade por causa dela e por querer me agradecer por estar cogitando a gravidez.

Quando acordei na semana passada, e já sentia a roupa suja pelo ciclo, me senti culpada quando Peeta me trouxe um bolo red velvet e pães de queijo para celebrar meu aniversário. Comecei a chorar, sem conseguir dizer o que tinha acontecido, mas ele entendeu, então passamos o dia juntos na cama, abraçados com Butter entre nós e música no rádio. Comi sozinha metade do bolo, deixando dois pedaços para Peeta e dei o resto para Delly.

Chorei tanto, como há um tempo não fazia. Peeta teve uma recaída séria dois dias depois, passando uma noite dormindo no ateliê e eu trancada no quarto, por não estar em condições de conseguir lidar com ele em um estado tão delicado. Foi horrível, pior por minha mãe estar aqui conosco, parece que todo dia é assim. Ela não nos julgou, preparou a comida para o dia e ficou com Butter no quarto de hóspedes durante a tarde para não nos deixar constrangidos.

Sei que ela entende. Sabe que nós somos o conforto um do outro, e que sempre encontramos nosso caminho de volta, porém, ainda depois de 15 anos é estranho e constrangedor ter uma outra pessoa vendo o que está acontecendo.

Ela vai embora amanhã, e não conversamos tanto quanto deveríamos nesses quatro dias que tirou para me fazer companhia, já que era para ter vindo no mês passado mas acabou adiando. Por isso vou cozinhar hoje. A padaria está à todo vapor, muitas pessoas fazem aniversário em maio, então também será um alívio para Peeta não precisar se preocupar com a sobremesa.

No final fiquei com um dos perus da caça, trocando o resto por tudo o que fosse ser usado no jantar. Cumprimento com um sorriso rostos conhecidos, para então chegar em casa. Haymitch e minha mãe riem na sala, muito divertidos com um jogo de tabuleiro, o que mesmo depois de alguns anos é um pouco incomum aceitar que eles se conhecem desde que são adolescentes.

— Querem? — ofereço laranjas e aceitam, depois de me desejarem uma boa tarde, retornam para os risinhos e o jogo. Reviro os olhos.

Butter reaparece para me ajudar, e aproveito sua companhia enquanto tento seguir à risca cada passo da receita.

Nesse último mês, eu e Peeta temos tentado muito. Não de forma enlouquecida, mas quase todos os dias. No banho, na cama, ou na sala. Não expus detalhes da minha vida, além de que estamos empenhados, para minha médica, e ela disse que o maior problema é a pressão que fica, a vontade louca de desejar engravidar, mais difícil será. Ainda mais porque eu tomei a injeção por muito tempo.

Então, além do fato da minha mãe estar em casa, temos mais esse. Pegar um mais leve ainda, sem muita pressão. Meu ciclo menstrual fechou anteontem, mas sempre espero um pouco até me sentir confortável para estar com ele novamente.

No fundo, é um alívio não estar grávida ainda. A noção de estar pronta é compreensível, porém ainda me sinto muito insegura. Fico esperando uma má notícia todo o tempo, como se isso fosse mudar alguma coisa. Se algo ruim tiver que acontecer, simplesmente vai, e não posso fazer nada para resolver.

Suspiro, cortando as laranjas com cuidado para decorar a comida. Muitas coisas se passam pela minha cabeça. Penso em abandonar o barco agora que já está em alto-mar. Acho que consigo lidar com a tristeza de Peeta... posso inventar que não posso ter filhos.

Mas o problema é que eu quero. A ideia me faz bem, depois de todos esses anos, é agradável. Eu tenho estado ainda mais próxima de Delly nesse último mês, e ajudado ela a cuidar de Henry, Thomas e Angelo por todo tempo que Peeta está no trabalho com seu marido, pela quantidade de trabalho que estão tendo esse mês. É uma das poucas pessoas que confessei que estamos tentando. Bem, a única além da minha mãe e de Haymitch — que infelizmente soube porque minha mãe comentou algo por cima assim que chegou e ele pescou logo. Mas não pretendemos que mais pessoas saibam até que realmente aconteça.

Tão absorta nos meus pensamentos, só desperto com o cheiro de queimado do arroz selvagem. Me sinto ficar vermelha de raiva.

— Droga! — grito, desligando o fogão, abanando com um pano a fumaça, mas não adiantou muita coisa. Um terço do acompanhamento queimou completamente.

— Nossa, docinho, acho que até eu consigo fazer algo melhor — Haymitch alfineta, se debruçando na bancada para ver o que estou fazendo. — É de se espantar que você ainda não consiga nem fazer um arroz. Seu filho vai passar uns maus bocados se Peeta não fizer a comida.

Minha mãe segura uma risada, desviando o olhar de mim, pegando uma travessa para salvar o arroz que não queimou. Penso em uma palavra obscena, mas essa não cruza meus lábios, embora fique explícita no meu olhar e na forma que jogo a tampa da panela na pia com força.

Não reclamo da companhia. Me ajuda a esquecer completamente os planos sobre a gravidez, ansiedade e frustrações. Haymitch é excelente em trazer outros problemas para nos preocupar, como beber totalmente o vinho branco para uma das partes da receita. Dessa vez não contenho o impulso de dar um soco em seu braço. Ele sabe do que estou passando, então não se incomoda, só ri.

— Embora você tenha ganhado peso, está bem mais fraca, docinho — sinto meu rosto ficar vermelho de raiva.

— Mas minha pontaria ainda é muito boa, se você quiser que eu teste acertando um dos seus olhos — balança as mãos ao lado do rosto, fingindo medo, e infelizmente é engraçado demais para eu conseguir segurar o riso. — Não sei como ainda não morreu de tanto que você bebe.

— Vou morrer quando eu tiver que morrer. Ainda preciso ver com meus próprios olhos você trocando fraldas. Effie vai ficar três vezes mais nervosa que o normal quando se trata de presentes. Será insuportável, mas se necessário eu pagarei para ver.

Embora eu não queira falar e nem pensar nisso, o comentário de Haymitch me faz lembrar que eu o amo muito, e sua presença em nossas vidas é fundamental. Sua fala não me deixou estressada, me fez dar um sorriso, passando para ele um pedaço de torta que eu fiz. No final, a família é mais sobre nós três: eu, Peeta e Haymitch. Apenas nós entendemos um ao outro completamente.

— Já pode comer? — Minha mãe pergunta, colocando o arroz selvagem não-queimado em uma travessa bonita.

— Não, mas a torta não manteve o formato quando saiu do freezer — quando levando a forma, suja parte da bancada com o recheio mole demais. Mal consigo impedir que caia no chão, contendo com um prato. Eu errei completamente o ponto, ao que parece.

Nós três damos uma risada alta e muito sincera. Fiz uma boa escolha decidindo preparar o jantar, e mais ainda que tenha dado um pouco errado - embora não fosse minha intenção - para que eles conversarem comigo e elevarem meus espíritos em 100%.

— Você está com cheiro de comida e árvore — meu ex-mentor diz, fazendo careta. — Como ele aguenta você? Vai tomar um banho.

— Como você não perdeu nenhum dos seus gansos essa semana? Está afim de perder? Vai dar um bom assado.

Ele me olha com uma raiva sincera, mas tomo seu conselho para ir me lavar. Desfaço a trança antes de entrar na banheira, depois de tirar o suor no chuveiro, e me olho no espelho. Devo ter ganhado pelo menos dois quilos nesse último mês. Não estou incomodada, minhas roupas ainda cabem bem, e ganhei mais peito - o que para mim não é algo negativo. Mas não é bom que eu continue assim, pois esse processo ainda pode demorar, preciso parar de comer tanto quando me sinto nervosa e fazer alguma atividade física leve. Perdi a conta – literalmente – dos pães de mel que comi na última semana, e não à toa que tenho me sentido indisposta por tanta farinha e açúcar. Antes que eu começa a me odiar pelas cicatrizes estranhas de enxerto de pele por causa das queimadura na lateral da barriga, pescoço e pernas, entro na banheira, mergulhando completamente.

Estou bem relaxada, cuidadosamente massageando meus ombros, já estou com cheiro de baunilha quando Peeta entra, depois de um toque na porta. Sorrio, recebendo um beijo na bochecha enquanto tira sua roupa.

— Thomas foi lá na padaria hoje. Disse estar decidido a aprender a gostar de morango — rio, apreciando muito sua entrada na banheira. — Comeu um pote inteiro de geléia.

— Meu Deus, Peeta, como você deixou? Ele tem cinco anos!

Ri também, balançando a cabeça.

— Delly disse que está tudo bem. Acredita que ele realmente ajudou a confeitar uns cupcakes?

— Imagino que o próprio tenha comido tudo como pagamento — sorriu, assentindo. Sinto suas mãos nas minhas canelas, fazendo carinho. E devagar, vão subindo, enquanto ele se aproxima cada vez mais. — Hmmm?…

— Hmmm…

Rio, vendo claramente onde queria chegar. Fico em seu colo. Danço em seu colo, e suspiramos juntos. Fecho meus olhos, já sabendo o que vem em seguida.

— Quero que seja mais natural esse processo — confesso, baixo, antes de nos juntarmos. Ele assente, parecendo entender completamente o que eu quero dizer. — A ansiedade não faz bem para nenhum de nós…

Suspiro, fazendo carinho em seu ombro.

— Quero que as coisas sejam tranquilas. Que seja uma surpresa, embora a gente esteja trabalhando nisso, tudo bem? Prontos a gente já está.

— Tudo o que você quiser.

Me beija docemente, apertando minha coxa, e nós nos unimos. Preciso de muito esforço para não fazer barulho e gritar seu nome. Ele sorri ao perceber que sabe como mexer comigo, mas pega leve porque também não quer ouvir as piadinhas de Haymitch e os olhares engraçados cheios de constrangimento da minha mãe.

Me seguro na borda da banheira, me apoiando para me mexer sobre ele, nos aproximando ainda mais, aproveitando cada sensação que isso me proporciona. A banheira estava na metade, então não sai muita água assim, porque controlo as investidas — de uma forma lenta e sensual, quase como uma dança. Peeta joga a cabeça para trás, com os olhos fechados, com o pescoço e o rosto vermelhos enquanto ele segurava meu quadril e nos movíamos por puro prazer de estarmos juntos. Peeta se desfaz junto comigo e eu me esqueço dos problemas, enquanto me escondo em seu pescoço e mordo seu ombro para abafar meus sons. Ele aperta minha cintura, do jeito que eu gosto, e eu me sinto esquecer de absolutamente tudo o que estava acontecendo.

O jantar corre muito bem, é extremamente agradável. Peeta segura minha mão em muitos momentos e eu o agradeço com o olhar. A carne fresca e temperada com laranja e nozes cai ótima para a ocasião, para um final de primavera. O ar condicionado está gelando a casa e traz mais conforto. Posso suspirar tranquila, e muito aliviada que no final deu certo.

— Deixa comigo a louça — tranquilizo Peeta com um beijo em seu braço, e um aperto em sua mão. — Vá descansar, meu bem.

Parece surpreso, mas sorri, agradecido. Minha mãe diz que vai me ajudar e que ele pode ir acabar com Haymitch no xadrez, como ela estava fazendo. Eles vão para o meio da sala e nós viemos para a cozinha.

Não me incomodo em lavar a louça, não quando eu recebo tantas coisas boas. Fiz o jantar, sujei mais que o normal, então minha mãe sabiamente deixa o que é mais difícil para lavar na máquina de lavar-louças, enquanto me encarrego de guardar os restos para o almoço.

Butter sobe na pia e a presenteio com metade de uma coxa, misturado com arroz e batatas. Minha mãe ri.

— Parece que você acabou desenvolvendo uma afeição pela gata — comenta, e eu assinto. Não faz sentido negar. — Annie e Finneas adotaram um cachorro, o Sea. A casa está mais bagunçada, mas muito mais alegre.

— Sim, eu acredito. Eu confesso que tenho gostado de ter ela por perto. Parece que sabe o timing das coisas — minha mãe assente, ficando pensativa. — O que quer me dizer?

— Acho que você deveria passar no meu quarto para eu fazer um penteado no seu cabelo — diz, assim que terminamos de arrumar a cozinha. Estou muito cansada, mas concordo. Me sento na penteadeira ao lado da cama, e abaixo a cabeça, enquanto ela agilmente separa meus fios.

Minha mãe borrifa água quando acha necessário e começa a fazer o que sei que serão duas tranças embutidas.

— Você vai conseguir ter seu bebê, querida — ela diz, delicadamente. Seus dedos percorrem meus longos fios com agilidade, sem me machucar. Olho para ela pelo espelho, e ela me olha através do mesmo, dando um sorriso torto que de algum modo me deixa emocionada. — E você será a melhor mãe que ele poderia ter.

— Como você fala com tanta certeza. Eu nem estou grávida.

Minha voz não sai tão desaforada e sem sentimentos quanto gostaria que tivesse saído. Sai trêmula e eu fico triste por estar sendo tão vulnerável. Uma coisa é ser frágil pelo telefone, outra é ser pessoalmente.

— Porque você é você. Tudo tem seu tempo. Você já foi melhor para Prim do que jamais consegui ser para vocês duas. Eu sempre terei uma dívida com você, mas saiba que eu a admiro e você vai fazer um bom trabalho. Você já faz, querida.

Suspiro, fechando os olhos. Ela não para de trançar meu cabelo, e eu deixo ela à vontade. É um silêncio confortável.

— Também vi todos os exames que você e Peeta fizeram no mês passado, como você tinha comentado. Fique tranquila, está tudo bem. E que bom que você ganhou peso, deixou seu corpo mais preenchido — ela dá uma piscadinha pelo espelho e passa a mão no peito, me fazendo dar uma risada. — Não vou comentar sobre isso com você.

— Eu agradeço. Me economiza do constrangimento e do trabalho de pensar em um fora para dar em você — ela sorri, finalizando a trança com carinho. — Obrigada, mãe.

— Você sabe que não tem o que me agradecer. Seu cabelo ficou lindo, vai durar dois dias se tiver cuidado.

Sei que ela vai embora depois do café da manhã, mas me levanto e a abraço bem apertado. Recebendo o abraço de volta. Acho que era disso que eu precisava.


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Notas finais do capítulo

Espero muito que tenham gostado. Escrevo com carinho, e dou meu melhor para ser possível entender os personagens e a forma que eu os vejo também. São quase 400 pessoas lendo a história recentemente, gostaria que quem curtir e puder deixar um comentário sempre é legal, eu gosto muito de ler o que acharam ❤️ Volto logo com o próximo!



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