Antes do para sempre escrita por Cupcake de Brigadeiro


Capítulo 14
Capítulo 14


Notas iniciais do capítulo

Gostei muito de escrever esse capítulo, espero que vocês gostem tanto que eu ao lerem!



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Embora eu tenha trago muitas frutas e legumes do Distrito 4, em poucos dias eu como praticamente tudo. Em uma semana não tem mais nada de diferente. Me sinto decepcionada comigo mesma, e não deixo de sentir fome, além da vontade repentina de me exercitar. Sinto um pico de energia absurdo — e eu sei que é comum, já que estou com 14 semanas de gravidez e vou completar quatro meses em dois dias.

Suspiro, irritada, depois de comer uma manga verde com sal e três laranjas. Mais cedo comi sozinha uma bandeja de morangos. Não tem mais nem uma fruta em casa, eu estou estressada. Entrei em contato com a médica assim que voltei, para informar sobre meus sintomas, e ela informou ser normal que eu me sentisse assim.

Tenho sentido cólicas, pela dilatação da placenta, e o que ajuda, além de compressas, tem sido a realização de exercícios físicos no jardim de casa. Já me exercitei mas não está sendo o suficiente. Resolvo ir, então, até a feira. Pego bolsas grandes e a minha bicicleta.

Estou agora com quase quatro meses, e minha barriga é clara, mas ainda tento disfarçar com o clima ameno que está fazendo, no início do outono. Não que eu esteja tentando muito, nossa estratégia tem sido não comentar sobre o assunto, já que no nosso distrito as pessoas são consideravelmente discretas e cuidadosas, não apenas sobre nós, mas sobre tudo de modo geral.

Quando estou quase subindo na bicicleta, vejo Delly e Angelo. Aceno e eles acenam de volta, com um sorriso.

— Está indo para a feira? — ela pergunta, enquanto Angelo dá três pulinhos, com um boneco nas mãos. Assinto, mostrando as bolsas. — Nós também! Peeta comentou que você tem tido vontade de comer frutas, gostaria de uma carona de carro então?

Não acho a oferta ruim. Delly e seu marido tiraram habilitação depois do nascimento do filho mais velho, enquanto eu e Peeta não tivemos tanta vontade assim. O que precisamos fazer sempre é de bicicleta ou andando, mas atualmente tenho considerado isso.

— Nossa, muito obrigada. Parece que o que eu não pude comer nas últimas semanas eu tenho tido vontade de comer nessa — deixo na porta de casa e apenas pego as bolsas. — Obrigada, Delly.

— A gente vai comprar legumeeeees! — Angelo grita, dando mais alguns pulinhos animados, entrando no carro.

— Ainda bem. Thomas só quer saber de doces, então estou tendo que substituir por frutas. Algumas eles nem sabem — sorrio, entrando no carro também. — Como você tem passado? Mal tenho visto você, agora que as crianças voltaram para a escola.

— Tudo bem — respondo, me sentindo confortável. — A doutora disse que é normal que eu tenha mais energia agora nessa fase. Então estou dando uma chance.

— Cada gravidez é uma. A do Angelo me fez desistir de ter mais, ainda que sempre tenhamos querido pelo menos quatro — eu preciso de esforço para não fazer uma careta, porque acho absurdo algo do tipo, e Peeta certamente riria descaradamente, já que ele me conhece — Eu me senti mal todos os nove meses. Mas a gravidez de Thomas e Henry foram bem tranquilas durante o segundo trimestre. Faça o que tiver vontade, vai por mim. Talvez até seja bom você caminhar pela campina sozinha, de manhã.

Recebo seus conselhos com carinho e ponho uma mão na base da minha barriga. Eu realmente estou me sentindo crescer, no sentido literal e figurativo. Mas ainda não senti o bebê chutar — ainda que eu saiba (de acordo com as leituras do Peeta das revista de gravidez toda semana) que o bebê se mexe desde sempre.

Na feira, fico com Angelo brincando com algumas flores enquanto deixo Delly selecionar as frutas e os legumes, depois de dizer quais eu gostaria.

— Eu amo ficar com a senhora, tia Katty — o garotinho diz, com os dentes pequenos todos aparecendo em um sorriso. Eu sorrio para ele também. — Pode pegar aquela florzinha?

— Só porque eu também gosto de ficar com você, pequenininho — entregou a flor. — O que você acha de irmos escolher batatas? Posso te ensinar a saber quais são as melhores para fazer batata frita. No final de semana eu posso fazer para você e seus irmãos.

Ele grita empolgado, dando pulinhos e indo de mãos dada comigo, me fazendo rir sinceramente. Estamos suados, porque ainda está fazendo calor em setembro, mas tudo bem. Noto algumas encaradas demoradas de algumas pessoas, mas logo fica em segundo plano enquanto estou olhando Angelo, que faz bastante bagunça. Ajudo Delly a colocar as compras no carro quando escuto Hazelle. Por algum motivo, eu fico desconfortável, ainda que eu e ela tenhamos bastante contato, já que duas vezes na semana limpa a casa de Haymitch.

Porém eu não a vi nos últimos seis meses porque ela foi para o Distrito 7 ajudar Johanna, sua nora. Esposa de Gale. Mãe do filho de Gale.  

Suspiro fundo, fechando os olhos por um segundo, então me viro com um sorriso, torcendo para não soar muito falso, mas como não consigo mostrar os dentes, acho que já dá para entender que eu fui pega de surpresa. Torço mentalmente para Delly voltar logo com o resto das coisas, agora que já prendi Angelo na cadeira de segurança.

— Olá, Katniss, quanto tempo, querida! — ela me abraça calorosamente, beijando meu rosto. Gosto de seu afeto, mas hoje não é dos dias que não estou confortável para isso. Tento ser simpática, mas cortar logo o assunto.

— Eu não sabia que a senhora tinha voltado, que bom que está de volta. Uma pena que eu esteja com pressa, porque vim de carona com a Delly e Angelo! 

— Oi, tia Hal! Estamos indo para caaaasa! — Angelo grita de dentro do carro e ela ri. Dou um sorriso sincero por causa dele.

— Tudo bem, eu entendo. Ainda tenho que fazer as compras para levar para a casa de Haymitch, nem quero imaginar como está aquela zona — ela aceita meu comentário com tranquilidade, sorrindo gentil como sempre. — E você não deve ir andando, hoje está fazendo calor, faz mal para grávidas. Tome cuidado, meu bem.

Sinto minhas bochechas queimarem e fico me sentindo como se estivesse saindo dessa realidade e entrando em outra. Estou desassociando. Meu estômago se revira, minha boca fica seca, tudo ao mesmo tempo, em poucos instantes.

— Ainda não anunciei nada — digo, e minha voz sai na defensiva. Ela parece surpresa. Essa informação não sairia do círculo de pessoas que eu conheço e confio.

— Imaginei que soubesse. Hoje pela manhã foi noticiado, querida, com fotos suas no Distrito 4. Eu sinto muito, desculpa pela forma que falei, se chateei você de alguma forma. Achei que você já soubesse.

Balanço a cabeça, negando, ainda que eu tenha sido tomada por uma tontura que sei não ter nada haver com a gravidez, é puro estresse. Ela me dá outro abraço, mas mal consigo sentir. Preciso chegar logo em casa. Entro no banco de trás, me sentando e fechando a porta.

Acho que Angelo diz algo, então Delly entra, me olha pelo retrovisor. Imagino que tenha acabado de saber que todos sabem da minha gravidez agora. Choro silenciosamente todo o caminho até a porta de casa. Peeta já está esperando ofegante nas escadas, me abraçando forte, mas eu não consigo prestar atenção em nada.

Estou acordada todo o momento, mas é como se estivesse sob efeito das teleguiadas outra vez. As vozes que escuto estão longes, as coisas que eu encosto meus dedos não parecem reais e eu me sinto prestes a vomitar — mas isso não acontece. Peeta e John me sentam no sofá, Delly traz algumas bolsas para dentro e Angelo fica quieto, brincando com Butter. Porque até os filhos da minha vizinha sabem que eu tenho problemas.

Consigo sentir que estou chorando mais forte, então cubro meu rosto com minhas mãos e choro. Não quero pensar que toda Panem sabe da minha gravidez, não quero pensar nos riscos que posso estar vulnerável agora. Só quero parar de sentir que não consigo controlar meu corpo. Escuto de longe e cheio de eco a porta se fechando, então sei que estou sozinha com Peeta. Butter sobe em meu colo, e ele me abraça, me acolhendo em seu peito, a blusa ainda suja com açúcar e chocolate.

Nós nunca realmente teremos paz. Nós nunca conseguiremos ser livres. Em nenhum lugar do mundo, nem o bebê em meu ventre.


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Notas finais do capítulo

Vou amar saber o que acharam! ❤️



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