Maya e os Mistérios de Castelobruxo escrita por Wesley Rego


Capítulo 2
Capítulo 2 - O templo Dourado


Notas iniciais do capítulo

Maya retorna ao templo e relata a diretora sobre o que viu.



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/811020/chapter/2

A onça retornava pela mata em direção as Ruínas quando ouviu o estalar de galhos. Olhou em volta e farejou o ar. Sentiu que estava sendo vigiada. 

Em um galho nas árvores uma figura humanoide a observava. Era uma criatura peluda e vermelha, usava uma tanga, tinha os cabelos arrepiados para o alto, orelhas pontudas e segurava em uma das mãos um cachimbo de madeira. 

— Aquilo foi incrível de se ver - comentou a criatura olhando sorridente para a onça que agora havia se tornado uma menina. 

— Então foi assim que eles passaram? - perguntou a menina um pouco irritada - Lhe pagaram com um fumo? 

— O que? Que absurdo - respondeu a Caipora olhando para o cachimbo - Isso aqui eu achei na floresta.

— O que você acha que eu sou? 

— Uma bruxinha encrenqueira. - Disse a caipora dando uma tragada no cachimbo. 

A bruxinha se chama Maya. Uma jovem estudante de treze anos da escola de magia e bruxaria de Castelobruxo. Maya é uma animaga, capaz de se transformar em uma onça, e as vezes usa o tempo livre para vasculhar a floresta ao redor do templo, ajudando a proteger sua escola de ser descoberta por trouxas. 

Maya possui a pele morena, longo cabelos negros, olhos suavemente puxados para os lados. Usava vestes longas e verdes e seu rosto continha duas manchas de tinta vermelha riscadas nas bochechas. Seu olhar variava de algo feroz ao inocente e seu andar era de uma mulher guerreira. 

Enquanto voltava às Ruínas, vasculhava o solo ao seu redor. Sentiu que os invasores haviam deixado algo para trás. Não demorou muito até encontrar uma pequena agenda e, próximo a ela, uma varinha. 

— Veja isso, Tuka! - Disse surpresa recolhendo a varinha do chão - Aquelas pessoas não eram trouxas. Havia um bruxo entre eles. 

Tuka, a caipora, riu. Em um instante desapareceu da árvore e surgiu sobre o solo próximo a Maya como um estalo. Tomou a varinha de sua mão e avaliou. 

— Posso dizer com certeza que todos daquele grupo eram trouxas. Embora eu tivesse visto o homem mais alto tentando conjurar um feitiço usando essa varinha. O mesmo homem que me deu esse cachimbo. 

— Pelas barbas de Merlim! - Maya ficou furiosa - então está me dizendo que realmente aceitou o cachimbo de presente? E veja isso - Maya mostrou as anotações na agenda - São feitiços. Eles estavam tentando desfazer as proteções da escola. Sua função é proteger os arredores da escola contra esses invasores. Porque permitiu que chegassem tão perto?

— Vários outros trouxas já alcançaram esse lugar e tudo que viram foram ruínas. Ninguém que não seja bruxo consegue enxergar a escola e além disso, foi divertido a cara deles quando lhe viram em forma de onça. 

— Você não dispensa um fumo e uma diversão não é? - Maya recolheu a agenda e a varinha dos invasores - vou levar isso. Talvez tenha alguma coisa a mais para se descobrir nesses objetos. 

Maya e Tuka seguiram em direção ao fragmento do muro e o atravessaram como se tivessem passado por uma porta invisível. Diante delas estava um gigantesco Templo que refletia o sol e brilhava como ouro, cercado pela vasta floresta e diversas cataratas que formavam belas cortinas naturais. No céu, varias corujas de diversas espécies voavam alegremente. Haviam também outras espécies de aves bastante coloridas, similares a araras, colorindo o céu. Ao leste do tempo, havia um campo forrado por grama, onde criaturas mágicas pastavam e corriam. E entre as cataratas, estava um estádio de Quadribol. 

Enquanto seguia pela trilha no campo, Maya notou alguns alunos explorando a natureza ao seu redor. Alguns grupos de alunos sentados no gramado, outros praticando feitiços básicos ao ar livre. Um aluno fez um colega levitar de cabeça pra baixo usando o feitiço levicorpus enquanto outro colega gargalhava da brincadeira. 

— Ei! Parem com isso! - repreendeu Maya. Os alunos imediatamente derrubaram o colega no chão e saíram correndo as gargalhadas. 

— Obrigado. - agradeceu o garoto ajeitando os óculos e limpando as vestes ao se levantar - Mas não precisava. Era só brincadeira. 

— Você e seus amigos tem brincadeiras muito estranhas. - disse Maya. 

— Eu achei legal - comentou Tuka sorridente dando uma tragada no cachimbo. 

— Tuka! Não pode trazer isso para os terrenos da escola. 

— Fui. - disse Tuka desaparecendo em um estalo. 

— Aquilo era uma caipora? - perguntou o garoto surpreso - Eu nunca tinha visto uma. 

— Eu tenho que ir. - disse Maya virando-se de volta para a trilha. O garoto acenou com a mão. 

Maya subiu as grandes escadas do templo dourado até atravessar o gigantesco portal da frente. Seguiu por um corredor iluminado por grandes lampiões ao lado de estátuas de pedra de guerreiros indígenas portando lanças. No fim do corredor passou por um grande salão onde haviam vários alunos e também criaturas mágicas de pequeno porte. Uma aluna se desculpou ao se esbarrar em Maya acidentalmente, que apenas ignorou e seguiu adiante. Seguiu por um corredor que havia poucos alunos transitando e apressou o passo até alcançar uma gigantesca estátua de onça. 

— Pitangas azedas. 

A estátua da onça deu dois passos para o lado e um portal surgiu atrás dela. Maya atravessou o portal e chegou a uma grande porta feita de ouro. Antes que pudesse bater a porta se abriu, revelando um homem alto, com a barba comprida que batia no imenso barrigão, um olhar severo e usava trajes cinzentos com manchas pretas. 

— Aí está você senhorita. Espero que tenha uma boa desculpa por ter faltado minha aula hoje. - disse o homem sério e tentando ser menos arrogante do que aparenta -  Não pense que por ser quem é está acima das detenções mocinha. A diretora está a sua espera. - o homem saiu de cara fechada, sua capa cinzenta arrastava pelo chão. Maya o observou enfezada, até o homem atravessar o portal de saída. 

— Entre Maya. - disse uma voz feminina de dentro da sala.

Maya entrou e se deparou com uma bela sala dourada com decorações de cor esverdeada. Haviam estantes de livros, retratos de diretores espalhados pelas paredes e algumas plantas nativas na região com belas flores coloridas espalhados pelo cômodo. No teto havia uma janela aberta por onde entrava luz e passarinhos entravam e saíam por ela. Diante da porta principal estava uma mesa comprida e sentada atrás dela, uma mulher idosa, usando um longo vestido verde esmeralda, de cabelos grisalhos e compridos, a pele morena e enrugada e os olhos suavemente puxados. 

— Maya, minha querida. - começou a diretora - venha. Sente-se - Maya puxou a cadeira de frente a mesa e se sentou - Minha querida, o professor Robert me falou que você não compareceu a aula de herbologia hoje. Não me diga que estava na floresta outra vez. 

— Sim, eu estava - disse Maya envergonhada - mas eu descobri uma coisa....

— Maya, minha criança. - interrompeu a diretora - Quantas vezes tenho que dizer? Você não pode faltar as aulas, por mais que você não goste da matéria. Como Diretora é meu dever garantir que as regras da escola sejam cumpridas. 

— Mas senhora. Eu vi uma coisa quando estava na floresta hoje. Um grupo de trouxas encontrou as Ruínas e....

—Trouxas? Ah, pelas Barbas de Merlim. Você esteva afugentando os trouxas de novo não foi? Minha jovem, esse dever cabe as Caiporas. Você sabe que elas protegem os arredores da escola a centenas de anos. Nenhum trouxa nunca conseguiu enxergar esse templo. 

— Eu sei. Mas senhora eu...

— Chega disso! Agora quero que você volte para seu dormitório. A noite sofrerá detenção com o professor Robert e é bom que você não falte! Vá até a sala dele as vinte horas. 

Maya levantou-se emburrada, pediu licença ao se retirar e obedeceu às ordens da diretora. 

 

 

 

 

 

 

 


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!




Hey! Que tal deixar um comentário na história?
Por não receberem novos comentários em suas histórias, muitos autores desanimam e param de postar. Não deixe a história "Maya e os Mistérios de Castelobruxo" morrer!
Para comentar e incentivar o autor, cadastre-se ou entre em sua conta.