The Dream escrita por Nappy girl


Capítulo 11
Capítulo 11




Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/810914/chapter/11

Acordei tarde e com a ajuda de Kayin. Abanou-me suavemente enquanto chamava pelo nome. Abri os olhos, vendo o rosto dela. Virei-me, cobrindo-me com a manta, mas ela puxou-a, obrigando-me a abrir os olhos. Suspirei fundo, pois mesmo depois deste tempo todo na cama, parecia que não tinha descansado o suficiente.

A minha trança desfez-se a meio da noite e por causa da humidade no ar, tinha o cabelo cheio de frizz, e volumoso. Olhei para o relógio de parede e já tinha passado a hora de pequeno-almoço. Nem me dei ao trabalho de parecer preocupada, porque provavelmente ninguém teria reparado. Fui em direção ao espelho, vendo a minha figura. Cheia de olheiras, pele seca e pálida.

— Merda… – Revirei os olhos, tapando-os com as mãos enquanto abano a cabeça negativamente. – Eu estou horrível

— Senhorita Eleanor, não diga isso. Não está assim tão má… – diz Kayin amavelmente, passando a mão pelas costas.

— Kayin, não precisa de me enganar. Nem sei o que fazer agora que vou para o evento de caça. – Deixei-me cair no chão, deitando-me por completo. Tinha de ser hoje que esse evento aconteceria. – Talvez diga que estou doente e simplesmente não apareço.

— Não faça isso, senhorita! Tem de dar o ar da sua graça. Quem sabe não encontra o seu marido hoje! Vai ter lá imensos nobres. – Nobres que com certeza não se casarão comigo por ser uma bastarda, penso e ela continua de joelhos ao meu lado, tentando ajudar-me. – Eleanor… Tem de pensar. Se não for nos homens, pode ser nas conexões que tem de manter. O seu pai não ficará contente. Precisa que ele fique do seu lado.

— Sim… Pai não ficará contente. – Eu fiz força para me levantar do chão.

— Isso mesmo, menina Eleanor. – Ela massaja-me os ombros. – Deixe-me preparar-lhe um banho, escovamos o seu cabelo. Vamos tratar de si como deve ser!

Kayin e Alika estavam mais apressadas que eu, a correrem de um lado para o outro, a preparem o banho, ajudarem-me a lavar, a cuidarem do meu cabelo e a preparem a roupa do dia. Falavam entre si enquanto eu era arrastada de um lado para o outro sem vontade de me mover ou de fazer alguma coisa hoje. Utilizei uma camisa branca com folhos no colarinho e as mangas grandes, um colete por cima curto e uma saia grande e longo com padrão igual, aos quadrados azuis-claros. O cabelo foi feito num coque apertado e tinha ganchos azuis a combinar com a roupa. Botas castanhas de saltos altos.

Fizeram a minha maquilhagem e quando me observei no espelho, parecia que tinha renascido.

— Que linda! O tempo que passamos a fazer esse vestido valeu a pena! – exclama Kayin, entusiasmada e bate a mão contra a de Alika, parecendo contentes com o resultado final.

— Muito obrigada! Sem vocês nem sei o que faria. Pai me matará por chegar mais atrasada. – digo, andando às voltas no espelho. Até sentia que o meu espírito estava mais feliz.

O banho tinha retirado a moleza que existia em mim e um bom tratamento com boas roupas sempre me aquecia o coração. Era como o meu remédio para o cansaço. Estava pronta para ir assistir ao evento de caça e pelo que via na janela, pelo facto de a neve ter derretido, estava pronto para nos receber.

Desci as escadas onde estavam todos.

— Está atrasada. – diz Edward com ódio presente na voz. Já está com a sua armadura vestida.

— Peço desculpa, mas acordei tarde. – Baixei a cabeça. A Marquesa e Edward começaram a andar para os coches e Theresa colocou o seu braço à volta do meu, entrando no mesmo veículo que o meu. Com certeza teria mais coisas para me contar e eu estava fatigada demais para querer saber.

Olhei para trás, cruzando o olhar com a Alika e Kayin que faziam gestos para me desejarem boa sorte enquanto eu partia. Neste evento, não era possível elas irem e nem fazia sentido, pois tinha o serviço de restauração para quem ficasse sentado a observar o evento a decorrer.

— Pensava que se sentaria no mesmo coche que o Duque.

— O pai quis ir com ele e com Edward.

— É uma pena que tenha de ficar comigo, não é?

— Claro que não, irmã Eleanor! – responde rapidamente e eu começo a rir. É uma risada fraca e eu passo a mão pela barriga, pois tenho imensa fome. Não tomei pequeno-almoço e não comi nada no jantar. Mal podia esperar para chegar e comer o que tivessem no evento. Senti-me um bocadinho tonta, principalmente com o movimento do coche instável em cima das pedras que existiam no caminho.

— Estou a brincar, Theresa. Não fique assim… – Peguei num fio de cabelo que ela tinha no rosto, colocando-o fora da janela.

— E eu também decidi falar consigo… Porque ajudou-me a criar conversa com o Duque Granville e… As coisas estão a fluir um bocadinho melhor do que antes. – Tem um sorriso tímido e as orelhas ficam cada vez mais vermelhas. – Ele é um cavalheiro. Fica muito preocupado comigo. Mesmo sendo silencioso, é muito atencioso… Sinto que isto é um conto de fadas.

— Está a ver? Eu disse que as coisas mudariam para melhor. Com paciência as coisas chegam lá.

— Só falta você conhecer um pretendente. Ainda por cima veio toda arranjada. Quer dizer, está sempre arranjada, não é? Mas hoje, parece ainda mais! – Segura-me pelas mãos e eu sorrio.

— Não sei se terei essa sorte, mas espero que sim. Que encontre um homem tão bonito e charmoso quanto o Duque Granville. – Como se eu quisesse saber de casamentos…, pensei. Só tinha vontade de revirar os olhos. Parecia que ela e o Pai tinham combinado de falar sobre este assunto comigo.

Chegamos ao local. Descemos juntas e Theresa juntou-se a Duque Granville. Eu fui escoltada por cavaleiro Isaac, o único conhecido que veio comigo hoje. O espaço era circular, no centro de um bosque, com várias mesas, recheadas de comida e bebidas, e cadeiras montadas. Já estava cheio de nobres a conversarem entre si, rirem e de outro lado, uma fila de cavaleiros a falarem com os escudeiros enquanto fazem as verificações finais.

— Família Stirling? – questiona o homem que se encontra na entrada.

O Pai confirmou e fomos para a nossa mesa. Era a menos afastada do bosque e agradeci a Deus por tal privilégio, pois o evento de caça basicamente reunia diversos cavaleiros de variadas para caçarem animais dentro do bosque. Podia ser desde coelhos, veados a animais mais perigosos como ursos e cobras. Os cavaleiros faziam uma oferta do animal à pessoa amada e Theresa estava toda entusiasmada, batendo palmas sentada, uma vez que este ano receberia algo por parte de Duque Granville. Não que tivesse as mãos vazias nos anos anteriores. Apenas seria de uma pessoa de quem gosta.

Olhei para a comida, lambendo os beiços, pois existiam desde sanduíches mistas, croissants recheados com chocolate, diversos tipos de fatias de bolo e macarrones. O bule de chá estava cheio, mas não sabia bem o que era. Tomei a decisão de ir pelas sandes para começar, ansiando sentir o sabor delas.

— Eleanor? – Ouço uma voz feminina que me interrompeu. Olho para trás, vendo uma rapariga grávida da mesma idade que eu, baixa, de cabelo ruivo.

— Joanne! – Levantei-me, dando-lhe dois beijos no rosto. – Está tudo bem?

— Sim, tudo ótimo! – Observou-me de cima a baixo. – Está muito bonita hoje! Já não a via a algum tempo, mas parece-me que está bastante bem.

— Sim, também já tinha saudades suas, Joanne. – Sorri, esfregando o braço.

— Bom dia, baronesa Kingsley. – disseram as pessoas sentadas na mesa.

— Vejo que está com um bom ar. Parece ligeiramente mais gordinha, não? – Tem um sorriso apertado e eu cerro o maxilar. Começou.

— Também diria que tem as bochechas mais redondinhas, Jonane. Anda a comer por dois ou por cinco? – Rimo-nos, claramente muito falso e ela diz:

— Sim… O Hugh está a crescer com força. – Acaricia a barriga. – Mas pronto, em breve estará aqui para se juntar a nós, seremos os três. E você Eleanor, já tem o seu pretendente?

Mais outra a mencionar casamento. Tenho vontade de lhe dar um estalo no rosto e puxar-lhe pelos cabelos. Cerro o punho, não alterando a expressão facial e respondo:

— Há de vir. Não tenho pressa. Acho que só começarei a preocupar mais no assunto caso chegue à sua idade sem ninguém.

Ela estreita os olhos. Madame Kingsley casou-se tarde. Tem vinte sete anos e só no ano passado finalmente conseguiu um marido. Faço sempre questão de lhe tocar onde dói.

— Joanne! – chamou o marido e ela não teve a oportunidade de resmungar ou responder de volta. Voltou para o lugar onde pertencia. Graças a Deus ao marido dela.

— Família Stirling! – Chegam mais pessoas das quais tivemos de cumprimentar e mantive um sorriso forçado e fechado, falando com as diferentes madames que se aproximavam de nós e mais nomeadamente de mim.

— Aquele… É suposto termos alguém assim aqui? Zavian?

Ouvi várias pessoas entre a multidão a conversarem entre si. Mantive os olhos na entrada do evento e vimos um coche a chegar. Cavaleiros a descerem, estes com fardas vermelhas com detalhes dourados e as bordas tinham padrões que não se encontrava em Seren.

Depois, apareceu um homem que eu conhecia bastante bem. Arregalei os olhos depois de ter olhado duas vezes para ter a certeza de que era ele.

— Príncipe Ashar Hadid.


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!




Hey! Que tal deixar um comentário na história?
Por não receberem novos comentários em suas histórias, muitos autores desanimam e param de postar. Não deixe a história "The Dream" morrer!
Para comentar e incentivar o autor, cadastre-se ou entre em sua conta.