The Dream escrita por Nappy girl


Capítulo 12
Capítulo 12




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Estabeleci contato visual com o tal Príncipe Ashar. Desviei de imediato, olhando para as sanduíches. Decidi pegar em duas para comer.

Espero que ele não me tenha visto.

Como é que aquela figura que eu vi no mercado era afinal um príncipe? Será que deveria ter desconfiado por causa da roupa e das joias? Não dei muita importância ao anel, mas talvez fosse deveras muito valioso e poderia vendê-lo.

Focando-me no que interessa, ele tinha-me visto a sair da boutique Leyland pela porta das traseiras. Não era normal para uma nobre sair por essa porta. Porque será que ele estava naquele beco? Será que Isaac tinha razão?

Respirei fundo, finalmente mordendo a sandes. Olhei para Isaac que passava o olhar entre mim e o Príncipe discretamente. Parecia que estava silenciosamente a dar-me um sermão de como me tinha avisado. Pensando bem, mesmo que o tivesse ajudado ou não, não interessava. Já teria visto o meu rosto na mesma. E ele pode nem se lembrar de mim.

Vi-o a sentar-se na sua mesa designada, a alguns metros de nós, acompanhado pelos seus cavaleiros. Como estava de costas, parecia ser menos mal. Menos probabilidades de me ver. Suspirei fundo, continuando a comer enquanto eles conversavam entre si e olhei novamente para Duque Granville, mastigando mais lentamente. Ele continuava a observar-me.

— Existe alguma coisa que me queira dizer? Terei alguma migalha no rosto? – Toquei na zona perto dos lábios.

— Não, não tem nada. – Foi a única coisa que me disse. Ergui a sobrancelha. Sempre misterioso… Como se alguém lhe pagasse para ser assim. Quase revirei os olhos, mas apenas levei mais outra parte do pão que tinha nas mãos.

Vi uma sombra a cobrir-me e quando me voltei para trás, vi um dos cavaleiros do Príncipe. Era tão alto quanto Isaac, o metal da armadura negro com uma capa por cima cheia de efeitos e cores. É careca e tem as orelhas cheias de brincos prateados.

— Bom dia. Espero que estejam bem. – Faz uma vénia, mão ao peito. – Peço desculpa estar a incomodar-vos, mas serei breve. Consegue acompanhar-me? – Estendeu a mão na minha direção.

O meu coração perdeu uma batida. A multidão conversava entre si enquanto observavam.

— Eu? – questionei e ele não me respondeu. Claramente tinha a mão à frente do meu rosto.

— Porque é que querem a presença da senhorita? – Isaac interveio, ficando entre nós.

— Não é um assunto que seja da sua conta. – disse o homem, colocando a mão sobre o punho da espada, tal como os cavaleiros atrás. Estava a atrair cada vez mais atenção e eu levantei-me.

— Eu vou. – Toquei no pulso de Isaac como forma de assegurar que estava tudo bem. – Com licença, irei retirar-me, mas já retorno. – Sorri para as pessoas que estavam na minha mesa antes de me ir embora ter com o Príncipe. – Não precisa de me acompanhar, Isaac. – Olhei por cima do meu ombro, vendo-o a cerrar os punhos, descontente, mas manteve-se quieto a observar-me a ir.

Príncipe Ashar tem o queixo em cima da mão e suspira.

— Eu disse para serem discretos. Agora temos a atenção toda em cima de nós. – Abana a cabeça negativamente. – Ainda assim, por favor junte-se a mim, Eleanor. Peço desculpa pela comoção. Não esperava que acabasse assim. – O riso é sem graça. Tem sempre a voz e a expressão facial tranquilas.

Os cavaleiros afastam-se.

— Prazer em conhecer-lhe, Príncipe Ashar Hadid. – Fiz uma vénia mais formal, colocando um pé atrás do outro, segurando nas saias do vestido e baixando-me por completo.

— N-Não precisa de tanta formalidade. Sente-se por favor, Eli. – disse e eu sou apanhada despercebida pela naturalidade com que usa tal alcunha. Como se fossemos próximos. – Importa-se que lhe chame de Eli?

— Bem, não é um nome que esteja habituada a ser chamada. Penso que nunca ninguém me chamou de tal coisa. – Sentei-me à volta da mesa, aceitando o convite.

— Sou o primeiro a chamar-lhe esse nome? – Parece genuinamente interessado.

— Sem querer ser rude, porque me chamou? – questionei, indo direta ao ponto. Vendo que todos os cavaleiros estão juntos da faixa de partida, prontos para entrarem no bosque.

— É a única pessoa que conheço aqui. Queria ter companhia e alguém que me explicasse o motivo da existência de tal evento de caça. Parece-me aborrecido e um gasto de tempo e dinheiro ficar sentado durante três horas enquanto aguardamos o retorno cavaleiros. Mas posso estar enganado.

— Então vai ficar desiludido. O evento existe como forma de os cavaleiros nobres cortejarem as damas em que estão interessadas, fazendo oferendas dos animais que caçam. É um evento muito importante principalmente para quem se vai casar. Sem isso, o homem será considerado fraco e com a oferenda, ele será digno de respeito e de fazer parte da família da rapariga.

— É assim que funciona assim então… A força define o homem… – Concentra-se em ver os cavaleiros a desaparecerem pela floresta.

— Como cortejam as mulheres em Zavian? – questiono e a ponta dos lábios de Ashar começam a ficar para cima.

— Por norma oferecemos baús com joias, moedas de ouro e panos de excelente qualidade. Oferecemos um animal vivo também, também pode ser uma vaca como uma cabra. Porco é um animal impuro, um sinal de desrespeito quando oferecido. Isto tudo é um dote que oferecemos à família da noiva. O nosso valor advém de quanto conseguimos oferecer. E por falar em oferecer, não está a utilizar o meu anel. Não lhe agradou?

— Eu… – Olho para as minhas mãos vazias. – Confesso que não seja uma pessoa que utilize muitos anéis. Uso mais brincos e colares. As mãos costumam andar assim. Mas o anel é lindo. Parece-me ser demasiado para a ajuda que lhe dei. Agradeço bastante.

— Então quer um par de brincos?

— Não é preciso, já me deu uma prenda.

— Mas não será útil se não for algo que utilize com frequência. Sendo assim ainda lhe estou a dever pelo facto de me ter acompanhado ao mercado.

— Sendo assim, da próxima vez, utilizarei.

— Não sabemos quando é isso acontecerá.

— Encontramo-nos pela segunda vez. Com certeza existirá uma terceira. – Observo os macarrones em cima da travessa.

— Se quiser pode tirar. Eu não gosto muito de doces. – Tem no copo de vidro um líquido castanho-escuro. Parece demasiado denso para ser chá. – Gosto mais de salgados e café.

— Eu… – Observei os macarrones cor-de-rosa, provavelmente feitos de framboesa com um aspeto maravilhoso, querendo tirar um, mas já tinha comido duas sandes. – Estou bem. – Baixo o olhar, colocando as mãos em cima do colo. – Nunca tinha ouvido falar de café. O que é?

— É… Nem sei bem como explicar. É um líquido bastante amargo castanho-escuro que advém de grãos Se quiser, posso servir e experimenta. – sugere e eu hesito em responder. Ele parece simpático. Com certeza não me envenenaria com tantas pessoas a olhar.

— Aceito. – Estendi a chávena e ele serviu.

Observei o líquido negro antes de levar o copo para perto dos lábios. Com um pequeno gole, arregalei os olhos e comecei a tossir. O príncipe riu-se de mim e tive de limpar os lábios no pano que havia em cima da mesa, tentando recuperar o fôlego.

— Isto… É diferente… – concluo, tentando o meu máximo para ser politicamente correta.

Seguro na chávena entre as mãos, sorrindo para aquilo que Ashar chamava de café. Este evento de caça não estava a ser tão enfadonho.


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