Jedis e Padawans – Diferentes Tons de Cinza escrita por MarcosFLuder


Capítulo 17
União contra Abeltoh


Notas iniciais do capítulo

E a nossa jornada se aproxima do fim. Já posso dizer que este é o penúltimo capítulo da fanfic, e que no próximo domingo teremos o encerramento da história. Fico muito feliz com quem me acompanhou em mais essa jornada. Esse é um capítulo onde teremos muitas referências a Rebels, mas quem nunca viu essa animação, o que é o meu caso, aliás, não precisa se preocupar. Quem viu, é claro, vai aproveitar mais. Vamos ao capítulo.



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O grupo de Jedis e Padawans, além do jovem Grogu, corriam decididos pelos corredores iluminados por tochas. As poucas mortas-vivas que encontraram pelo caminho foram eliminadas sem grandes dificuldades. Os pensamentos de todo mundo ali, entretanto, estavam voltados para ir em socorro de Shin, Sabine e Zara. Entre todos, quem mais se mantinha angustiada era Ahsoka. Sua ligação com Sabine fazia com que ela percebesse a urgência de ir em seu socorro. Por sua vez, era essa mesma ligação que permitia à togruta mandar palavras de encorajamento para sua Padawan, garantindo que estava indo até ela. Foi então que a Mestra de Sabine parou de correr, sua decisão fazendo com os outros também parassem. Uma terrível sensação tomando conta de Ahsoka, sensação essa que logo atingia os demais que estavam junto dela.

 

— Vocês sentem também? – Ahsoka faz a pergunta sem se dirigir a ninguém em especial.

 

— Um sentimento de malignidade como eu nunca vi na minha vida – é a resposta de Ezra.

 

— É Abeloth – a expressão de Ahsoka ganhando um ar de extrema preocupação – ela está tentando se libertar. Vamos – ela grita e já retoma sua corrida. Os demais presentes acabando por segui-la.

 

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— Três crianças adoráveis – a voz de Abeloth soa horripilante nos ouvidos delas – tolas, é claro, mas ainda adoráveis.

 

— Eu sabia que o feitiço das bruxas não ia deter você, sua desgraçada – é Shin quem fala, ela e Sabine se colocando instintivamente a frente de Zara.

 

— Elas são ainda mais tolas do que vocês – o sorriso horripilante ainda mais pronunciado, causando uma sensação de repulsa em cada uma das três – imaginar que poderiam me mandar para o esquecimento.

 

Tanto Shin quanto Sabine começam a se sentir muito mal. Seus corpos se contorcendo numa sensação misturada de dor e agonia. A risada de Abeloth soando ainda mais angustiante em seus ouvidos, ambas notando a presença insidiosa da criatura em seus pensamentos. As duas mulheres tentavam se concentrar, buscando apoio na Força, porém a influência de Abeloth ia cada vez mais tirando a concentração delas, se impondo em suas mentes. Elas se mantinham firmes em resistir, mas sentiam em si mesmas, essa resistência sendo anulada aos poucos. Sabine e Shin tinham seus pensamentos em desordem, até que pequenas mãos se juntaram às mãos delas. Um sentimento de algo as conectando, permitindo seus pensamentos se ancorarem num eixo. Ambas olham na mesma direção, vendo Ath’Zarah Het entre elas, servindo de conexão entre as duas. Suas mentes focadas no compromisso que haviam assumido com aquela menina. Era tudo o que elas precisavam para superar a influência de Abeloth, ambas se conectando com a Força.

 

— Chame por ele, Mestra – Shin ouve a voz infantil de sua Padawan, em dúvida se soava em seus ouvidos ou na sua mente – ele virá em nosso socorro, acredite em mim.

 

— De quem você está falando? – é a pergunta de Shin.

 

— Você sabe quem, Mestra – a menina responde – seu antigo Mestre.

 

— Ela está mentindo para você, Shin – a voz de Abeloth soando firme – como mentiu desde o primeiro dia.

 

— Por favor, Mestra, confie em mim – a voz de Ath’Zarah Het soa ainda mais infantil, no seu tom quase desesperado.

 

— Eu confio em você, pequenina – é Sabine quem fala agora, uma grande sorriso dirigido a Zara, que retribui. Sabine se dirige à Shin – confie nela também, Shin – a mão livre de Sabine se entende, como a espera de outra mão para se ligar a ela.

 

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Ahsoka foi a primeira a chegar no local onde o ritual ocorria. Sua ligação na Força com Sabine já deixando claro que algo estava muito errado. Não demorou nada para ela sentir que a presença de Abeloth se tornava cada vez mais forte. Se nada fosse feito ela logo se libertaria. A primeira coisa que sentiu no lugar foi a presença de uma barreira invisível, impedindo-a de chegar até onde Sabine, Shin e Zara estavam. Os demais chegaram logo depois dela. Todos parados, sem saber o que fazer. Antes que Ahsoka possa avisá-lo, Ezra toma uma atitude impulsiva, tentando se aproximar de Shin, Sabine e Zara, mas sendo repelido pela força da barreira invisível, que o jogou contra uma parede. Ahsoka tentou usar o seu poder da Força, mas também sentiu uma forte resistência. Mesmo o poder combinado de todos os que estavam presentes não parecia surtir efeito contra a barreira.

 

— O que você acha que está acontecendo? – Ezra é quem pergunta a Ahsoka.

 

— As Irmãs da Noite lançaram um feitiço para se livrar de Abeloth, mas algo parece ter dado errado – ela responde – eu posso sentir Abeloth cada vez mais forte.

 

— Temos que romper essa barreira – diz Ezra.

 

— Seria perda de tempo, além de um desperdício de energia – é a resposta de Ahsoka. Ela tem um ar reflexivo em seu rosto – temos que nos unir na Força. Entrar em contato com elas lá dentro. É nossa união na Força que irá nos ajudar.

 

Ahsoka, Ezra, Jace e Grogu sentam no chão, todos buscando entrar em estado meditativo, se dando as mãos. O efeito é imediato para todos. A Mestra de Sabine logo se vê num local facilmente reconhecível, onde já esteve tempos atrás. Era o Mundo Entre Mundos. Ela logo sente uma presença e se vira para a direção de onde imagina que esta esteja. Não há surpresa da parte da togruta com quem vê diante de si. Ela já sentia a sua presença desde a primeira noite em Peridea, embora nunca o tivesse visto de fato. Ainda assim, era a sua certeza de que a Força estava junto a ela, Sabine e Shin, todo o tempo. Um sorriso toma conta do rosto de Ahsoka Tano, ao ver de novo o seu antigo Mestre diante dela.

 

— É muito bom vê-lo de novo, Mestre.

 

— Me chame pelo nome, Ahsoka – o fantasma da Força de Anakin Skywalker também ostenta um grande sorriso em seu rosto – você fez por merecer isso, pois agora é uma Mestra Jedi – o rosto dele ganha um ar de ironia agora – por mais relutante que esteja em assumir esse título.

 

— Sério? Vai mesmo me provocar por conta do que eu disse a Shin? – o sorriso no rosto de Ahsoka ainda permanecia – você me ouviu falar aquilo para ela?

 

— É claro que ouvi. Eu sempre estarei do seu lado em momentos assim, Ahsoka – a Mestra de Sabine olha em volta, um ar preocupado tomando conta do seu rosto agora.

 

— Não se preocupe com os seus amigos. Eles também estão por aqui, mas o Mundo Entre Mundos é muito vasto – é o que Anakin diz a ela – além disso, eles estão lidando com suas próprias questões agora.

 

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Ezra e Jace se encontram num local isolado, muito diferente de qualquer lugar que já sentiram estar nas vezes em que praticavam seus exercícios de meditação. O agora cavaleiro Jedi reconhece o Mundo Entre Mundos, olhando para o seu Padawan com um sorriso de alívio. Havia em ambos um sentimento de tranquilidade. Nenhum dos dois se sentia ameaçado naquele lugar, ao contrário. Mestre e Padawan olhavam em volta, buscando algo que sentiam estar junto a eles. Nenhum dos dois sabia o que era, apenas tinham a certeza de que não havia o que temer por parte dessa presença. Foi então que viram uma figura vindo em sua direção. Era um homem. Ezra foi o primeiro a notar quem era. Num primeiro momento, se recusando a acreditar de fato que estava diante dessa pessoa. Jace, por sua vez, só abriu um grande sorriso, reconhecendo a figura das muitas imagens que sua mãe lhe mostrou ao longo dos anos. Sua mente tão jovem, ainda muito inocente, aceitando o fato de imediato. O fantasma da Força de Kanan Jarrus apenas sorriu para os dois.

 

— Vocês dois não fazem ideia da felicidade e do orgulho que sinto, sabendo que ambos estão juntos como Mestre e Padawan – é um sorridente Kanan, como um fantasma da Força, quem diz.

 

— Não acredito que estou vendo você – é um Ezra entre eufórico e emocionado quem diz.

 

— Queria que a mamãe estivesse aqui – é um sorridente Jace quem fala agora. O nome de Hera provocando um claro efeito emocional na figura diante deles.

 

— Eu também queria muito que ela estivesse aqui – o sorriso dele se desvanece, no entanto – mas infelizmente a minha presença com vocês dois se dá por uma situação muito grave.

 

— Abeloth! – é tudo o que Ezra diz, a concordância visível no rosto fantasmagórico de Kanan.

 

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Apesar de contar décadas em idade, Grogu é uma criança pequena no que diz respeito a sua espécie. Ainda assim, já viveu muitas coisas que adultos humanos mal tinham experimentado. Ele se lembra de ter estado nesse lugar muitas vezes antes. Em quase todas essas vezes foi no período anterior a ter conhecido seu agora pai Djin Darin. Era para onde ele vinha quando tudo ficava muito difícil de lidar; um lugar de segurança e conforto, mas que também sempre tinha sido solitário. Não dessa vez. A presença era sentida e esperada. Não havia da parte de Grogu qualquer preocupação. Ele apenas esperou, não por muito tempo, até uma figura chegar. Uma mistura de surpresa e curiosidade tomando conta dele, pois nunca havia encontrado alguém da mesma espécie antes.

 

— Jovem contente com a minha presença está – o fantasma da Força de Yoda diz com a sua linguagem habitual – feliz eu fico por isso. Agora nos juntar a seus amigos devemos.

 

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— Eu… eu não – a voz de Shin vacila. Era tudo o que Abeloth precisava.

 

— Você é uma tola por acreditar nelas – a voz de Abeloth soando firme nos ouvidos da antiga Padawan de Baylan Skoll – uma mentiu para você desde o primeiro dia, a outra irá abandoná-la mais cedo ou mais tarde.

 

— Confie em nós, Shin – a voz de Sabine era tranquila e emocionada, assim como o olhar dela em direção a sua antiga inimiga, transmitindo tudo o que sentia sobre ela – confie na Força.

 

— Acredite em mim, Mestra – Shin se volta para sua Padawan, sentindo no olhar dela a verdade que até então teimava em não ver – ele sempre esteve do seu lado, você só precisa acreditar nisso.

 

Shin Hati focou toda a sua atenção nas duas mulheres ao seu lado. Elas eram as pessoas mais importantes em sua vida. Eram tudo o que fazia valer a pena acordar todos os dias. Tudo o que via nos olhares delas era um amor muito profundo, algo que sabia agora, ela sempre procurou para si. Lágrimas deslisavam pelo seu rosto ao constatar isso. Um sentimento de pertencimento que sempre buscou e só agora tinha diante de si. Uma alegria que tomava conta do seu íntimo, dando-lhe forças para resistir a influência maligna que ainda a assediava. Seus pensamentos focados agora. Sua mão livre, tal como a de Sabine, também se entendendo no ar, esperando pela ligação com outra mão.

 

— Eu acredito em você, Padawan – ela diz para a menina, seu olhar se voltando agora para Sabine – eu acredito em você, Sabine. E eu também acredito que Baylan sempre esteve comigo.

 

— Você não acredita no quanto eu fico feliz de ouvir isso, Shin – a figura fantasmagórica de Baylan Skoll diz isso, sua presença vista sem nenhuma dificuldade pelas três mulheres, aos mãos dele agora unidas às de Sabine e Shin.

 

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A barreira que os impedia de chegar até onde estavam Sabine, Shin e Zara foi desfeita. Os olhares de todos os presentes se voltando uns para os outros, mas todos convergindo no final para a única real ameaça presente. Os usuários da Força e quatro de seus fantasmas entraram na luta que estava se desenrolando. Ezra trata de liberar Sabine e Shin de suas amarras. Os orbes que mantinham Zara presa são desligados, apenas o olhar de Ahsoka para as Irmãs da Noite as levando a fazer isso. Em todos ali, Jedis, Padawans, fantasmas da Força, o pequeno Grogu, até mesmo as Irmãs da Noite, um mesmo pensamento se consolidava. Era preciso deter Abeloth. Um círculo se forma, mantendo a criatura no seu centro.

Sentindo-se cercada, a criatura maligna tentava se libertar. Todo o seu poder disponível, tanto físico quanto mental, voltados para superar a influência que começava a sentir, da Força sobre si, enfraquecendo-a. Ver todos ali, usuários da Força, unindo esforços contra ela, ativou ainda mais a sua fúria, mas era um esforço inútil, pois a união de todos com a Força se impunha agora sobre ela. Aos poucos o círculo foi se fechando sobre a criatura. Abeloth usava o máximo de seu poder e influência, mas não conseguia quebrar o círculo onde ela permanecia no centro. Só que agora ela não está mais sozinha, pois o fantasma da Força de Anakin Skywalker se colocou junto com ela. Ambos estavam no centro desse círculo agora.

 

— A Força precisa de equilíbrio, Abeloth – todos ouviam as palavras de Anakin – luz e trevas devem se manter em equivalência.

 

— Não – a criatura grita – eu não vou voltar para essa prisão.

 

— Não precisa ser uma prisão, Abeloth – a voz de Anakin soava bem tranquila – tudo o que você precisa fazer é aceitar o seu papel na Força.

 

— Nunca – a criatura continua gritando – meu papel é tudo dominar, é tudo controlar.

 

— Você nunca controlou nada, Abeloth – Anakin retrucou – você sempre foi uma escrava da sua fome de poder, sempre foi controlada por isso – o antigo Mestre de Ahsoka se aproxima da criatura acuada – permita que a Força te liberte desse jugo, Abeloth. Se torne um pilar de equilíbrio da Força comigo e essa fome não irá escravizá-la novamente.

 

Todos ali se viram cada vez mais tomados por uma estranha sensação. A visão de todos ofuscada por uma luz quase cegante. Um brilho que machucava os olhos, mas que também passava uma sensação entre estranhamento e tranquilidade. Os gritos de Abeloth podiam ser ouvidos até diminuírem cada vez mais. Tanto o brilho crescente, quanto a voz cada vez mais distante daquela criatura, seguiam sendo as únicas coisas, no embate que ocorria naquele lugar. Aos poucos um silêncio se impõe. Quando o brilho cegante cessa, não há mais sinal de Anakin, e nem de Abeloth. O que reina no lugar é uma sensação de grande tranquilidade. Todos ali sentindo que Abeloth já não era mais uma ameaça.

Um silêncio bem intenso toma conta do ambiente. Ninguém ali parece capaz de expressar os sentimentos que tomam conta de todos. Há desde alívio, alegria e orgulho. No caso das Irmãs da Noite, o alívio por se livrar do domínio de Abeloth, estava misturado pela frustração de saber que seu objetivo original jamais seria alcançado. As três bruxas se mantinham lado a lado, ainda sem saber como reagir diante da nova situação. Apesar dos sentimentos diferentes, em todos ali uma mesma conclusão se firmava, Abeloth era tão parte da Força quanto os que estavam ali. Em todos havia a sensação de que um grande equilíbrio fora atingido, mesmo que algumas dúvidas ainda pairassem no ar.

 

— Será que Abeloth se foi de vez? – Ezra perguntou para Ahsoka.

 

— Ela e Anakin são parte do equilíbrio da Força agora – é uma Ahsoka com muita tranquilidade quem responde. Um grande sorriso que surge no rosto da Mestra de Sabine.

 

— É a nossa hora de ir também – é o fantasma da Força de Baylan Skoll quem diz; ele, Yoda e Kanan Jarrus trocando um olhar cheio de significados.

 

— Baylan, eu... – é uma Shin de voz embargada, se dirigindo ao seu antigo Mestre, com este sorrindo para sua antiga Padawan.

 

— Nós voltaremos a nos encontrar, Shin, na Força – ele volta o seu olhar para Zara – durante muito tempo eu achei que a minha linhagem ia morrer comigo. Fico muito feliz e orgulhoso em saber que ela vai continuar com vocês duas.

 

— Eu digo o mesmo para vocês dois – é um igualmente emocionado Kanan Jarrus que se dirige a Ezra e Jace. Ele então se dirige ao filho – diga a sua mãe que ela sempre está em meus pensamentos e que o meu maior desejo é que ela seja muito feliz, até o dia em que nos reencontrarmos.

 

— Adeus pequeno meu – é Yoda se dirigindo a Grogu – no caminho que você escolheu, seja muito feliz.

 

As três figuras brilham juntas, começando a desaparecer logo a seguir. Isso acontece quase em sincronia com a chegada das tropas de Bo-Katan, junto com os demais liderados por Hera. A mãe de Jace ainda tem um vislumbre do pai de seu filho, o sorriso dele a reconhecendo enquanto desaparece. Um segundo que conta para anos de saudades, mas que termina com a mesma brevidade com que começou. Todos estão entre confusos e emocionados, tão voltados para suas próprias emoções que demoram a perceber que ainda há algo a ser resolvido. O olhar de todos agora se voltam para o trio de Irmãs da Noite. Shin é a primeira a reagir, sacando seu sabre de luz e indo para cima delas.

 

— Acalme-se Shin – é a intervenção de Ahsoka que impede a antiga Padawan de Baylan Skoll de atacar o trio de bruxas.

 

— Do que você está falando, Ahsoka? – é uma Shin em fúria que se dirige à Mestra de Sabine – elas precisam morrer pelo que fizeram.

 

— Você precisa se acalmar, Shin – é uma Ahsoka com sua habitual serenidade quem fala – respire, relaxe e se torne Uma com a Força. Você entenderá o porquê delas precisarem ser poupadas.

 

Foi com muita dificuldade que Shin Hati segurou o seu ímpeto. Em outros tempos, nada que Ahsoka tivesse lhe dito a teria impedido de cortar o trio de bruxas ao meio com o seu sabre de luz. Esses tempos, no entanto, ficaram definitivamente para trás. Ainda havia muito daquela jovem Padawan sombria nela, mas agora ponderada por novas experiências, novas responsabilidades e novos sentimentos. Ela olhou para Sabine e Zara, ambas lado a lado, seus olhares cheios de expectativas, mas ainda sorridentes para ela. Shin desligou o sabre de luz e fez o que lhe fora recomendado. Ele se uniu à Força, buscou nela as respostas, encontrando-as afinal, ainda que não tenha gostado muito delas.

 

— Isso não pode ser verdade – é uma indignada Shin se dirigindo para Ahsoka.

 

— Você e Sabine não estão mais sozinhas na contenção de Abeloth – é o que a Mestra de Sabine responde – em verdade nem mais podemos falar de contenção, pois Abeloth agora é um dos pilares do equilíbrio da Força. Ela e meu antigo Mestre, Anakin Skywalker.

 

— Quer dizer que estamos livres de vez daquela criatura? – Sabine se aproxima para perguntar.

 

— Não exatamente – responde Ashoka – como usuárias da Força, eu diria que essa ligação se tornou permanente agora, mas é uma ligação que ambas dividirão com todos os usuários da Força daqui por diante – a togruta fazendo questão de enfatizar o termo “todos”, enquanto dirige o seu olhar para o trio de bruxas.

 

— Isso significa que as Irmãs da Noite estão incluídas nesse “pacote”? – é um Ezra no seu jeito irônico quem pergunta. A Mestra de Sabine ainda está voltada em direção ao trio de bruxas ao responder.

 

— Elas são parte desse equilíbrio agora, tanto quanto nós – a togruta se aproxima das três mulheres, que se mantém em silêncio, mas não demonstram qualquer gesto agressivo.

 

— Isso significa que teremos de tolerar a existência de vocês Jedi como usuários da Força – a voz daquela que liderava o trio de bruxas se faz ouvir.

 

— O desagrado é mútuo, pode ter certeza – é com uma voz irritada que Shin retruca.

 

— Vocês poderão acordar suas outras irmãs em segurança a partir de agora. Poderão reconstruir sua sociedade aqui em Dathomir – uma pequena pausa se segue, com a expressão no rosto de Ahsoka mudando. A serenidade habitual se transforma num ar de ameaça – no entanto, não toleraremos métodos de recrutamento como os que se tentaram com Shin e sua Padawan, que isso fique bem claro – a resposta das Irmãs da Noite se dá num silencioso consentimento

 

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Há um ligeiro clima de comemoração no cruzador mandaloriano, que ainda se mantém na órbita de Dathomir. Ath’Zarah Het está entre sua Mestra e Sabine, quase se mostrando mais uma cola na ligação existente entre as duas mulheres adultas. Ezra, Jace e Arlo se engajaram numa conversa com o grupo formado por Djin Darin, Grogu, Boba Fett e Fenec Shand. Mais afastados estava o grupo formado por Ahsoka, Hera, Bo-Katan, o capitão Teva e Zeb Orrelios. Entre eles a discussão era mais estratégica, todos preocupados em como cada um ajudaria na missão transmitida a Hera pela senadora Organa. Foi de repente que Bo-Katan deixou o grupo e se dirigiu para onde Sabine estava.

 

— Eu ainda preciso conversar com você sobre o seu clã, Sabine – o tom de voz de Bo-Katan não deixa dúvida sobre a urgência da conversa. A governante mandaloriana dirige um breve olhar para Shin e Zara – podemos conversar em particular, embora eu creia que você não terá motivos para deixar as pessoas que lhe são mais próximas de fora do que formos discutir.

 

— Você pode falar o que for na frente delas – a voz de Sabine era bem firme ao dizer isso.

 

— Que seja então – Bo-Katan dá um leve suspiro antes de voltar a falar – desde que assumi como governante, um de meus objetivos era recuperar o máximo do que havíamos perdido com a Noite das Mil Lágrimas, e isso incluía reagrupar os mandalorianos dispersos pela galáxia, além de recuperar os antigos Clãs e Casas mandalorianos.

 

— O que isso tem a ver comigo?

 

— O Clã Wren é um dos mais importantes clãs que nós tínhamos– é a resposta de Bo-Katan – vocês comandavam um planeta inteiro antes da Noite das Mil Lágrimas.

 

— Um planeta que foi tão devastado quanto Mandalorian – há uma mistura de tristeza e revolta na voz de Sabine ao dizer isso – não sobrou praticamente nada lá, a começar por sobreviventes. Não tem clã nenhum para ser reconstruído.

 

— Como eu disse antes, estamos tentando recuperar o máximo possível do que perdemos na Noite das Mil Lágrimas. Isso inclui também crianças mandalorianas que sobreviveram ao massacre, mas acabaram dispersas – é o que diz Bo-Katan – a grande maioria delas foram parar em orfanatos pela galáxia. Deu um trabalho enorme para recuperá-las, e nem creio que tenhamos feito isso com todas.

 

— O que isso tem a ver com o meu clã? – Sabine pergunta, evitando ao máximo se deixar levar pela expectativa.

 

— Nós fizemos exaustivos testes e pesquisas para identificar cada uma das crianças que encontramos, bem como seus locais de origem – Bo-Katan dá um suspiro mais forte, como que se preparando para soltar uma bomba – identificamos duas delas como pertencentes ao seu antigo clã, Sabine. Ao contrário do que acreditava até agora, você não é a única sobrevivente do Clã Wren.


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Notas finais do capítulo

Penúltimo capítulo postado. No próximo domingo teremos o último capítulo. Aguardem.



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